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História Elemento - Rua Augusta


Escrita por: Rolfs

Capítulo 1 - Rua Augusta


Estavam caminhando pela rua que dava acesso à Augusta quando Daví parou repentino.

— O que foi? — disse Bia.

— Corre pra trás daquele carro.

Ela o fez o mais rápido que pode mancando em direção ao carro. E quando se virou, viu Daví que estava ainda no meio da rua dançar enquanto as balas ricocheteavam no chão. Ele olhava para o alto enquanto o fazia e seguindo a trajetória ela pode ver o brilho intermitente de onde vinham os tiros no alto de um dos prédios.

— Bianca, quando as balas dela acabarem, preciso que nos tire daqui. — disse ele sem mostrar qualquer alteração na voz.

— Dela?

— Sim.

— Como você sabe que é uma mulher? Porque estão querendo te matar?

— Isso eu não sei. — Respondeu Daví enquanto dançava na chuva de balas.

— Tem o metrô, mas tá fechado, Daví.

— Temos que nos misturar, Bia. Me leve onde estavam os seus amigos.

As balas acabaram e pela primeira vez, foi possível ver a silhueta da assassina. Em um momento ela estava de pé, no outro ela estava em queda livre e no seguinte um para-quedas se abriu.

— Pra que lado fica? — Perguntou Daví.

— É subindo a rua!

— Venha, temos uma chance. Ignore a dor e corra comigo o máximo que puder.

E assim o fizeram até que chegaram à multidão que rodeava a Rua Augusta.

Se misturaram em meio aos inúmeros que ali estavam rapidamente e entraram no Rogue Bar. Se acomodaram em um dos cantos vazios. A música era alta e eles conversaram entre si de perto.

O fato é que aquela não era bem a noite de sexta-feira que Bianca esperava. Ela tinha planejado sair com os amigos durante a semana toda. A Augusta era seu lugar favorito. Ali era onde ela se sentia em casa longe de dos pais e suas brigas não tão sérias e nem tão banais. Ali ela podia ver Aline. Mas algo deu errado…

Juba parecia ter se desentendido com o segurança de um bar e o Tuki partiu pra defendê-lo na briga. A Aline também partiu pra cima do grandrão e levou um soco. Uma garrafa voou e atingiu Bia na cabeça. Confusa, ela correu o máximo que pode para longe dalí. Quando voltou a sì já estava longe demais para saber como voltar. Não foi a primeira vez que ela havia sofrido esse tipo de “apagão”. Da outra vez, uma vizinha chamou a sua mãe de puta e quando ela se deu conta segurava um caco de espelho quebrado contra a garganta da garota que já estava sangrando pelo nariz.

Ela se sentiu perseguida por um cara estranho na rua desértica e acabou tendo de correr novamente mas ainda em sí. Quando não aguentava mais a dor que seu salto lhe causava, ela olhou para trás e não viu ninguém. Decidiu se esconder em uma brecha entre dois comércios fechados. Nesse momento uma voz se revelou por trás dela. E então ela saltou a frente caindo no chão, chocando o joelho contra a guia.

Daví se revelou e ajudou-a a se levantar e disse que também estava perdido. Os dois decidiram por não se separarem até que não estivessem mais perdidos. Seguiram pelas ruas frias e escuras por meia hora até que acharam o caminho de volta para a Rua Augusta. Mas quando tudo parecia se resolver, tiros vieram do alto de um prédio e ela viu Dárwin desviar das balas em um balé pela vida. Correram de lá para a nobre e pobre Rua Augusta onde se descobriram ainda mais perdidos.

— Esse aqui a entrada é livre. Você pode ficar até a policia chegar. Eu tenho que ir… — Disse Bianca.

— Não e não, Bianca. Ela te viu. E pode te machucar lá fora. E nada de polícia. Por favor.

— Isso tá ficando estranho, cara. Porque não podemos chamar a polícia? Eles podem te levar pra casa e tudo acaba.

— Casa!? Eu não tenho uma casa.

— Como assim? E essas roupas aí? Nunca vi nenhum mendigo tão bem arrumado.

— Não sou mendigo. Quanto menos você souber é melhor pra você. Só preciso que fique junto de mim por enquanto. Não quero que ela te ache e te faça mal.

— Eu não sei…

— Como está seu joelho? -Perguntou Daví fazendo vir de volta a dor nos joelho de Bianca.

— Tá doendo…

— Deixa eu ver… tá bem feio o corte. Precisamos limpar isso antes que alguém veja.

— Eu vou no banheiro e dou um jeito.

O primeiro dia fora de casa estava sendo estranho até aqui. Tão estranho quanto a sua partida. Quando invadiram o monasterio, ele só teve alguns instantes para elaborar a sua fuga. No final, fez o óbvio. Usou as galerias centenárias do esgoto e por sorte achou um acesso através de um canal de exaustão no metrô mesmo em meio a escuridão. Pensou em ficar por ali, mas, claro, seria seguido por esse caminho. O único jeito era sair e aumentar as suas possibilidades de fuga. Agora ele não zela só por sua vida, mas também pela de Bianca. Uma vez vista com ele, ela também é um alvo. Mesmo se for pega sozinha, irão eliminá-la. O pouco que viu a faz perigosa para os negócios.

— Tenho que carregar o celular. — Disse Bianca voltando do banheiro.

— Jogue isso fora, Bia. Eles irão nos achar.

— Como você pode saber?

— Eu simplesmente sei. Eu vi o equipamento que a assassina usava. Mesmo daquela distância. É uma tecnologia extra militar. Algo que está acima do conhecimento comum. A sua lente ocular era especial. Ela deve ter os nossos padrões faciais registrados. A idéia de que um programa esteja buscando nossos padrões faciais em fotos postadas nas redes sociais por todas essas pessoas é o mais simples do que parece. Temos que sumir deste lugar. Temos que sumir da vista deles.

— Cara, você é muito louco. To fora disso. Eu quero ir pra casa. Não tenho nada a ver com as suas tretas.

— Não posso deixá-la fazer isso…

— Me solta, cara!

— Solta ela, palhaço — Alguém gritou puxando Daví para trás.

Bianca foi embora dalí.

Lá fora ela encontrou Juba e Tuki. Os dois estavam arrebentados e o Tuki tinha manchas de sangue na camisa branca por baixo da jaqueta de couro. A Aline logo apareceu com um drink rosa nas mãos e beijou a namorada quando a viu.

— Caralho, Bia! Onde você tava, meu?

— Eu não sei, eu fiquei nervosa e desmaiei eu acho…

— Puta merda, eu andei pra caralho atrás de você e nada. Tentei te ligar e não chamou.

— Meu celular ta sem bateria, Line.

— Tá bom, amor… A gente vai embora já. Isso aqui tá uma merda hoje.

— Eu sei…

Ainda dava tempo de pegar o metrô e seguir para casa. Andaram apressados até a estação e conseguiram. Juba e Tuki ficaram em Santo Amaro e as duas pegaram o ônibus para o Grajaú. O motor do biarticulado roncava pela madrugada fria da zona sul, deslizando pela avenida Atlântica. Quando chegaram ao terminal, subiram andando até o Icaraí. As ruas já vazias a não ser por um doido ou outro. Não tinha problema. Elas estavam juntas e nada era mais forte do que isso. Quando chegaram no portão da casa de Bianca, uma brisa fez esvoaçar os cabelos de Aline para a direita. O muro pinchado recebeu a mancha carmesim que relfetia a luz do poste enquanto a garota baleada cambaleava de encontro ao chão. Os olhos dela já revelavam a falta de vida quando Bia a segurou pela cabeça em seu colo. Era o fim.

A Hassassin aproveitou a onda de choque incicial que causou o pasmo silêncio em Bia para se aproximar e terminar o serviço.

Quando Bia percebeu, ela já estava parada à sua frente. Já desgustando o sabor da caça antes mesmo de tocá-la. A assassina era elegante. Usava um colant vinil escuro. Percebia-se as suas curvas e seu porte bem modelado por treinos rígidos. Em cada punho se via uma espécie relógio diferente. Nos seus olhos, as duas lentes brilhavam. E na cabeça uma tiara branca com algumas luzes led pequenas. A arma foi empunhada e apontada, mas o tirou saiu pro lado errado. Confusa, a assassina tentou analisar o porque de um erro tão bossal e quando percebeu, já era tarde. Daví estava sobre ela e terminou de desarmá-la. A luta mais insana acontecia diante da infeliz Bianca e sua namorada morta, Aline. Os dois voavam nas alturas dos postes e desciam se degladiando. Hora com um pedaço de madeira jogado na rua, hora com um fio solto. Por fim, o treinamento venceu o talento e Daví foi jogado para longe. Ele bateu a cabeça na guia da calçada e sentiu o mundo ficar turvo. A assassina recuperou a sua arma e andou pacientemente até o casal caído no chão.

— Ela não volta mais, mas vou te enviar pra ela agora.

Os olhos de Bia brilharam por um instante e no instante seguinte, ela tinha a assassina em suas mãos.

Daví viu de longe o braço de sua amiga se transformar em uma lança de algo parecido com vidro e ser colocado contra a garganta da assassina. Os tiros seguidos da caçadora não adiantaram em nada. As balas acabaram e Bia, ou o que quer que tenha a tomado naquele momento, vingou a morte de Aline.

Logo após isso, o luto veio à tona. O seu amor estava deixando este mundo e não havia nada a fazer. A rua se encheu de gente em volta do corpo da jovem de 17 anos morta por um tiro na cabeça.

Duas semanas depois, em um galpão abandonado no centro da cidade, Bia e Daví se reencontraram.

— O que você descobriu?

— Não muito. Partes dos equipamentos entraram em auto destruição quando ela morreu. É uma bela estratégia de defesa. Mas ainda há chances de obter dados. Sempre existe algum rastro e sinto que estou perto.

— Espero que sim. Eu vou matá-los um por um.

— Eu não tenho a pretensão de matar. Mas vou fazer o que for necessário para entender o porque fomos atacados e perseguidos.

— Você diz ser tão inteligente e não entendeu? É porque somos diferentes, paspalho.

— Sim, mas qual a relação deles com isso?

— To nem me fodendo pra isso. Ache-os e eu os mato. Depois você vai analisar suas merdas.

Daví sempre foi mantido em “cárcere” no monasterio e saiu quando este foi destruído. Nunca entendeu o porque havia nascido diferente. Por mais que Bia não soubesse como, ela sabia de seu poder. Era claro que ela tinha consciência de qua havia matado em um segundo alguém treinado para nunca falhar. Porém ela só não sabia como e nem o porquê. Era isso o que Daví queria. Descobrir.

Bianca se lembrava apenas de alguns flashes que indicavam a sua anormalidade. Como quando viu do alto o carro que antes vinha em sua direção. Ou mesmo quando viu a arma que havia se criado a partir de sua mão contra a garganta da hassassin. Mas Daví tinha visto tudo. Ele se sentia ao mesmo tempo confuso e agraciado por saber que não era o único.

“E seriam eles os únicos?” Ele se perguntava…



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