História Eles nunca sabem. - Um sonho guarda um segredo para sempre.

- Hã ? – Pergunto.

- Almoçar...  Você está aqui. Podemos almoçar.  – Park Chanyeol responde lentamente, como se falasse com uma criança.

- Combinamos de almoçar? – Pergunto levantando a sobrancelha.

- Você iria apenas me mostrar o caminho até o refeitório e então iria almoçar sozinho? – Chanyeol pergunta em um tom zombeteiro.

- Não iria almoçar sozinho, meu amigo Kyungsoo sempre almoça comigo. – Respondo.

- Ah. – Dumbo diz e parece pensar em alguma coisa.

- Mas você está certo, provavelmente te chamaria para sentar conosco. – Interrompo seus pensamentos.

Chanyeol solta um sorriso como se dissesse ‘’Era o que eu queria dizer.’’.

Dou de ombros e viro para frente para prestar atenção na aula.

Passadas 4 aulas, sigo com Yoda ao meu lado para o prédio 2 onde encontramos Kyungsoo e então seguimos para o refeitório.

Sentamos em uma mesa perto das janelas com vista para a floresta que invadia o campus da faculdade.

- Então... Você é daqui de Seul? – Meu amigo pergunta a Chanyeol enquanto morde uma massa estranha que deveria ser de pizza.

- Não, sou de Busan, do interior, mais especificamente. – Dumbo responde.

- Você não tem cara de alguém do interior. – Digo.

- Acho que já ouvi isso em algum lugar. – Chanyeol responde dando um meio sorriso.

Dou de ombros e volto a prestar atenção na forma estranha em meu prato.

- Vocês são amigos há muito tempo? – Mestre Yoda pergunta.

- Desde o 1 ano do ensino médio. – Kyungsoo responde antes que eu possa abrir minha boca.

- Ah sim. – Chanyeol responde.

Os dois seguem conversando sobre coisas aleatórias.  Desligo-me  parcialmente e viajo em meus pensamentos, nada específico, apenas tenho esse costume.

- Soube que aquela Harley Davidson no estacionamento é sua, caralho cara, você tem que me prometer que vai me deixar dar uma volta nela qualquer dia desses! – Meu amigo fala.

Levanto minha cabeça instantaneamente ao ouvir ‘’Harley Davidson’’, vejo que Chanyeol ri enquanto assente para Kyung.

- Aquela criação divina é sua? – Pergunto.

- Sim, é minha sim, é um dos meu hobbies. – Yoda responde.

Depois disso ficamos conversando sobre a  Harley de Chanyeol até o momento que o refeitório esvazia. Mestre Yoda oferece a moto para darmos uma volta, mas agradeço e deixo para outro dia, precisava ir encontrar Taeyeon.

Minha namorada não havia parado de me mandar mensagem um momento sequer desde que eu saíra de sua casa mais cedo.

                                                                                                  ~~~~~~

Às 20h chego de volta em minha casa, depois de muito trabalho para que eu conseguisse acalmar Tay e deixar claro que não iria terminar com ela.

30 minutos depois, já tomado banho e limpo, pego um cigarro e sigo para a varanda de minha casa, sento na escada e o acendo.

Olho para as estrelas no céu e procuro não pensar em nada. Depois de uns minutos sou surpreendido com uma voz que realmente não esperava ouvir.

- Então quer dizer que somos vizinhos?! – Park Chanyeol diz descrente.

Vejo Chanyeol em pé no gramado em minha frente.

Rio da coincidência e falo – Estou começando a achar que você é um assassino e que está me seguindo.

Chanyeol responde sério. – Mas eu estou, hoje quando nos conhecemos você zombou da minha orelha absurdamente grande. Resolvi vingá-la, cara pálida.

Alguma coisa em meu rosto deve ter sido hilária para mestre Yoda,  uma vez que Chanyeol solta uma gargalhada tão escrota que não sei se rio ou se corro para dentro de casa e tranco a porta.

Park Chanyeol senta-se ao meu lado e pede um cigarro, passo para ele minha cartela e o vejo pegar um e o acender.

- Relaxante, não é? – Yoda diz.

Concordo com a cabeça e encaro o gramado iluminado pela luz da lua. Sempre achei essa uma imagem maravilhosa. Amo sentar na varanda e ficar observando a noite enquanto fumo.

- Você mora sozinho? – Dumbo pergunta também encarando a frente.

- Sim, pode-se dizer isso, meus pais vivem viajando à trabalho. Aprendi a ser independente muito cedo. – Respondo.

- Entendi, mas você não pode se considerar independente até que saiba fazer panquecas perfeitas. – Chanyeol diz levantando as sobrancelhas.

- Isso é um desafio? – Pergunto rindo. – Porque estou achando que é. E sabe, sou meio competitivo.

- Sim, é um desafio. – Chanyeol responde dando um meio sorriso.

- Pois bem, meu caro, vou esfregar na sua cara o quão boa minhas panquecas são. – Respondo tentando demonstrar um ar superior.

- Não sei o motivo, mas não acredito em suas habilidades culinárias, você não faz o tipo cozinheiro. – Dumbo responde ainda rindo.

- Apenas espere, agora é pessoal. – Respondo tentando conter o riso.

-Esperarei. – Park Chanyeol responde dando um meio sorriso.

Sorrio ao perceber como Chanyeol poderia ser um bom amigo. Era raridade achar alguém com quem me sentisse a vontade tão facilmente. Havíamos nos conhecido hoje mas parecia que crescemos juntos.

- O que foi? – Mestre Yoda pergunta  ainda rindo ao ver minha expressão.

- Estava pensando que você pode vir a ser um bom amigo. – Respondo sorrindo.

Park Chanyeol para de sorrir, encara o gramado parecendo pensativo,  joga o cigarro no degrau abaixo do que estamos, o apaga com o pé, levanta-se e diz. – Tenho que ir. Até outra hora.

Acho estranha essa despedida repentina, mas faço sinal de positivo com a cabeça. Sigo seu exemplo e entro em casa.

Já em minha cama, pego meu celular na mesinha de cabeceira e checo as mensagens que Taeyeon havia me mandado.

- Boa noite, amor! Amanhã você poderia me dar carona para a faculdade?

Franzo o cenho sem entender nada. Pelo que eu sabia, não havia problema nenhum com o carro de minha namorada.

- O que houve com seu carro? – Envio.

- Nada, o que há de errado em eu querer pegar uma carona para a faculdade com meu amorzinho? – Tae responde.

Reviro os olhos, sim, amo minha namorada, mas as vezes ela não faz sentido nenhum.

- Okay, passo às 08:15 aí, boa noite, durma bem! Te amo. – Envio e deixo o celular novamente em minha mesa de cabeceira.

Fecho meu olhos mas depois de 5 minutos estou morrendo de frio, lembro que havia deixado a janela do meu quarto aberta.

Suspiro e levanto-me sem vontade alguma para fechá-la. Olho por um momento para a frente e vejo que a janela de meu vizinho também está aberta. Uma porta ao fundo se abre e Park Chanyeol sai com uma toalha enrolada no corpo. Antes que eu possa fechar a cortina Chanyeol me nota, sorri e dá tchau com a mão. Aceno com a cabeça e antes que possa fechar minha cortina de fato, Yoda puxa sua toalha e simplesmente fica nu. Fica nu na frente de um cara. Não posso expressar o nível de minha perplexidade com aquela cena.

Park Chanyeol enxuga o cabelo com a mesma toalha enquanto me encara. Sinto um frio na barriga inexplicável. Fecho com força a cortina e tento me recuperar do acontecido.

Sento-me na cama e milhares de pensamento surgem. Chanyeol é gay? É normal para ele ficar nu na frente dos amigos? Ele havia feito isso de propósito apenas para ver minha reação? Opto pela última opção, ele devia estar zoando com minha cara. Rio sozinho por ficar tão alterado diante de um comportamento típico de garotos.

Deito-me novamente em minha cama, fecho os olhos e então caio no sono.

- Baek? – Viro-me ao ouvir alguém chamar meu nome.

Não vejo ninguém. Está tudo escuro. Aperto os olhos na tentativa de ver algo, o que não acontece.

Sinto uma mão em meu pescoço. Tento virar para ver quem é, mas as mãos envolvem meu corpo e não consigo. Ouço uma voz sussurrar.

- Não se mexa. Eu quero você. Deixa eu ter você? – A voz sussurra.

Deixo-me levar pelas sensações e confirmo com a cabeça. A pessoa beija meu pescoço enquanto arrepios percorrem todo meu corpo.

Sinto as mãos desconhecidas descerem por meu abdômen até parar no cós de minha calça. Solto um suspiro involuntário.

As mãos abrem o botão de minha roupa, seguem para o zíper e o puxam sem hesitar. Solto um gemido baixo e preparo-me para o que virá. Porém, contrariando minhas expectativas, sou virado e quem eu vejo com certeza não era quem eu esperava. Park Chanyeol.

Acordo assustado e levo um minuto para me recompor. Por que diabos eu havia tido um sonho erótico com um homem?!  Que porra de mente fodida era essa. Eu definitivamente estava ficando louco. O que mais podia ser?

Olho para o relógio na parede e vejo que ainda são 4h. Levanto-me da cama e sigo para o banheiro. Ligo a torneira e jogo uma água em meu rosto. Evito olhar meu reflexo no espelho, tenho a estranha sensação de ter algo errado comigo, sinto-me quase culpado, sem motivo algum.

Quando volto para minha cama, pego meu Ipod dentro da gaveta de minha cômoda. Procuro a música mais barulhenta que tenho e a coloco para tocar repetidas vezes. Tudo que não quero fazer no momento, é pensar. Caio no sono novamente. Só que dessa vez é um sono sem sonhos.

Às 07:30 ouço a tradicional trilha sonora do inferno. Céus! Como eu odiava aquele despertador!

Sigo para o banheiro e tomo um banho com a água gelada. Nada melhor que isso para ficar desperto.

Às 07:45, depois de enfiar um leite goela abaixo, pego minha mochila e minhas chaves e corro para o carro. Hoje além de dar carona para Kyungsoo, teria que dar carona também a minha namorada. Já me preparava psicologicamente para os 20 minutos no carro com eles. Sempre que estavam juntos conseguiam, se não me enlouquecer, deixar-me quase a beira da insanidade.

Estaciono na frente da casa de Taeyeon e a vejo sentada na varanda, ao me ver, corre para o carro. Quando se senta no banco do carona tasca-me um beijo. Retribuo-o. Sempre gostei dos beijos de minha namorada, eles sempre me deixavam bem aceso, se é que você me entende. Porém, hoje eles não estavam surtindo efeito algum em mim. Não estava sentindo nada, apenas um desconforto. Eu devia estar doente, é isso. Logo logo voltaria ao normal.

Com a desculpa de ainda ter quer passar na casa de Kyungsoo separo-me de Tae.

10 minutos depois estaciono na frente da casa de meu amigo, como de costume, ele ainda não estava pronto.

Pego meu celular e envio uma mensagem ameaçadora.

- Apareça aqui em 2 minutos ou ficará para trás.

Kyungsoo aparece 3 minutos depois, reviro os olhos. Fico tentado a acelerar o carro e o deixar para trás, mas tento controlar-me e apenas o repreendo quando ele entra no carro.

Paramos na Hello Kitty Café, no caminho, para tomarmos café. Sentamos-nos em uma mesinha no canto e após 10 minutos ouvindo Taeyeon e Kyung discutirem sobre o melhor tipo de café, levanto-me e digo que os esperarei no carro.

Caminho para a praça em frente à lanchonete e sento-me em um banquinho. O clima em Seul é frio, mas ainda assim agradável. Depois de passados 15 minutos, Tae e Kyungsoo saem e dirigem-se para o carro. Faço o mesmo. 20 minutos depois, estaciono no campus da faculdade.

Despeço-me de minha namorada e sigo para o prédio 6, onde haveria minha primeira aula do dia. Enquanto sigo para a sala vejo em minha mochila se meu livro de Física está comigo.

- Oi, vizinho! – Ouço uma voz extremamente familiar.

Levanto o rosto e o sinto ficar vermelho. Lembro do sonho que tivera esta noite e minha vontade era correr dali.

- Oi, bom dia! Desculpe, tenho que ir para a aula. – Digo e acelero o passo, o deixando para trás.

As aulas da manhã passam rápidas, e em várias delas me encontrei voando em pensamentos que queria esquecer.

Na hora do almoço mando mensagem para meu amigo e minha namorada dizendo que não almoçaria com eles, que não estava me sentindo bem. Disse para que não se preocupassem, pois era só um mal estar repentino.

Já no estacionamento, caminho para meu carro. Em um momento de patetice de Byun Baekhyun aqui, deixo minha chave cair em uma poça de lama.

- AAARGh! Caralho! – Xingo e agacho-me para pegá-la.

Nesse meu momento de desatenção não me atento para uma buzina que deveria ser bem alta. Só sinto algo se jogar contra mim. Caio embolado na grama ao lado da rua, olho para o que se atirou contra mim e vejo Park Chanyeol sobre meu corpo olhando para meu rosto com uma expressão preocupada.