História Ellaire - O Outro Lado: Amon

Amon estava animado, muito animado. Finalmente, ele pensava, sua chance mais que merecida chegaria. Afinal, ele era quem mais se esforçava, ia bem em todos os testes, mesmo que odiasse estudar, era o melhor no arco e flecha, suas técnicas de luta eram bem promissoras, de acordo com o chefe Mímir, ele tinha um espírito corajoso e insaciável, e isso era bom, muito bom. Ainda assim, Esli tinha sido escolhido primeiro, o que tinha sido muito injusto… Mas tudo bem, Amon não gostava de guardar mágoas, mestre Mímir dizia que elas pesavam na alma e te puxavam para baixo nas horas mais importantes, e isso não era bom. Ele completaria 8 anos na próxima primavera e, nessa data, lhe seria dado o direito de sair à caça junto com os adultos, e esse era o seu sonho, bom, pelo menos um deles. Normalmente, um garoto deveria completar 12 anos, quando acabaria o treinamento na academia, e, só então, lhe seria dado o direito de caçar. Doze anos era a idade que garotos se tornavam adultos. Mas não Amon, Amon era especial, ele era o melhor, diziam que ele era um prodígio. Ele não entendia muito bem o que aquilo significava, mas parecia ser muito bom, e, graças a isso, ele se tornaria um homem antes de todos os outros - exceto Esli, é claro -, igual a Magni, o homem que Amon mais respeitava no mundo. O líder do acampamento, o homem mais forte e inteligente de todos, o mais honrado e merecedor, desde pequeno ouvira histórias de seus atos incríveis, como lutara contra ursos e panteras, defendera o acampamento dos aquedoles, iniciara a paz que agora reinava entre eles e os aquedoles, todos os cinco acampamentos unidos depois de mais anos do que se possa contar em pé de guerra. Magni era uma lenda viva. E era bondoso. Bondoso o suficiente para aceitar órfãos em seu acampamento, como membros do grupo, sem lhe faltar direitos. Amon queria ser como Magni. Mas, primeiro, teria de superar o mestre Mímir. O que, por si só, não era uma tarefa fácil nem para si. Mas ele estava no caminho. O fato de que ele se juntaria à caça com apenas oito anos provava isso. Sorriu, o peito apertado de tanto excitamento. Apertou os punhos, tentando conter a ansiedade, e fez uma promessa a si mesmo: Um dia, ele seria o maior homem do acampamento, de todos os acampamentos. Seria respeitado por todos, até pelos aquedoles. Seria uma lenda.

Sim, ele seria.