História Em busca da memória - Uma velha amiga?

Acordei novamente com mais dor que eu já estava. Dessa vez não tinha ninguém por perto. Achei aquilo estranho, mas não liguei muito. Minha cabeça doía muito. Eu precisava de um banho, mas onde eu poderia tomar banho? Talvez na cachoeira! Não tinha nenhum lugar para tomar banho na casa de um quarto.
Sai do chalé tomando o máximo cuidado possível para que ninguém me visse. Dessa vez decidi não descer pela tirolesa, mas sim pelos cipós. Quando estava lá em baixo passei pelas cabanas discretamente até chegar à floresta.
Caminhei entre as árvores com galhos e folhas secas que aos poucos iam caindo. Era outono, disso eu sabia. O ar suave que mostrava  que o frio estava a caminho, o cheiro de terra molhada pela serração cada vez mais densa. Enquanto caminhava pela floresta comecei a cantar uma música que eu não fazia idéia que existia. Parecia automático, a cada passo que eu dava eu me lembrava de um trecho da música. Acho que a música se chamava "Sonho de Outono", ela era de fato linda. Ao chegar à cachoeira percebi que sua água era quente. Era isso que eu precisava! Pulei a água do jeito que eu estava (uma camisola florida que parecia um vestido).
Nadei na cachoeira por um tempo até ouvir um barulho vindo da floresta. Parei e fiquei olhando para a floresta. Não vi ninguém. Quando voltava para casa encontrei uma toalha pendurada em um galho de árvore. Eu a peguei e procurei pelo dono da toalha. Na toalha tinha duas letras estampadas.
- Hum... VJ...- Escutei novamente alguém pisando nas folhas secas.- Melhor eu ir.
Me enrolei na toalha e comecei a correr.
Abri a porta do chalé lentamente. Ninguém. Entrei e procurei o interruptor da luz. Não conseguia ver nada, estava muito escuro. E o que era estranho afinal estava claro do lado de fora. Encostei em algumas prateleiras e acho que acabei deixando um rastro de livros no chão. Assim que toquei em um cristal, a luz se acendeu e eu dei de cara com uma espécie de casulo de cipós ao lado do cristal.
- Ahhhhhh! Sai demônio!- Eu gritei dando um pulo para trás.
- Ei segura sua onda Mel! Sou só eu!
Olhei para a figura e percebi que era Jass. Ela saiu do "casulo" de braços cruzados.
- Me desculpe Jass. Eu não tinha te visto mas... Porra! Prescisava me assustar desse jeito?
- Você se lembra dos palavrões! Já é um começo!- Disse ela sarcástica.- Onde você estava?
- No banho.
- Você não deveria sair sozinha por aí! Ainda mais doente como está! E se você não se lembrasse como nadar? Hein?
- Com licença Mamãe, mas eu sei me virar muito bem sozinha e eu não presciso de babá para ficar cuidado de mim. Além do mais não estou doente!- Eu respondi severamente.- Você está aí a quanto tempo me esperando para fazer uma entrada dramática?
Eu consegui deixa-la calada por um tempo.
- Me desculpe. Só estou preocupada com a rainha... Digo, com minha amiga.
- Está tudo bem. Desculpe ter te chamando de demônio.
- Kkkk! Não tem problema. Foi até engraçado ver sua cara de susto! Eu deveria ter gravado! Foi tipo assim...- Ela fez uma careta de assustada.
Começamos a rir juntas. Fazia muito tempo que eu não ria daquele jeito; que eu não sentia esse sentimento.
- Está tudo bem?- Ela me perguntou
- Hum? Ah, claro! Estava apenas pensando como aqui está escuro, se lá fora ainda está de dia?
- Eu que fiz isso! Kkkk! Senão você não teria acendido a luz e dado de cara comigo. Provavelmente se você tivesse me visto teria saído correndo.
- Fato.
Depois de conversarmos muito, subimos até o topo da árvore e observamos os pores dos sois do Leste e do Oeste.
- Que lindo! Eu adoro ver o céu dessa cor. Tão bonito.- Eu disse a Jass olhando para cima.
- Sim. É de fato lindo! As noites são mais impressionantes ainda, mas agora tenho que ir.
- Só mais uma pergunta, Qual é a do casulo?
- Eu sou como uma flor, presciso de luz para ter energia suficiente para viver. E o casulo absorve um pouco da luz solar para que eu possa ficar em lugares escuros. Tchau!- Disse ela sumindo nas folhas.
- Tchau!

Deitei no galho para olhar para o céu. Ele ficava mais escuro a cada minuto, aos poucos apareciam mais e mais estrelas. Em meio de tanto silêncio, eu cantava uma música de 

algum tipo de desenho animado... O que é um desenho animado? Ah, não importa. Só sei que, a música era bem legalzinha.
- Vamos no jardim. Lá, tem algo esperando de ponta cabeça onde colocou. E quando encontra - lo meio desbotado, virando vê que o lado de baixo não apagou...- Não me lembro do resto.
- Tudo permanece onde você deixou.- Uma voz feminina completou.
Me virei e vi que era Bianca se aproximando. Eu dei um sorriso para ela a cantamos juntas.
- Tudo permanece onde você deixou. Tudo permanece mas ainda muda, bem levemente de dia e de noite, o sutil acontece quando tudo permanece.