História Em Busca Do Amor - Favor

Pouco mais de meia hora depois de encerrada a chamada, Rukia já estava quase chegando à casa do ruivo, que ligara pedindo sua ajuda para cuidar da filha e do filho de Tatsuki, que precisou se ausentar.

A morena, meio relutante, aceitou, percebendo desde já que perderia todo o seu dia dentro do apartamento do maior, cuidando de "duas" (!) crianças. 

Não conseguiu evitar o frio na barriga que sentiu ao fazer esta constatação. Já era uma batalha a cada dia para cuidar de apenas uma criança e agora seria o dobro! E para ajudar mais ainda, o ruivo estaria por perto o dia todo para testemunhar o quanto era estabanada. Ah, é mesmo. Ele já sabia disso. Essa tarde só serviria para confirmar tudo.

Balança a cabeça, afastando esses pensamentos enquanto vira na esquina do apartamento do maior.

Se vai passar a tarde cuidando de duas crianças na presença dele, no mínimo tem que aparentar estar confiante.

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Ichigo, assim que terminou a chamada, voltou para a sala, onde os dois pequenos se encontravam.

Eles se davam bem - graças aos meses que Tatsuki cuidou de Haruna -, mas vez ou outra, brigavam por causa de algum brinquedo.

Estava ansioso pela chegada da morena, não apenas porque precisaria de reforço para aguentar aquela tarde, mas também porque "queria" vê-la. Não sabia explicar bem o porquê, mas isso estava se mostrando cada vez mais necessário.

Não queria admitir, mas estava sentindo falta dela. Não "amorosamente" falando. Não, estava tentando tirar essas ideias da cabeça desde de manhã. Tentou se convercer que era apenas por ela ser alegre e espontânea - pelo menos, na maior parte do tempo. 

Estava evitando pensar nisso, mas percebeu pelo seu tom de voz, que ela não ficou muito contente em ter que passar a tarde lá e, mesmo não querendo admitir, chegar a essa conclusão o deixou um pouco desconcertado, pois, por mais que a ideia de passar a tarde de sábado cuidando de duas crianças o assustasse um pouco, ele ficou bem animado com tudo isso - bem mais do que o necessário, em sua opinião. 

Não sabia se a menor estava com preguiça de olhar para a cara dele durante toda uma tarde, ou se ele apenas havia atrapalhado seus planos de curtir esse dia ensolarado, ou ainda, quem sabe, os dois.

Suspirou sozinho, sentado no sofá enquanto encarava a tela da TV, sem realmente prestar atenção no que estava passando. 

Haruna e Goro estavam discutindo por outro brinquedo - um boneco, dessa vez -, quando a campainha tocou. Ichigo correu para atender a porta, como se quem estivesse do outro lado fosse fugir se não andasse rápido. Se sentiu um idiota por isso, então se forçou a parar e se recompor antes de atender a porta. 

Rukia estava com uma regata branca e uma bermuda jeans que ia até os joelhos; uma rasteirinha e com os cabelos presos em um coque frouxo. Estava um pouco suada e vermelha por causa da caminhada. 

- Vim o mais rápido que pude - explicou ela, passando por ele ao entrar no apartamento. 

- Claro. Obrigado por vir. - Sorriu um pouco sem jeito. 

Não estava acostumado com esse novo visual da menor, mais casual. Estranhou um pouco de início, pois se acostumou a vê-la sempre de vestido. Mas foi aquele estranhamento inicial de quando se experimenta algo novo. Novo e bom. Ela ficava bem assim. Gostou especialmente dos cabelos presos, ainda mais naquele coque frouxo, que dava um ar mais desleixado à baixinha.

Foram para a cozinha e deu-lhe um copo de água bem gelada para refrescar. A morena, em certo momento, percebeu que ele a encarava com um sorriso abobado no rosto, quase babando, o que a fez corar. Ichigo percebeu a expressão e o rubor na face da menor, e que ele e o seu jeito nada sutil e discreto eram os responsáveis. Também enrubesceu e desviou o olhar imediatamente. 

- Desculpe. Estava... distraído - gaguejou, tentando se justificar. Ela meneou a cabeça e seguiu para a sala, onde as crianças estavam jogadas no chão, brincando.

Assim que Haruna pôs os olhos nela, correu para um abraço. O ruivo não sabia quem estava mais surpreso com essa atitude: ele ou a menor. 

Depois da menina soltá-la e voltar para seus brinquedos, Rukia se apresentou ao menino, que lhe dirigiu um sorriso simpático. 

Os dois adultos sentaram lado a lado no sofá, a uma distância considerável, ficando em silêncio por um longo tempo. Que clima pesado, Ichigo pensou, por isso tentou amenizar a tensão. 

- Caramba! Valeu por vir. Fiquei um pouco desesperado quando caiu a ficha que eu iria ter que cuidar de duas crianças sozinho. 

- Claro, sem problemas. - Sorriu. - Acho que no seu lugar, também ficaria assustada.

- Mas não se preocupe! Vou pagar a hora extra! - Aprexousse em dizer, mas ela descartou a ideia com um movimento de mão. 

- Imagina! Não precisa disso.

- Precisa sim. - Quando ela fez menção de protestar novamente, ele voltou a falar. - É sério. Já estou me sentindo mal de fazer você perder esse dia "incrível" que Karakura não vê já faz um bom tempo. 

Ela se obrigou a rir, sendo seguida pelo mesmo. Realmente, já fazia um tempo que não fazia tanto calor e o sol brilhava forte em um céu tão azul. Um dia para se ir para a praia - ou, no caso, para a piscina, já que Karakura se encontrava no interior do Japão, a algumas horas de carro do litoral.

A tarde passava tranquilamente: os dois conversando sobre assuntos banais enquanto ficavam de olho nos pequenos e assistiam qualquer coisa na televisão. A campainha tocou e o maior foi atender, dando de cara com seu amigo tatuado.

- Qual o motivo dessa visita inesperada, Cabeça de Abacaxi? - Ironizou Ichigo.

- Haha, muito engraçado, Moranguinho.

- Hum. - Revirou os olhos. - É sério. O que você quer? Entra aí. 

- Não, não. Não precisa se preocupar, vou ficar aqui mesmo. - O menor arqueou uma sobrancelha.  - O pessoal está todo lá em baixo, me esperando. Ou melhor, "nos" esperando. 

- O que vocês querem? - perguntou desconfiado. 

- A gente está indo para a praia e viemos te convidar. 

- O quê? Praia?! Não vai dar. Você sabe, tem a Haruna e... - O outro o interrompeu.

- Deixa ela com a Tatsuki - disse simplesmente. Como se fosse obrigação dela...

- "Ela" deixou o Goro "comigo".

- Uau. Que azar - disse irônico. - Leva ele junto.

- Chamei a Rukia pra me ajudar a cuidar ds dois. - O maior parou e o analisou um pouco. Deu um sorriso de lado e continuou com sua argumentação. 

- Mais tarde vamos ter que conversar a respeito disso. - O alaranjado levantou a sobrancelha. - Mas, por agora, chama ela também. - Ichigo já ia recusar, quando ele insistiu. - Ah, qual é? A gente nunca vai na praia... - Falou a palavra "praia" mais alto, para as crianças ouvirem, e continuou. - Deveria aproveitar melhor suas oportunidades. - Piscou debochado para o outro. 

Ichigo estreitou os olhos e antes que pudesse dar uma resposta, Haruna e Goro já estavam parados na entrada, olhando com expectativa para os dois. Rukia estava encostada a parede observando a cena um pouco mais afastada. O ruivo maior cumprimentou-a com a cabeça e ela devolveu o aceno.

- Nós vamos à praia? - o menino perguntou.

- Nós estávamos querendo ir, mas o Ichigo não deixa... 

No mesmo momento as duas crianças começaram a pedir/implorar para que o ruivo deixasse.

- Por favor... - O menino estava ajoelhado, com as duas mãos juntas na altura do rosto.

- Não tenho a permissão da sua mãe. Não sei se ela deixaria... 

- Deixaria sim, Ichigo. Você sabe disso! - disse o Abarai.

- Ah, tá! Tudo bem!! Satisfeitos?? - O ruivo cedeu e os outros três começaram a comemorar. - Tudo bem por você, Rukia? - perguntou.

- Claro! Vai precisas de ajuda para arrumar ou separar alguma coisa?

- Sim, obrigado.

Dirigiram-se, os dois, para o quarto da pequena para separar a roupa que ela iria usar.

Quando voltaram para a sala, encontraram um Renji e as crianças, eufóricas - Haruna nem tanto.

O maior convidou a morena para ir junto e quando ela recusou educadamente, ele insistiu um pouco mais.

- Ora, vamos Rukia! - Ichigo não gostou muito de ver o outro chamando-a pelo primeiro nome. Era muito intimo! - Olhe só esse dia! Oportunidade única, hein...

- Mas... Eu nem tenho roupa...

- Pode entrar de calcinha e sutiã, ou ir sem nada... - Rukia esbugalhou os olhos e corou, e o ruivo responsável lançou "um olhar" sobre o maior, que até o fez tremer. - Ou pode ficar desse jeito mesmo. 

Depois de alguma insistência, ela finalmente aceitou.

- Beleza, rapaziada. Então vamos nessa!