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História Em busca do marido perfeito! - I Remember


Escrita por: Carol_Nara , Emeraude e Imymemine

Notas do Autor


GENTE, ME PERDOEM PLEASE
MAIS DE UM MÊS, EU SOU UMA PESSOA HORRÍVEL!!!!!
Como eu sei que vocês querem ler logo essa joça, vou ser breve: trabalho (em um shopping, aka every day), faculdade e um AZAR MALDITO QUE ME DEIXOU SEM COMPUTADOR E SEM FACEBOOK NO CELULAR PRA PEDIR PRAS MIGUINHAS POSTAREM POR MIM
Em resumo é esse o meu motivo por essa terrível falha
Sério, foi mal de verdade
Amo vocês, espero que ainda gostem um pouco de mim :3
Boa leitura, capítulo grandão pra compensar

P.s.: o nome desse capítulo deve-se a uma música do Bang ♥ e do YoSeop, eu estava ouvindo muito ela quando escrevi, e achei que combinava um pouco, deixarei o link nas notas finais, super recomendo :3

Capítulo 21 - I Remember


Encarei o café que estava em cima da minha escrivaninha enquanto pensava no que o bilhete em minhas mãos dizia.

Não é possível que ele realmente tenha pensado que eu aceitaria almoçar com ele.

Levantei jogando no lixo tanto o copo intocado quanto o papel que veio junto e fui em direção à cafeteria do escritório. Eu tinha trabalho demais acumulado e não podia ficar perdendo tempo com idas desnecessárias à rua. Sai havia feito um bom trabalho me substituindo quando eu estava ausente mas ele era apenas um fazendo o trabalho de dois, não dava pra conseguir fazer tudo cem por cento, então eu precisava recuperar o tempo perdido.

Não posso mentir e dizer que o que eu havia escutado naquele dia não tinha me afetado e que eu não penso naquelas palavras quase o tempo todo. Porém eu tomei a decisão de não deixar mais isso influenciar tão fortemente a minha vida, principalmente a profissional. Muito havia ocorrido e eu não quero tomar nenhuma decisão desse tipo neste momento.

Peguei o potinho de lámen do microondas e voltei pra minha mesa para terminar o projeto que já estava dois dias atrasado. A sorte é que o cliente já era um conhecido e não fez muita pressão, mas ainda assim não era bom deixá-lo esperando muito mais.

Distraí-me tanto enquanto o fazia, que só reparei que os outros já haviam voltado do almoço deles quando Chouji pegou o pote vazio que estava do meu lado e fez um som de desapontamento. Ri com isso me perguntando se algum dia ele iria poder colocar “satisfeito” como status em algum lugar.

- Hey, Naruto! - ouvi Shikamaru atrás de mim e me virei em sua direção - O Sr. Sasuke estava te procurando lá na lanchonete. Parecia querer muito falar com você.

- É, eu sei - respondi tentando parecer indiferente - Mas eu ainda estou muito ocupado, não dá pra parar assim. Ele, como filho do dono da empresa, com certeza deve entender.

- Sim, imagino que sim. - ele pareceu não ligar pra minha calma forçada e simplesmente foi pra sua mesa. É uma das coisas que mais gosto no Shikamaru. Eu sei que ele sempre percebe as coisas, mas não se mete no que não lhe diz respeito. Ele apenas mostra que sabe sobre algo quando você conta pra ele, nesse momento você percebe o quanto ele conseguiu deduzir das suas percepções e se surpreende. Eu não duvido que ele saiba exatamente (ou alguma versão genérica disso) o que o Uchiha quer comigo e o motivo de eu o estar evitando. Por isso eu o considero muito, foi uma das ótimas amizades que eu fiz aqui e uma das pessoas que me ajudou nesses últimos tempos a continuar com a minha vida.

- Pensa rápido! - e falando em ótimas amizades, um objeto não identificado veio na direção da minha cara. Eu peguei por pouco o que percebi ser um peso pra papel em formato de raposa. Xinguei Kiba de todos os nomes apropriados para um ambiente de trabalho que conheço antes de perguntar por que raios ele tinha tacado aquilo em mim.

- Porque a Hina viu numa loja e achou que você iria gostar. Ela disse que parecia com aquela pelúcia sua, embora eu ache que toda raposa tem a mesma cara. Não é como se eu fosse discutir com ela por isso, certo? - terminou rindo de si mesmo.

- Claro, você é um bundão - Sai respondeu a pergunta retórica antes que eu pudesse dizer que ainda assim não era desculpa pra tacar na minha cara, ou ao menos pedir pra ele agradecer por mim.

Deixei os dois se resolvendo e olhei pra raposa. Realmente Se parecia com a minha. Sorri enquanto a colocava ao lado do meu computador, Hinata era a garota mais doce que eu já havia conhecido.

Quando eu finalmente terminei o projeto e enviei pro Sr. Uchiha, já estava escuro do lado de fora, e todos os outros já haviam ido embora. Pensei no Sr. Flúfos, ele devia estar preocupado comigo, não costumo chegar tão tarde em casa.

Quando passei pela lanchonete que ficava ali em frente, não acreditei na minha falta de sorte.

Aquele que eu menos queria ver estava saindo de lá.

E tinha uma moça de cabelo rosa o acompanhando.

Antes que eu pudesse dar meia volta (e dormir na empresa se necessário) seu olhar encontrou o meu e eu me encontrei paralisado.

Quando ele virou para falar qualquer coisa com a outra, eu recuperei os meus movimentos e fui na direção contrária à inicial. Poderia achar outro caminho pra casa, tenho certeza.

Entrei em um beco qualquer esperando sair na rua paralela, mas ele fez uma curva antes de chegar lá e começou a me levar pra algum lugar desconhecido e pouco iluminado, habitado por um grupo de pessoas que eu não conseguia ver detalhes, mas que já pareciam ter me notado. Perguntei-me qual seria a pior opção, se encarar os desconhecidos à minha frente ou o conhecido (com uma desconhecida) que eu havia deixado para trás, mas meus pés não pararam de andar, como se já tivessem decidido por mim.

Não sei se tenho os pés mais inteligentes ou os mais burros da face da Terra.

De repente senti dois braços ao meu redor, me puxando para trás. Estava prestes a ter algum tipo de ataque quando ouço sua voz:

- Ah! Então era aqui que você estava! - Sasuke exclamou alto, como se quisesse que os tais caras atentos ao que acontecia escutassem - O pessoal estava preocupado te esperando, estavam quase chamando a polícia, acredita? - completou rindo espalhafatosamente enquanto me arrastava pelo caminho de onde tínhamos vindo. Eu não conseguia ter nenhuma reação, apenas deixei que me guiasse, tentando ignorar o sentimento de alívio e segurança que me preenchia por completo. - Você está com vontade de morrer? - perguntou baixo quando finalmente voltamos pra rua movimentada (ou quase isso, considerando o horário). Ele parecia estressado e não soltava os meus ombros enquanto continuava me levando pra onde quer que fosse. Perguntei-me o que teria acontecido com a nova amiga dele. Apenas percebi onde estávamos quando paramos em frente ao seu carro e ele abria a porta do passageiro, como se estivesse esperando que eu entrasse. De repente meu cérebro voltou a funcionar e eu me afastei.

- O que pensa que está fazendo? - perguntei com algum grau de incredulidade na voz.

- Te oferecendo uma carona? - sua expressão antes carregada agora demonstrava genuína confusão.

- E o que raios te levou a pensar que eu aceitaria?!

- Fora toda a lógica de que moramos um ao lado do outro, que estamos saindo no mesmo horário e que, por acaso, esse é tarde? - ele respondeu voltando ao estado de irritação - Talvez porque você parece não ter nenhum instinto de sobrevivência e se eu te deixar sozinho por aí provavelmente vou ser acusado de abandono de incapaz! E com certeza vou viver o resto da minha vida com a culpa sobre os ombros! Porra, Naruto, você não quer tanto assim falar comigo? - subitamente sua expressão ficou abatida - Nós podemos ficar em silêncio durante o caminho todo se você preferir, mas eu não vou deixar você ir sozinho, nem que eu tenha que te amarrar e te levar! - completou com convicção, me fazendo sentir uma estranha vontade de rir, mesmo que não fosse apropriado para o momento.

Acabei por simplesmente entrar no carro sem dizer nada. Não saberia o que falar de qualquer forma, minha cabeça ainda estava uma bagunça, então achei melhor assim. Vi como ele hesitou por alguns instantes antes de dar a volta e entrar no lado do motorista. Ele me olhou significativamente e eu me lembrei de colocar o cinto de segurança por mim mesmo dessa vez.

Passamos os primeiros cinco minutos em completo silêncio, mas logo eu não conseguia mais segurar a pergunta:

- De onde você conhece o termo “abandono de incapaz” afinal? - soltei repentinamente, fazendo com o que o outro quase batesse o carro com o susto.

- O que? - veio a pergunta depois de alguns xingamentos que resolvi ignorar.

- Aquilo que você falou há pouco, sobre ser acusado de abandono de incapaz.. Como você sabe que isso existe? - perguntei me lembrando que seu conhecimento sobre leis e afins parecia meio limitado.

Ele soltou uma breve risada, quebrando o clima tenso que comprimia o interior do veículo.

- Bem, digamos que o Itachi não confiava muito nas minhas habilidades com crianças nas primeiras vezes em que eu tive que cuidar dos pirralhos. - ele acabou respondendo algo completamente fora do que eu esperava, mas então me achei burro por não ter imaginado exatamente isso - Ele me falou tudo o que era, e provavelmente coisas que não eram também, considerado abandono de incapaz e todas as possíveis punições pra isso.

Acabei rindo. Conseguia imaginar perfeitamente bem o Sr. Itachi fazendo isso.

- Então… - ouvi novamente a sua voz. Suas mãos seguravam o volante com certa firmeza - Sabe, Naruto, eu estava querendo falar com você uma coisa.. Bem, na verdade várias coisas, mas esse não é o foco agora - senti vontade de interromper. Não queria ouvir nada das coisas que vinham me atormentando e mexendo com a minha cabeça. Porém ele estava distraído demais tentando organizar os próprios pensamentos e não parecia que iria acatar qualquer intervenção da minha parte. - Aliás, pra ser sincero, sim, é o foco agora. Acho que nunca deixou de ser o foco - eu estava começando a ficar nervoso - Mas eu acho que é melhor falar sobre coisas práticas antes de qualquer coisa. - ele parou o carro e olhou pra mim, fazendo com que eu percebesse que já estávamos em frente à minha casa - Você sabe que eu sou psicólogo no final das contas, certo?

- Eu… Que? - perguntei meio confuso. Não era o que eu esperava e isso me deixou desapontado…?

- Psicólogo. Quero dizer, eu tenho um diploma, sabe? Chegamos a falar sobre isso naquele dia.

- Claro, claro.. Eu lembro. Mas o que isso tem a ver comigo?

- Bem, eu resolvi que vou abrir um consultório! - falou sorrindo, como se revelasse a melhor surpresa que eu poderia ouvir na vida. Quase sorri junto com ele, mas me forcei a pensar em todas as coisas que ele fez comigo. E quem era aquela mulher de cabelos chamativos afinal?

- Ok, fico feliz que você tenha resolvido fazer algo de útil, mesmo que eu sinta pena dos seus futuros pacientes. Mas ainda não entendi o que eu tenho a ver com isso. E sabe, eu realmente preciso ir pra casa, o Sr. Flúfos está me esperando… - falei enquanto fazia menção de sair do carro.

- Espera! - tive meu braço segurado - É que eu queria te pedir um favor! - arqueei uma sobrancelha. Um favor? - Digo, não exatamente um favor, eu iria te pagar, afinal é o seu trabalho. Eu queria que você projetasse o espaço, e fizesse ter um ar agradável, entende? Eu não sei bem como fazer essas coisas, e ouvi dizer que você é muito bom no que faz…

Meu braço foi solto quando ele terminou de falar. Continuava me olhando com aqueles olhos que me faziam querer simplesmente aceitar tudo e qualquer coisa que ele me pedisse. Mas felizmente meu cérebro estava fazendo hora extra desde o fiasco no beco, como se não quisesse mais me deixar cair em situações potencialmente perigosas.

- Olha, Sasuke, obrigado pela carona e etc, mas eu não posso fazer isso. - o interrompi antes que pudesse dar qualquer argumento - Esse momento está sendo meio complicado pra mim, e trabalhar com você não seria de muita ajuda. - seus olhos fraquejaram por um instante e eu quase cedi - Mas veja bem, eu posso falar com o Sai, ele também é ótimo fazendo isso, seu consultório com certeza vai estar em boas mãos. Embora talvez em não tão boa boca assim.. - completei rindo e recebendo um olhar indignado do outro. Me pergunto o quanto ele conhece Sai e se ele entendeu da forma correta a brincadeira que tentei fazer. Bem, não é como se realmente importasse, se ele ligasse pra algo assim não estaria comendo com uma estranha. Voltei ao foco principal da conversa, eu devia parar de divagar sobre coisas que não me afetam.

- Bem… Se você acha melhor assim… - seu tom era quase que de derrota, mas ele logo voltou ao tom costumeiro e me lançou um sorriso de canto tão familiar que por pouco não me fez perder o resto da fala - Mas enfim, passando pra outra questão agora. Você me deu um bolo hoje no almoço, realmente esperava que você aparecesse! Mas imagino que seja o trabalho acumulado, então você poderia me oferecer um café agora, o que acha? Pra compensar o café que eu te mandei!

Bufei na segunda sentença e já estava fora do carro quando ele terminou.

- Eu não bebi o café, então não estou te devendo nada. Boa noite, Uchiha, obrigado pela carona.

Fechei a porta do carro e segui firme até a minha casa, já conseguindo imaginar a bronca que eu receberia do meu gato.

Gostaria de dizer que não olhei para trás e que não vi o sorriso que ele ainda mantinha em seu rosto enquanto me olhava.

Gostaria de dizer também que eu não me peguei sorrindo quando finalmente estava a salvo dentro de casa.

E principalmente gostaria de dizer que não tive a minha perna mordida por um animal faminto, mas infelizmente as coisas nem sempre acontecem como queremos.

 

...

 

Olhei para o café na minha mesa com uma sensação de deja vu. Li mais uma vez o bilhete que dizia quase a mesma coisa que o do dia anterior. Senti vontade de dizer ao rapaz que vinha entregar para não o fazer mais, porém me contentei em apenas jogar tudo no lixo novamente.

Estava mais uma vez absorto no que eu fazia quando minha atenção foi roubada de novo por alguém entrando no escritório. Mas dessa vez não era nenhum dos meus colegas, e sim, nada mais nada menos do que a mulher que encontrei ontem na frente da lanchonete. Eu não conseguia acreditar em meus olhos. E essa descrença apenas aumentou quando a vi olhar pra mim e vir diretamente na minha direção.

Por um breve (e estúpido) momento, eu pensei que ela queria brigar por que o Sasuke a havia largado na noite anterior.

- Naruto? Uzumaki Naruto? - ela perguntou quando chegou perto o suficiente da minha mesa. Olhei em volta, como que pra me certificar de que ela estava falando mesmo comigo. Confirmei esse fato ao ver que nenhum dos outros se encontravam ali naquele momento.

- Sim, sou eu… - acabei por dizer depois de me lembrar que, de qualquer forma, apenas eu tinha esse nome ali.

- Realmente a descrição foi bem real - a outra falou dando uma breve risada e me deixando ainda mais paranoico - Eu me chamo Sakura Haruno, e estou aqui a pedido de Sasuke, que creio eu, você já conhece. - terminou estendendo sua mão para mim.

Retribuí o gesto sem saber exatamente o que pensar. Porque raios ele mandaria essa tal Sakura falar comigo? Será que ele acha que ela pode me convencer a comer com ele? Isso não faz nem sentido! E além do mais o horário do almoço já está quase no final, não adiantaria mais, mesmo se eu quisesse.

Como que percebendo a minha confusão, ela continuou falando:

- Bem, eu vim trazer as plantas do local que ele requisitou pro consultório que pretende abrir, e algumas fotos do interior. - ela explicou me entregando uma pasta - Ele me pediu pra lhe entregar e agradecer. Eu particularmente acho que poderíamos deixar as paredes dessa cor mesmo, mas não sou especialista no assunto, então deixo pra você decidir isso!

- É, a cor está boa, mas acho que dá pra pintar a parede da porta com uma cor mais forte, talvez um verde musgo, mas não tão escuro.. - opinei olhando as imagens dentro da pasta até me tocar do que eu estava fazendo - Espera! Eu não vou fazer isso! Eu disse pra ele que poderia falar com o Sai, mas apenas isso! Aliás, quem é você mesmo? - acabei perguntando, sem conseguir me conter.

- Ah, desculpe! - ela falou, parecendo momentaneamente confusa - Eu sou uma amiga dele do colégio, e o ajudei a achar o lugar, já que trabalho com imóveis. Ele tinha me dito pra entregar isso diretamente a você, então imaginei que fosse o responsável pela arrumação do espaço..

- Bem, eu não sou. - falei com convicção, guardando as coisas na pasta que ela havia trazido - Não se preocupe que eu vou falar com o meu colega sobre isso. Tem algum contato que eu possa deixar com ele, caso haja a necessidade de alguma informação a mais?

- Bem, na verdade o Sasuke apenas me deu o endereço e falou “entregue pro Naruto Uzumaki, ele é loiro, tem olhos azuis e é basicamente o cara mais bonito que você jamais vai ter visto, então agradeça a ele pelo trabalho e peça que me entregue quando terminar, ele sabe onde eu moro”. - ela imitou com um tom que e conseguia ouvir claramente o outro usando - Na verdade eu achei muito rude da parte dele, não sou nenhuma garota de recados! - reclamou parecendo se irritar por um instante, mas logo voltando ao humor anterior - De qualquer forma, então acho que você pode simplesmente deixar com esse tal Sai e depois pegar de volta e o entregar..

- Essa cara é um idiota mesmo.. - resmunguei pra mim mesmo tentando ao máximo manter minha expressão neutra - Bem, vou falar com ele, não se preocupe. Obrigado por vir até aqui de qualquer forma. - falei estendendo minha mão mais uma vez.

- O prazer é todo meu! - ela disse sorrindo enquanto me cumprimentava. Saiu do escritório quase ao mesmo tempo em que os outros chegavam.

Por instinto, acabei guardando a pasta na minha gaveta.

Passei o resto do dia tentando entender o motivo de não conseguir ir até o Sai pedir pra ele fazer o bendito do projeto. Não foram poucas as tentativas, mas eu acabava mudando de assunto no processo. Enrolei tanto que acabei levando pra minha própria casa.

- Bem, já que estou sem nada pra fazer eu posso dar uma olhada e entregar amanhã pro Sai, certo, Sr. Flúfos? - perguntei pro meu gato enquanto sentava no sofá com a pasta em mãos. Ele apenas se enroscou pelas minhas pernas e subiu no meu colo. Interpretei isso como uma confirmação e resolvi abrir logo aquele inferno.

- Nossa, ele conseguiu um ótimo espaço aqui.. - comentei vendo as fotos e as plantas - Dá perfeitamente pra fazer uma sala de espera confortável, um pequeno banheiro, e uma sala de atendimento espaçosa..

Parei de falar quando percebi mais uma vez o que eu estava fazendo. Eu não podia ser tão viciado em trabalho assim, certo? A ponto de não conseguir me conter vendo projetos? Resolvi guardar aquilo e terminar os meus afazeres em casa.

 

...

 

Uma semana inteira passou como uma rotina bizarra, onde eu me peguei pensando e fazendo projetos pro maldito consultório. E aceitando os cafés que me eram mandados todos os dias sem falta (era um café muito bom por sinal, eu tinha que perguntar onde ele comprava, não havia nenhuma marca nos copos). Afinal, se eu estava fazendo “um favor” para aquele folgado, no mínimo que eu ganhasse café pra isso.

Terminei mais cedo do que esperava, e nesse momento eu me encontro em pé no meio da minha sala, com duas pastas nas mãos, decidindo se eu devia ir ou não na casa dele entregar o que parecia agora a coisa mais pesada do mundo.

Eu tinha acabado de chegar da empresa e nem havia tirado minhas roupas ainda! Qual era o meu problema?

Ouvi um miado vindo do chão e olhei pro meu gato, que me olhava acusadoramente, como se soubesse o que eu estava cogitando fazer.

- Ah, vamos, Sr. Flúfos! - acabei por exclamar - Não é como se eu tivesse cometendo um crime! Eu só estou indo entregar um projeto pra ele. Coisas do trabalho! Nunca ouviu falar “Inimigos inimigos, negócios à parte”? - ele apenas virou as costas e foi pro meu quarto. Fiquei na dúvida se aquilo era uma desistência ou um consentimento. Bem, se dizem “quem cala consente” acho que eu posso levar assim.

Com esse pensamento, saí e fui em direção à casa do meu vizinho.

Depois de vários minutos parado na soleira da porta, acabei por tocar a campainha, recebendo logo em seguida os latidos animados de Boss. Levantei as pastas para o alto pra não correr risco quando a fera fosse solta, mas quase falhei. Quando o trator babado pulou em mim, eu só tive tempo de largar os projetos de qualquer jeito no Uchiha antes de ser derrubado.

Eu imaginei que a essa altura já estaria acostumado com as investidas, mas parece que me enganei.

- Boa noite, vizinho! - o outro falou da porta, sem mover um músculo pra me ajudar. Pelo menos ele tinha servido pra não deixar o meu árduo trabalho cair no chão ou ser babado.

Pra alguma coisa esse traste TEM que servir.

- Vai tirar o seu cachorro de cima de mim ou eu vou ter que fazer um pedido formal? - perguntei tentando evitar que o dito cujo lambesse muito a minha cara.

Sasuke teve a audácia de rir antes de fazer o que foi pedido. Depois de alguns segundos bagunçados do lado de fora, nós nos encontrávamos em sua sala, ele esperando o anúncio do que eu estava fazendo ali e eu pensando em como começar.

- Bem, eu vim entregar o projeto que… o Sai fez. - resolvi falar apontando para o conteúdo que ainda estava em suas mãos. Não deveria ser tão difícil! E por que raios eu falei que o Sai que tinha feito?

- Ah sim. - ele falou olhando. Entregou-me novamente e continuou - Pode se sentar, você pretende me explicar algo ou é só entregar e ir? Quer alguma coisa pra beber?

Encarei o moreno com as sobrancelhas franzidas. Ele pareceu perceber que foi uma pergunta infeliz, na situação em que nos encontrávamos, pois apenas abaixou levemente a cabeça e foi se sentar em um dos cantos do sofá. Eu o segui sem dizer nada e sentei no outro lado.

- Então.. O que você tem pra mim?

- Bem - comecei tirando folha por folha da minha pasta e organizando-as na mesa de centro - Eu... Digo, o Sai pensou que dá pra manter essa cor original, mas ficaria bom se pintasse a parede da porta que divide a sala de espera com o consultório de uma cor como o verde ou o azul em uma tonalidade densa, aqui tem montagens das duas opções - mostrei as duas fotos que eu havia preparado no programa - Isso fica a sua escolha, qualquer uma das duas ficaria bom. Eu.. le pensou também que o sofá deveria ficar na parede esquerda, pra aproveitar melhor o espaço e o tornar agradável, assim como colocar um quadro comprido com cores alegres em cima dele. A cor do sofá poderia ser um cinza escuro tendendo pra cor que você escolher na parede, você vai notar que tem essa diferença nas fotos. Seria interessante manter um abastecimento de revistas variadas no espaço que sobrou ao lado do sofá, pra ficar de fácil acesso, e talvez um rádio tocando baixo alguma estação com músicas tranquilas ou instrumentais, pra dar um clima calmo às pessoas que estiverem ali. Acho que um vaso com uma planta pequena e não muito espalhafatosa nesse canto também ajudaria no ambiente que estamos tentando formar. E pra concluir, eu queria que você desse uma olhada em suportes de guarda-chuva pra colocar ao lado da porta, mas eu particularmente achei esse muito bom - falei mostrando a imagem de um porta guarda-chuva simples, de metal, com a palavra “umbrella” gravada verticalmente nele. Achei que seria perfeito e olhei sorrindo para Sasuke, esperando sua confirmação. Acabei por encontrar seus olhos presos em mim com uma intensidade que me fez corar - Sasuke?

Ele pareceu despertar de um transe. Desviou o olhar para a imagem que eu estava apontando e acenou com a cabeça.

- Sim, sim - confirmou - Parece ótimo, você deixou o site da loja? - continuou como se nada tivesse acontecido.

- Sim.. - falei ainda atordoado e peguei a folha que ainda estava dentro da pasta - Aqui tem todos os lugares com tudo o que foi falado, está bem detalhado. Agora sobre o consultório em si…

- Okay, espere, Naruto. - ele me interrompe levantando - Vem comigo. - e vai em direção à cozinha.

Levantei sem saber bem o que fazer, acabando por me decidir ir atrás. Boss apareceu feliz de seja lá onde quer ele estivesse e foi junto. Provavelmente pressentiu comida ou qualquer coisa assim.

Deparei-me com Sasuke na pia, em frente à cafeteira, com um saco fechado de café na mão e o pacote com funis descartáveis na outra.

- Certo - ele diz firme - Não importa o quanto você fique lindo falando com tanta paixão sobre o seu trabalho, eu ainda sei reconhecer os sinais de alguém que acabou de chegar de um dia cansativo e que, por Deus, provavelmente nem sentou quando estava na própria casa. Eu vou fazer esse café na sua frente e então você decide se quer ou não, beleza? - terminou abrindo o pacote e começando a preparar a bebida.

Ficamos em silêncio durante o processo, minha mão direita inconscientemente acariciava a cabeça do Boss, que havia sentado ao meu lado encarando fixamente o dono. Confiando no discernimento do cachorro, eu me peguei passeando os olhos pelo cômodo e lembrando da tarde divertida que tivemos, antes de toda aquela situação acontecer. Tive minha atenção focada em um canto do armário que foi esquecido aberto. Aquilo era…. Eu realmente estava vendo copos de papelão ali? Eles se pareciam terrivelmente com os que eu recebia. Isso quer dizer que não eram comprados? Quer dizer que ele todos os dias fazia café só pra me mandar, mesmo depois de eu ter dito que jogava fora? Quer dizer que eu nunca poderia comprar aquele café maravilhoso?

Ou melhor, quer dizer que, se eu quiser, posso simplesmente vir aqui e tomar?

E desde quando eu havia me tornado um maníaco por café?

Minha crise de identidade foi interrompida pelo o movimento que o outro no cômodo fez e eu percebi que ele já tinha duas canecas nas mãos e um sorriso no rosto. Rapidamente movi minha cabeça em sua direção, ainda com um olhar chocado.

Seu sorriso se desfez aos poucos, dando lugar a uma expressão preocupada.

Por que ele insiste em mostrar todas essas faces que não me fazem sentir raiva?

As canecas foram parar de volta na pia e ele voltou pra mim, chegando mais perto e olhando nos meus olhos.

- Naruto? Está tudo bem? - sua voz soava incerta. Por que eu estava ali no final das contas? - Você está se sentindo mal? Quer sentar? - segurou em meus braços, como se tivesse medo que eu caísse. Eu deveria me desvencilhar, certo? Na última vez em que eu realmente estava passando mal ele também parecia preocupado. Mas estranhamente, dessa vez que eu não tinha nada demais além de muitos pensamentos ele parecia bem mais alarmado. Será que é porque antes ele sabia o que estava acontecendo? É, provavelmente.

- Você que faz o café?

- O.. o que? - seu olhar ainda era preocupado. Devia estar achando que eu tive um derrame ou qualquer coisa do gênero. Senti vontade de rir. Eu provavelmente estava ficando maluco, tendo essas vontades em horas estranhas.

- O café que me manda todos os dias. É você que faz? - repeti a pergunta de forma clara e calma.

- Bem… - ele hesitou por um momento, como se fosse uma criança sendo pega numa travessura. Okay, eu realmente estava ficando maluco, por que fazer comparações em uma hora como essa? - Sim.. - acabou por confessar - Desculpe, é que eu queria fazer algo mais pessoal e me sentir um pouco livre da culpa sobre o último café que te ofereci.. Ter a sensação de que poderia fazer isso sem te causar sofrimento. - meu coração pulou uma batida. Conseguia sentir perfeitamente todos os detalhes de suas mãos, que ainda me seguravam, mesmo que agora fracamente - Eu sinto muito, Naruto, já deveria ter falado isso há mais tempo, mas não conseguia descobrir como. Ficava pensando em tudo o que falaria, caso você aceitasse os meus convites, mas sei que acabaria me acovardando e apenas falando todas as bobagens que sempre falo. - eu não conseguia ter nenhuma reação, meu cérebro estava dormindo de novo, sempre quando eu mais preciso. Apenas ouvia e sentia tudo o que aquilo causava em mim - Mas eu realmente me arrependo do que fiz. Não que eu preferisse que você ainda estivesse com aquele advogado - fez uma careta e mais uma vez tive que conter o meu riso - Mas sim de ter te feito sofrer como eu fiz. Não teve um dia que passou desde então em que eu não me achasse um estúpido, egoísta e egocêntrico, por só ter pensado em como eu me sentiria com a separação de vocês. Eu sei que não mereço, Naru - ele dessa vez levantou seu olhar para o meu e minha respiração falhou miseravelmente. Me corpo não parece nada esperto sem o cérebro - Mas ficaria muito feliz se você pudesse pelo menos pensar em me perdoar.

Seus olhos não saíam dos meus. Eles estavam instáveis, e pareciam procurar pela minha resposta mesmo antes dela ser verbalizada, mesmo antes dela ser decidida. Sem que eu percebesse, ouvi minha voz soar no ambiente:

- Sabe, Sasuke - eu esperava pelo que iria falar quase tão ansioso quanto o moreno a minha frente - Seu café é realmente muito bom - é, pronto. Já podem me internar num hospício - Se amanhã eu receber outro - eu estava realmente caduco - E um convite pra almoçar - doidinho de pedra, com certeza - Pode ser que eu o aceite.

Seu sorriso demorou pra surgir, como se o cérebro dele estivesse no mesmo estado que o meu. Mas quando ele apareceu, percebi que meus lábios o imitavam quase que perfeitamente.

É, eu com certeza tinha perdido completamente a minha razão. 


Notas Finais


I Remember - https://www.youtube.com/watch?v=Z2ae5qRWPCg

EEEE AÍÍ???
Deu pra me perdoar pelo menos um pouquinho??
Por favor, digam que sim TT^TT
E gente, esse consultório é inspirado em um real.. Eu fui acompanhar a minha prima numa consulta na época que escrevi esse capítulo, aí achei tão lindinho o lugar que acabei formulando toda a situação que levaria os dois a voltarem a se falar.. hahaha
Só que eu não entrei na sala de atendimento, então reparem como eu estrategicamente fiz o Sasuke interromper o Naruto quando ele ia mostrar essa parte.. hahahahaha
Enfim, peço encarecidamente mais uma vez que me perdoem, acreditem, eu fiquei realmente esse tempo todo pensando em vocês e me sentindo muito culpada TT^TT
Enfim, vou lá responder o atraso imenso nos comentários e terminar de ver todas as coisas que fiquei sem durante esse tempo e.e


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