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História Em busca do marido perfeito! - O tão sofrido pedido de casamento (parte 1)


Escrita por: Carol_Nara , Emeraude e Imymemine

Notas do Autor


Oi gente linda! Desculpem a demora. Sei que não postei ontem, mas tenho uma boa justificação. Tenho cá os meus sobrinhos e ainda por cima era a véspera do baptizado de um deles. Que...foi hoje! E se não postei mais cedo foi porque quando cheguei tive de descansar e lanchar uma bela maçã. Nhãm, nhãm! xD
Bom...agora vai começar a grande "batalha" do Sasuke para conquistar o Naruto. Espero que gostem do capítulo (ele está bem grandinho xD) e não quando terminarem não se esqueçam de ler as notas finais, pois deixei lá o significado de algumas palavras que possivelmente vocês (quem for brasileiro) poderá não perceber.
Então...sem mais demoras...Boa leitura! xD

Capítulo 23 - O tão sofrido pedido de casamento (parte 1)


Cheguei a casa. Fechei a porta e fui direto para o sofá. Sentei-me e espreguicei-me um pouco. Para relaxar. Quem diria que uma saída com o Sasuke me deixaria de rastos.

Miau!

– Oi, Sr. Flúfos, meu fofinho!

Não foi preciso dizer mais nada. Sabichão como era, saltou logo para cima do sofá, enroscando, todo contente, o focinho adorável contra a minha perna esquerda.

Não tive como resistir. Tive de lhe dar uma festinha. Passar a minha mão por aquele pelo tão sedoso, que só de pensar que já teve todo remelado por minha causa… «Esquece, Naruto. Passado. Passado!».

Depois, sem que estivesse a contar, veio-me à memória a expressão triste no rosto do Sasuke, quando neguei de certa forma o seu pedido de namoro.

Também não tive culpa. Ele também tinha de ver o meu lado! Depois de tudo o que passei por causa dele, é normal estar com um pé atrás no que lhe diz respeito, bem como em termos de novos casos amorosos. É certo que ele até se está a tornar numa companhia agradável, mas isso não apaga as mágoas passadas.

Suspirei e desviei o olhar para o meu amiguinho de quatro patas. Peguei nele pelas patas dianteiras, elevando-o para ficar com o olhar ao mesmo nível que o meu.

– É amiguinho… pelos vistos tu és o único amor que me restou aqui na Suécia. Ao menos não me decepcionas e estás sempre ao meu lado.

– Naruto! – ouvi o Kiba a chamar por mim. Uma vez que nem sequer desviei o olhar daquilo que estava a fazer, provavelmente ele estaria à entrada. – Queres vir tomar um café?

Café…? Depois do que aconteceu – e já faz duas semanas – Sasuke nunca mais me trouxe um café. Se calhar terá desistido. Desistido? Nem parece dele. No entanto…não o culpo. Talvez seja assim melhor para os dois.

– Desculpa, Kiba. – disse, passando a prestar-lhe atenção – Mas agora não vai dar. De momento estou a terminar um projeto. Mais tarde, tudo bem?

– Ok. Tu é que sabes. Até logo!

Assim que se foi embora, voltei ao que estava a fazer. No entanto, passado um bocado, alguém pôs-se atrás de mim, segurando na mão um copo de café bem à minha frente.

– Kiba… – suspirei, cansado – Já não te tinha dito que ia até lá mais tarde? Não precisavas de... – voltei-me para trás e então soube quem era. Abri a boca e esbugalhei os olhos. – Sasuke!

– Não me digas que já te esqueceste do meu pequeno ritual, Naruto? – perguntou, piscando o olho direito de forma divertida.

Abanei a cabeça, incrédulo. Claro que não me tinha esquecido disso. Contudo… Não estava de todo à espera disto. Ele apanhou-me mesmo de boa.

[…]

Naruto me encarava com cara de parvo. Parecia que nunca me tinha visto. Efeito surpresa…check!

Ele realmente não estava a contar com o meu regresso e isso me deixou muito feliz. Afinal era esse o meu objetivo.

Estas duas últimas semanas não o tinha vindo visitar pelo simples fato de que tinha de organizar tudo muito bem organizado cada passo que teria de tomar dali para a frente. Pelo menos no que dizia respeito ao Naruto. Com um único objetivo: o casamento. Tudo aquilo que faria daqui para frente teria de me levar até ao pedido de casamento.

Serei capaz de alcançar este meu objetivo?

– Obrigado. – murmurou, pegando no copo de café e o levando à boca para dar um gole no mesmo – Posso saber a que se deve este teu regresso?

– Tiveste saudades minhas?

Ele ficou encabulado. Nice!

– N-Não…é só que… – respirou fundo – Pensei que…depois daquilo…não me quisesses ver. Ficaste tão abatido e tal…

Oh…! Ele ficou preocupado comigo… Que fofo!

– Não te preocupes. Estou bem. – respondi a sorrir, como se aquilo não tivesse sido nada, dando-lhe de seguida uma palmadinha sobre o ombro esquerdo – Já superei. – pôs um ar descrente – A sério! E para prova-lo, vim aqui convidar-te para um passeio na Baía este sábado.

Encarou-me com o sobrolho direito erguido.

– Passeio? Baía? Só nós os dois? Isso não é a mesma coisa que um encontro?

– Não. É apenas um passeio de amigos. Amigos esses que se querem conhecer melhor… estreitar os laços de amizade e tal…

Ele pareceu pensar um pouco, mas logo deu-me a resposta tão desejada, suspirando:

– Ok. – Yes! – Mas quero que fique claro que é só entre amigos. Nada mais.

Concordei com a cabeça.

– Sim, sim. Juro.

[…]

Até que o passeio pela baía não foi assim tão mau. Claro que tive de estar nalgumas situações com o pé atrás. Afinal… estamos a falar do Sasuke, não é verdade? Ainda não confio a cem por cento nele, embora… embora me tenha sabido bem – confesso – este passeio. Com o vento a bater-me no rosto, com o cheiro da maresia a entrar pelas minhas narinas, com os iates a baloiçarem no mar, com as gaivotas no ar a grasnar…

– Ei! Naruto! – ouço um estalar de dedos e acordo para a realidade. Kiba me encarava com certo alívio por finalmente lhe ter dado atenção. – Até que enfim! Parecia que estavas no mundo da lua.

Balancei a cabeça e voltei ao que estava a fazer.

– Que ideia.

– No que é que estavas a pensar com tanta concentração?

– Em nada de especial. – respondi, encolhendo os ombros – Apenas no passeio do fim de semana.

– Passeio? – perguntou com demasiado interesse pró meu gosto – Quando? Onde? Com quem?

«Não gostei desse “quem”». Até parece que para dar um simples passeio precisava de estar acompanhado!

– Sábado. Na baía. Com o Sasuke.

Kiba sorriu de lado.

– Estou a ver que esse namoro está a correr às mil maravilhas!

Fechei a cara e o encarei com cara de poucos amigos.

– Não é namoro. Nós nem sequer namoramos. Somos só amigos.

– Sei… – rolou os olhos – Conta outra.

Bufei, frustrado.

– Pensa o que quiseres.

Nesse momento, alguém bateu à porta. Nós os dois, eu e o Kiba, nos virámos para ver quem era e para minha surpresa era nada mais, nada menos do que Sasuke Uchiha. Olhei para o meu colega pelo canto do olho e reparei que ele parecia estar satisfeito, como se estivesse a dizer: “Falando no diabo…”.

– Olá, Uchiha! – saudou-o Kiba, com um sorriso de orelha a orelha.

– Olá. – respondeu seco, ignorando-o no momento a seguir – Naruto. A que horas sais do trabalho?

«E o que tens a ver com isso?».

– Às 19h, por quê?

– Então venho-te buscar a essa hora.

Parei o que estava a fazer e o encarei confuso.

– Espera! Como assim… buscar?

– Isso mesmo que ouviste. – sorriu – Vamos ao cinema.

– O quê?!

– Desculpa. Tenho de voltar pró trabalho. – disse, olhando para o relógio que estava no pulso direito – Naruto. 19h. Não te esqueças. Tchau!

– Tchau…

O que foi que acabou de acontecer? O meu escritório parece que foi invadido por um furacão chamado Uchiha, que fez estragos e depois foi-se embora como se nada fosse.

Kiba assobiou, baixinho.

– E ainda dizes que vocês não são namorados.

– E não somos! Chato!

– Ok. Ok. Mas queres um conselho? – Dispenso. – Aproveita.

– Vamos?

– Que susto! – exclamei, levando uma mão ao peito. Não estava a contar com a chegada dele. Ainda mais assim do nada.

– Eu disse que estaria aqui às 19h.

«Mas nunca pensei que fosses tão pontual!»

– Ok… Posso ao menos pôr tudo em ordem?

– Força! Eu espero.

Enquanto ele esperava por mim, encostado à ombreira da porta, finalizei o que estava a fazer no computador, desliguei-o e depois organizei alguns papéis sobre a secretária. Coloquei uns na pasta para levar e outros deixei ao lado do computador para tratar deles no dia seguinte.

«Acho que está tudo.»

– Já podemos ir?

– Penso que sim. – fui ter com ele, fechei a porta e o olhei de lado, enquanto passamos a caminhar lado a lado – Pareces apressado.

– Pudera! A nossa sessão é às 20h45.

Olhei para o relógio e continuei a estranhar.

– Mas…ainda falta uma hora e meia.

– Por isso mesmo. Nota-se que não conheces a cidade a esta hora. E se há coisa que gosto, é de chegar cedo.

– Mas se vamos de carro, não vejo o porquê de tanto alarido.

– Carro? – indagou à entrada da empresa – Mas eu estava a pensar irmos a pé.

A pé?! Ele ficou maluco?!

Pensando bem…até que não era uma má ideia. O tempo não está assim tão mau e apanhar um pouco de ar, depois de um dia exaustivo de trabalho, seria bom. 

– Ok. Isso quer dizer que o cinema é por aqui perto. Sendo assim, repito. Não vejo o porquê de tanto alarido.

– Se achas que três quilómetros é “aqui perto”… – encolheu os ombros – por mim tudo bem.

– Três quilómetros?! – gritei, fazendo com que as pessoas que passavam por nós nos olhassem – Tu és maluco? Acabo de sair do trabalho, exausto, e tu ainda queres que ande três quilómetros? Só podes estar a gozar com a minha cara!

– Agora sou eu que pergunto, baby: pra quê tanto alarido?

– Do que é que me chamaste?

– Ups! Desculpa. Saiu.

– Saiu… sei… – respirei fundo – Mesmo assim, espero que esta tenha sido a última vez que ouço tu me chamares desse jeito. – estreitei os olhos – Porque se mo chamares de novo… esquece o cinema. Nem entro lá.

– Tudo bem. – chegou mais perto de mim e deu-me um forte abraço – Tudo o que tu quiseres, Naruto.

– Tá… Tá! – tentei me soltar do seu agarre. Não queria admitir, mas ele até que cheirava bem.

– Então… vamos?

Fingi estar a pensar durante uns segundos, suspirei e sorri de canto.

– Tenho outra opção?

– E aí? Como foi o filme?

«Estava a demorar para ele aparecer…», pensei ao ver o Kiba entrar no escritório e sentar-se ao meu lado.

Encolhi os ombros e disse indiferente:

– Até que não foi mau.

Kiba rolou os olhos.

– E qual foi o filme?

– Não te interessa. – respondi, curto e grosso.

– Ai, Naruto… Vá lá…! Custa assim muito dizer o nome do filme?

– Custa já que não passas de um cusco de primeira!

– Ouch! – levou uma mão ao coração, fingindo estar magoado – Assim me magoas, Naruto. Logo eu que só quero o teu bem.

Rolei os olhos. O Kiba conseguia ser tão dramático às vezes.

– Vai mas é trabalhar, Kiba.

– Até ia. Mas agora que fiquei curioso, vai ser difícil. E depois… depois o senhor Uchiha-mor irá ficar no meu pé… e depois…

– Ok! Ok! Já percebi! – Droga! Como o Kiba conseguia ser assim? Não passava de um chantagista. Como sabia que lhe sou muito grato e só quero o bem dele, usa isso a seu favor. Parei o que estava a fazer e virei-me para ele, olhando-o nos olhos. – Se te disser o nome do filme, prometes que vais trabalhar como deve ser?

Os olhos dele brilharam, quando cruzou os dedos e os beijou.

– Prometo.

– “O seu jeito de andar”.

Kiba voltou a assobiar.

– Quem diria. O Sasuke anda numa onda de comédia romântica. Ele quer mesmo te agradar.

– Porque dizes isso?

– Vá lá, Naruto! Está na cara que ele te quer conquistar. Até mesmo mimar.

Levei a mão direita à cabeça, sacudindo os cabelos da parte traseira, sem parar.

– Argh! – suspirei, derrotado – A verdade é que tens razão. Já tinha notado isso. Mas também foi ele quem propôs sermos só amigos e, a meu ver, é o melhor.

– Melhor para quem? – perguntou ele com o sobrolho erguido – Para ti ou para ele?

Porra! Onde ele quer chegar com este interrogatório? Será que ele não se apercebe que não me apetece lá muito tocar no assunto?

– Para os dois. E vamos trabalhar! Temos muita coisa a fazer.

E sem dizer mais nada, voltei a dar atenção ao que estava a fazer, dando assim a conversa por encerrada.

– O que se passa, Naruto?

– Hã? Ah! Desculpa, Sasuke. O que disseste?

Estava tão absorto nos meus pensamentos – a pensar na minha conversa ou discussão com o Kiba no outro dia – que nem me apercebi do Sasuke a falar comigo. Ainda mais quando ele me tinha convidado para fazer umas comprinhas no shopping.

– Estás tão distante hoje… Passasse alguma coisa? – perguntou preocupado.

– Não. É só que… – respiro fundo e… seja o que Kami-sama quiser! – Vou ser direto, Sasuke. Por acaso estás a ter segundas intenções com todas estas saídas? Ou só queres mesmo ser meu amigo e nada mais? – aquilo estava mesmo a deixar-me angustiado. Precisava de uma resposta sincera da parte dele.

– N-Não… que ideia! Onde foste tirar isso?

– Com o Kiba. – suspirei – E acho que tem razão. No entanto… No entanto queria ouvi-lo da tua boca, pois não quero que tenhas esperanças quanto a… Tu sabes.

Sasuke aproximou-se e surpreendeu-me ao envolver-me num grande e forte abraço. Isso fez com que ficasse sem fôlego e com o coração a bater a mil. Porque será que…?

– Está tudo bem, Naruto. Não te preocupes comigo. – deu um sorriso rasgado – Já sou grandinho e sei muito bem tomar conta de mim.

– Sim, sei. M-Mas…

– Nem mas, nem meio mas. A ti pareceram saídas entre amigos, correto? – acenei com a cabeça que sim – E divertiste-te? – encolhi os ombros. A verdade é que me diverti um pouco, mas não lhe ia dar esse gostinho. – Então não vejo o porquê de criares problemas onde eles não existem. Eu só quero o teu bem, Naruto. Acho que é basicamente isso o que todo o amigo quer. A felicidade e o bem o outro, não?

– Sim…

– Então vamos lá pôr um sorriso nessa cara e bora lá! – exclamou feliz, enquanto envolvia os meus ombros com um dos seus braços fortes, puxando-me consigo para o interior de uma loja – Muitas compras nos esperam!

Dei um sorriso amarelo. «Só espero não me vir a arrepender…».

[…]

Mais uma saída, mais um sucesso! Bem sabia que um dia no shopping iria fazer bem ao meu baby.

Parecia outro.

Acho que ele não notou, mas passou o dia feliz, olhando as montras com um brilhozinho nos olhos que nunca tinha visto antes.

O Naruto de antigamente está de volta! Aos poucos, mas está. E do que depender de mim, o irei recuperar de todo. Ou não me chamo Sasuke Uchiha!

Contudo... enquanto entrava na casa de banho e me despia ...uma pequena questão continuava a pairar na minha cabeça. Kiba. O que será que esse tipo terá dito ao Naruto para ele começar a ter dúvidas quanto à minha proximidade? Ele estará contra mim ou a meu favor? Terei de averiguá-lo!

Respirei fundo e entrei na cafetaria da empresa Uchiha. Era a primeira vez que estava naquele local, pois o que vim fazer ali era importante. Tinha de esclarecer umas coisas. E só aquele moreno que estava a um canto, sentado à janela com um grupo de amigos, o podia ajudar.

– Kiba. – fiz-me anunciar, assim que cheguei ao pé deles.

Todos viraram a cabeça e passaram-me a olhar surpresos. Deviam estar-se a perguntar o que estaria ali a fazer. Não os recrimino. Estar ali por si só era algo realmente surpreendente.

– Uchiha?!

– Precisamos de conversar.

Ele passou a encarar-me com certa curiosidade. Provavelmente quanto ao que poderia querer falar com ele. Depois soltou um longo suspiro e pediu com um olhar mudo que os colegas se retirassem da mesa para nos deixar a sós.

– Não é preciso se levantarem. – não estava ali para incomodar ninguém – Prefiro ter esta conversa no teu local de trabalho. Pode ser?

– Claro. – aclarou a garganta, enquanto se levantava – Vou indo, pessoal. Depois a gente se vê.

Levou a mão até ao bolso traseiro das calças, tirou de lá o porta-moedas, retirando dele o dinheiro necessário para pagar aquilo que tinha consumido ali. Depois disso fomos lado a lado até à secção onde ele trabalhava. Uma vez lá, pediu para que me sentasse na cadeira mais próxima – e foi o que fiz – enquanto ele encostava a anca na beira da secretária.

– Então… o que é que o mais novo psicólogo da cidade quer falar comigo?

– Naruto.

– Bingo! Bem me parecia. Porque será que isso, vindo de si, não me surpreende?

Que cara mais insolente!

– Vamos mas é deixar de ironias. Só queria mesmo era saber o que foi exatamente aquilo que disseste ao Naruto, antes da nossa ida ao shopping.

– Disse-lhe alguma coisa assim tão relevante? Hum… – pôs um ar pensativo – Não me recordo.

– Chega! O Naruto disse-me que teve uma conversa contigo e que, supostamente, lhe terás dito que com as nossas saídas estava a ter segundas intensões.

– E não está? – perguntou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Isto não é questão de as ter ou não. O que importa aqui é que tu andas a meter o nariz onde não és chamado. O que faço ou deixo de fazer é problema meu.

– Wow! Wow! Calma! Deixa-me ver se percebi. Você pensa que disse isso só para colocar o Naruto contra si?

– Óbvio! És o melhor amigo dele. Com certeza que me queres ver pelas costas por tudo aquilo que já fiz a ele no passado.

Por alguns segundos houve um momento de silêncio, de tensão. Até que passei a ouvir uma gargalhada em alto e bom som.

Kiba estava a rir-se à gargalhada bem à minha frente. «Isto só pode ser zoação pró meu lado…!».

– Posso saber onde está a graça? – questionei-o, levantando-me.

– E-Em…n-nada… – tentou se recompor. A gargalhada foi diminuindo até não se ouvir mais. Como algumas lágrimas lhe tinham saído do olho, com cuidado limpou-as com o dedo indicador direito. – A sério? Deve-se achar, não?

– Por que é que dizes isso?

– Por quê? Porque nunca… Porque nunca lhe quis ver pelas costas. Sinceramente, até quero que fique com o Naruto.

O quê?! Por esta não esperava.

Voltei-me a sentar.

– A sério?

– Claro! Pode parecer que não, mas desde que vocês começaram a ser “amigos”, noto que o Naruto tem mudado. E para melhor! Não tem estado tão em baixo como antes.

Sorri.

– Lá nisso tens razão.

– Só que há um problema. – disse, suspirando – Ele é o cara mais casmurro que conheço. Não quer admitir que, no fundo, gosta de si, da sua companhia. Daí o porquê de lhe ter dito que você, possivelmente, teria segundas intensões com ele. Para ver se ele abria o jogo, entende? – passou a mão pela nuca, preocupado – Só que isso deu pro torto. Ele deixou de me dirigir a palavra durante uma semana.

– A sério?! – agora começava a simpatizar-me com ele – Ele devia estar mesmo fulo contigo.

– Pode crer! Mas também não lhe disse mais que a verdade. Ele é tão casmurro que não enxerga direito aquilo que tem à frente dos olhos. – soltou um longo suspiro – Quer um conselho? Vá em frente. Seja qual for o seu plano.

– Lamento, mas já tinha isso em mente. Logo não preciso dos teus conselhos para nada.

– Sempre tão direto, Uchiha. Estou a ver que é de família.

– A minha família não é para aqui chamada.

– Sim, sim. Tem razão. Não é. – deu um sorriso de orelha a orelha – Perdoa. Não consegui resistir.

Rolei os olhos. Este tipo não tem noção do perigo. Faz cada brincadeira de mau gosto!

– Vou andando. – disse, levantando-me – Até nunca, Kiba.

– Ei! Já se vai embora? – perguntou, quando estava com a mão na maçaneta. – Logo agora que lhe ia dar uma sugestão…

Virei-me e o encarei com ar desconfiado.

– Sugestão?

– Sim. – voltou a passar a mão pela nuca. Isso devia ser algum tique dele quando está nervoso. Era um bom sinal. Mostra que imponho respeito. – Sabe… A meu ver, é preciso ter calma com o Naruto. – afirmei com a cabeça. Onde será que ele queria chegar com aquilo? – Então… se quer dar aquele empurrãozinho e fazer ele feliz, por que não levá-lo até à sua terra natal?

– Até à Austrália?

– Sim! É que sabe… ele anda com saudades de lá. Principalmente dos pais. A passagem deles por cá foi rápida. – aproximou-se de mim e deu-me uma cotovelada amistosa no braço, como se fossemos amigos, o que não era o caso – Se fizer isso, ele ficar-lhe-á eternamente grato.

Antes de sair por aquela porta, ainda pensei no assunto. Uma viagem até à Austrália não era de todo uma má ideia.

Kiba Inuzuka. Apesar do seu jeito brincalhão, até que não era um mau tipo. Mostrou-se um bom aliado e… gostei!

[…]

– Sasuke. Posso saber o que se passa? Porque razão tenho de ter esta maldita venda nos olhos?

– Tem calma, Naruto. É uma surpresa. Confia em mim.

Confia… Confiar é um pouco difícil, não te parece? Droga! Por que será que isto só acontece a mim?

A verdade é que nunca pensei que o Sasuke fosse capaz de me convidar para fazer uma viagem. Ainda mais para fora do país. E o mais estranho é que foi logo depois de ter pedido uma semana de férias.

O que será que ele estará a tramar? Nem quero pensar nisso… O melhor será mesmo confiar nele, porque – sinceramente – não vejo outra saída.

Depois que entramos no avião, ele pediu-me que sentasse no meu lugar, sentando-se depois ao meu lado.

– Agora ouve aí uma música e relaxa. – disse, colocando um troço nos meus ouvidos, dos quais saía uma música bem barulhenta.

– O que é isto?

– São fones, Naruto. – tentei tirar aquilo. Já me bastava ter a venda nos olhos. Mas ele não quis que assim fosse. – Nem pensar! Os fones são para que não ouças qual será o nosso destino. É surpresa!

Droga!

– Ok… – respondi, resignado.

Fiquei quieto e atento à música durante a viagem. Também não havia outra coisa para fazer.

Mas... Mas não estava a conseguir relaxar… De todo. Nem perto disso.

Offspring?! Isto é a ideia dele de relaxamento?! Por Kami-sama! Ele podia ter melhor gosto musical! Estas músicas, que na minha opinião são só barulho, não me deixam nem um pouco relaxado. Pelo contrário. Mal via a hora de chegarmos ao destino e poder tirar este troço dos ouvidos! Bem como a venda. As pessoas devem estar a pensar que sou um maluquinho ou então um ceguinho qualquer em recuperação. Que vergonha…!

Bem tentei voltar a tirar os fones assim que aterrizamos, mas ele continuou a não deixar. «Droga! Maldito, Uchiha! Isto cheira-me mas é a esturro!».

– Espero que esta seja uma bela surpresa, Sasuke. Porque senão… Senão és um homem morto!

– E serei morto por quem? Por ti? – questionou-me num tom de gozo e descrente – Naruto. Desde quando é que um minorca como tu é páreo para mim?

– Minorca?! – explodi, fechando a mão direita em punho – Não me tentes, Sasuke. Se não vais ver agora mesmo do que este minorca é capaz!

– Ui! Estou cheio de medo! – respondeu no gozo.

– Estúpido!

– Já chegámos! – informou ao retirar-me um dos fones do ouvido.

– Até que enfim! – Ufa! Finalmente! Já não via a hora. Também pudera. Não estava habitado a viagens assim tão longas. Avião. Carro. Ainda mais com uns fones nos ouvidos e uma maldita venda nos olhos!

– Ansioso para saber qual é a surpresa?

– Estava a ver que não fazias essa pergunta. É claro que quero!

«Se for para tirar estes troços de cima de mim, quero qualquer coisa!».

– Então, primeiro vou tirar os fones.

No momento em que mos tirou, senti uma onde de alívio. Nunca mais na vida irei ouvir música desta maneira! Foi uma má experiência.

O zumbido dos meus ouvidos foi desaparecendo aos poucos e, aos poucos, começava a ouvir sons que não me eram tão comuns. Sons de natureza. E isso deu-me a certeza de que não estávamos numa cidade tão animada como Gotemburgo.

De repente, um som que me pareceu um tanto familiar ecoou no ar. «Pareceu-me o grasnar de um papagaio…». Uma ideia começou a se formar na minha cabeça.

Voltei a ouvir o mesmo som. «Não pode ser… Será…?». Podia jurar que aquele era o mesmo grasnar que o papagaio da mamã costumava fazer.

– N-Não a-acredito… – comecei a ficar com o coração na boca – Sasuke. Diz-me que não é o que estou a pensar…

– E no que é que estás a pensar?

Engoli em seco.

– N-Nós…N-Nós esta-estamos na Austrália…?

– Porque não vês com os teus próprios olhos?

Mal ele tirou a venda, ao princípio tentei adaptar-me à estranha claridade – passei horas na escuridão, né? – mas assim que o meu olhar se fixou nitidamente na casa que estava diante de mim, não aguentei. Comecei a chorar que nem um bebé.

Estava diante da casa dos meus pais…dos meus pais! O Sasuke tinha-me levado a passar uma semana na Austrália, junto da minha família. Há tanto tempo que desejava algo assim e… agora… graças ao Sasuke, isso já não era um sonho, mas sim uma realidade.

Estava emocionado!

– O-Obrigado…

– O que disseste?

Virei-me para ele e o abracei pela cintura com força, pousando a cabeça sobre o seu peito.

– Obrigado, Sasuke!

Passado um bocado, senti os seus braços a envolverem-me de forma bem carinhosa. Não sei porquê, mas soube-me tão bem…

Mas… alto lá!

Eu e Sasuke.

Abraçados.

Juntos!

Afastei-me dele o mais rápido que pude. O que é que estou a fazer? Como é que…? Será que o Kiba tinha razão? Será que estou realmente a gostar dele?

Abanei a cabeça.

Não! Não vou começar com esse tipo de teorias. Foi só mesmo um amigo a agradecer outro. Sem mais, nem menos. Porque afinal é isso o que os amigos fazem, não é verdade?

É isso! Foi só um mero abraço de agradecimento.

– Queres que bata à porta? – perguntou, vendo que não dizia nada.

– Sim. – começámos a caminhar até à porta – Os meus pais, quando me virem, vão ficar super felizes com a surpresa.

– Não, não vão.

– Como assim?

– Antes de virmos para cá, cheguei a ligar-lhes a avisar da nossa partida. Já tinha falado com eles antes por telefone, mas isso não interessa agora. – «Como não?» – Daí que pergunto. Como é que achas que fui dar com o endereço deles?

É… lá nisso ele tinha razão.

– Desmancha-prazeres… – resmunguei, baixinho.

Sasuke começou a rir-se e deu-me um empurrãozinho nas costas em direção à porta de madeira.

– Vá lá, Naruto! Pra quê ser assim? Tu até gostas deste desmancha-prazeres.

– Isso era o que tu querias! Por isso, vai sonhando, Uchiha.

Entretanto ele bateu à porta três vezes e, passado algum tempo, ouvi passos e o trinco a ser aberto. Mal vi aquela cabeleira ruiva bem à minha frente, soltei um sorriso bem rasgado e saltei na hora para cima dela, abraçando-a cheio de saudades.

– Mamãe!

– Oh! Meu filhinho! – exclamou, alegre por me rever, dando-me um forte abraço em retorno – Deixa-me olhar para ti. – passou a analisar-me, de alto a baixo, e depois sorriu. – Estou a ver que estás bem melhor desde a última vez que te vi. Houve uma melhoria e tanto!

– Nisso devo concordar contigo, Kushina. O nosso filho está com bom ar… Saudável. – os dois começaram-se a rir do que o meu pai acabara de dizer. Até o Sasuke sorriu de lado. Apenas rolei os olhos. Ó como eles gostavam de brincar comigo! – E tu? – perguntou, dirigindo-se ao Sasuke – Deves ser o Sasuke, não é verdade?

– Sim, sou eu.

– Estou a ver que já se conhecem. – murmurei. Era agora que ia descobrir se o que ele me tinha contado era verdade.

– Nem assim muito, meu filho. É a primeira vez que o estou a ver pessoalmente. No entanto, ultimamente, a gente tem falado por telefone com um tal de Sasuke e supus que fosse este teu amigo.

– E ainda bem que ele nos ligou. Assim não estaria tão contente como estou agora. O meu filhinho está aqui e vai passar uma semana connosco! – exclamou a dar pulos de alegria, voltando a dar-me um forte abraço, que quase me deixou sem ar.

Sendo assim…ele sempre disse a verdade. O que quer dizer que ele já tinha esta viagem bem planejada, antes de virmos para cá.

Quem diria… Nem parece o mesmo Sasuke que um dia cheguei a conhecer…

[…]

No momento em que pus os pés naquela casa, toda ela muito bem decorada – de certeza que tinha dedo do Naruto nela – não pude deixar de sorrir. O meu coração sentia-se quente, aconchegado, pois tudo o que via era amor e alegria a seu redor.

Naruto estava sempre com um sorriso de orelha em orelha. Estava feliz. Isso ninguém o poderia contestar e, sinceramente, me estava a deixar igualmente feliz. Porque esse era um dos meus objetivos com aquela viagem. Fazê-lo feliz. E…check! Estava a consegui-lo!

Desde que lhe tinha tirado a venda, pude notar isso. O Naruto que estava ali parecia outro. Saber que estava no seu ambiente natural o colocou mais à vontade, fez com que florescesse diante dos meus olhos. Se tornasse um novo Naruto. E isso era bom. Muito bom.

– Então… está a gostar da decoração? – perguntou o pai dele, ao aproximar-se, dando-me uma palmadinha no ombro esquerdo – Não está má, pois não?

– N-Não, não está, senhor…

– Minato Namikaze.

– Senhor Namikaze. Até que dá um ar bem acolhedor à casa. As coisas combinam umas com as outras.

– A minha mulher é um máximo, não é verdade? – fiquei surpreso e ele notou nisso – Surpreso?

– Como o Naruto é designer de interiores, pensei que…

– Que isto tivesse dedo dele? – concordei com a cabeça e ele riu-se um pouco – Bem… agora já estás a ver a quem é que ele puxou em termos de decoração. 

Dei mais uma olhada pela casa e reparei que a cor dominante era o azul. Ela aparecia sempre ao lado de uma cor forte para contrastar.

«Vai-se lá saber porquê…», pensei com os meus botões. De certeza que essa “obsessão” pelo azul devia-se ao fato dos seus dois amores terem olhos da mesma cor. Não a censuro. Longe de mim. Os olhos do Naruto sem dúvida eram muito bonitos. Cheios de vida.

Depois daquilo que fiz para terminar o namoro dele com o Gaara, deve ter sido um choque para eles verem o filho naquele estado lastimável. Mas as pessoas mudam. Eu mudei e o Naruto… o Naruto de certa forma também mudou. Ri-se mais amiúde. E do que depender de mim, continuará a fazê-lo.

Como agora.

Ele estava a rir-se de alguma piada lançada pela mãe, abraçado a ela, sentados no sofá– Olhar assim para ele, daquela forma, bateu em mim uma nostalgia… Não sei porquê, mas veio-me à mente um episódio de quando era pequeno, lá para a altura do natal em que toda a família (eu, o meu irmão e os meus pais) estava reunida à volta da árvore de natal num forte abraço…

– Sasuke! – sacudi a cabeça e passei a encarar Naruto, que mostrava estar preocupado comigo. Pelos vistos o senhor Namikaze já estava sentado no sofá junto da mulher.

– O que se passa…?

– Estava há horas a chamar-te e tu nada! No que é que estavas a pensar?

– No tempo em que era pequeno. Com toda a família reunida à volta da árvore de natal. Eu, o meu irmão e os meus pais.

– Os teus pais... Não estou a ver o senhor Uchiha nesse ambiente e a tua mãe… tu nunca me falaste dela. A não ser na entrevista que te fiz.

– Entrevista? – perguntou a mãe dele, curiosa.

Vi como Naruto suou frio na hora. Resolvi ajudá-lo.

– Sim, dona Kushina. Tratasse de uma entrevista que o seu filho me fez quando nos conhecemos. – «Não é preciso me olhares assim, Naruto. Tem calma. Eu sei o que estou a fazer.» – Sabe… quando duas pessoas se acabam de conhecer, querem saber mais sobre a outra pessoa, né? Então foi basicamente isso. Ele quis-me conhecer melhor e uma das perguntas foi se tinha pais e tal… e se estes eram casados. – pisquei-lhe o olho com um sorriso de lado – Ao que lhe respondi que sim.

– Estou a ver. – voltou a abraçar o filho e desta vez com mais força do que o costume, pois o loirinho ficou um pouco aflito. – Meu filhinho! Pelos vistos sabes escolher muito bem as amizades. Estou tão orgulhosa de ti!

– Sim… sim… mãe… – murmurou, enquanto tentava se soltar um pouco daquele sufoco. E entretanto mexeu os lábios na minha direção.

Sorri. De forma discreta ele tinha-me agradecido. É… É para isso que servem os “amigos”.

– Ah! – dona Kushina soltou-o e Naruto pôde respirar de alívio – Mas tu ainda não falaste da tua mãe. Como é que ela se chama?

– Mikoto Uchiha. E é o oposto do meu pai. Uma mulher muito doce, caseira e que vive para a família. Quando eu e o meu irmão éramos crianças, costumava mimar-nos muito.

– Mimo a mais estraga.

– Naruto! – recriminou-o a dona Kushina – Mimo nunca é demais! Também te dei muito mimo e, acredita, não te estragou.

– Lá nisso tem razão. O seu filho é um homem maravilhoso. Com princípios.

– É, não é? Que bom que alguém reconhece que fiz um bom trabalho com a educação do meu filho! – passou a olhar o marido de lado – Não é verdade, Minato? – o homem engoliu em seco, enquanto ela se levantava para vir ter comigo para me dar um forte e caloroso abraço – Gostei de ti, Sasuke. Do que depender de mim, de nós, esta semana vai ser a melhor da tua vida!

Encarei os três, principalmente Naruto, e sorri.

– Disso não tenho dúvidas. 


Notas Finais


E aí gostaram? A segunda parte também promete! xD
Agora irei explicar algumas palavras que talvez vocês não entendam, uma vez que sou portuguesa.
1º "rastos": quando digo estar de rastos quer dizer que o encontro que o Naruto teve com o Sasuke o deixou super cansado, bem lá em baixo, sem forças.
2º "decepcionas": o Sr. Flúfos é o único que não desilude (desiludir) o Naruto. Não o deixa ficar mal.
3º "Tu": aqui em Portugal é normal dirigimo-nos assim às pessoas que conhecemos. Logo é algo mais informal e quando escrevo um capítulo para esta fic esqueço de passar para a segunda pessoa do plural. Não estou habituada. Para nós o vc é muito formal. Só o dizemos a pessoas que não conhecemos, com alguém superior no trabalho ou então para algum velhinho como sinal de respeito.
4º "Nice": palavra em inglês que significa "Fixe".
5º "sabido": embora me tenha feito bem, sentido bem
6º "alarido": confusão
7º "cusco": cuscar. Uma pessoa bastante curiosa, que quer saber de tudo e de todos.
8º "estrurro": um assunto que cheira mal, que não é coisa boa
9º "minorca": um calão que utilizamos para pessoas que são mais pequenas e frágeis que nós.
10º "amiúde": com frequência, mais vezes

Beijos e até ao próximo capítulo!


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