História (EM HIATUS) The Psychologist - Imagine Jimin - Estarei Com Você Até O Fim

                                      S/N POV

Após um tiro certeiro, o silêncio se fez presente. Uma dor agoniante tomou conta de meu peito, mas o choque foi tão grande, que era impossível deixar uma lágrima sequer cair. Tudo que eu sentia além da agonia, era o peso de seu corpo sobre meus pés e o vento gélido me envolvendo.

Eu achava que minha vida havia acabado, quando Brian abusou de mim. Eu estava errada. Minha vida findou no momento em que puxei o gatilho, e friamente tirei a vida de um homem.

A vida de Jooheon não valia muita coisa, mas acabar com ela fez com que me sentisse tão suja quanto Brian e Tommy. Eu havia me corrompido, e o último fio de pureza ou inocência que restava dentro de mim, se esvaiu.

Não pensei duas vezes em proteger minha mãe. Apesar de me sentir o pior tipo de ser existente, não me arrependia. Antes estava confusa em relação ao que faríamos com Brian e Tommy, pois meu lado bom falava mais alto. Mas agora, eu já havia matado um, talvez eu não me sentisse tão mal por matar mais dois.

– Filha! Filha, pelo amor de Deus, fala comigo! – Pude sentir o toque das mãos de minha mãe, balançando meu corpo.

Virei em sua direção e pisquei repetidas vezes.

– Meu amor, me responde. Você tá bem?

– M-mãe... – Sussurrei com dificuldade, respirando ofegante – o que... o que eu fiz?

– Fique calma. Está tudo bem, meu amor. – Fui acolhida por seu abraço e pude sentir uma gota de sua lágrima cair em minha pele.

Olhei para Yoona. Ela já havia presenciado todo tipo de cena, então para ela, ver Jooheon ser morto não era nada demais. Mas, mesmo assim ela parecia assustada. Talvez pela morte do rapaz, ter sido provocada por alguém com eu.

– Acho melhor irmos. – Disse Yoona se abaixando e “revistando” Jooheon.

O casaco que eu havia levado para que ela vestisse, foi utilizado para envolver a arma que o rapaz portava. Yoona segurou o “embrulho”, e seguimos para o carro.

Eu ainda estava em choque, minha mãe em prantos e das três, Yoona era a que tinha mais capacidade de dirigir no momento.

Seguimos a trilha que dava acesso até minha casa sem que eu desse uma palavra, mas não demoramos para chegar.

Quando chegamos, a sala estava vazia. Provavelmente Jimin ainda estava no porão.   

Fui direto para o meu quarto e me deitei de lado na cama, fitando a parede. Eu já não sentia mais nada. Nem a angústia era mais presente. O que te faz humano são seus  sentimentos, sejam eles bons ou ruins... eu não sentia nada. Apenas vazio.

Alguns minutos se passaram e minha mãe entrou em meu quarto, se deitando ao meu lado e afagando meus cabelos.

– Minha querida, não se maltrate; não se culpe.

– O pior de tudo, é que eu não sinto nada. – Me virei, ficando de frente para minha mãe – Quando ele caiu, nos meus pés, senti uma agonia terrível. Agora eu me sinto vazia. Como se quem tivesse morrido fosse eu.

– Você fez a coisa certa, filha. – Acariciou meu rosto e sorriu fraco – Eu não teria feito diferente se estivesse em seu lugar.

– Eu te amo. – Sorri triste.

– Eu também te amo.

– Se importa de chamar o Jimin para mim?

– Claro que não, filha. Vou aproveitar para cuidar de Yoona enquanto ele fica com você. Ela precisa de alguns curativos, quero conversar com ela também.

– Sim, faça isso. Quando eu me sentir um pouco melhor vou falar com ela.

Minha mãe assentiu e saiu do quarto. Jimin não demorou mais que dez minutos para aparecer em meu quarto.

– Amor? – Assim que ouvi sua voz me sentei na cama. Apertei os olhos abaixando a cabeça e mordi o lábio.

Jimin se sentou de frente para mim e segurou minhas mãos.

– Não quero ver você assim.

– Eu sou uma pessoa horrível. – Quase sussurrei.

– Não, você é a pessoa mais corajosa que já conheci. – Levantei a cabeça, mirando seus olhos – Olha tudo isso que você fez! Talvez se fosse outra pessoa no seu lugar, já teria tirado a própria vida. Mas você não. Você aguentou abusos durante todos esses anos e mesmo assim, teve forças pra seguir com a sua vida.

– Isso é vingança. – Abaixei a cabeça novamente, mas Jimin levantou meu rosto o acariciando.

– Sua mãe me contou o que houve. – Jimin respirou fundo – Você não está se vingando... está se libertando. E não libertou somente a si mesma, mas à Yoona também. Sem falar que se você não tivesse atirado, sua mãe estaria morta.

Me deitei de lado, e Jimin também, me abraçando. Tive alguns beijos distribuídos por meu ombro, e acabei me aconchegando mais em seu abraço.

– Falta pouco pra acabar... Yoona já está livre, agora só precisamos dar um jeito nos dois. Eu sei que é difícil amor, mas tente encontrar forças pra finalizarmos o que começamos.

Me virei de frente para o mais velho e acariciei seu rosto.

– Todos nós precisamos descansar, vamos dormir um pouco? Só algumas horas... depois vamos todos para o porão e terminamos isso.

– Está bem pequena. – Jimin sorriu de leve e selou nossos lábios.

Quando acordei, Jimin não estava mais na cama. Me levantei e fui até o quarto de hóspedes, ver se Yoona ou minha mãe estavam por lá. Nenhum sinal delas. Fui até a escada e quando desci o primeiro degrau, pude ouvir um falatório um tanto distante... provavelmente estavam todos no porão.

Desci rápido e chegando lá vi Yoona se debater nos braços de Jimin e minha mãe segurar seu rosto, falando algo que não consegui entender por conta de seus gritos pedindo para que Jimin a soltasse.

– Gente, o que está havendo?

– Eu quero bater nesse filho da puta, mas eles não deixam! – Disse Yoona descontrolada.

Olhei para o lado e vi Tommy acordado. Ele cuspia sangue no chão e tinha o olho ferido também.

– Jimin, leva ela lá pra cima, por favor.

– Até você? – Gritou – Você devia deixar eu destruir eles, na verdade devia me ajudar!

– Unnie, nós vamos bater neles, e muito. Mas precisamos conversar primeiro. – Olhei para Jimin e assenti para que ele a levasse para a sala.  

– Me solta! Eu sei andar. – Yoona se desfez do toque de Jimin e subiu as escadas furiosa.

Nós três nos olhamos. Pus a mão na testa e respirei fundo.

Assim que cheguei no andar superior, deparei com Yoona se debulhando em lágrimas, apoiada no braço do sofá. Fui ao seu encontro e sentei ao seu lado.

– Yoona Unnie, conversa comigo. Me diz o que houve lá embaixo.

A mais velha secou as lágrimas e conteve o choro, logo fitando meus olhos.

– M-me desculpe. Eu não consegui me controlar... ver o Tommy ali, amarrado e vulnerável. Tudo que eu quis fazer foi atacar ele. Mas o rapaz me segurou. – Respirou fundo – Sua mãe pediu pra eu me acalmar, pra que eu pudesse contar a vocês o que eu sei.

– Sim... nós precisamos saber, Unnie. – Segurei sua mão – Olha, tente relaxar um pouco. Vou buscar um remédio pra você... pra te deixar mais tranquila. – Yoona apenas assentiu.

Busquei um calmante que não era muito forte, por ser natural, e a entreguei. A mesma tomou e foi para meu quarto junto comigo.

Fui até meu banheiro, e pus a banheira para encher. Enquanto não enchia por completo, peguei umas roupas para que Yoona tomasse um banho e as entreguei.

– Quer que eu prepare algo para comer? – A perguntei.

– Obrigada, mas estou sem fome. Vou tomar banho e logo desço para conversarmos.

– Unnie... Você esteve comigo desde o começo. Eu estarei com você até o fim. – Yoona sorriu e me abraçou. Assim que nos separamos, ela seguiu para o banheiro e eu para o porão.

Tommy ainda estava meio desnorteado quando cheguei, mas pelo menos estava acordado. Brian se mantinha de cabeça baixa.

Enquanto Yoona não chegava, conversamos um pouco sobre o que faríamos com eles.

– Você sabe que não há saída, não é? Se soltarmos eles, eles virão atrás de nós. – Disse minha mãe.

– Sim, a senhora tem razão. Acho também, que devíamos tirar o corpo do rapaz da floresta. Nunca se sabe.

– Amor, vamos colocar ele aonde? Enterrar? Jogar no rio?

– O rio é próximo de onde ele está?     

– Mais ou menos. Mas acho que vai dar menos trabalho.

– Tudo bem. Eu dou um jeito de levar ele até o rio.

– Você não vai sozi– Me interrompi ao ouvir os passos descendo as escadas.

Yoona parou de frente para mim e respirou fundo.

– Bom... Acho que tem algumas coisas que vocês precisam saber.