História Em Meio À Dor - Mentiras

A aula de história, como sempre, era uma total desordem. Faraize havia desistido de tentar instaurar uma ordem básica naquele falatório constante de alunos desinteressados, depois de um bom tempo se estressando. Ficou a pensar se escolhera a profissão certa. 

Castiel rabiscava na mesa diferentes figuras.

- O que você tá desenhando? - Nathaniel havia se aproximado dele para perguntar.

- Você é cego, loirinho? - Castiel zombou. - É uma caveira recheada com vermes.

O representante fez uma careta.

- Por que você desenha isso? - O loiro riu. - É nojento.

- É nojento, mas eu acho isso arte. Portanto, respeita! - Ele fez uma voz engraçada, fazendo Nathaniel rir ainda mais. Ele voltou a falar, dessa vez, em um tom normal. - Você reparou nisso? Se isso estivesse acontecendo há um tempo atrás, você taria puto com a minha irresponsabilidade de desenhar na classe ao invés de fazer as atividades.

- Eu tô puto com a sua irresponsabilidade de desenhar na classe ao invés de fazer as atividades. Mas sei disfarçar. - Nathaniel parou de falar e olhou em volta. - Cadê o Lysandre?

- Eu não faço ideia... Talvez esteja no banheiro. -  O ruivo falou apenas isso. Não queria falar sobre a discussão de minutos atrás no corredor.

Nathaniel puxou uma cadeira vazia - cujo dono provavelmente estava em pé, conversando com seu grupo de amigos - e sentou-se ao lado de Castiel.

- Consegue me desenhar? - Perguntou.

- Hm... - Ele olhou para o rosto de Nathaniel, o analisando. - Acho que sua beleza é grande demais para minhas limitadas capacidades artísticas. Sinto muito.

Ambos riram e olharam-se profundamente.

Só eles sabiam o quanto tinham vontade de abraçar-se e beijar-se no meio daquela sala de aula barulhenta.

***

Lysandre estava encostado em uma das paredes do corredor, entretendo-se com um pequeno livro de poesia. Graças à conversa com Melody, não havia ido à aula de história. Nada muito grave, afinal, ele era perito naquele assunto.

 Avistou Castiel e resolveu se aproximar. Queria pedir desculpas pelo seu comportamento e, também, algo além disso. 

Era o momento de pôr o plano de Melody em prática.

- Cas... - Ele começou, um tanto tímido, logo caminhando ao lado do ruivo. - Queria pedir desculpas a você. 

Castiel sorriu, afetuosamente.

- Não se preocupa com isso. Afinal, quem nunca ficou com ciúmes na vida? - Brincou.

- Não foram ciúmes. - Lysandre rebateu.

- Me engana que eu gosto. - O ruivo deu uma risada curta.

- Na verdade, Cas... Eu estou preocupado. - Cabisbaixo por ter de dizer aquilo, Lysandre olhou para o amigo. - Você tem certeza de que esse relacionamento vai dar certo? Além disso...

- Além disso, o quê? - Castiel não estava gostando daquele assunto. 

- Estou pensando que... ele parece simpatizar bastante com Melody. - Ao escutar Castiel inspirando fundo, como se tentasse manter a calma, apressou-se em continuar. - Eu a vi... o presenteando com um livro. - Claro que o platinado não havia os visto, porém era aquilo o que Melody pediu para que falasse. - Nathaniel pareceu ter gostado até demais. 

Castiel suspirou. Era justamente sobre isso que queria conversar com Lysandre mais cedo - o quanto a aproximação de Melody o perturbava.

- É verdade? - Indagou, sem olhar para Lysandre.

- Você não confia em mim? - Mais uma vez, sentiu dor em falar mais mentiras. - Claro que é verdade.

- Claro que confio. Sei que não mentiria pra mim, Lys. - A voz do ruivo soava amigável, mesmo tendo acabado de receber aquela informação a respeito de Nathaniel.

Certamente conversaria com ele mais tarde. Por ora, queria esquecer aquilo.

- Lys, quer ir a cafeteria comigo? - Castiel propôs, na tentativa de deixar o amigo mais feliz.

- Ah, claro! - Lysandre ficou feliz com aquele pedido. Não sabia que a ideia de Melody estaria funcionando tão rápido.

"Se tudo der certo, finalmente poderei ter Castiel", pensou o platinado, alegre em suas expectativas.

Ambos seguiram juntos até a saída da escola, conversando animadamente.