Tempo depois...
xXx POV Paola xXx
Passou algumas semanas desde o ocorrido no hospital, estava reestruturada e há dias recebeu um carro do seguro, ruas fora da avenida principal e pouco movimentadas não fazem mais parte do seu trajeto, ao invés disso prefere organizar-se para sair mais cedo de casa, afinal, sua filha precisa de uma mãe. A única coisa que a faz encarar aquela rua quando passa em frente, é digamos que, uma expectativa de saber sobre a garota misteriosa a quem deve a vida.
Estava em seu restaurante, já passa das 22h e o movimento, por causado mal tempo do lado de fora, se matem fraco, essa razão a faz liberar os funcionários aos poucos. Quando os últimos clientes se retiram, resta cerca de quatro a cinco pessoas que limpam tudo antes de sair. Ao trancar a ultima porta interna e ir para a saída dos fundos, sentiu a drástica caída de temperatura e desejou a sua casa com todas as forças, então, fechou a porta dos fundos, despediu-se dos que sobraram e foi em direção ao seu carro. O transito estava livre, porém, devido à chuva que caia como pedras naquele momento, por mais que ansiasse por uma cama, decidi ir devagar, até porque já esgotou o limite de desastres no mês – riu desse pensamento infame.
Em meio aquela enxurrada, mesmo com o farol ligado, a visão ficou bastante reduzida, assustei-se ao escutar um grito de dor fino e muito alto como se estivesse próximo ao carro, chovia forte, e pela experiência nesse tipo de problema não ser das melhores, não parou o carro, mas reduziu a velocidade para que fosse possível ver o que estava acontecendo, contudo havia somente a silhueta de uma mulher sentada no chão próxima a um ponto de ônibus, embaixo de toda essa chuva, Paola fez menção em ir embora, mas algo chamou atenção, a blusa, era uma blusa conhecida... A garota!
XXx POV Victoria xXx
Quase um mês se passou desde que esteve naquele hospital, não voltou a ficar no mesmo lugar de antes, resolveu ficar algumas ruas à frente, entretanto, há constantes boatos que a mine gangue esta cada vez pior, em todos os sentidos. Os vinte reais que a enfermeira lhe deu, acabou, a maioria gasto com comida e banho.
Enquanto dribla as poças de lama e busca um local menos úmido. – Será que vou viver assim pra sempre? – Sussurrou reflexiva. Cansada de andar, parou um pouco, recostando na parede de um prédio qualquer e encolhendo o máximo possível, abraçando-se tento esquentar alguma parte do seu corpo, no entanto, não obteve êxito. De repente, recordou de um restaurante a lenha que tem a umas duas quadras, supondo que a madrugada se inicia as paredes do mesmo ainda estão aquecidas pelo expediente que encerrou. Começou a andar novamente em direção ao possível abrigo para esse clima tão frígido. Ao afastar determinados metros do ponto de partida, teve a ligeira impressão de estar sendo acompanhada, porém quando olhou não conseguiu ver nada, nem ninguém, certo que a pouca luminosidade e a enxurrada não facilitaram muito, desconsiderando o devaneio, deu mais uns passos, a sensação de perseguição permaneceu, quando olhou outra vez vi uma silhueta masculina se aproximando em sua direção, Vic tentou ser mais rápida, mas não funcionou. “Essa não”, pensou ela.
– E ai, boneca? – segurou firme em seu braço direito. Aquele cheiro de álcool poderia ser sentido a quilômetros de distância.
– Me solta! – Tentou puxar o braço de volta, mas foi em vão, ele era mais forte.
– Calma linda, vamos conversar.
– Me solta seu louco! Largue-me, senão vou gritar!
– Então, grita! Caso não tenha percebido, estamos sozinhos. – Ele estava certo.
A menina tentou pensar por poucos segundos, por sorte ele achou que ela havia desistido de lutar e diminuiu a força que fazia em seu braço, foi quando Victoria deu um chute entre suas pernas, com a dor, o cara a soltou, e essa foi a hora de fugir, correndo como se não houvesse amanhã, se não fosse rápida o suficiente talvez não houvesse mesmo. Correu porque sua vida dependia disso.
Ainda correndo, tentou enxergar e não teve mais a visão daquele ser desprezível, cogitou parar, mas devido a sua velocidade - e falta de atenção - só conseguiu quando tropeçou em algo e chocou contra o chão. A dor chegou em milésimos de segundos, e um grito foi liberto da garganta, talvez a dor que sentia fisicamente fosse menor que a dor que atingiu a alma, e nesse momento de frio cortante em que a chuva novamente engrossava, permitiu que toda tristeza, já muito acumulada, transbordasse, as lágrimas saiam como um rio depois de uma tempestade, os soluços eram a mais pura insinuação de desespero e a única coisa que pedia aos céus era a sua vida de volta. – Por que tinha que ter sido a minha mãe?! – Sussurrou, outra vez, suplicando resposta a qualquer divindade que ainda a escutasse.
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