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História Em outra realidade - Storm


Escrita por: Flau

Notas do Autor


I'm back!
Estou tão nervosa que vocês nem imaginam, espero de coração que gostem!

Dedico esse capítulo a todxs vocês que pacientemente aguardaram esse longo "período de férias" e, em especial a Mariana, nem sei se ela ainda lê essa história, mas lhe fiz uma promessa que iria continuar e cá estou eu. Love U, guapa! ♡

Enjoy!

Capítulo 7 - Storm


“Bom dia, guapa!

Tivemos que sair.

Aqui tem uma roupa que pode dar em você. Se quiser, pode usar o banheiro, deixei uma escova nova sobre a pia.

Voltaremos logo!”

O bilhete, sobre um vestido rosa florido e um conjunto de peças íntimas novas, foi deixado em um pufe nos pés da cama. – Um sorriso involuntário surgiu nos lábios da menina, lembrou-se dos papeis colados pela sua antiga casa. Sua mãe, que tão cedo ia trabalhar, usada de tal método para desejar "Bom dia!" para sua filha amada.

– É melhor eu ir. – Não, ela não acreditava ser o melhor, todavia, adquiriu tantos temores nos últimos tempos que sua confiança na humanidade tinha se esvaído.

Antes de sair, percebeu que a próxima vez que teria a oportunidade de tomar um banho de graça e quente era incogitável. Então...

Banho tomado, dentes escovados e o vestido limpo e abaixo dos joelhos. – A diferença de tamanho entre as duas não era muita, mas ficou evidente. – Para a mulher que lhe ajudou, deixou um papel rabiscado em cima do balcão da cozinha.

“Obrigada por tudo! <3” – Sem que percebesse, o papel voou para debaixo de um armário.

XxX PAOLA XxX

– Tine, me entenda. Eu sei que parece inconsequente, mas ela precisa de ajuda. – Paola, dirigindo de volta ao lar, tentava explicar a sua melhor amiga, através do telefone, os motivos que a levaram a abrigar uma garota completamente desconhecida em casa.

– Pão, já parou pra raciocinar que você não sabe nem o nome dessa menina? O quê a faz pensar que está segura? – Christiane tentava colocar pensamentos coerentes na cabeça de Carosella.

– Não consigo explicar, Ok? Só sinto um imenso desejo de ajudá-la, é só uma criança que está tendo que crescer antes da hora. – Se rendeu, não sabe o que estava sentindo, mas abriu o jogo para a única pessoa que a entenderia. Virou a esquina na rua de sua casa, de repente, viu a adolescente, que deveria estar em sua residência, andando pela calçada. – Amiga, tenho que desligar. Depois marcamos um almoço no Arturito e eu te explico tudo.

– Okay, Carosella. Apenas me mantenha informada. – Desligaram.

Paola diminuiu a velocidade do carro. - Guapa, outra vez? – Referiu-se ao fato da menina sempre fugir.

A garota nada argumentou, pareceu pensar por meio minuto. – Me dá uma carona de volta? – Entrou no veiculo. – Olá, menininha linda! – Notou a presença de uma pequena serumaninha com uma chupeta branca e rosa, sentada na cadeirinha no banco de trás, a mesma loirinha que está espalhada por vários porta-retratos na sala de Paola. – Qual o nome dela?

– Essa é Francesca, minha filha. – Sorriu.

– Muito prazer, Fran! Sou Victoria. – Victoria. Esse era seu nome. Carosella olhou de relance para ela e a viu olhando de volta com um tímido sorriso.

A argentina, enquanto estacionava, ouvia risos sapecas, Victoria fazia caretas e brincadeiras. Na visão de qualquer um, não passavam de duas crianças que precisam de carinho e atenção.

...

– Por que não me deixou ir? – Uma pergunta direta. Sem ao menos terminarem de entrar na casa.

– Não sei, só não precisa ir se não quiser. – Respondeu enquanto deixava a chave no gancho, perto da janela. – O tempo ainda esta meio chuvoso, seu tornozelo ainda precisa de cuidados.

Okay. – Victoria tinha plena consciência que seu tornozelo não apresentava mais dor, mas parecia que Paola não se importaria se ela ficasse e as nuvens estavam mesmo cinzentas.

– Ótimo! – “Garota de poucas palavras”, pensou a chefe.

Francesca que observava toda aquela interação aproveitou a pausa e puxou a barra do vestido de Victoria. As duas mais velhas a olharam.

– Quer brincar comigo? – Aqueles olhinhos, aquele sorriso, aquela vozinha. Como dizer “não”? Vic apenas acenou positivo com a cabeça. De mãos dadas, completamente desligadas de Paola que continuava na mesma posição, foram até o tapete perto da sala e, com os brinquedos espalhados, começaram a brincar.

Carosella ao ser deixada de lado, resolveu ir para a cozinha e adiantar o almoço, mas antes...

– Guapa, pode vir aqui? – Chamou.

Quando as meninas apareceram na cozinha, a mesa estava com suco, pães e frutas.

– Sente-se! Fran e eu já tomamos café da manhã, mas tenho certeza que ela não se importará em te fazer companhia enquanto preparo o almoço.

– A ‘mama’ diz que o café da manhã é a refeição mais importante do dia.

– Tenho certeza que sua mama tem razão. – Disse Victoria com o sorriso tímido.

A adolescente, mantendo o sorriso acanhado, se sentou a mesa e pegou um pão com ovo e suco de laranja. Enquanto comia, ouviu a pequena contar um sonho bem criativo que começava com um banho de piscina e terminava com a princesa matando o dragão porque o príncipe estava atrasado. Claro, todas riram nessa final.

 Após o café, teve mais brincadeiras das meninas até o horário de almoçar. Francesca estava se tornando o elo entre Victoria e Paola, pois durante a refeição eram discutidos todos os assuntos de extrema importância, como: “Que cor você mais gosta?” “Se pudesse ser uma fruta, qual seria?” “Qual seu filme da Barbie favorito?”.

A tarde chegou e com ela a decisão inquestionável de Fran em assistir Barbie. Sim, Francesca levou a pergunta sobre os filmes bem a sério. “Barbie em O Quebra Nozes” foi o escolhido.

Entre as almofadas coloridas e estampadas – que davam um tom mais alegre ao cômodo monocromático de branco e tons amadeirados. – O notebook de Paola foi colocado no chão e, antes de sentar, Paola fez uma vasilha de pipoca.

Paola sentou no chão apoiando a coluna no sofá, Francesca sentou ao lado dela com a vasilha de pipoca, colocou uma almofada no colo de sua mãe, onde apoio a cabeça pronta pra receber carinho. Victoria ficou em pé, perdida, sem saber o que fazer; até que Carosella deu duas batidas no chão no espaço vago ao seu lado esquerdo.

– Vem! Eu juro que não mordo. E, se você não correr, esse pequeno monstrinho vai acabar com a pipoca. – Victoria sorriu e sentou. Ela tentou relaxar, mas durante os primeiros 32 minutos seu cérebro não fazia outra coisa além de gritar que ela “NÃO DEVERIA SE ACOSTUMAR!” Ela já teve uma família e já havia perdido, agora deveria contentar-se em viver um dia após o outro.

Paola percebeu o quanto Victoria parecia estar imersa em devaneios. – Sabe, quando eu tinha mais ou menos a sua idade, eu me vesti como esse soldadinho algumas vezes!

– Sério?! Por quê? – A mente de Vic realmente ficou curiosa em saber mais.

- Era horrível! Eu era a mais alta da turma, então só me restava fazer os papéis de homens. Eu tentava faltar às apresentações, só que nunca dava certo. Eu odiava! – A confissão levou as duas a uma alta gargalhada, seguida de uma repreensão de Fran que mandou todas voltarem a prestar atenção no filme. Houve mais risos ao verem como a pequena parecia realmente brava, no final todas olharam novamente para a tela do notebook. Carosella ficou analisando a adolescente por mais um tempo para se certificar que ela estava realmente bem, quando a viu comendo pipoca e sutilmente reagindo às cenas do filme, teve certeza que qualquer que fosse o pensamento que importunava a jovem já havia, ao menos, dado uma trégua. Então, suas vistas foram escurecendo e antes que percebesse já estava em um belo cochilo.

A música de encerramento do filme tocava quando Paola despertou, ao olhar para Fran percebeu que a mesma dormia serenamente e quando procurou por Victoria do seu lado não a encontrou. – Será que ela foi embora de novo? – Após colocar sua pequeña deitada no sofá com uma barreira de travesseiros no chão, olhou através da janela da sala na esperança de vê-la por perto, porém não teve sucesso. Seu coração se entristeceu, talvez se ela não tivesse cochilado, ou se ela tivesse feito algo diferente, ou se tivesse trancado a porta e escondido a chave. – Okay, essa ultima não era uma opção - Mas também, que garota teimosa e fujona era aquela.

Sem saber o que poderia fazer, atendeu ao desejo súbito de tomar leite com chocolate gelado. Para chegar à cozinha era necessário passar pela porta que dá acesso a quintal e ao passar pela mesma não acreditou no que viu. Era ela, a adolescente fujona não havia fugido. Estava ali no meio das plantas, pegando em cada uma com um olhar curioso.

– São ora-pro-nobis. A maioria não conhece essa planta, mas são muito saborosas. – Paola falava com o peito carregado de um alivio incomum.  Ela não tinha ido!

– Oi, desculpa ter vindo até aqui. É que eu sou meio curiosa e sua horta é tão bonita. Minha mãe e eu sempre quisemos algo assim, falou enquanto tocava nas folhas. – O clima tornou-se melancólico. Paola percebeu e começou a entender o que provavelmente havia acontecido.

– Tudo bem. Estou feliz que não tenha fugido! – A vontade de Carosella era abraçá-la e mostrar que ela não estava sozinha, mas para aquela menina, ela era apenas uma desconhecida.

– Sei que já perguntei, mas por que não quer que eu vá? Não precisa fazer isso, eu consigo me virar sozinha e o tempo está melhor, não há motivos para você abrigar uma desconhecida em sua casa. – Pausa. Silêncio. Nada foi respondido, nada parecia justificar o que Paola estava fazendo.

– Me acompanha no leite com chocolate? – Dizer que Victoria ficou satisfeita em não obter resposta seria uma total mentira, entretanto, ela concordou.

NA COZINHA, Paola foi pegar os copos.

– Pega o cacau em pó na segunda prateleira? – Leite, cacau e açúcar. Voilà! Leite com chocolate, o melhor leite com chocolate.

– Confesso que é a primeira vez que tomo algo que deveria ser Nescau sem Nescau. – Colocaram os copos sobre a bancada. Victoria riu, Paola riu, elas riram.

– Apenas não quero que você vá. Por favor, fique?! – Carosella começou... – Eu não faço a mínima idéia de como te convencer ou ter uma justificativa lógica para você ficar, eu não sei da sua historia, você não sabe da mim, e eu não vou te pressionar a contar nada, prometo que só quero te ajudar. Por favor?! – Os olhos de Paola brilharam, ela realmente estava disposta e queria Victoria ali. Seu coração  disparado em expectativa pela resposta.

Vic tinha a visão embaçada e tentou respirar fundo, porém uma lágrima solitária desceu do seu olho esquerdo e, naquele instante, sua represa interior arrebentou. Ela chorou, chorou tudo aquilo que estava reprimido há quase oito meses, chorou a dor que não se permitiu sentir desde que sua mãe se foi, chorou por ter sido abandonada, chorou de raiva pelas injustiças que a acometeram, chorou por Paola apresentar a ela outra realidade, chorou pela exaustão de diariamente ter que ser a heroína da sua própria historia. Apenas chorou.

 Sentiu sufocar, sentiu respirar pela primeira vez, sentiu-se fraca, cansada, cada lágrima parecia pesar uma tonelada. Sentia que estava desmoronando, suas pernas não estavam suportando o peso que seus ombros há tanto tempo suportava e, se não fosse Paola segurando-a em um abraço carregado de empatia, talvez ela não aguentasse mais ficar de pé. Naquele abraço ela entendeu que sua dor, mesmo sem ser dita, estava sendo sentida por ambas e, Victoria apenas agradeceu. Talvez ela não estivesse mais sozinha.

– Puede llorar, pequeña guapa! Estou aqui! – Paola também já estava submersa em seu próprio pranto silencioso.

 – Obrigada. Muito obrigada! – O abraço ficou mais apertado e o coração, aos poucos, mais leve.


Notas Finais


"Ela era uma verdadeira lutadora, você pode ver isso em seus olhos, mas ela não nasceu como lutadora, foi criada como uma."

Obrigada a todos que chegaram até aqui. Por favor, comentem o que acharam.
E sim, E.O.R. ESTÁ DE VOLTA !

Se quiserem gritar comigo no twitter: @flau_pimenta
Bjs!!!


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