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História Em pé de guerra! - Memórias do Passado: Parte II


Escrita por: A-ChanCrazy

Notas do Autor


Olá!
Oláá!!
OoOlááá!!!

Essa é a segunda parte do passado do meu albininho de merda, e espero que gostem!
Ele é um pouco mais... Pesado, eu diria... Mas espero que gostem ainda assim U.U

Capítulo 26 - Memórias do Passado: Parte II


Fanfic / Fanfiction Em pé de guerra! - Memórias do Passado: Parte II

- Jovem mestre... Jovem mestre... – o mordomo tentava despertar o garoto, que ainda estava embaixo dos lençóis. - Jovem mestre, sua recepção começará em breve...

- Recepção... Minha... – Soul ainda estava bêbado de sono, quando se lembrou de que era sua festa. Ele se levantou de uma vez e saltou da cama, indo atrás de seu terno. Após um rápido banho, encontrou seu mordomo servindo seu café em sua mesa próximo á varanda. – Charles, por que só me acordou agora?!

- Sinto muito, senhor. – o homem se curvou. - Eu estive ocupado essa manhã com outros assuntos... – ele olhou para os cantos, de um jeito assustador, e por toda a casa, as empregadas tremeram com um arrepio ameaçador subindo pelas costas. - Me perdoe por minha incompetência, jovem mestre.

- T-tudo bem... – Soul se sentou e começou á comer. - O erro foi meu inicialmente. Me perdoe por me estressar com você.

- Não há o que perdoar. – o homem sorriu, enquanto ajeitava o terno do garoto em cima da cama. - Quando estiver pronto, desça para receber seus convidados, jovem mestre.- ele disse, enquanto se retirava.

- Está bem. Obrigado, Charles. – Soul sorriu, vendo o homem fechar a porta.

 Após terminar o café, Soul vestiu o restante de seu terno, prendendo a gravata borboleta. Enquanto arrumava o cabelo, o puxando para trás, viu a porta de seu quarto se abrir e a figura alta e albina se esgueirar para dentro. Ele se virou no mesmo instante, sorrindo.

- Wes... – Soul se aproximou. – “Chegou mais cedo do que da última vez...”.

- Feliz aniversário, Soul... – Wes se ajoelhou para ficar da altura de Soul e lhe estendeu uma caixa enorme. - Demorei para escolher, mas tenho certeza de que gostará, certo?

- Certo... Mas se for ruim, eu vou falar, tudo bem?- Soul disse, sentando-se no chão e abrindo a caixa. Dentro, havia um uniforme branco, com um laço preto preso ao colarinho. - O que... É isso?

- Um uniforme. – Wes riu. - Papai e mamãe pediram para que eu escolhesse o uniforme que usará na sua nova escola e...

- Nova... Escola?- “Eles irão mesmo...?”. Uma dor diferente, porém mais forte lhe apertava o peito. 

- Sim. Após as férias de verão, você irá para um ótimo internato na Rússia, e lá permitiram que usasse um uniforme á seu gosto, afinal, não é todo dia que um nobre como um Evans pisa em um internato para... – Wes disse, mas ao ver o choque estampado na face do caçula, pigarreou, ajeitando o nó da gravata do terno que usava. - Como pensei que esse uniforme ficaria bonito em você, eu pensei em...

- O que... Pensa que eu sou...?- Soul murmurou, trincando os dentes. – “Rússia? Isso não fica milhas de distância daqui...? Como eu farei pra ver meus amigos e... Por que um internato tão longe?”.

- O quê?- Wes se aproximou e olhou o irmão. Soul respirou fundo, segurando o uniforme, e abriu um largo sorriso.

- Eu gostei. – Soul disse. - Só acho que vou parecer uma vela apagada... – Wes começou á rir, junto de Soul. - “Não quero usar isso... Eu sou branco! Se eu usar isso vou... Vou parecer que estou usando nada... É o que vão dizer... Eu não quero isso... Não quero outra escola... Não quero ir embora daqui...”.

- Então, vamos descer...?- Wes perguntou, enquanto terminava de ajeitar o cabelo do irmão. - Sei que a notícia pode ser repentina, mas terá tempo pra se acostumar. Por hora, vamos receber seus convidados, certo?- Soul respirou fundo e apenas fez o que sempre fazia quando sentia que poderia morrer sufocado com a própria angústia: sorriu e concordou.

- Sim... – Soul colocou o uniforme de volta na caixa e a embrulhou, colocando em cima da sua cama e seguindo o irmão. - Meus convidados...

- Quero ver um grande sorriso no rosto do meu irmãozinho querido. - Wes sorriu, enquanto abria a porta para o garoto passar. - Afinal, é sua festa de aniversário... - Soul concordou com um leve aceno de cabeça, enquanto terminava de ajeitar a gravata em seu pescoço.

- "Minha festa...". - ele pensou, enquanto sorria outra vez para o irmão. - "Odeio essa merda...".

 

Enquanto recebia os convidados, Soul sorria e era elogiado, enquanto que seus presentes eram postos sobre um palco, no meio do salão. Eram caixas enormes, roupas caras, brinquedos enormes e até joias das quais ele nunca usaria. 

Era por volta de meio dia, e a recepção estava nos conformes. O almoço foi servido, e todos estavam ansiosos pela noite. Durante a tarde, os convidados descansaram nos quartos de hóspedes, enquanto Soul passeava perto do lago, enquanto jogava pedras. Mesmo que fosse seu “aniversário”, aquela festa não era pra ele.

Era sempre assim. Sentia-se extremamente feliz ao ver tantas pessoas indo apenas por ele, quando era menor, e até se gabava disso, mas com o passar dos anos, percebeu a realidade, e nem seu dia favorito lhe agradava mais. Era apenas um outro dia qualquer, onde tinha de colocar seu sorriso no rosto e mostrar-se o mais perfeito possível.

O que era seu dia de comemorar e sentir-se especial, havia se tornado o dia em que era apenas um boneco nas mãos dos nobres, onde tinha de agradar aos outros e ser comparado ao irmão, entre qualidades e defeitos.

Quando a noite caiu, Soul subiu para o seu quarto para poder trocar para seu terno branco, enquanto os convidados tornavam á encher o salão.

Quando chegou ao salão, todos o esperavam. Na sacada onde as cadeiras de seus pais estavam postas, Wes, já esperava em seu lugar, entre o pai e a mãe, restando apenas a cadeira ao lado do pai. Soul se sentou e logo os convidados começaram á discursar seus longos e bem ensaiados discursos que faziam todos os anos, enquanto entregavam mais presentes que eram postos logo atrás de Soul.

Todos aplaudiam á cada fim de um novo discurso, inclusive Soul, que agradecia diversas vezes, já considerando quais iriam para a caridade e quais iria queimar apenas pelo puro prazer de ver coisas que possuem um valor extraordinário para todos ali, mas que para ele, não passavam de lixo, serem reduzidos à cinzas.

Quando os discursos acabaram, a festa continuou, enquanto serviam vinho e champanhe aos convidados, Soul foi mandado de volta para o quarto, pois já era “tarde” para um garoto de sua idade ficar entre os adultos.

Ele se livrou do terno e bagunçou o cabelo, enquanto se olhava no espelho.

- Sou mesmo branco... – ele tocou levemente o espelho, olhando sua pele ficar mais destacada devido á seus olhos vermelhos. - Pareço um coelho... – ele riu sem graça, até que seus olhos bateram na caixa sobre a sua cama, e assumiram um tom melancólico. - “Preciso melhorar... Ou terei de usar isso...”- ele foi até a cama e pegou a caixa, retirando o uniforme. – “Ah, como é feio... Wes idiota, você não conhece meus gostos... E é péssimo em escolher roupas...”.

Ele suspirou e vestiu o uniforme, voltando á se olhar no espelho. A calça era completamente branca, porém o blazer branco tinha duas linhas horizontais pretas e era dois números maior que o tamanho de Soul, deixando a roupa ficar larga.

– “Como eu pensei... O branco nunca vai ser a minha cor...”- ele puxou o lábio, deixando á mostra seus dentes brancos e afiados. - “Nem vocês colaboram, me deixando com essas presas esquisitas... Como eu queria ser de uma família normal... E ter uma aparência normal...”. – ele suspirou, enquanto passava a mão no cabelo. - “Por que tenho de ser um nobre?”. - olhou para as janelas e bufou. Queria fazer como nos livros que lia: fazer uma corda de lençóis, saltar a janela e correr rumo á liberdade. Mas com a influência de sua família, seria pego antes mesmo de sair da cidade.

Soul foi até a janela e pode ver o salão iluminado do outro lado da mansão, com as risadas altas e os brindes. O lago do qual sempre passeava estava completamente iluminado, igualmente como o jardim. Embora fosse quase dez da noite, o clima ainda estava agradável e a brisa o fazia ter vontade de saltar da janela e ir ter com seus amigos. Foi quando ouviu o som de um piano.

- “Ele já está tocando? Mas ainda é cedo... E pensei que seria violino dessa vez... ”- Soul saiu pela janela, e usando sua lamina, deslisou pela parede até que tocasse os pés no chão. - "Quem precisa de corda quando se é uma arma?"- riu consigo mesmo, fazendo seu braço voltar ao normal. Pouco se importava se havia arranhado a tintura das paredes. Logo descobririam sobre seu poder mesmo. Ele se esgueirou por entre as árvores e as flores, até chegar ao salão. Por uma das enormes janelas, ele tentou espiar algo, mas tudo o que viu foram as pessoas se amontoando ao redor do centro do salão.

Era a primeira vez que veria seu irmão tocar piano. Havia decidido dias antes que sairia de seu quarto assim que ouvisse a melodia, e era o que fazia. Queria ver o irmão sendo jus ao que todos diziam sobre ele.

Ele deu a volta e subiu pela sacada, atrás do pequeno labirinto que tinham no jardim. Como não havia ninguém perto da porta, ele escorou no vidro e viu o irmão de costas, tocando com extrema perfeição e maestria. As notas pareciam de acordo com a melodia, e á cada novo tom, todos prendiam a respiração e suspiravam em seguida, com sorrisos nos rostos, hipnotizados pela performance de Wes. Esse era o efeito que o gênio Evans causava á aqueles que ouviam sua música.

- “Incrível...”- Soul sorria, maravilhado com o quão bom o irmão era. Ele viu seus pais o observando de longe, sorrindo gentilmente. - “Eles... Não me lembro de vê-los sorrir... Por que não sorriem assim pra mim...?”- Soul tornou á olhar o irmão, lembrando-se do uniforme que Wes havia escolhido. No mesmo instante, o que ouvira do escritório de seu pai na noite passada o atingiu como um soco no rosto. As palavras que havia ouvido durante todo o dia eram as mesmas, mas ele fingia não tê-las ouvido, mas elas lhe vinham á mente mesmo que não quisesse. Eram as mesmas palavras que sempre ouvira nas festas, na rua, na escola...

A música de Wes continuava á tocar, enquanto que as janelas abafavam quase todo o som. Soul observava a plateia, com sorrisos no rosto. Sorrisos verdadeiros. Diferente do sorrisos que havia visto durante todo o dia, e até mesmo durante os discursos.

As palavras que ouvia sempre martelavam em sua cabeça, passando uma sobre a outra, diferentes rostos, diferentes vozes, todas dizendo o mesmo. Soul fechou o punho no vidro, fitando o irmão.

- “Por que... É sempre ele...”- ele mordeu o lábio inferior, tentando controlar as lágrimas que já escorriam por seu rosto. - “Por que... É meu aniversário... A festa é minha... Todas eram minhas, mas você roubou... Eu não posso ser comparado á você... É injusto...”- Soul continuava á fitar o irmão, e antes que percebesse, já havia aberto a porta, e caminhava á passos lentos em sua direção. - “Por que escolheu aquela roupa? Odeio branco... Sempre disse isso á você... Odeio branco por que eu já sou branco... Também odeio essas roupas que tenho que usar... Odeio estudar o tempo todo... Odeio ter de ir aquela escola... Odeio ter de ser gentil... Odeio ser sempre o irmão do gênio... Odeio... Eu odeio ele...”- Soul parou atrás de Wes e tocou em suas costas.

Wes interrompeu a música e se virou, assustado. Todos mantinham os olhos fixos em Soul, sem entender o que ele fazia ali aquela hora, de uniforme, com uma expressão doentia em seu rosto. Os olhos vidrados, fitando apenas o irmão, um sorriso largo nos lábios e as lágrimas que escorriam pelo rosto e caíam pelo queixo.

- Sou... – Wes ia dizendo, quando a lâmina passou por seu peito, e cuspiu o sangue que rapidamente se acumulava em sua boca, e em choque, tornou á olhar pro irmão, que mantinha os olhos fixos nele.

- Morra. – Soul disse, o golpeando outra vez e abrindo um sorriso maior ainda. - Quer que eu sorria... Eu estou sorrindo... – Soul continuava á golpeá-lo, começando á soltar gargalhadas histéricas, enquanto as lágrimas desciam por seu rosto. - Eu odeio você... Apenas morra. Quer que eu sorria? EU ESTOU SORRINDO O TEMPO TODO! Mas... Eu quero que você morra... – Soul disse, erguendo a lâmina outra vez, mas antes que pudesse perfurar o crânio do irmão, ouviu-se o grito de uma mulher, e logo todos os convidados gritavam e corriam desesperados em direção á saída.

Como se despertasse de um transe, Soul piscou, acompanhando tudo ao seu redor lentamente. Como havia ido parar ali? Sentiu algo quente escorrendo por seu rosto e ao levar a mão, percebeu estar coberto de sangue. Olhou para ambas as mãos, enquanto imagens distorcidas de coisas que tinha absoluta certeza de ter feito, embora não sabia o por quê, lhe vinham à mente. Sentiu as mãos do irmão repousarem sobre seus ombros e o olhou assustado. Seu irmão sangrava. Estava ferido. De repente, lembrou-se de ferir e cortar diversas vezes o irmão e sua respiração falhou, enquanto seus batimentos aumentavam. Sua mente ficou em branco e tudo o que conseguia fazer, era encarar o irmão abrindo aos poucos, um sorriso.

- Wes... E-eu... – Soul segurou os ombros do irmão, quando ele pareceu prestes á cair. Não entendia o que estava acontecendo ali, muito menos o por que de todos estarem eufóricos daquela maneira. Sentia olhares queimando sobre si, enquanto ouvia passos se aproximarem. - Wes, me perdoa... Eu...

- Desculpe... Soul... – Wes falou, enquanto tombava para frente, e Soul o segurava. - Eu... Não perce... Bi...

- Wes... – Soul o sacudiu, mas ele já havia perdido a consciência. - Wes...? Wes...? – Soul sentia seu estômago revirar. Nada passava em sua mente. Estava com medo. Se sentia um monstro. Desespero, raiva, angustia, medo. Tudo isso o atingia de acordo com que via seu irmão não responder seus chamados. – Wes... – ele chamou outra vez, mas viu outra vez suas mãos ensanguentadas. Ele olhou para o vidro de uma janela. Seu irmão, inconsciente em seus braços e tanto seu uniforme branco coberto de sangue, assim como seu rosto, seu cabelo e suas mãos. - Eu... E-eu fiz isso... – Soul tornou á fitar o irmão. - Wes... – ele havia voltado á chorar. - Eu não... W-Wes... Irmão...?!

- AFASTE-SE DELE!- a mãe de Soul gritou. - SEU MONSTRO!!!- ela correu até eles e tomou Wes dos braços de Soul, enquanto que o pai colocava-se entre a mulher e Soul. Ele observou a mãe tentando parar o sangramento do filho, enquanto se encontrava aos prantos.

- Mama, eu... – Soul tentou se aproximar.

- VÁ EMBORA!- a mulher gritou, sem sequer olhar para Soul. - MORRA! VÁ EMBORA!! EU NÃO QUERO VOCÊ!!- ela continuava aos prantos. - Wes... Querido... – ela tentava acordar o filho. - Wes... – ela se voltou para Soul, que se mantinha parado. - O que você fez...?! Você... V-voc... VOCÊ MATOU O SEU IRMÃO!- ela disse, enquanto chorava.

- N-não... – Soul tentou falar, ainda olhando Wes. - “Eu não fiz isso... Eu não...”

- “Você gostou...”- ele ouviu uma voz no fundo de sua mente. - “Foi divertido, não foi?”- ele olhou ao redor, dando passos incertos para trás. - “Enquanto você o golpeava... Você sorria... Se sentia feliz...”.

- Não... Não fui eu... – Soul encarava os pais, que o olhavam com desprezo, aterrorizados talvez. Uma criança com uma lâmina no baço? Isso sequer poderia ser considerado humano, certo?

- “Foi divertido... Vamos... Faça de novo... Eu quero que faça... Você quer...”- a voz continuava à sussurrar em sua mente.. - “Se fizer de novo, poderá rir de verdade... Será feliz...”. – Soul transformou o braço em lâmina outra vez.

- Serei...?- ele parou de cambalear para trás.

- “Eles te olham com desprezo... Sempre te olharam... A culpa é deles... Sempre foi...”- a voz continuou. - “Eles não são seus pais... Apenas estran...”.

- “Não... Eu não posso...”- CALA A BOCA!- Soul bateu a própria cabeça no chão. - CALA A BOCA! E-eu não... – Soul olhou para o jardim. - Eu não posso continuar aqui... – Soul foi em direção á sacada e saltou dela, correndo pelos jardins, ignorando os gritos de seu pai, que o chamava.

Ele correu pelo jardim, indo até os muros e o saltando com facilidade. Enquanto corria pela rua, uma ambulância passou ás pressas ao seu lado, quase o atropelando. Soul engoliu o choro e voltou á correr.

Ele só parou de correr, quando já não via casa alguma, ou lojas. Era apenas o mar, a praia, e o frio. Ele olhou para o alto, sentindo o rosto queimar e os olhos ameaçarem chorar outra vez. Sua mansão era a beira mar, na encosta de uma montanha, o que era um dos motivos de quase nunca deixarem-no sair para passear, por temer que ele se afogasse ou se perdesse na floresta. Mas tais desafios já não eram nada para ele, que saía escondido cada vez que tinha chance.

- Por que eu fiz aquilo... – ele passou a mão no rosto, mas lembrou-se do sangue, as afastando imediatamente. - Esse... É o sangue... D-do Wes... Meu irmão... Meu irm... E-eu o... Matei... ?- Soul disse, enquanto andava em direção ao mar. - Eu matei meu irmão... Por que eu fiz aquilo mesmo...? – ele riu com a voz rouca. - Por que eu fiz aquilo... Por... Que... Mesmo? – ele cambaleou quando a água fria bateu em seu calcanhar. - Eu sou o pior... Machuquei meu irmão... Por que eu... Senti...

- “Inveja...”- a outra voz disse, em um tom irônico. - “Pobre criança... Soul Evans, abandonado e rejeitado pelos pais... Ignorado por todos... Comparado ao irmão, não é nada. Isso é frustrante, não é? Ser mandando para outro lugar, pois ninguém mais o suporta. Sua família não te enxerga... Nem nunca te enxergou... É apenas um fantasma... Um fardo... Soul Evans...”

- Soul Evans não existe... – Soul disse, enquanto a água do mar atingia-lhe a cintura. - Soul Evans... Nunca existiu... Era só fachada... - ele riu, enquanto sentia os pés afundarem na areia cada vez mais mais.

- ”Apenas existiu ele... Não era pra você ter nascido. Soul Evans, não existe. Soul Evans nunca existiu. Soul Evans é apenas um enfeite, onde todos cospem as esperanças e esperam que ele cumpra... Soul Evans... Você... É uma caixa vazia... Sem nada... Sem rosto... Sem emoções... Sem expressões... Você não tem nada... Agora vamos... Aceite e faça de novo... Aceite que você...”.

- Soul Evans... – Soul caminhou até não sentir mais a areia, e começou á nadar a partir daí. - Sou só nada...

- “Isso... Você é um nada...”.

- Não sirvo pra nada...

- “Nunca fez nada direito...”.

- Não consigo cumprir as expectativas do papa ou da mama...

- “Seus amigos não entendem quem realmente é...”.

- Nunca entenderam... – Soul se afastava cada vez mais da praia.

- “Sua vida como um nobre é vazia... Apenas uma mera existência”.

- Eu cansei de existir... – Soul afundou na água de repente, deixando seu corpo afundar e ser levado pelas ondas. - “Não quero mais existir...”.

- “Soul Evans... Está morto.”- a voz disse, risonha. - “É hora de renascer... Como quem realmente é...”.

- “Quem realmente sou...?”- Soul fechou os olhos, ao sentir uma onda jogar seu corpo para frente.

- “Isso... Siga a minha voz... Eu lhe mostrarei quem é de verdade... Serei seu tudo, e você meu nada... Seremos um... E eu lhe mostrarei como é existir... E ser alguém...”- a voz disse, e de repente, Soul se viu em um corredor escuro, onde havia apenas uma porta longe, onde uma luz irradiava por debaixo dela. Ele caminhou cautelosamente até ela, a abrindo devagar. 

Havia apenas uma poltrona no centro da sala. O chão era vermelho e preto, com os azulejos distribuídos como em um tabuleiro de xadrez. Haviam grossas cortinas pretas, e vermelhas, mesmo que não houvesse janelas. Numa pequena mesa, no canto da sala, um jazz suave era cuspido de um xilofone*, e um pequeno demônio, com um terno de dois botões se encontrava sentado no braço da poltrona.

Soul engoliu em seco e entrou na sala. No mesmo instante, sentiu seu corpo mais leve. Sem culpa, medo, frustração... Desespero... Tudo desapareceu como se nunca tivesse estado ali e um alivio o dominou por completo. Aquele seria seu paraíso. Ou esconderijo. Não sabia onde exatamente estava, mas sentia-se tão bem que desejava nunca sair.

- Viu?- o demônio falou. - Esse lugar não lhe traz conforto...?- ele sorriu, fazendo sinal para que Soul se sentasse na poltrona, e assim o garoto o fez. - Apenas esqueça esse passado. Ele não é seu. Você não é Soul Evans. Esse garoto está morto.

- É... Ele está... – Soul sorriu, encolhendo os ombros e bagunçando os cabelos. - Soul Evans está morto...

- Você é você. Apenas isso. – o demônio sorriu mais.- E sei como ele se sentiu, com todo aquele sangue nas mãos. Estava feliz. Realizado. Ele sentiu prazer ao ver seu irmão naquele estado... - Soul pareceu chocado por um momento, ao lembrar-se de alguém cortando Wes.

- Ele... Parecia apenas um louco... - Soul murmurou. 

- Então... Por que ele sorria? Ria... Gargalhava... Delirava de prazer enquanto se banhava no sangue do próprio irmão...?- o demônio falou com um ar tedioso. - Não importa... - ele abanou a enorme mão no ar, descartando o assunto que deixava o garoto apreensivo de uma hora pra outra. - Aqui é onde ninguém espera nada de você... E você não esperará nada de ninguém, além de mim... Certo?- Soul concordou com um leve aceno de cabeça, ainda confuso com tudo o que ouvia. - Agora... Por que não nos divertimos um pouco? Não existe nenhum Soul Evans...

- Então... Quem eu sou...?

- Meu nome... – o demônio sorriu. - Sejamos um... Me aceite, e seremos um...

- Seu nome...?

- Eater. – o demônio sorriu de forma doentia, pondo as mãos entre os labios, tentando esconder sua careta de puro divertimento. Aquilo o extasiava. Nunca pensou chegar tão perto de seu outro eu, e agora estava ali, sendo ouvido, seguido cegamente por quem sempre esteve no controle...  Precisava se controlar. Mordeu a ponta dos dedos, afim de controlar o riso que tentava escapar pela garganta. Estava ali, tão próximo. Precisava apenas estender a mão... - Me chamo Eater... Devorador... Eater... - ele tentava conter o riso outra vez, mordendo a ponta dos dedos com mais força... Louco estava á muito tempo, mas nunca experimentou a sensação de vitória. Apoderamento. 

- Só Soul. – Soul disse, enquanto relaxava na poltrona. - Sou Soul... Soul Eater... Soul Eater é meu nome...?- Soul perguntou, com um meio sorriso. 

- Isso... Issoissoisso... – o demônio murmurava. - Seja você mesmo... Você é eu e eu sou você... Um Devorador de Almas... É o que somos... - o demônio parecia cada vez mais agitado. 

- Você é suspeito... – Soul disse. - Mas foda-se. Você é mesmo um carinha esquisito.

- Ara ara... Seu lado verdadeiro não é nada gentil... – o demônio riu.

- Não te perguntei. E cale a boca, por que quero ouvir essa música. – Soul fechou os olhos e deixou-se ser envolvido pela música, enquanto que o demônio sorria cada vez mais.

- Fi-nal-men-te... – o demônio desapareceu. - Seremos um... - ele sussurrou. - Soul Eater...


Notas Finais


É isso!
Espero que tenham gostado

Meio... Tenso? Eu acho... Ou meio psicopático...
De todo o jeito, o passado do Soul é mesmo uma caverna que nem todos querem explorar, mas ainda assim, espero que esse capítulo tenha sido de seu agrado. O meu demôniozinho encapetado surgiu dessa maneira, que tal? Soul matando Wes U.U
I LIKE IT!! Já não sei vocês ;-;

De todo jeito, espero que tenham gostado, e até o próximo capítulo.


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