História A teia do amor - Meu antídoto

Emilly on

Os fachos de luz entrando pela cortina começam a incomodar meus olhos, fazendo-me acordar aos poucos. A medida que vou despertando percebo que não estou no quarto que Kentin havia me cedido, mas sim no quarto que era meu e de Castiel.

Não pode ser!

Então começo a sentir o contato do edredom contra meu corpo nu. Levanto uma parte do mesmo para confirmar aquilo que eu já suspeitava, dormimos juntos. Quer dizer, fizemos muito mais além de dormir.

Tento me levantar mas minha cabeça começa a doer muito então me deito de novo. Flashs da noite passada começam a vir à tona, suas mãos passeando por meu corpo, sua boca beijando cada pedaço meu, nossos gemidos e suspiros, nossos corpos em um ritmo alucinante e ele me marcando como sua.  
Céus! Eu simplesmente fiz tudo aquilo que não deveria, mas estou me sentindo tão bem, tão completa.

Só então percebo que estou sozinha neste quarto imenso. Será que Castiel se arrependeu do que houve e foi embora? Milhões de coisas passam pela minha cabeça. O barulho da porta se abrindo faz com que eu me desperte dos meus devaneios e vejo um moreno muito gostoso de calça de moletom azul marinho com uma camisa lisa branca delineando todos os seus músculos e descalço entrando com uma bandeja nas mãos que deduzo ser o café da manhã.

—  Bom dia anjo, como está?

— Bom dia, tô de ressaca..

— Já imaginava, por isso trouxe aspirina e o café da manhã. Não se pode ficar de estômago vazio.

— Obrigada Castiel. — digo, em seguida tomo o remédio que ele trouxe e faço o desjejum. — Não vai comer?

— Eu já comi.

— Ah sim.

— Emmy, sobre o que aconteceu ontem eu…

— Você não precisa se desculpar,  eu que deveria saber a hora de parar.

— Não vamos ficar nos culpando pelo que aconteceu. Acho que precisamos conversar, sóbrios e de cabeça fria.

— Concordo, posso só tomar um banho?

— Isso é um convite? — ele ri  — Brincadeirinha, ainda tem umas roupas suas no armário, vou buscar uma toalha pra você.

— Não precisa, eu mesma pego. Obrigada pela prontidão.

— De nada anjo. Eu nunca deixei de me preocupar com você.

Me levanto, mas rapidamente me lembro de que estou totalmente nua, super envergonhada pego o edredom e sigo para o banheiro, porém antes de fechar a porta escuto o Castiel rindo e depois dizendo:

— Não vejo o porque de você se cobrir, conhecemos muito bem o corpo de cada um.

De banho tomado e vestida, retorno para o quarto. Encontro Castiel sentado na cama comendo o pedaço de bolo que continha na bandeja.

— Pensei ter ouvido que havia tomado café.

— E tomei, mas uma certa morena muito sexy me deixou numa apetite insaciável... sabe? — diz ele sorrindo maliciosamente.

— Bobo. — digo sorrindo — Bom, vamos começar? Daqui a pouco você tem que ir trabalhar…

— Eu não vou trabalhar hoje, é minha folga. Mas sim, nós temos que resolver isso porque eu já não estou aguentando mais, ficar longe de ti está sendo uma tortura pra mim Emmy, é como se tivessem ingerido uma substância letal em mim. E você, só você é meu antídoto.  Preciso muito de você do meu lado baby, não vou mentir que quando penso nessa loucura toda que sua irmã aprontou eu fico putasso com vocês duas, mas ao mesmo tempo penso que se essa merda toda não acontecesse eu não teria encontrado a felicidade. Quero tentar novamente e fazer dar certo pra valer, sem mentiras. Fica comigo por favor?

Ouvir Castiel dizer tudo aquilo me fez ficar em choque, as lágrimas começaram a cair copiosamente a ponto de eu enxergar tudo embaçado. Tudo o que ele disse foi o que eu mais quis ouvir dele quando eu contasse toda a verdade, estou extasiada,  meu corpo não obedece os comandos do meu cérebro e a única coisa que consigo é chorar, começo a pensar que o efeito bêbada ainda não passou.

— E então anjo, o que você me diz? — ele pergunta mas não consigo responder — Emmy por favor diga alguma coisa, grita, se quiser pode até me bater mas essa sua atitude está me assustando. — ele diz e sorri nervoso. — Tudo bem, vamos fazer assim, irei te beijar; se você corresponder entenderei como sim, se não, irei compreender que é melhor encerrarmos por aqui. Vai ser difícil porque eu te amo, mas irei respeitar sua decisão.

Ele se aproxima de mim e eu permaneço no mesmo lugar, mas ao sentir o calor do seu corpo e o seu cheiro inconfundível faz meus sentidos ficarem em alerta e quando sinto o toque de seus lábios nos meus, recobro a consciência e enfim começo a corresponder seu beijo intenso e cheio de sentimento.

— Bem, parece que recomeçamos da melhor forma né? — ele diz e sorrimos. — Me diz que você vai voltar pra cá, pra mim?

— Estou de volta Cassiano.

— Ah não, pelo amor de Deus!

— Brincadeira, eu te amo Castiel, te amo muito!

— Eu também meu amor, te amo demais! — ele diz e nos beijamos mais uma vez.

— O clima tá maravilhoso mas eu preciso procurar um emprego. — digo entre o beijo.

— Nada disso, sua vaga supervisora do “Meu Pedacinho do Céu” continua sendo sua.

— Bom, sendo assim… — digo o puxando pela camisa e colocando uma de minhas por baixo da mesma — Podemos aproveitar mais um pouco... — digo e sorrio travessa.

— Acho uma ótima ideia!  — ele diz e voltamos a nos beijar — Sabe, se você não estivesse saindo de uma ressaca nos mataria de prazer agora mesmo.

— Pervertido como sempre. — digo e rimos — Mas deixa essa sua energia pra mais tarde. Agora falando sério, nunca teve alguém que quisesse adotar o Ethan?

— Infelizmente não Emmy. E aquele menino é uma criança maravilhosa, fico indignado por nunca ter aparecido ninguém.

— E se a gente o adotasse? Eu sempre quis ser mãe, acho a maternidade um dom maravilhoso. Quero que um dia tenhamos nossos filhos biológicos mas quando eu vi aquele menininho lindo precisando de uma família pensei “por quê não? “.  Eu senti uma ligação muito forte com aquela criança e olha que sou pediatra, sempre tenho contato com inúmeras crianças mas eu sinto que com ele é diferente, eu imagino que deva ser assim a ligação de mãe e filho. O que você acha sobre isso?

— Obrigada Emmy.

— Pelo o que?

— Por estar sempre do meu lado. Parece meio sem sentido o que eu disse antes mas eu também sinto uma ligação muito forte com ele. Não maternal — ele diz e sorrimos — Mas de pai e filho.  E ver aqueles olhinhos verdes tristes me faz sofrer e muito. Eu sinto como se eu devesse fazer algo por ele e acabei de concluir que é exatamente isso. E é por isso que estou agradecendo, por você está sempre presente em um dos momentos mais importante da minha. Tenho certeza de que vamos conseguir e de que aprenderemos muito com ele como ele com a gente.  — diz Castiel emocionado. — Vou agora mesmo entrar em contato com um amigo meu advogado e começar a ajeitar a documentação.  

— Ótimo!  — digo e o abraço fortemente — Estamos juntos para o que der e vier meu amor.

— Com certeza. Não tenho medo porque sei como que você está comigo. Te amo.

                             [...]

Estamos todos vendo um filme quando Armin entra.

— O que essa garota ainda está fazendo aqui?

— Armin, não fale assim dela. Ela tem tanto direito de estar aqui quanto você.

— Ah pelo amor de Deus! Só eu que consigo ver que ela está tramando algo?

— Eu sei que eu errei, Armin né? Mas isso não te dá o direito de falar assim comigo.

— Vocês estão esperando o que? Que ela tente roubar seu noivo? Agora que percebeu que Castiel não está mais paralítico e…

— Eu não "larguei" seu irmão por isso. Eu fui embora porque sabia que a Emmy…

— Vocês acreditam nisso? Ela só está arrumando desculpas ridículas, inventando histórias…

— Não haja como se você me conhecesse — Debrah se levanta e cutuca o peito de Armin —  Porque você não me conhece! — ela sobe as escadas correndo e Rosa vai atrás dela.

— Com que direito você chega na minha casa falando desse jeito com minha irmã?

— Essa também é a casa do meu irmão…

— Exatamente, do seu irmão,  não a sua. Então não ache que você pode chegar aqui desrespeitando as pessoas que são importantes para mim. Eu te amo Armin, mas você passou de todos os limites. — subo as escadas atrás de minha irmã, eu a conheço bem o suficiente para saber que ela está muito chateada.

Castiel on

Pego duas garrafas de cerveja e entrego a de Armin.

— Você está ferrado.

— Emmy está uma fera comigo, não imaginei que…

— Porque você a quer longe?

— Emilly? Eu não a quero longe..

— Não se faça de burro Armin, não combina com você. Estou falando de Debrah.

— Você só pode estar de brincadeira... — olho para ele como se dissesse "eu te conheço muito bem, não minta pra mim" — Tá bom, ela mexe comigo.

— Sabia.

— Mas isso é loucura. Sou contra a tudo que ela é e representa, mas mesmo assim tem algo que…

— Talvez porque no fundo você sempre quis ser como ela.

— Usar as pessoas que mais gostam dela?

— Fazer o que quiser e quando quiser e os outros é que se fodam.

— Você a …

— Não interessa, isso nunca daria certo e por isso é melhor mantermos distância.

— Você só está com medo de se apaixonar.

— Não Castiel, eu estou apavorado.

Emilly on

Debrah está com suas malas prontas, Rosa está tentando convencê-la a ficar.

— Pode nos dar um tempo sozinhas?

— Todo mundo pede um minuto e você pede um tempo?

— Precisamos ter uma conversa séria. Um minuto não resolveria. — Rosa sai e Debrah se joga na cama.

— Vai pode começar o sermão.

— Na verdade, não tem sermão. Só peço que entenda o lado do Armin…

— O garoto me esculhamba e eu ainda tenho que entendê-lo? Só não o mandei se fuder em respeito a Castiel.

— Ele é um cara legal. Sem filtro okay, mas ele me lembra muito alguém sabe?

— Ah não,  aí você pegou pesado. Não temos nada em comum. Tudo bem ele é lindo e bem gostoso e eu também, mas... — começo a rir e ela fecha os olhos e passa a mão pelo rosto — Eu disse isso em voz alta?

— Sim, você acabou de admitir que acha ele lindo e "BEM" gostoso. Vai desembucha.

— Não tenho mais nada a falar. Ele só é bonito, qualquer uma com olhos na cara veria isso.

— Okay, okay... Só não se peguem na minha cama. — começo a rir e Debrah joga uma almofada em mim fazendo cara feia.

— Maninha, pode ficar despreocupada que não iremos nos pegar em canto nenhum.

— Me engana que eu gosto.  - digo e ela me manda dedo do meio —  Onde você vai ficar?

— Não sei, acho que pra um hotel pelo menos essa noite e amanhã eu ligo pra uma amiga pra tentar ficar na cara dela até conseguir um emprego e alugar um apartamento.

— Se você quiser, eu posso te ajudar dando entrada no apartamento agora é depois  você assume quando puder.

— Não quero ser novamente um estorvo na sua vida Emmy. Você me ajudou a vida inteira, está na hora de eu seguir com minhas próprias pernas.

— Nada disso Debrah, nós somos a família uma da outra, devemos sempre nos ajudar.

— Não, por favor Emmy me deixa tentar, do meu jeito. Se de tudo eu não conseguir aí sim, você agora tem uma família, breve vocês terão filhos, não seria nada legal.

— Ok então, mas pelo amor de Deus se estiver passando por dificuldades não exite em me dizer. Você sempre será a minha família. - digo e nos abraçamos — Promete?

— Sim, prometo. Vou me cuidar também, amanhã procurarei um oncologista - ela desfaz o abraço e começa a pegar as malas que estavam em cima da cama e se encaminha para a porta.

— Fico mais aliviada em saber disso.  Debrah, me promete mais uma coisa?

— Depois de tudo o que te fiz passar, não posso nem ousar em dizer não.  

— Por favor me diz que você vai procurar a polícia prestar queixa contra esse cara.  Ele com certeza virá atrás de você. Mesmo que a agressão tenha ocorrido em outro país, não deixe de procurar, pois se ele vier pra cá a polícia já estará ciente.  Ele é um criminoso.

— Vou procurar.