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História Em Suas Mãos - Não se lembra ou não quer contar?


Escrita por: CamrenRari e gunspider

Notas do Autor


Oi pessoinhas, tudo bem? Como está o feriado de vocês? Estão curtindo ou estão no tédio?
Bom, eu e a Rari conseguimos escrever mais um capítulo pra vocês e posso adiantar que ele está ótimo haha. Mas eu sou suspeita pra falar, então vou deixar isso com vocês ok?
Muuuito obrigada por todos os favoritos e por todos os comentários! Tenha um ótimo feriado e um feliz dia das crianças! Boa leitura amores <3

Capítulo 11 - Não se lembra ou não quer contar?


Fanfic / Fanfiction Em Suas Mãos - Não se lembra ou não quer contar?

POV DINAH

Acordei no domingo com os resmungos de Lauren, ela murmurava frases sem sentido enquanto dormia e remexia-se o tempo todo na cama. Havíamos chegado tarde do casamento e minha amiga apenas tirou seu vestido, e se jogou na cama com suas roupas íntimas. Eu tive que me virar com um colchão no chão e roubar travesseiros e um cobertor do guarda-roupa de Lauren.

— Lauren, acorda! – falei enquanto a sacudia. Já estava farta, eram 7 da manhã e eu havia perdido o sono por causa dela.

— O quê?! – perguntou ela abrindo os olhos com certa dificuldade.

— Está na hora de acordar – disse a descobrindo.

— Mas já? Parece que deitei agora – resmungou Lauren sentando-se em sua cama – aí minha cabeça – continuou enquanto colocava as mãos na cabeça – como chegamos em casa ontem? – ela perguntou sem me encarar.

— Não se lembra de como chegamos? – perguntei arqueando uma das sobrancelhas. Lauren apenas negou com a cabeça, comecei a gargalhar – Não acredito nisso, bebeu tanto assim? – continuei.

—Acho que sim, não me lembro de quase nada daquela noite – disse Lauren. Eu sabia que ela tinha chapado, bebido todas, era o que ela queria, mas não sabia que tinha sido ao ponto de esquecer do que aconteceu ontem.

— Está brincando né?! – falei enquanto gargalhava mais e mais, Lauren só podia estar mentindo, nós tínhamos tido uma noite incrível, conhecido e reencontrado pessoas incríveis, e ela simplesmente esquece?

— Não estou – respondeu minha amiga séria.

— Sério? – insisti.

— Sério – ela afirmou – eu só me lembro... – Lauren hesitou – esquece.

— Só se lembra do quê? – perguntei a pressionando.

— Nada! – disse ela se levantando da cama com certa dificuldade, será que ainda estava sob o efeito de alguma bebida?

— Não se lembra nem de quem estava na festa? – perguntei enquanto seguia Lauren pela sua casa. Ela saiu do quarto e entramos as duas no banheiro. Lauren pegou sua escova e começou a escovar os dentes, sentei-me na privada e cruzei os braços.

— Só de algumas pessoas – respondeu ela dando de ombros.

— Não se lembra nem de Camila? – falei surpresa. Lauren havia passado praticamente a festa inteira com Camila, ela não tinha me falado ainda onde estavam e o que tanto faziam juntas, mas eu sabia que Lauren me contaria tudo na manhã seguinte, porém, acho que me enganei.

— Que Camila? – perguntou ela da forma mais natural possível.

— Como assim “que Camila”, Lauren? Está brincando comigo – conclui começando a ficar irritada, não era possível que essa anta havia se esquecido de Camila. Depois de todas as vezes que ela tinha me feito ir até aquela maldita praça, esquecer que tinha encontrado a menina na festa e passado a maior parte do tempo com ela, já era brincadeira.

— Eu não sei do que está falando – falou ela me fazendo levantar da privada para ela usar. Peguei minha escova que havia deixado no armário do banheiro e escovei os meus dentes.

— Lauren – comecei devagar – minha querida amiga – falei ironicamente assim que cuspi o que estava na minha boca – se lembra do dia na praça? – perguntei e vi minha amiga assentir a cabeça pelo espelho – Então, a tal Camila estava no casamento de ontem – falei terminando de enxaguar minha boca.

— O quê?! – perguntou Lauren se levantando rapidamente da privada e vestindo sua peça íntima – Está zoando comigo né?

— Não estou – falei séria me virando em sua direção.

— Está mentindo, Dinah – disse ela enquanto cruzava seus braços e me encarava com a cara fechada.

— Não estou – respondi não conseguindo parar de rir, não acredito que Lauren tinha bebido tanto, ainda bem que Mike nem reparou quando foi nos buscar, talvez ele estivesse com sono demais – eu tenho provas – afirmei.

— Me mostre – pediu ela.

Voltamos para seu quarto e eu peguei meu celular que estava sob o criado-mudo de Lauren.

— Aqui está – falei entregando o aparelho para ela.

— Como...? – começou Lauren.

— Bom – a interrompi, pois sabia o que ela perguntaria – depois que eu e Normani, essa garota aqui – apontei para Mani na foto – encontramos você e Camila, ainda ficamos um bom tempo sentadas perto da piscina jogando conversa fora e bebendo. Depois você insistiu para ligar pro seu pai ir nos buscar, pois Camila queria ir embora. Vocês duas estavam bem grudadas ontem – falei de forma maliciosa. Lauren me olhou sem dar importância nenhuma ao meu tom de voz, ela estava confusa e isso era evidente. Será que ela não se lembrava de nada mesmo? Ou se recordava de alguma coisa que não queria me contar?

— Não consigo me lembrar de nada disso, Dinah. Eu não acredito que tive a chance de ver Camila de novo e a desperdicei bebendo até me esquecer do próprio nome – dizia ela frustrada.

— E bebeu mesmo hein?! Achei que se lembraria se visse a foto. – falei.

— Não, não me lembro – disse Lauren sentando-se em sua cama, eu sei que ela se culparia por isso pelo resto da sua vida – eu nunca mais vou beber tanto. – declarou por fim.

— Bom, diga por você, eu vou continuar – disse a fazendo rir – não se lembra de nadinha de nada? – perguntei me sentando ao seu lado.

— Só da cerimônia na igreja e de alguns pequenos flash's da festa, mas acho que a maioria deve ser coisa da minha cabeça – declarou Lauren pensativa.

— Se você diz... – falei. Eu não queria pressionar Lauren, apesar de achar que ela estava escondendo alguma coisa de mim, mas eu respeitaria sua decisão e tenho certeza que mais cedo ou mais tarde, ela vai acabar me contando.

— Você não ficou o tempo todo comigo na festa? – ela perguntou.

— Não se lembra nem do começo da festa? – perguntei e Lauren negou com a cabeça. Céus... – Hum... não. Minha tia me “roubou” para tirar fotos com a nossa família, ver outras tias minhas... e quando eu me dei conta, você não estava mais na minha vista – respondi me levantando da cama e arrumando a bagunça que eu e Lauren fizemos no seu quarto quando chegamos de madrugada.

— Foi aí que você conheceu a garota da foto? – perguntou ela sugestiva, olhei para minha amiga e ela tinha um sorrisinho malicioso nos lábios.

— Foi. Mas não Lauren, não rolou nada, ok?! – respondi revirando os olhos e voltando minha atenção para os vestidos jogados no chão.

— Sei, é que você e ela pareciam bem próximas na foto e eu pensei...

— Pensou errado – a interrompi antes que ela concluísse sua frase – quem me dera – falei baixinho me lembrando de Normani. Eu nem sabia se ela gostava de meninas também, como eu poderia ter tentado algo? Poxa vida, eu deveria ter pegado o telefone daquela morena. Não acredito que deixei a oportunidade passar. Será que ela se lembrava de mim ou teria bebido o suficiente para esquecer, assim como Lauren? Será que ela se mudaria com o pai para Cuba?

— O que você disse? – perguntou minha amiga me pegando de surpresa.

— Você não vai vir me ajudar? – perguntei com um tom irritado na voz tentando disfarçar. Lauren se levantou da cama, se espreguiçou e com muito preguiça e reclamando o tempo todo, me ajudou a arrumar seu quarto.

Os dias foram se passando e quanto mais perto da ida de Lauren para Miami, mais Clara parecia enlouquecer. Ela pegava no pé da minha amiga por qualquer coisa, implicava conosco o tempo inteiro e depois se fazia de vítima com um drama muito bem ensaiado. Lauren pensou diversas vezes em desistir e cursar sua faculdade em Cuba mesmo, mas eu jamais permitiria que aquilo acontecesse e parece Mike pensava do mesmo jeito que eu. Lauren tinha que viver sua própria vida como quisesse viver, e até mesmo sua vó estava apoiando sua ida para minha cidade.

Clara passava a maior parte do tempo no quarto quando faltava apenas uma semana para pegarmos o avião, ela estava cabisbaixa e melancólica, parecia que Lauren estava com uma doença terminal e ia morrer dentro de poucos dias. Céus, aquela mulher me tirava do sério.

A última semana na casa dos Jauregui's foi horrível, parecia que estávamos todos de luto, a vó de Lauren e alguns tios, tias, primos, foram visitá-la e desejar “boa sorte” com a nova jornada, é claro que rolou o maior chororo. Mike parecia estar depressivo, seus olhos estavam sempre cheios de lágrimas e Clara nem se alimentava direito. Aquela família era por completo estranha, pois até Lauren chorava escondida. Ela achava que eu acreditava que sua demora no banho era porquê estava lavando o cabelo, mas o que explicaria os olhos vermelhos? Se tudo isso fosse na minha família, nesse exato momento estaria rolando o maior churrasco, com bastante carne e cerveja, os Hansen's sim sabiam valorizar uma mudança para uma vida melhor.

Mike, Clara e vovó Angélica, nos levaram ao aeroporto. Os pais de Lauren a abraçaram várias vezes, choravam sem parar e diziam frases como: “nossa casa sempre estará aberta para quando quiser voltar”, “mande notícias”, “ligue sempre”, etc... A vó de minha amiga entregou um colar com o pingente de algum santo ou santa, a abraçou e desejou outro “boa sorte”, porém, foi para nós duas.

Entramos pelo corredor de embarque na hora marcada, sentamos nas nossas poltronas e percebi que Lauren estava segurando as lágrimas. Respirei fundo diversas vezes, cruzei minhas pernas e folheei uma revista que tinha comprado no aeroporto.

— Pode chorar Lauren! – falei sem encará-la. E no segundo seguinte, minha amiga já estava com o rosto coberto de lágrimas.

 

POV NORMANI

Dei um pulo na cama ao acordar, olhei a minha volta e vi que estava na casa nova de meu pai em Cuba. A luz da manhã era fraca no quarto por conta das cortinas, mas eu consegui ver e sentir Camila agarrada a mim como uma criança que por sorte não acordou com o pulo que acabei de dar. Eu odeio ter sonhos que dão impressão de que eu estou caindo, sempre acordo pulando feito louca, mas acho que não podia esperar outra coisa, pois geralmente tenho esses sonhos quando minhas noites são agitadas, e a de ontem não foi a mais calma que eu já tive. Me desvencilhei dos braços de Mila devagar para não acordá-la, levantei da cama e fui ao banheiro fazer minha higiene matinal. Me troquei, amarrei meus cabelos e saí do quarto para pegar algo para comer. A casa ainda estava no perfeito silêncio, então concluí que todos ainda dormiam. A festa ontem foi até tarde, mas eu e Camila nos retiramos mais cedo. Entrei na cozinha e dei de cara com Dolores, a nova empregada de meu pai.

—¡Buenos dias niña! – Ela declarou sorrindo.

—¡Buenos dias! – Declarei retribuindo o sorriso. Eu não entendia muito de espanhol, Camila me ensinou o básico para eu falar com Dolores quando precisasse, mas eu ainda achava a língua um pouco difícil. Procurei por uma bandeja e coloquei algumas coisas nela. Abri a geladeira a procura de algum suco, mas não consegui achar nenhum.

—¿ Necesita algo? – Dolores perguntou enquanto lavava uma pequena louça. Droga, como eu pedia um suco de laranja para ela? Camila te ensinou, pensa Normani!

—Sí, yo quería un poco de jugo de naranja. ¿Sería incomodo? – Declarei um pouco insegura após ter me lembrado de como Camila havia falado.

—¡Claro que no! Ya lo hago. – Dolores declarou sorrindo e eu assenti com a cabeça. Peguei dois copos, os coloquei na bandeja e aguardei o suco. Não consegui puxar assunto com Dolores, então permaneci em silêncio mesmo.

—Gracias. – Agradeci sorrindo quando Dolores me entregou uma jarra de suco. Servi os dois copos, peguei a bandeja e voltei para o quarto.

Coloquei a bandeja no criado-mudo que tinha ali, fui até a janela e abri as cortinas sem fazer muito barulho. Fui até minha mala para pegar um comprimido para dor de cabeça, voltei para cama e balancei Camila devagar. Claro que ela daria mais trabalho que isso para acordar, mas eu queria tentar devagar primeiro. Mila resmungou alguma coisa, virou para o lado e continuou dormindo. Balancei ela mais um pouco, dessa vez com mais força e nada adiantou. Ela só podia estar brincando comigo, tá vendo o que dá encher a cara?

—CAMILA, ACORDA! – Gritei sem paciência. Camila deu um pulo na cama e se sentou no mesmo instante para me encarar. Seu cabelo estava todo bagunçado, seus olhos inchados e sua boca sem cor alguma. Dava para entender essa aparência horrível, Camila vomitou bastante depois que chegamos em casa e acredito que isso tenha deixado ela assim.

—O que aconteceu? – Ela perguntou confusa enquanto olhava em volta.

—O que aconteceu é que você precisa acordar, precisamos nos arrumar para pegarmos o avião daqui algumas horas. – Declarei e ela assentiu com a cabeça. —Vai lá fazer sua higiene e volta para tomar café.

—Você trouxe café na cama para mim? – Ela perguntou sorridente.

—Claro, você precisa comer, ainda mais depois da noite de ontem. – Falei dando de ombros e Camila pulou em meu colo.

—Por isso que você é a melhor! – Ela falou ainda sorrindo e me soltou.

—Eu sei que sou! – Concordei sorrindo e esperei Mila ir ao banheiro.

—Melhor? – Camila perguntou quando voltou ao quarto.

—Bem melhor! – Declarei e ri. Camila só havia amarrado o cabelo e lavado o rosto, mas tinha melhorado bastante. —Como se sente?

—Com dor de cabeça, tonta e enjoada. – Ela falou e se sentou de frente para mim na cama. Coloquei a bandeja entre nós e a encarei.

—Bom, tonta você já é, então está tudo bem. – Zombei e Camila mostrou a língua para mim. —Agora toma esse comprimido, vai servir pra dor de cabeça.

—Obrigada! – Ela agradeceu, tomou o remédio e em seguida tomou um gole de seu suco.

—Você lembra do que aconteceu ontem? – Perguntei enquanto pegava uma torrada para mim.

—Não, parece que tudo foi apagado da minha mente. – Camila respondeu e deu de ombros. —Aconteceu alguma coisa importante que eu tenha que lembrar?

—Não sei, eu te perdi no começo da festa e fiquei te procurando por um bom tempo, só te achei pouco tempo antes de virmos embora. Então não dá para eu saber se você precisa ou quer se lembrar de algo. – Falei antes de colocar mais um pedaço da minha torrada na boca.

—É, eu não me lembro de você. Só lembro de dançar, de falar com a Jessy e ir ao banheiro, depois parece que tudo foi apagado. – Ela declarou e bebeu mais um pouco de suco.

—Você não ficou com a Jessy né?! – Perguntei com medo da resposta. Eu mataria Camila se ela tivesse feito isso, então eu teria que inventar uma boa desculpa para seus pais por ter enterrado a filha querida deles em uma vala.

—Não! Está louca? – Camila perguntou com uma cara de nojo, comecei a gargalhar e ela me empurrou.

—Então você não bebeu tanto assim. – Falei e começamos a rir novamente. —Mas enfim, não se lembra nem do fim da noite?

—Não, o que aconteceu? – Ela perguntou interessada enquanto pegava uma banana. Meu Deus, ela não disse que estava enjoada?

—Bom, quando te encontrei, você estava com uma menina… – Fiz uma pausa, observei Camila desviar o olhar e encarar o nada.

—A Deusa dos olhos verdes. – Ela declarou baixinho.

—Quem?

—A menina dos olhos verdes. – Camila falou alto dessa vez e balançou a cabeça.

—Enfim, essa menina dos olhos verdes chama Lauren e pelo jeito você passou a noite inteira com ela. – Falei e vi um sorriso se forma no rosto de Camila.

—Sério? – Ela perguntou animada.

—Sério! Aconteceu algo entre vocês? – Perguntei curiosa.

—Não sei. – Ela falou e suspirou em seguida.

—Não sabe ou não quer contar? – Perguntei desconfiada.

—Não sei Mani, de verdade. Estou tão confusa, não consigo lembrar de nada, apenas algumas cenas se passam na minha mente, mas eu não sei dizer se foi sonho ou verdade. – Camila falou olhando em meus olhos.

—Mas o que você vê nessas cenas? – Perguntei ainda mais curiosa.

—Sei lá, vejo nossos nomes escritos em um lugar e depois nos vejo dançando. – Camila fechou os olhos enquanto falava. —E um beijo, um beijo deliciosamente doce e quente.

—AI MEU DEUS, VOCÊS SE BEIJARAM! – Gritei e Camila me encarou confusa.

—Não, claro que não! – Ela protestou enquanto se levantava.

—Se beijaram sim Camila, vocês estavam muito grudadas!

—E daí? Isso não importa, eu nem a conheço, nunca tinha visto ela e vai que ela é mais uma Rachel da vida. – Camila declarou bufando e foi em direção ao banheiro com sua toalha de banho na mão.

—Você podia estar bêbada, mas eu não! E acredite, Lauren não tem nada de Rachel! – Declarei em voz alta.

—Tanto faz! – Camila gritou e fechou a porta em seguida. Eu sabia que alguma coisa tinha acontecido entre essas duas, não sei se Dinah pensava como eu, mas eu sabia que tinha rolado algo. As duas pareciam tão íntimas e isso não era normal, pelo menos para mim. Nunca tinha visto os olhos de Camila brilharem tanto, mas eu achava que poderia ser apenas a bebida fazendo seu efeito.

—É Normani, pelo jeito não era só bebida. – Declarei para mim mesma e deitei na cama novamente.

—Me liga quando chegar lá? – Meu pai perguntou enquanto me apertava em seus braços.

—Siiiim pai, relaxa, o avião não vai cair. – Declarei com cara de tédio enquanto ele me soltava.

—Nem brinque com isso. – Ele pediu e eu ri.

—Tá bom, aproveita sua lua de mel. – Falei tentando parecer o mais verdadeira possível.

—O que é quase impossível. – Camila declarou ao meu lado e nós rimos. Jessy ia com o casal, então é claro que achávamos que seria um saco essa viagem. Fala sério, quem ia pra lua de mel da própria mãe? Essa menina não tem amigos? Nem se meu pai fosse pra Paris, que eu sonho em conhecer, eu iria junto. Ficaria com Camila, bem linda e feliz.

—Meninas, sem piadinhas! – Meu pai pediu sério.

—Ai desculpa Sr. Hamilton, mas não conseguimos imaginar uma viagem divertida com a Jessy junto. – Camila declarou rindo e deu de ombros.

—Tudo bem Camila, no fundo você tem mesmo razão, mas o que não fazemos pela pessoa que amamos, não é? – Ele perguntou sorridente e apenas concordamos com a cabeça. Nos despedimos mais uma vez de meu pai e entramos no corredor de embarque.

Respirei aliviada quando nos sentamos em nossas poltronas, eu nem acreditava que estava finalmente voltando para casa e esse pesadelo tinha acabado ou ele poderia estar apenas começando. Mas isso não me importava, afinal eu viveria bem longe de Cuba, então só veria meu pai, minha madrasta e a irmã pesadelo em pouquíssimas ocasiões. Apesar de amar o meu pai com todas as minhas forças, eu estava bastante aliviada de morar longe dele, pois só de pensar em ter que jantar quase toda semana com essa “nova família” eu perdia todo o meu apetite.

Camila deitou em meu ombro quando o avião decolou e adormeceu logo em seguida, me aconcheguei também, coloquei meus fones de ouvido, fechei os olhos e acabei pegando no sono.

 

3 anos depois…

POV LAUREN

Acordei pingando de suor na manhã desse sábado, fazia alguns dias que eu estava tendo os mesmos sonhos e sempre acordava do mesmo jeito. No sonho, havia sempre um coreto e me lembro perfeitamente de dizer a seguinte frase: “Mesmo que a gente não se veja nunca mais, vamos tentar não esquecer uma da outra de novo, ok?”. Eu não me lembrava com nitidez do rosto da tal garota do meu sonho, mas sei que já a vi mais de uma vez e sabia de quem se tratava. Recordo-me como se fosse ontem do que escrevemos no casamento da tia de Dinah, “Camila Lauren”. Eu nunca contei a minha amiga do que me lembrava naquela noite, pois não queria que ela tirasse sarro da minha cara dizendo que eu havia me apaixonado por uma garota que só vi duas vezes na minha vida inteira.

Conforme o tempo e os anos iam passando, mais eu me esquecia do rosto de Camila, e agora eu já nem me lembrava dos seus olhos ou de sua boca. Se cruzasse com ela na rua, provavelmente eu nem saberia quem era ela. Fora que não sabia se ela morava em Cuba mesmo, eu não me lembro de quase nada daquela noite, e não era para menos também, pois já haviam se passado 3 anos.

Levantei-me da cama e fui direto para o banheiro, precisava de um banho. Eu iria para o clube relaxar hoje, estava precisando de uma folga, me casaria em poucas semanas e o casamento já havia me custado muita dor de cabeça.

FLASHBACK ON:

Pegamos o avião para Cuba logo pela manhã, eu sempre visitava meus pais nas minhas férias da faculdade, ou num feriado prolongado ou em algum fim de semana, sempre arrastava Dinah comigo, é claro que ela lutava incansavelmente para não ir, mas as vezes acabava cedendo e indo. Nós morávamos juntas num apartamento no centro de Miami e estudávamos na mesma universidade, porém, ela cursava fisioterapia e eu psicologia, nosso sonho era ter uma clínica em conjunto.

— Não acredito que está me fazendo visitar seus pais – disse Dinah assim que sentamos nas nossas poltronas no avião.

— Eu não queria vir sozinha e sempre vou nos churrascos da sua família – respondi enquanto folheava uma revista com vestidos de noiva.

— Mas você sempre se diverte nos churrascos, eu dificilmente me divirto na presença da sua mãe – falou Dinah apertando seu cinto – e se não queria vir sozinha, por que não chamou Brad? – perguntou ela. Fazia 2 anos que eu namorava o homem da minha vida, Brad. Ele tinha uma banda, The Vamps, fez muito sucesso quando eramos mais jovens e foi num show que eu o conheci. Brad não trabalhava, ele dizia que a música seria seu ganha pão para o resto da vida e passava horas compondo novas músicas.

— Ele estará ocupado nesse fim de semana – eu cheguei a convidar Brad para vir comigo, mas ele afirmou que tinha muitas coisas para fazer e parece que sua banda se apresentaria em algum bar de beco da cidade. Então resolvi chamar Dinah para me acompanhar e dar a mais nova notícia para as pessoas mais importantes da minha vida.

— Deixe-me ver, ele está ocupado compondo novas músicas – falou Dinah com ironia enquanto gesticulava com os braços.

— Errou bobona, ele tem um show nesse fim de semana – respondi sarcasticamente. DJ estava sempre tirando sarro do trabalho de Brad, ela dizia que ter “uma banda falida” não significava que ele tinha um emprego, e nós sempre acabávamos discutindo por conta disso.

— Certo, aposto que é num bar – falou Dinah finalmente me encarando.

— Como sabe? – perguntei parando de folhear a revista.

— Porque seu namorado adora uma cerveja? – rebateu ela como se fosse óbvio.

— E quem não gosta? – declarei voltando minha atenção para os vestidos de noiva, um era mais lindo do que o outro, e seria bastante difícil eleger o mais bonito ou o que cairia melhor em mim.

— O problema não é gostar, o problema é gosta demais e se acabar todos os dias no “líquido sagrado” – disse DJ fazendo aspas com as mãos, Brad chamava as cervejas daquele modo e minha amiga fazia questão de imitá-lo.

— Ele não bebe todos os dias – declarei com uma certa irritação na voz.

— Tá bom então, não vou discutir com você. Quem tem olhos que veja – respondeu Dinah fechando seus olhos, ela sempre dormia durante as viagens e naquela não foi diferente.

Chegamos na casa dos meus pais, eles ainda moravam no mesmo lugar e eu sempre me surpreendia com a monotonia e tranquilidade da minha antiga cidade, Miami era completamente diferente.

— Mãe! Pai! Chegamos! – gritei assim que entrei pela porta. Minha mãe veio correndo da cozinha enxugando as mãos num pano de prato.

— Oh, minha filha, como é bom te ver! – declarou ela me abraçando. Meu pai vinha logo atrás dela, abraçou Dinah e depois a mim.

Eles nos fizeram sentar na sala e contar como andava nossas vidas, minha mãe perguntou de Brad e meu pai torceu o nariz, acho que ele tinha um pouco de ciúmes, deve ser difícil para ele ver sua princesinha crescendo, certo?

— Era sobre isso mesmo que eu queria falar com vocês – declarei séria.

— Sua vó vai jantar conosco essa noite Lauren – disse meu pai cortando o assunto, ele não gostava nem do nome do meu namorado, dizia que “Bradley” era nome de gente idiota e que “Brad” era o apelido mais gay que ele já tinha escutado.

— Sério? – perguntei surpresa – Estou morrendo de saudade dela – falei animada, fazia algum tempo que não via minha vó, ela tinha voltado a morar em Havana, pois dizia que precisava de mais sossego, como se Santiago de Cuba não tivesse.

— Sério, vou buscá-la na rodoviária mais tarde. – respondeu meu pai satisfeito.

— Por que não me ajudam no almoço enquanto isso? – perguntou minha mãe.

— Nós agradecemos a hospitalidade dona Clara, mas dispensamos o tentador convite – respondeu Dinah antes de mim.

— Nós já almoçamos mãe – completei antes que uma discussão começasse.

Dinah insistiu muito para irmos a praia naquela tarde, disse que queria ver o que Santiago de Cuba tinha a oferecer, mas eu sabia que ela não estava falando das praias, mas sim das garotas que desfilavam por lá com seus minúsculos biquínis. Eu acabei deixando para contar a minha novidade na hora da janta, assim já contava para minha vózinha também.

Chegamos em casa depois da praia e fomos direto para o chuveiro, Dinah falava das garotas cubanas e de suas enormes bundas. Minha amiga tinha tido algumas pouquíssimas namoradas nos últimos 3 anos, mas todas quebraram seu coração em mil pedaços, fazendo Dinah se afundar na cama por semanas comendo apenas sorvete de abacaxi com vinho e muito, mas muito chocolate. Eu sempre estava lá para segurar a barra pra ela e sei que ela talvez não me perdoaria se eu me mudasse do nosso apartamento, mas sabíamos que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde, ou, pelo menos, eu sabia.

Descemos para jantar assim que meu pai chegou com minha vó, a abracei fortemente e depositei inúmeros beijos pelo seu rosto, ela nos fazia perguntas sobre Miami, a faculdade, nossos empregos e, por fim, namorados e namoradas, todos sabiam da sexualidade de Dinah, é claro que minha mãe surtou no começo, ela achava que DJ tentaria alguma coisa comigo e foi bastante trabalhoso convencê-la de que eramos apenas amigas. Acredito que até hoje, ela ainda tenha os dois pés atrás com Dinah.

Sentamos a mesa, fizemos nossa oração de costume e comemos conversando animadamente, até minha vó dizer que uma de minhas primas havia casado a pouco tempo, era a minha deixa.

— Por falar em casamento, eu tenho algo a dizer. – comecei. Todos voltaram suas atenções para mim – Eu estou noiva! – falei rápido.

— O quê? – perguntou minha mãe. Dinah se engasgou com seu suco e meu pai soltou os talheres de suas mãos surpreso.

— Como assim? – ele perguntou.

— Brad me pediu em casamento – declarei sorrindo sem graça.

— Oh, minha querida, parabéns – disse minha vó que estava sentada ao meu lado, pegou em minha mão e me olhou carinhosamente.

— Lauren, eu não podia estar mais feliz – disse minha mãe se levantando do seu lugar, veio até mim e fez meneação para que eu levantasse também – eu esperei tanto por isso – falou ela me abraçando fortemente, nos soltamos e algumas lágrimas rolavam pelo rosto da minha mãe. Minha vó também se levantou e me abraçou, apenas Dinah e meu pai permaneceram no mesmo lugar sem dizer uma palavra sequer.

— Não vão dizer nada? – perguntei a eles. Ambos se entreolharam e Dinah abaixou sua cabeça pensativa.

— Parabéns? – ela perguntou.

— Eu perdi a fome – disse meu pai se levantando da mesa e saindo da cozinha.

— Pai, espera – comecei dizendo, mas minha mãe pegou em meu braço.

— Deixa que eu falo com ele – disse ela saindo atrás dele. Eu sabia que não seria fácil dizer aquilo ao meu pai, ele odiava Brad e deixava isso bem claro. Levei meu namorado apenas uma vez para eles conhecerem e meu pai torceu o nariz quando Brad disse que tinha uma banda e que aquele era seu emprego. Foi a gota d'água para meu pai. No último dia que ficamos em Cuba, ele me chamou de canto e disse que nunca mais queria ver Brad novamente. Desde então, evito trazer Brad, mas queria que ele estivesse aqui comigo nesse momento, queria que ele pedisse a benção de meu pai, mas ele estava ocupado demais com sua banda.

Meu pai se trancou em seu quarto e não desceu mais, o resto da noite foi no maior climão, apenas minha mãe parecia animada, pois até mesmo minha vó estava em silêncio.

Eu e Dinah subimos para meu antigo quarto, íamos dormir juntas como nos velhos tempos, minha vó dormiria no único quarto de hóspedes que tinha na casa dos meus pais.

— Não vai mesmo dizer nada? – perguntei a minha amiga assim que tranquei a porta do quarto.

— O que você quer que eu diga? – rebateu DJ sem me encarar, ela tirava suas roupas e procurava por algum pijama na sua mala.

— Eu não sei, achei que ficaria feliz por mim – respondi sentando-me na cama.

— Lauren, você tem 20 anos e vai casar, não tem o dizer – disse ela vestindo seu pijama.

— Eu sei disso, mas ele é o amor da minha vida – justifiquei-me.

— Ah, Lauren, que nojo. Sério, isso faz eu ter ânsia de vômito – falou ela quase gritando, Dinah estava irritada, será que estava com ciúmes ou com inveja? Ela sempre procurava pelo amor de sua vida e acabava sozinha chorando por semanas.

— Nojo? Está com inveja? Ou será medo? – perguntei cruzando os braços.

— Medo? Por que eu teria medo? Acho que você deveria ter medo da atitude que está tomando – respondeu ela finalmente me olhando.

— Está com medo, porque vou me casar e ir embora do apartamento – falei levantando-me.

— Você vai embora? – perguntou ela surpresa.

— Não achou que eu fosse passar a vida inteira morando com você né?! Uma hora isso ia acontecer – disse da forma mais gentil que consegui, porém, ainda assim, minha frase soou grosseira.

— Claro – respondeu Dinah respirando fundo – vá em frente então, toda felicidade do mundo para vocês e eu espero mesmo que isso dê certo, pois não tem volta Lauren, se sair do apartamento, não precisa voltar nunca mais – declarou ela com raiva.

— Por que está tão brava? É minha melhor amiga, tinha que estar feliz por mim – respondi no mesmo tom.

— Eu estaria se fosse com qualquer outra pessoa e não com Brad – falou Dinah amarrando seu cabelo num coque.

— Ah, então o problema é com ele? – perguntei ainda mais irritada. Toda vez que alguém falava mal de Brad, meu sangue fervia e eu tinha uma necessidade extremamente grande de defendê-lo. Isso significava que eu o amava, certo?

— É com ele sim, porque eu não sei se você percebeu, mas ele não tem um emprego Lauren. Tem uma banda falida que toca de vez em nunca em alguns bares fuleiros de Miami. – disse Dinah cuspindo as palavras na minha cara.

— Não acredito que você disse isso! – falei extremamente irritada.

— Digo e se quiser eu repito! – rebateu Dinah enquanto arrumava seu colchão no chão.

— Quer saber, chega! Boa noite Dinah! – falei enquanto trocava de roupa.

— Boa noite Lauren e boa sorte também – disse minha amiga deitando-se no seu colchão – e apaga logo essa luz!

FLASHBACK OFF.

Com o passar do tempo e percebendo que eu não desistiria da ideia de casar com Brad, tanto Dinah como meu pai acabaram aceitando. Mas ainda sim, discutia com minha amiga de vez em quando, porém, ela aceitou ser minha madrinha de casamento, mas reforçou dizendo que estava fazendo aquilo por mim e não pelo Brad.

Vesti um biquíni preto e um camisão com estampa xadrez por cima, calcei meus chinelos, coloquei meu óculos com lente preta e peguei a chave do carro que eu e Dinah compramos em conjunto. Combinamos que ela ficaria com o carro e eu usaria o que os pais de Brad nos deram de presente de casamento antecipado. Meus sogros eram ricos e religiosos, e sempre mimaram muito seus filhos.

Dirigi ouvindo qualquer música que rolava no rádio. Estacionei o veículo no meio fio, peguei meu livro que sempre ficava no porta-luvas e entrei no clube. Estava com uma sensação estranha, como um presságio, me lembrei do sonho que tive naquela noite e senti um arrepio percorrer todo o meu corpo.

 

POV CAMILA

Acordei um pouco perdida, olhei em volta e vi que não estava em casa. Pisquei meus olhos algumas vezes para enxergar melhor, sentei na cama e avistei uma mulher dormindo nua ao meu lado, olhei pro meu próprio corpo apenas para confirmar as minhas suspeitas, eu também estava nua. Me levantei da cama procurando por minha roupa, vesti peça por peça e depois peguei as chaves do carro de Mani. Caminhei por aquele apartamento enorme, peguei uma maçã e fui a procura de papel e caneta. Deveria deixar um bilhete no mínimo para aquela mulher, afinal, ela cedeu um pouco de seu tempo a mim, certo? Peguei uma folha de uma agenda que tinha na mesa de centro da sua sala de estar e a caneta que estava por ali.

—Bom, agora é só escrever, certo? – Falei comigo mesma. —Qual o nome dela? – Me perguntei e acabei dando conta que eu nem sabia o nome daquela mulher, que aparentava ser mais velha que eu, dormindo na cama.

“A noite foi maravilhosa, você é incrível! Me liga ok? Ou não… Beijos!”

Voltei ao quarto, deixei o bilhete ao lado de seu travesseiro e saí correndo do apartamento o mais rápido que pude. Dirigi até o apartamento que eu e Normani morávamos juntas, e a encontrei largada no sofá com um livro em sua mão.

—Até que enfim hein?! – Ela falou rindo. —Como foi a noite?

—Ah, foi boa, sei lá. – Falei dando de ombros.

—Não sentiu nada de novo? – Normani perguntou me encarando.

—Não, a mesma coisa de sempre, só sexo. – Falei sorrindo.

—Você não presta! – Mani falou e gargalhou.

—Nós não prestamos! – Rebati e fui em direção ao banheiro. Comecei a me despir, entrei embaixo do chuveiro e relaxei ao sentir a água gelada contra minha pele.

—Qual é? Eu estava namorando há pouco tempo. – Normani falou enquanto entrava no banheiro.

—Normani, você ficou com a menina três semanas, isso não é namoro meu amor! – Falei e dei risada.

—Claro que é! É o maior tempo que já passei com alguém ok? – Ela se justificou e deu de ombros.

—Tudo bem, se você diz… – Falei e voltei a me concentrar no banho.

—O que vai fazer hoje? Vai sair de novo? – Ela perguntou curiosa.

—Vou ao clube, quero dar um mergulho e relaxar um pouco. As provas da faculdade estão me enlouquecendo.

—Se fosse só você… Bom, aproveite por mim, terei que estudar. – Ela falou e saiu do banheiro com seu livro.

Normani e eu estudávamos na maior parte do nosso tempo livre, pois nossos cursos exigiam bastante de nós. Eu cursava direito e Mani odontologia. Claro que os meus pais contribuíram para a minha escolha de faculdade, mas eu gostava realmente do meu curso. Minha mãe quase surtou de orgulho quando eu disse que queria ser advogada, acho que ela pensa que ficarei rica com isso, porque era só isso que importava para ela. Meu pai e eu tínhamos melhorado em nossa relação depois que eu me assumi homossexual, mas desde que saí de casa, me afastei de ambos e agora eles planejavam voltar para Cuba. Não lamentei nem um pouco por isso, afinal, eles deixariam de pegar tanto no meu pé e eu teria ainda mais liberdade.

Muitas coisas mudaram nesses três anos, mas acho que o mais complicado foi o meu último ano de ensino médio. Minha mãe me tratava mal o tempo todo, fazia marcação cerrada, não me deixava sair de casa com tanta frequência e até com Normani ela implicou quando pensou que tínhamos algo além de amizade. Não pensei que minha mãe fosse reagir da forma como reagiu, eu esperava que meu pai fosse ser o mais difícil de lidar, mas acabei me enganando. Depois que eu saí de casa, eu e ela passamos a nos respeitar mais, porém ainda não tínhamos a relação de amor e carinho que eu tanto queria. Acho que minha mãe jamais aceitaria a minha sexualidade e pra mim isso não era nenhum problema, pois assim eu não teria que ir apresentar ninguém para ela. Até mesmo porque eu não tenho a mínima vontade de ter alguém para apresentar a eles. Depois de Rachel, eu não namorei mais ou me apaixonei por alguém, na verdade, nunca mais senti nada por ninguém. “Namorar” era apenas algo físico mesmo e eu nem chamava o ato de namorar, se é que me entendem.

Caminhei por todo o clube admirando as garotas que estavam ali aproveitando o sol, nenhuma chamou a minha atenção o suficiente para que eu me aproximasse e puxasse assunto, então resolvi ir ao bar do clube. Pedi um coquetel de abacaxi com hortelã e continuei olhando para as garotas a minha volta. A maioria usava biquínis minúsculos e deitavam de bruços para exibir suas belas curvas, e claro, pegar um bom bronzeado. Eu não sei quando comecei a sair com várias mulheres sem ao menos me preocupar com seus nomes, mas acontecia com uma frequência cada vez maior. E eu piorei ou melhorei bastante nisso desde que entrei na faculdade. Pousei meu olhar em uma morena de óculos e seu visual acabou chamando a minha atenção. Ao contrário das garotas que estavam ali, ela estava com uma blusa xadrez que escondia uma boa parte de seu corpo e deixava apenas suas pernas a mostra.

—Perfeito, insegura. – Falei baixinho para mim mesma e sorri maliciosamente.

As inseguras eram as mais fáceis de pegar, a única coisa que preciso é saber levar na conversa e eu era boa nisso. Bebi o resto de minha bebida, me levantei e caminhei em sua direção. Notei que ela estava lendo um livro, então ela é uma menina culta ou, pelo menos, quer ser. Será que era mais velha? Não sei dizer, pois ela parecia ter a mesma idade que eu. Me aproximei cada vez mais de sua espreguiçadeira e me deitei na espreguiçadeira livre do seu lado esquerdo. Espiei de canto de olho o nome do livro e consegui ler perfeitamente “O chamado do Cuco”. Eu nunca havia lido aquele livro, mas como ele estava aberto ao meio, eu poderia falar de um falso final. Ela jamais saberia, afinal, eu não voltaria a vê-la, como muitas outras.

—Eu adoro esse livro. – Falei em voz alta para chamar sua atenção.

—Como? – Ela perguntou e levantou a cabeça para me olhar.

—Adoro esse livro. – Falei novamente e sorri. Agora consegui ver que o nome da autora era J. K. Rowling, a mesma autora dos meus livros preferidos. —Apesar de ter gostado bem mais da saga Harry Potter.

—Acredita que nunca li? – A morena perguntou.

—Deveria, são ótimos! – Falei com sinceridade e sorri.

—Quem sabe quando eu acabar esse? – Ela declarou e deu de ombros.

—Sim, deve terminar mesmo de ler esse, o final é o melhor. – Menti da maneira mais convincente que consegui.

—É mesmo? E como termina? – Ela perguntou interessada enquanto se sentava para me encarar.

—Ah, eu não sou do tipo que dá Spoiler. – Falei sorrindo e dei de ombros.

—Tudo bem, eu estou lendo ele pela terceira vez.

—Sério? – Perguntei incrédula. Ela devia mesmo gostar do livro e eu me daria mal por tentar mentir.

—Sim, eu amo esse livro! – Ela falou sorridente. Fiquei um pouco abobada com seu sorriso lindo e suspirei. E agora? O que eu deveria dizer?

—Bom, o final… É… E-ele… – Gaguejei na minha tentativa de desculpa e a garota começou a rir.

—Você nunca leu né?! – Ela perguntou rindo.

—Na verdade não. – Confessei com minhas mãos levantadas em sinal de rendição.

—Então por quê disse que sim?

—Bom, eu estava bebendo sozinha no bar e te vi de longe, achei você bonita e diferente das outras garotas…

—O que tem de diferente em mim? – Ela perguntou me encarando.

—Pra começar você não está com a sua bunda virada pra cima e você é bem mais bonita que todas aqui. – Falei sorrindo e notei seu rosto corar.

—Obrigada! – Ela falou ainda sem graça.

—Por nada! Será que posso te pagar uma bebida? – Perguntei sugestiva. A morena pareceu hesitar por um momento, mas assentiu com a cabeça em seguida.

Caminhamos lado a lado até o bar, nos sentamos frente a frente e começamos a conversar sobre livros que já tínhamos lido. Para a minha surpresa passamos da terceira bebida enquanto mantínhamos nossa conversa viva, aquela garota era incrivelmente inteligente, simpática e docemente tímida. Fazia questão de elogiá-la sempre que tinha oportunidade, pois havia adorado o jeito como suas bochechas se coravam e ela abaixava a cabeça. Queria ver seus olhos e até mesmo seu corpo sem aquela blusa, pois a cada palavra que saía da sua boca, eu me sentia mais atraída por ela, e queria conhecê-la melhor. Eu ainda não havia dito meu nome ou escutado o seu, mas parecia que eu a conhecia de algum lugar, até sua voz era estranhamente familiar para mim. O celular dela começou a tocar, ela se calou para pegá-lo no bolso de sua blusa e olhou para mim em seguida.

—É, se importa se eu atender? É o meu noivo. – Ela falou para se justificar. Noivo? Uau! Senti a sensação de levar um soco no estômago, murchei na hora e meu sorriso sumiu sem deixar o menos vestígio.

—Tudo bem, vai lá! – Falei tentando ser educada e tomei mais um gole da minha bebida. Vi a morena se afastar, abaixei minha cabeça na mesa e respirei fundo. —Eu não acredito! Nunca me interesso por ninguém e quando isso acontece, a pessoa está em um relacionamento? – Falei baixinho comigo mesma.

—Ei, está tudo bem? – Ouvi a voz da morena atrás de mim, levantei minha cabeça e a encarei sorrindo.

—Está sim! Eu preciso ir. – Declarei enquanto me levantava.

—Já? – Ela perguntou com um tom frustrado.

—Já, infelizmente. – Falei sorrindo fraco. —Foi um prazer, obrigada pela conversa.

—Obrigada você! Nos vemos outro dia?

—Claro! Venho sempre aqui! – Menti.

—Ah, que bom! Adoraria conversar novamente. – Ela falou sorrindo. Eu também moça, eu também. Me aproximei dela, coloquei minha mão em sua cintura e depositei um beijo demorado em sua bochecha. Senti um arrepio percorrer o meu corpo e me afastei rapidamente.

—Até mais! – Declarei rápido sem encará-la e saí correndo do clube após pegar minhas coisas. Acredito que deixei a garota sem entender nada, mas nem eu entendia o que acabara de acontecer. Peguei meu celular na bolsa assim que entrei no carro, disquei o número de Normani, liguei o carro e o acelerei.

LIGAÇÃO ON:

—Alô? – Mani atendeu no segundo toque.

—Mani…

—Oi Mila? Tá tudo bem? Sua respiração tá alterada… VOCÊ ESTAVA TRANSANDO CAMILA? – Ela perguntou gritando.

—Aconteceu de novo! – Declarei ignorando totalmente sua pergunta.

—O quê? – Ela perguntou.

—Aconteceu de novo! – Falei mais alto e um longo silêncio se instalou pela chamada.


Notas Finais


E ai? O que acharam? O tempo passou e teve mais um encontro Camren hein?! Quem diria? Será que elas vão se encontrar novamente? O que acharam dessa história da Lauren se casar? Concordar com a Dinah e o Mike? E essa "nova" Camila pegadora? O que acharam?
Bom, espero que tenham gostado amores! Até o próximo capítulo, beijão <3

PS. Vocês acham nossos capítulos muito compridos e chatos de ler? Preferem que sejam menores ou assim tá bom? Respondam aqui nos comentários pra gente, é importante ter opinião de vocês, afinal, a fic é nossa haha.


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