História Emergência - 2

O resto do meu plantão naquele hospital nunca foi tão parado. Meu pensamento voltava para Lauren o tempo inteiro e eu sinceramente agradecia por isso. Dinah entrou no quarto em que eu estava como um furacão, deitou praticamente em cima de mim e dormiu. Ela devia estar tão cansada quanto eu, mas depois de 10 segundos meditando cheguei a mais incrível e obvia das conclusões. Dinah estava na cirurgia de Lauren, se ela esta aqui a cirurgia acabou. Tentei me prender de todas as maneiras naquela cama pra simplesmente não levantar e ir atrás de informações sobre a morena com os olhos mais lindos que já vi. Mas não adiantou muito, exatos 3 minutos depois eu já estava andando pelos corredores com a incrível desculpa que precisava checar Taylor. 

- Dr. Camila - uma voz suave e calma chamou minha atenção me fazendo sorrir ao ver que era a mãe de Lauren e Taylor 

- Posso ajudar em algo senhora Jauregui? - respondi no mesmo tom de voz que ela

- Eu queria agradecer mais uma vez, esse hospital salvou as minhas meninas - seus olhos já se enchiam de lagrimas e sua voz ja falhava por conta do choro - eu nunca tive tanto medo em um dia como aconteceu hoje, e você ajudou a salvar a minha filhinha e agora ela está bem - ela me abraçou com força, um abraço que só uma mãe pode dar

Tentei da melhor forma acalmar a senhora que chorava em meus braços, mas depois de alguns minutos simplesmente deixei. Era um choro tão desesperado mas ao mesmo tempo tão agradecido. Sinceramente não consigo imaginar o turbilhão de sentimentos que ela viveu hoje, e eu estava grata por ela ter me escolhido como uma pessoa a se confiar, ela estava derramando no meu jaleco todas as dores do pior dia de sua vida e sairia dali uma pessoa muito mais forte para cuidar das duas filhas.

Ficamos abraçadas por cinco minutos, mas juro que pareceu uma eternidade. Quando a respiração da senhora Jauregui se normalizava, ela ia soltando o abraço que me dava. Mas o nosso momento foi interrompido pela chegada de dois policiais que queriam conversar com a senhora a respeito do homem que atirou em todos na lanchonete. Não entendi o porque de falar justo com ela, mas me dei por convencida imaginando que eles iriam conversar com todas as pessoas. Vi aquela mulher completamente exausta se sentar com os policiais e fui fazer a unica coisa que eu poderia para tirar essa sensação completamente estranha de mim.

Cheguei na porta do quarto de Lauren e Taylor e o pai das duas meninas me deu um sorriso calmo, eu sorri de volta e fui direto para cama de Taylor, chequei todos os seus sinais vitais e a sua incisão e sorri para a menina que parecia dormir com extrema tranquilidade. Bem ao seu lado estava a morena que me tirou de mim com apenas um olhar, estar naquele quarto me deixava meio zonza, mas me permiti olhar para Lauren por alguns minutos. Caralho ela é a pessoa mais linda que ja vi em toda a minha pequena existência nesse mundo. Me permitir chegar perto dela e tocar o seu rosto com a desculpa de estar fazendo a checagem. Seu pai parece não se importar. Sua pele branca e macia me fez sentir um certo formigamento nos dedos, uma sensação gostava que eu não sentia a muito tempo, para ser sincero acho que nunca senti.

Em poucos segundos o monitor cardíaco de Lauren começou a apitar me tirando  do transe que entrei pelo simples fato de tocar em seu rosto. Não tive tempo nem para pensar direito e o quarto ja estava lotado de enfermeiras e o senhor Jauregui estava completamente assustado. Assumi o meu lugar de médica daquela situação e comecei a fazer o meu trabalho. Em poucos minutos conseguimos controlar a situação. Lauren quase danificou severamente o seu coração nesses poucos minutos. O meu coração estava quase saltando do meu peito.

Sai do quarto com o prontuário de Lauren na mão, uma sensação pesada tomou conta de todo o meu corpo e então tudo escureceu.