Ponto de Vista Justin Bieber.
— Alguém, por favor! — ouvi gritos vindo da sala de espera e me dirigi até o local — Por favor, minha filha está morrendo.
Meus olhos se revezavam entre o pai preocupado e a filha sem ar. O choque tomava conta de mim todas as vezes que isso acontecia, mas como um bom profissional, agi rapidamente. Pedi que os enfermeiros fossem buscar a maca, enquanto eu checava os batimentos cardíacos da menina à minha frente. Aparentava ter uns doze anos e seus olhos azuis ameaçavam se fechar, hora ou outra.
Poucos segundos depois, ela foi colocada na maca e levada para o centro de examinação. Já eram quase meia duas horas da manhã e o único médico em plantão era eu. Não era minha primeira vez tendo que resolver um caso desses, mas também não cheguei a perder as contas de quantas vidas salvei. Em minha primeira semana trabalhando no hospital, Jason, um garotinho de quatro anos deixou esse mundo em meus braços e ouvir que eu era o culpado não me ajudou a superar esse trauma. Seus pais haviam depositado todas as suas esperanças em minhas mãos e eu realmente acreditava que podia salva-lo, mas nada adiantou. Assistir seu último suspiro foi a experiência mais dolorosa que eu já vivi.
— Doutor Bieber — limpei meus pensamentos e encarei a enfermeira. Ela me entregou a ficha da minha paciente.
Helena Hendrick, 13 anos, câncer nos pulmões. Era seu sexto ataque em menos de dois meses, o que me deixou extremamente preocupado. Fazer com que ela sobrevivesse estava praticamente fora de questão, como se fosse quase impossível e todos naquela sala sabiam disso. Olhavam para a pequena garotinha dos cabelos ruivos com pena, mas eu sabia que não podia deixa-la partir sem lutar. Não da mesma forma que deixei Jason a dois anos atrás.
Coloquei Helena na máquina de ar e dei a notícia a todos que estavam ali: — Precisamos fazer uma cirurgia.
— Doutor Bieber, o câncer dela consiste em não pequenas células, é muito arriscado — um enfermeiro me alertou.
— E você prefere tentar fazer com que ela sobreviva ou simplesmente deixar que morra? — disse, deixando todos calados — Eu não vou desistir.
Todos assentiram e começaram a fazer seu trabalho. O tumor, ou boa parte dele, teria de ser removido naquela cirurgia, mas se desse errado, Helena morreria em minhas mãos. Mais um corpo sem vida em que eu fui o culpado.
Os presentes na sala me desejaram sorte, como se quem precisasse disso fosse realmente eu. Não, não era. Era a pequena garota que dependia de mim para sobreviver. Respirei fundo e injetei a anestesia. Poucos minutos depois, ela já estava fazendo efeito. Era uma cirurgia muito delicada, não podíamos deixar nada passar e erros não podiam ser cometidos, ou custaria uma vida.
Três horas. Era o tempo que estávamos dando segmento à cirurgia. Em alguns momentos o coração de Helena batia mais aceleradamente, mas sabíamos como controlar. Eu estava sendo ajudado por quatro enfermeiros, mas eu era o único que podia tocar no pequeno corpo quase sem vida. Mais duas horas de serviço e tudo estava estabilizado. Meus amigos choravam com o "milagre", como eles gostavam de chamar. Já eu, sorria por mais uma vida salva.
Depois disso foi que eu fiquei sendo chamado como o herói do hospital. Uma menina que não tinha quase nenhuma chance de viver, e eu a salvei. Foi depois desse dia que eu realmente passei a acreditar que eu havia nascido para isso. Para salvar vidas, para ajudar pessoas. Ser médico era o que eu precisava ser e nunca mais eu tive duvidas disso. Nunca mais.
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