Uma mensagem.
Nada de mais, é só uma mensagem. Poderia ser a minha mãe, dizendo pra ir direto pra casa depois do trabalho, mas... não era.
"Me encontre lá no nosso ponto às 7. -Alison"
O que será que ela queria lá? Fazia um tempo que não nos falávamos direito, tipo, à sós. Um longo tempo. Também, com tudo isso, está claro que precisamos mesmo dar um tempo. Ela já sofreu demais, e eu também. Me lembro da última vez que estivemos lá... parece que foi ontem.
FLASHBACK
"Quem você levaria lá?", ela me perguntou. Eu não fazia ideia do que responder. Imagina se a verdade batesse na porta. Provavelmente iria morrer de vergonha mais tarde. Ela me olhava como um leão caçando sua presa.
"Eu... eu não, e-eu...", comecei a gaguejar. Meu Deus, odiava quando ela me deixava assim, sem palavras. Quando Alison viu que a Emily trouxa, ou seja, eu, não ia responder com as palavras certas, poderia ter cortado o contato visual e olhado para o outro lado, ou talvez puxar assunto com a Aria, ou vigiar a Hanna para ver se ela estava comendo demais, ou talvez arrumar briga com a Spencer, mas não. Ao invés disso, simplesmente me olhou e disse "talvez você podia me contar lá, já que não quer que ninguém saiba." Obviamente aceitei, pelo fato de estar completamente apaixonada por ela desde quando a conheci.
Olhei pro lado e vi as meninas distraídas conversando, Hanna fazendo uma de suas piadas, Spencer corrigindo seus erros de português, e Aria quase morrendo de rir. Então não perdi tempo. "Está bem, acho que elas não iriam notar.", falei com o maior esforço do mundo. Ela se levantou, e, com um sorriso, segurou minha mão e nos dirigimos para a Pedra. Naquela hora eu não sabia o que diabos iríamos fazer lá, porque desde que a conheci sabia que ela nunca iria querer nada comigo, e só foi comprovado ser verdade dias depois, no vestiário feminino, quando Alison disse que gostava de garotos, e fui somente um exercício de prática para a "coisa real".
Alison se sentou em cima da Pedra e, segurando minha mão, me puxou e me fez sentar ao seu lado. Começou a me encarar, como se quisesse descobrir algo sobre mim. E conseguiu. Acredito que foi naquele momento que ela viu que eu gostava dela, o que era algo um pouco óbvio para todo mundo, menos para as meninas. Na verdade, deveria ser o contrário. Eu deveria tentar descobrir algo sobre ela. Alison era como uma caixa trancada, uma caixa que todos queriam destrancar. Dizia para mim mesmo todos os dias, "corra o máximo que você pode, Alison DiLaurentis irá lhe causar muitos problemas mesmo". Mas eu não estava nem aí. Eu sempre voltava. Alison me acordou dos meus profundos pensamentos quando começou a escrever algo na Pedra com uma caneta vermelha que ela tirou de algum lugar, despertando a minha curiosidade. "Se está se perguntando o que estou fazendo, eu lhe respondo. Um dia você verá. Um dia. Não agora. E nem amanhã. Você estará liberada para ver o que estou fazendo quando anos se passarem.", ela falou, lendo a minha mente. "Tudo bem pra você?", acrescentou. "Claro... eu acho." respondi com um sorriso, a fazendo sorrir também. "ALISON! EMILY! O que estão fazendo aí? Vamos embora, a minha mãe chegou!", Spencer gritou lá de longe, abanando uma toalha, nos fazendo rir. Nos levantamos e saímos até que...
"EMILY!? EI EMILY! TERRA PARA EMILY FIELDS!"
Abro meus olhos e vejo Hanna balançando sua mão na minha cara, me fazendo acordar da minha lembrança. "Me desculpa, Hanna, o que foi?", falei, meio grogue, porque percebi que havia dormido um pouco em pé no balcão do The Brew. "Eu te pedi um cookie. E eu preciso desse cookie. AGORA MESMO.", comandou Hanna. "Hanna, que horas são?", perguntei à loira faminta na minha frente. "São 7:45. Agora me dá o cookie.", Hanna me informou, e percebi que estava quase na hora de me encontrar com Alison. "7:45?! JÁ?! MEU DEUS, tchau, Hanna, até, estou atrasada!", falei, saindo correndo, quase voando. "SEM ESSA DE "TCHAU, HANNA", PRA CIMA DE MIM, EMILY FIELDS, E O MEU COOKIE?! Ah, esquece, vou pra outro lugar.", gritou a faminta enquanto eu corria.
15 MINUTOS DEPOIS
Estacionei o carro bem do lado da Pedra do Beijo, não tão perto, e me sentei em cima dela. Este lugar não mudou quase nada. Só estava molhado, porque ontem caiu um pouco de chuva. O vento batia levemente em meu cabelo, e senti esta sensação de liberdade. Que logo iria parar de existir, porque se Alison aparecesse, iria me sentir presa à ela, tendo esperança de que iríamos ficar juntas. Como sempre. Meus pensamentos profundos foram interrompidos quando vi uma figura loira de olhos azuis sentada ao meu lado. "Então... você apareceu." ela disse olhando diretamente para mim. "Por que eu não iria aparecer?" perguntei sorrindo. "Não sei, eu achei que você ainda me odiasse por tudo que eu fiz com você.", ela sorriu de volta. No momento em que Alison disse aquilo, quase morri de rir. "Isso é ridículo, como eu a odiaria? Sim, eu mudei muito, mas nunca deixei de me importar com Alison DiLaurentis. Sempre estive lá para ajudar você, e não seria por sentimentos não-correspondidos que eu iria me afastar de uma de minhas melhores amigas no mundo todo. Nunca odiei você, Ali. Seria literalmente impossível." falei olhando para ela. Ela me olhava de um jeito diferente. E foi aí que tomei a iniciativa mais corajosa da minha vida: segurei a mão dela, e pude sentir ela segurando a minha. Ficamos lá até tarde da noite, em silêncio. Mas não um silêncio constrangedor, muito pelo contrário. Era um silêncio confortável. Como nos velhos tempos.
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