História Emissarium - O motivo da expiação - Capítulo V - A bruxa

Logo pela manhã se podia ouvir risadas e o barulho dos saltos na escadaria de pedras vindo em direção a porta. Meggam estava enrolada em tecidos para poder sobreviver ao clima daquele lugar maluco.
A porta finalmente se abre revelando uma silueta alta e esbelta, era uma mulher muito bonita, usava roupas finas e estava completamente limpa, coisa que Meggam não podia se gabar nem um pouco, seu cheiro deixou de ser agradável a algumas horas atrás.
Meggam se sentou e encarou a mulher de traços finos, tinha olhos grandes mas lábios pequenos e nariz fino e empinado, seus cabelos eram castanhos avermelhados e de postura muito altiva, a mulher olhava incrédula como se tivesse visto um fantasma. Ela se aproximou de Meggam, usava um vestido bordô justo e longo com fitas serpenteando as laterais e decote em V, estava com um casaco de pele preto que deveria ser por causa do frio noturno.
Ela olhava de vários ângulos como se estivesse procurando algo, até que levantou as sobrancelhas e sorriu em sinal de que achou o que tanto procurava. Tomou a mão direita de Meggam e olhou a palma sorrindo discretamente mas não foi o bastante discreto para passar despercebido por Meggam que retirou a mão bruscamente e indagou:

-O que está acontecendo e quem seria a Senhora?
A  figura misteriosa deu um risinho animado se afastou um pouco retirando o casaco de pele negro e entregando nas mãos do Ogro que apareceu do nada.

-Querido, queira guardar isso para mim, sim? E então teve muito trabalho Arthum?

-Não, e não fui seguido. - disse o ogro com sua bela e calma voz pendurando o casaco da mulher próximo da porta.

-Minha criança como se sente?

             Meggam a olhava desconfiada, mas o  que faria se não continuar a atuar naquela louca peça de suspense e terror?

-Me sinto confusa, suja e perdida.- Falou cabisbaixa mostrando o tamanho de sua frustração.
 

-Não fique para baixo criança, não é a única a não saber seu destino. Agora me diga, foi vista por mais alguém além do Arthum? - disse olhando para o ogro e depois para Meggam.

-Não sei ao certo...- parou pensativa tentando refazer os seus passos - ...  Havia um ser que desconheço, parecia um diabrete de aparência estranha, mas não falava a minha língua.

-Hummm... - a mulher coçava o queixo pensativa. - Certo! Isso não é nada bom, temos que esconde-la , leva-la para longe...- disse, se levantando e arrumando uma trouxa.

-Como assim? Mas porque?-agora sim Meggam estava totalmente confusa e em alerta.
Arthum o ogro pegou a trouxa e como em uma troca de olhares com a mulher misteriosa ele teve a confirmação do que deveria fazer.

-Linda criança confie em Arthum ele irá protege-la de tudo e todos. Ah! E mais uma coisa, me chamo Lilith e não que você tenha culpa mas, não irá ser entregue para quem a trouxe aqui tão facilmente. Não irei deixar!- A mulher diz com ar de vitória e satisfação.

Dito isso foi questão de segundos Arthum pegou Meggam no colo e saiu pela porta a deixando atônita , sem a menor reação e tentando processar o que Lilith havia lhe dito.
Depois de alguns minutos recobrou o controle.

-Arthum não e?
O ogro só balançou a cabeça positivamente.

-Para onde estamos indo?

-Longe.

-Longe onde?

-Para um lugar seguro. - disse com um tom sério e protetor. 

Dito isso Meggam sabia que não extraíria mais nada dali. Suspirou e olhava ao redor , agora estavam em uma subida em meio a uma floresta de troncos escuros e folhas roxas. O chão era coberto por cinzas como se tudo alí tivesse sofrido uma grande queimada mas apenas no chão branco.
Eles já estavam caminhando durante horas , Meggam começou a sentir a sua mão que havia a marca arder e seu coração se acelerou sem o menor motivo, Arthum estava inquieto , olhava para lá e para cá.

-O que está acontecendo Arthum?

-Eles estão aqui...
Como sombras e fumaça apareceram seres vestidos com armaduras negras que pareciam bastante leves comparadas com o brutamontes que vira anteriormente na execução do homem que gritava quando acordou nesse mundo insano e desconhecido. Eram literalmente sobras usando armaduras, seres sem rosto, apenas símbolos brilhantes vermelhos no local que haveria uma face. 

-Entregue Ela ogro! São ordens do Mestre.

-Não posso fazer isso.  Já tenho minhas ordens! - a ultima parte foi dita  quase em um rosnado.
Quando Arthum colocou Meggam no chão ela sabia que haveria uma batalha ali em sua frente. E então começou a investida dos guerreiros, tinham uma dúzia deles contra apenas um Arthum. Meggam gostaria de estar subestimando Arthum , que ele fosse forte o suficiente para não deixar levarem-na para sabe lá onde e para sabe-se lá quem. Sentia confiança de algum modo em Arthum mas queria descobrir as intenções de Lilith.
Todos eles atacaram ao mesmo tempo e Arthum não desviava mas também não se abalava com os ataques, então agora foi a vez de Arthum que com um grande ataque arremessou longe 4 dos guerreiros negros e agarrou mais dois jogando contra as arvores. O restante dos guerreiros atiraram umas especies de dardos que atingiram as costas de Arthum o tirando o equilibrio e fazendo-o ajoelhar-se, nesse instante brilharam luzes no chão como um circulo ao redor de Arthum e surgiram correntes o envolvendo possessivamente prendendo-o fortemente ao chão,  diexando Meggam  assustada.

-Arthum! - gritou correndo na direção do ogro. -Arthum você está bem? O que está acontecendo?

-Está tudo bem , Arthum ficar bem. A Meggam deve fugir!
Foi a primeira vez que ele a chamou pelo nome e a pediu para abandona-lo , como ela poderia fazer isso? 
Ela balançou a cabeça em recusa ao pedido do ogro que passou a considerar um amigo.

-Fuja, eu irei segura-los! -pediu o ogro mais sério que o de costume.
Meggam com lágrimas nos olhos e com o queixo tremulo de segurar o choro respeitou o pedido do "amigo" e correu na direção contrária ao combate. Corria escutando os urros dos guerreiros e os do amigo ogro. Corria e pensava que não importa para onde fosse tudo ali era longe de ser seguro e tudo a assustava , a escuridão se aproximava e o frio com ela

.
 Não havia vestígios de uma viva alma, nem de que estivessem seguindo-a. O que fazer agora? Novamente sozinha e em uma noite sem fim parecia que Meggam não iria acordar do pesadelo e sim perecer nele.
Se agachou se encolhendo para se proteger do frio e chorar por uma luz.
Não esperava ser atendida assim de modo tão literal pois  em meio a escuridão e ventania que aumentavam ainda mais o frio revirando as cinzas do chão surgiu uma luz que ficava cada vez mais forte e parecia se aproximar. Seria Arthum procurando por ela? ou aqueles malditos guerreiros? 

Meggam se levantou tentando mostrar que estava inabalável , mas apareceu um ser que parou a sua frente, ele parecia um anjo de tão belo, não se podia ver sua feição com clareza mas sua presença era quente e se sentia estranhamente salva. Meggam estava exausta e ao se aproximar daquele ser que a atraia foram poucos os segundos de trocas de olhares, aqueles olhos azuis como um dia claro de Sol em um céu sem nuvens tão acolhedores e o ser a sua frente parecia extremamente surpreso como se estivesse vendo um fantasma,olhos tristes e angustiados, com aquela breve conexão,  tanto o frio , como o sono , a fome e o cansaço a venceram e ela desmaiou sendo agarrada e carregada no colo pela figura misteriosa que caminhou em direção de volta para a luz forte sumindo em estantes e deixando o ambiente sombrio e sem vida novamente.