História Empédocles - Fantasmas

Empédocles.

Capítulo Dezessete.

Fantasmas.

Jimin deitou a cabeça no vidro da janela do veículo, as dores passaram a se fazer presente alguns poucos minutos antes, isso fazia com que seu sono demorasse a vir, sua mente estava barulhenta e lhe obrigava a reviver os acontecimentos da luta, as perdas tristes que sofreram e os sentimentos aflorados de Jungkook que estava ao seu lado co o olhar perdido na paisagem escura que passava do lado de fora.

— Estamos na Capital Real. — A voz rouca de Jungkook cortou seus pensamentos. — Está vendo essa linha azul escuro? — Perguntou apontando para o chão que se encontrava a quilômetros de distância. — É o Canal de Tarius. 

— É assustador. — Jimin resmungou sentindo a mão grande de Jungkook segurar a sua e entrelaçar seus dedos.

— Um pouco, mas acho que nós dois juntos poderíamos fazer toda essa água evaporar. — Comentou tentando fazer graça e Jimin sorriu um pouco forçado. — Imagino que podemos fazer muitas coisas juntos. — Resmungou abatido.

Jimin apertou a mão do mais alto tentado lhe fazer esquecer daqueles pensamentos tristes, mas nem mesmo ele poderia ignorar tudo que havia acontecido, sabia que mais cedo ou mais tarde aquilo tudo terminaria e sentia mais medo por isso, não saber como seria o final lhe atormentava, era difícil para si ter que enfrentar tudo aquilo, mesmo que tivesse ajuda ao seu lado, e servisse como uma, ainda sim não conseguia não deixar todos aqueles medos de lado.

— Estamos chegando. — Akihito avisou assim que tiveram o vislumbre do mar aberto e bem distando a ponta de um território diferente.

Era a primeira vez que Jimin saia dos territórios de Empédocles, seu coração disparou e como se alguma força exterior quisesse acalmá-lo o Sol passou a nascer lentamente, observou Yang Mi apertar os olhos enquanto fazia o veículo deslizar bem perto da água, Baekhyun estava perto de uma das amplas janelas também observando o nascer do sol, Akihito se concentrava em ajudar Yang Mi a dirigir e Jungkook se levantou ficando mais próximo de outra janela.

O veículo inclinou para o lado e subiu passando entre dois desfiladeiros e subindo mais, e finalmente entrando por completo naquele novo território. Os raios solares machucarem as vistas de todos, Yang Mi diminuiu a velocidade e Jimin pôde ver com clareza uma entrada enorme de uma possível caverna em uma montanha mais a frente, mas o que chamava a atenção era a quantidade de pessoas circulando afobadas por lá, era algo semelhante a uma pista de pouso, havia tantos outros veículos aéreos que lhe deixava impressionado.

— Você já vai conhecer nossa casa. — Yang Mi sorriu para si quando se aproximou mais para ver tudo aquilo com mais afinco.

— É lindo. — Sussurrou olhando ao redor, havia árvores sinuosas nas montanhas e pôde notar que de frente para onde estava a entrada havia uma enorme cachoeira que se derramava em um rio que caia direto para o mar.

— Espere para ver a cidade. — Akihito sorriu orgulhoso. — Vai se perder por lá.

Jimin imaginou que estivesse preparado para tudo, de verdade, fantasiou a cidade de todas as formas, mas não conseguiu prever a visão da mesma. Assim que desceu do veículo, com Jungkook todo cuidadoso ao seu redor, foi recepcionado muito bem pelas pessoas que estavam ali, todas, sem exceção, possuíam cabelos castanhos terrosos e olhos amarelados. Além da Vila Godan, aquele era o primeiro lugar que se sentiu em casa em muito tempo.  E quando cruzou a enorme abertura na montanha teve o vislumbre de uma cidade toda dentro daquela montanha.

No teto de tudo aquilo havia pontos luminosos semelhantes a estrelas e uma enorme pedra brilhante na cor do luar que derramava sua luz naquilo tudo, era como o Sol, bem mais forte, era como a lua da meia noite. E tudo fez sentido. Havia vegetação ali, plantas e flores, possuía um canal de água cortando aquela enorme extensão e tinha tantas outras aberturas na parede da mesma, havia tantas pessoas transitando por aquele enorme espaço que o vilashi não pôde deixar de se sentir tonto e maravilhado.

— É daqui que todos os vilashi vieram, Jimin, esse é seu lar de verdade. — Akihito se pronunciou ao notar o olhar embasbacado que o garoto dirigia para aquilo tudo.

— É uma história incrível, eu quero te contar tudo. — Yang Mi entrelaçou um de seus braços ao redor de um braço do vilashi ignorando o olhar irritado de Jungkook.

— Aki. — Um jovem de cabelos azulados se aproximou com um mínimo sorriso. — Fico feliz que tenham chegado bem, seus amigos já estão acomodados em seus quartos, temos um para vocês. — Avisou olhando com cuidado para o casal e depois se dirigiu a Baek. — Seu irmão já está descansado, depois que acordar iremos fazer os curativos nos machucados. — Tranquilizou o príncipe mais velho que assentiu.

— Você pode chamar os garotos para a minha sala, ainda temos que nos organizar em alguns assuntos. — Akihito pediu e o jovem assentiu prestativo logo se despedindo dos demais.

— Ele é o Daewon. — Yang Mi sussurrou para Jimin que a olhou curiosamente. — Bem bonito, não é mesmo? — Provocou e Jimin continuou impassível.

— Heojun virá daqui a pouco para levá-los ao quarto, não se preocupem, é confortável e já possuí um banheiro, forneceremos algumas roupas também. — Aki se dirigiu aos outros quatro que assentiram agradecidos.

Depois de um tempo que Akihito se afastou deles, um homem alto que possuía fios quase durados e olhos de um castanho escuro se aproximou rapidamente, se apresentou como Heojun e pediu para que fosse seguido pelos outros. Conforme avançavam ele explicava como funcionava a cidade, a mesma havia sido construída a muito tempo, bem antes da primeira guerra envolvendo Empédocles, quando o enorme território ainda era uma monarquia. Descreveu a estrutura da mesma, toda feita por almakins da terra, Yang Mi se gabou dizendo que seus pais também haviam ajudado naquilo, e Jimin sentiu a língua coçar para mais informações.

— Aquela enorme pedra brilhante ali no teto é uma pedra de almaki puro.— Heojun contou, tanto Jimin quanto Baekhyun olharam maravilhados para a mesma. — A que você tem no pescoço, Park, foi tirada dela, faz muito tempo, quando o almaki foi dado apenas para nós. — Explicou e Jimin permaneceu agora com os olhos sobre seu pingente. 

— Qual o nome daqui? Digo, temos Mileto, Empédocles e muitos outros territórios. — Jimin questionou curiosamente. — Qual o nome desse território? 

— Napier. — Heojun respondeu e Yang Mi sorriu orgulhosa.

— É incrível, não é? — Yangi Mi olhou com uma expressão de devoção para a cidade. — Por muito tempo eu imaginei não ter uma casa, cresci no acampamento dos rebeldes, você vai entender, mas depois, alguns anos atrás, me trouxeram para cá, foi como se eu fosse acolhida não só pelas pessoas, mas pelo próprio lugar, como uma verdadeira casa. — Falava tudo baixinho, como um segredo, e aquilo tocou Jimin profundamente, porque ele entendia.

O resto do caminho foi em silêncio, subiram uma escada muito bem feita na parede em direção a uma das aberturas, o teto para onde foram também era adornado pelas mesmas pedras semelhantes a estrelas, e havia portas de madeiras bem entalhadas, e mais corredores espaçosos e arejados, em um deles era possível ver uma ampla janela, provavelmente ficava na lateral da montanha, era lindo a paisagem que se destacava ali.

Um por um foram largados em seus quartos, pelo caminho Heojun mostrava os quartos em que os amigos estavam. Por fim deixou Jungkook e Jimin em frente as portas de seus quartos, que estavam um de frente para o outro, pedido este feito por Jungkook que aparentava não esta confortável naquele lugar.

— Tome um banho e descanse, vai precisar de muito energia. — Jungkook pediu e antes de entrar para o seu próprio quarto, depositou um selar rápido nos lábios do vilashi.

Jimin apenas suspirou resignado, queria ficar mais tempo com o Dragão, mas era perceptível que o mesmo necessitava de um tempo sozinho, colocar os pensamentos no lugar era necessário. Quando entrou em seu quarto sorriu ao sentir todo o conforto do mesmo, havia uma cama de casal que aparentava ser muito confortável, algumas flores pelo local e em uma parede distante pequenas aberturas perfeitamente quadradas com roupas, sapatos e acessórios bem organizados.

Agradeceu mentalmente por aquilo e separou uma roupa confortável já indo em busca do banheiro, quando o encontrou observou o espaço peculiar, uma pequena fonte jorrava de uma das extremidades da parede em um pequeno lago, a água era corrente e havia um canal feito para ela passar para outro lugar, como um tipo de tubo, era tudo tão bem feito e pensado.

Quando se despiu e sentiu a água morna em contato com seu corpo, seus músculos relaxaram e sua pele ardeu pelos machucados e ferimentos, e enquanto se lava perdia as contas de quantos machucados havia achado, e os feitos pelos fios verdes eram os piores, havia alguns infeccionados em seus pulsos e calcanhares. Ofegou dolorido quando precisou se secar.

Quando voltou para o quarto já vestido se jogou na cama macia e se encolheu na mesma, sentiu um dos machucados do calcanhar sangrar, mas penas se manteve parado, correu lentamente o dedo pelo rosto sentindo outros tantos, o lábio levemente inchado e um corte longo da orelha até a nuca.

Levantou-se já com a mente voltada para ir a procura de Taehyung, mesmo que Heojun houvesse dito onde era o quarto do mais novo, soube que teria dificuldade em encontrar, os corredores eram semelhantes e perdeu muito tempo batendo em portas desconhecidas e recebendo informações de pessoas irritadas, mas por fim encontrou o quarto de Yang Mi que o direcionou ao quarto do amigo.

— Você não deveria estar descansando? — Hoseok indagou assim que abriu a porta e deu de cara com Jimin. — Que corte maravilhoso. — Brincou ao ver o machucado.

— Cicatrizes de guerra. — Jimin deu de ombros empurrando o corpo do mais alto para entrar. — Como você está? — Perguntou indo até o amigo que estava sentado na cama ao lado de alguns remédios e esparadrapos. 

— Bem melhor que você. — Sorriu minimamente aceitando de bom grado o abraço do mais baixo. 

— Descansou bem? — Jimin perguntou sentando ao lado do mesmo.

— Tentei. — Tae respondeu deitando a cabeça no ombro do amigo. — Depois que acordei Hoseok foi chamar Baek. — Contou um pouco mais animado assim que o irmão surgiu do banheiro com um pano úmido em mãos. — Ele está cuidando dos machucados.

Jimin então realmente olhou para o amigo que estava com a parte superior nua. Havia o corte todo ao redor da cintura do mesmo, lembrou-se como Shion passou os fios verdes ali e o puxou, os calcanhares já estavam cobertos pelos curativos iguais aos pulsos, e assim como em seus próprios braços, Taehyung também possuía machucados feitos pelos fios.

— Quer que o Baek cuide de seus machucados também? — Tae indagou enquanto deslizava entretido os pés pelo chão.

— Não precisa, obrigado. — Negou dando um sorriso ao rapaz.

— Seria bom que eu cuidasse disso, logo eles mandarão alguém para fazer isso de qualquer maneira mesmo. — Baekhyun se pronunciou olhando sugestivamente para o mais novo.

— Não seria abuso de amizade? — Jimin indagou com um meio sorriso já aceitando a ajuda.

— Só se você contar para mais pessoas. — Brincou fazendo o irmão sorrir minimamente. 

Depois que Baek cuidou de Taehyung, o mesmo foi ajudar Jimin enquanto o irmão se sentava ao lado de Hoseok que escrevia algo em algumas folhas concentrado. Os quatro permaneceram em silêncio por longos minutos, e nesses minutos suas mentes só conseguiam se focar nos acontecimentos da madrugada passada, era completamente atormentador lembrar de tudo aquilo.

— Hoseok, alguém está batendo. — Baekhyun avisou afastando-se de Jimin depois de terminar os curativos e receber um agradecimento.

— É Lee Geon. — Hoseok deu espaço para o mais alto entrar. 

— Fui procurar por você, Yang Mi disse que estaria aqui. — Contou se dirigindo a Jimin que se levantou vestindo a camiseta. — Trouxe isso para você. — Estendeu a ele um pequeno caderno, era razoavelmente grosso e possuía marcadores em algumas páginas.

— O que é? — Perguntou baixinho abrindo o mesmo e se deparando com o nome de Kishan.

— Ele iria te dar quando chegássemos aqui, queria te contar tudo pessoalmente, era o que ele mais gostava. — Disse baixinho enquanto descansava as mãos dentro dos bolsos do casaco. — Seria bom você ler tudo antes de conversar comigo e Yoongi, Akihito também quer estar presente. — Explicou e sorriu um pouco. 

— Eu procuro vocês quando terminar. — Avisou com o olhar preso ao pequeno caderno.

— Obrigado, cuide bem disso. — Pediu batendo levemente uma mão na outra. — Por hora não diga nada a Jungkook, pode não parecer, mas ele está fragilizado com tudo isso. — Jimin apenas assentiu compreendendo a situação.

— Onde você vai? — Taehyung perguntou logo depois que Lee Geon saiu e Jimin seguia para a porta.

— Tenho que ver algumas coisas, para deixar toda minha ignorância sobre o que está acontecendo de lado. — Explicou. — Podemos jantar juntos, o que acha? — Indagou tentando animar o amigo que apenas assentiu.

Jimin sabia que não precisava se preocupar muito com Taehyung, mesmo que o príncipe estivesse confuso e magoado com os últimos acontecimentos, tinha certeza que Hoseok e Baekhyun estariam ao lado do mesmo, acreditava que era possível que Yoongi cuidasse do mais novo juntamente aos outros dois.

Assim que chegou ao seu quarto, já familiarizado com aqueles corredores, tratou de começar a ler o caderno, não sem antes receber por Yang Mi uma bandeja com bastante comida, mesmo que estivesse com fome a curiosidade em saber sobre aquilo tudo não lhe deixou comer. Passou muito tempo com aquelas anotações, era perceptível que Kishan desconfiava das intenções de sua mãe a muito tempo, algumas narrativas citavam os vilashis, mas apenas perto do fim que encontrou tudo totalmente dedicado para aquele povo desconhecido, que ninguém sabia de onde haviam saído. 

Quando a guerra recente entre Empédocles e outros domínios alcançou seu ápice, Mileto tomou ciência do território que se encontrava ao sul de Empédocles, a Capital Real ficava de frente para aquele grande território, tendo apenas poucos quilômetros de água salgada os dividindo. O antigo rei de Mileto achou que seria conveniente tomar aquelas terras e invadir Empédocles logo pela Capital Real, o centro do poder naqueles tempos, mas sua ideia foi deixada de lado ao perceber que haviam guardas reais cuidando do mesmo.

O rei poderia lutar pelo território e ter êxito, mas não podia deixar os temores de lado, mesmo aquele território não sendo oficialmente de Empédocles, era óbvio que algo ali era do interesse do domínio, ou pelo menos da família real. Os outros domínio não tinham ligação com aquelas terras ou quaisquer governantes que ela possuísse, por isso era uma tentativa as cegas.

A família real havia se empenhado em proteger os habitantes de Napier pois tinham total ciência que era de lá que todo poder almaki saía, que mantendo aquelas terras intactas manteriam o almaki vivo. E então o plano daqueles habitantes surgiu, mandariam a maior parte para a própria Empédocles, criaram todo um falso conflito, com rebeldes se voltando contra o governo de sua região e a busca de Mileto para entrar em seu território e atacar Empédocles. Assim que o Parlamento foi estabelecido na Capital do Fogo, o primeiro Jeon a subir ao poder deu entrada livre a eles sem se importar de onde realmente vinham, graças ao antigo rei.

Enquanto Jimin lia tudo aquilo sua mente fervilha, os rebeldes e os vilashis eram um único povo que vinha de Napier, protegida por décadas pela família real, por isso o interesse obsessivo de Yoongi por essas terras, era algo de família, não um bem material, mas um dever humanitário, proteger um poder milenário.

Jimin deixou o caderno de lado, havia muito mais para ler, mas já entendendo o básico de onde vinha, de onde seu povo era o deixava tranquilo, sem maiores questionamentos, agora só sentia que precisava conversar com Yoongi, saber o que realmente precisavam fazer, não queria mais perder tempo, tudo estava claro, quando imaginou que apenas Jungkook lutava pelo seu povo junto aos Dragões e que ele só estava ali para libertar os vilashis, a verdade era que por todo esse tempo sempre lutou pelo seu próprio povo, e todos lutavam pelo seu povo, porque a Senhora da Capital do Fogo era uma ameaça a Napier, era uma ameaça a milhares de vidas, uma ameaça contra o próprio almaki.

Levantou-se da cama rapidamente pegando o caderno e saindo do quarto indo a procura de Yoongi, sabia que o Dragão da água não estaria em seu quarto, ele deveria estar resolvendo qualquer assunto importante junto a Akihito e Lee Geon. Sua ideia foi sair dos corredores dos quartos e procurar pelas vias principais da cidade, nas áreas onde ficavam a maior parte dos organizadores daquilo tudo.

— Com licença. — Jimin correu aliviado até Daewon que ditava ordens para cinco jovens.

— Jimin. — Curvou a cabeça levemente na direção do mais baixo.

— Você sabe onde Yoongi está? — Questionou um pouco ofegante.

— O Dragão Real e Akihito estão em sua sala conversando. — Respondeu um pouco desconfiado pela questionamento do rapaz. 

— Preciso falar com eles, urgentemente. — Explicou de maneira séria, querendo ser levado até lá.

Daewon o observou com cuidado e então assentiu fazendo um sinal para ser seguido, o pequeno trajeto fez com que a cabeça de Jimin se organizasse melhor, ele possuía perguntas importantes para fazer a Yoongi antes de se organizarem para acabar com todo aquele conflito, porque o rapaz sabia que talvez a única coisa que fosse capaz de derrubar Empédocles, ou limpá-la, fosse uma guerra civil, e Jimin sabia que ela estava próxima desde o momento em que tudo perdeu o rumo na Capital do Fogo, a verdade era que ela sempre esteve espreitando, em busca do momento certo para ganhar voz.

— Eles estão aqui. — Daewon avisou.

— Muito obrigado. — Jimin agradeceu já batendo na porta e recebendo autorização para entrar.

— Jimin. — Lee Geon sorriu minimamente de dentro da sala observando com afinco o olhar decidido do mais baixo. — Terminou de ler? — Perguntou se ajeitando na poltrona.

— O importante. — Respondeu passando seu olhar por Yoongi e Akihito. — Precisamos conversar, dessa vez eu estou bem mais informado que antes, tenho perguntas. — Declarou fechando a porta de dando passos até ficar no centro da sala. — E eu quero respostas. 

— Tudo bem. — Yoongi assentiu. — Pode começar. — Mostrou a cadeira para o mais novo se sentar.

— Eu já sei sobre os rebeldes e vilashis, agora me falta saber sobre você, Yoongi, mesmo que Kishan tenha garantido nesse caderno que a família real protege Napier e é óbvio que você também faz isso, recebe muita admiração e respeito das pessoas que residem aqui, eu ainda não entende o seu lado, você possuí um dom importante em mãos, por que não usá-lo a nosso favor, mesmo que isso te custe mais tempo de sua vida? — Largou sua maior dúvida.

— Mesmo que eu decida por saber o que vai acontecer no final disso tudo eu não posso mudar, não importa o quanto eu tente. — Yoongi explicou de maneira calma. — Quando eu nasci minha família me isolou de contato, eles imaginavam que fazendo isso eu não fosse desenvolver esse dom que a família Min recebeu, mas depois de um tempo isso foi totalmente descartado, eles notaram que eu estava prevendo o que iria acontecer quando evitei cair de uma árvore, mas dias depois eu quebrei o braço de forma semelhante, caindo. — Contou recebendo um aceno positivo do mais novo. — Eu passei uma grande parte da infância sozinho, apenas com duas mulheres cuidando de mim, queria saber por que meus cachorros possuem meu nome, não é? É porque eu só conhecia o meu nome. — Revelou e Jimin sentiu uma fisgada em seu peito.

— Tente compreender, Jimin. — Akihito falou calmamente tendo a atenção do mais baixo. — Yoongi evitou que quebrasse o braço no dia que viu em sua visão, mas mais tarde o acidente acabou ocorrendo porque deveria ocorrer, o que ele fez foi desviar o caminho e atrasar o tempo, apenas, nada mais e nada menos. — Explicou. — Não importa se ganharmos ou perdermos nisso tudo, vai acontecer.

— E apenas por estarmos em guerra já deixa claro nossa derrota, e não no conflito em si, mas como pessoas. — Lee Geon comentou com um sorriso desanimado. — Estamos apenas protegendo o que temos em mãos,.

— Entendo. — Jimin assentiu bem mais calmo. — O que será feito sobre os vilashis das vilas em Empédocles? — Perguntou deixando transparecer mais um de seus medos.

— Já organizei um grupo que irá tirá-los de lá e trazê-los para cá, não tem que se preocupar com isso. — Akihito o tranquilizou.

— E quando vamos fazer algo para dar fim a tudo isso? — Olhou aflito para os outros três.

— Primeiro vamos descansar, enquanto o grupo que está com a missão de trazer os vilashis para cá faz seu papel, outro foi decidido para trazer os rebeldes de volta a Napier, obviamente iremos receber poucos de volta já a maioria está do lado da Senhora da Capital do Fogo e então iremos aguardar por qualquer passo ofensivo que ela dê. — Akihito respondeu entregando a Jimin uma lista com nomes, o rapaz não fez muita questão de prestar atenção nela.

— Por que há rebeldes do lado da Senhora Jeon? 

— Eles estão indo para o lado que possuí mais certeza em devolver o território de Napier a eles, sentem que nós, que já estamos aqui, vamos perder tudo isso para Mileto, e mesmo que agora esse domínio esteja junto a Empédocles, ainda temem uma guerra que devaste tudo isso. — Simplificou. — Mesmo que soe egoísta e ignorante da parte deles, ainda agem movidos pelo medo e é totalmente compreensível, eu não os culpo, são pessoas e estão assustadas.

Passaram um longo tempo conversando, Jimin esclareceu tudo o que precisava e decidiu ir embora quando a fome e o cansaço falou mais alto, depois de tudo estar nos eixos, e saber que todos já tinham essas informações, ele tinha total certeza que poderia descansar melhor, mais calmo, mesmo que sentisse que nunca poderia realmente deitar e se livrar de todos os seus medos, em algum momento se perguntou se não tivesse tido aquela orientação ele talvez pudesse estar na mesma situação que os rebeldes que estão ao lado da Senhora Jeon. Com mais medos e incertezas do que poderia suportar.

— Onde estava? — Se assustou ao dar de cara com Jungkook em sua cama.

— Conversando com Yoongi, Lee Geon e Aki, — Explicou recebendo uma arqueada de zobrancelha.

— A manhã e tarde toda? Passei aqui três vezes, essa é quarta. — Questionou e Jimin apenas riu dando um jeito de esconder o caderno de Kishan.

— Você está bem? — Perguntou sentando-se ao lado de Jungkook e segurando com cuidado a mão do mesmo.

— Não muito, mas vou ficar. — Riu minimamente quando Jimin se encolheu para perto de si. — Quem diria que um dia eu deixaria você chegar assim tão perto. — Comentou acariciando os cabelos castanhos terrosos do mesmo.

— Você só agia como deveria, da forma que lhe foi imposto. — Jimin deu de ombros sem se preocupar muito com aquilo tudo.

— Não, eu sabia das coisas, nunca fui ingênuo, podia ter achado uma forma diferente de agir, fazer as coisas de um modo diferente, talvez até pudesse ter evitado que Kishan fosse... — Jimin abraçou o Dragão de lado interrompendo a fala do mesmo.

— Você poderia sim ter agido de outra maneira, mas fez tanto por tantas pessoas e continua fazendo, seu irmão sabia que uma hora ou outra algo assim iria acontecer, independente sendo com ele ou com outra pessoa, isso iria acontecer cedo ou tarde. — Jimin murmurou calmamente sentindo o corpo de Jungkook tremer levemente. — Eu queria que não tivesse acontecido, sei que compartilha dessa vontade, mas tem que ter em mente que a culpa não é sua. — O tranquilizou.

— Parece tão inteligente falando assim. — Jungkook tentou brincar, mas sua voz saiu falha denunciando o chora baixo. — O que eu vou fazer sem ele? Jimin, como eu posso continuar sem ele? — Perguntou sentindo o mais baixo se afastar de si e empurrar seu corpo contra a cama macia o fazendo cair de costas sobre a mesma.

— Ele nem sempre esteve ao seu lado, mas te instruiu em muitos casos, mesmo que ele tenha ido, ainda sim está aqui conosco, e eu espero que no momento não esteja aqui no quarto porque quero fazer algo que estou com muita vontade. — Falou rapidamente enquanto limpava os resquícios de lágrimas da face do mais alto e senta-se sobre a cintura do mesmo.

— O que deu em você? — Perguntou rindo um pouco constrangido com a posição em que se encontravam.

— Eu gosto de você, Jungkook. — Admitiu se inclinando completamente sobre o tronco do mesmo e pousando a cabeça no vão do pescoço do mais alto. — Eu realmente gosto de você, não sabe o quanto senti sua falta quando ai do Instituto. — Revelou deslizando lentamente os lábios pela derme exposta.

Jungkook ofegou levando as mãos até a cintura de Jimin, vendo o mesmo se afastar lentamente, a franja caída levemente sobre os olhos amarelos e as bochechas coradas pelo que estava prestes a fazer. Os lábios se encontraram de forma delicada, mais o beijo passou a ser forte e rápido, enquanto as mãos inquietas de Jungkook deslizavam para dentro da camisa fina que o vilashi usava. 

A mente do Dragão se desligava de todos os acontecimentos anteriores e se focava em sentir naquilo tudo, seu corpo parecia relaxar dez vezes mais enquanto sentia Jimin se movimentar lentamente sobre si, as mãos pequenas indo para a barra de sua camisa e a levantando com calma quebrando o ósculo que havia lhe roubado parcialmente seu ar.

— O que deu em você? — Retornou a perguntar ofegante vendo o mesmo se livrar de sua própria camisa.

— Se você me rejeitar agora eu juro, e não estou brincando, que vou quebrar a sua cara, não vai ser só um soco. — Jimin resmungou enquanto endireitava o corpo e puxava o de Jeon para cima.

— Tudo bem. — Jungkook concordou em um sussurro.

— Não vai me rejeitar?

— Nunca.

Voltaram a se beijar, dessa vez com mais pressa, mesmo que quisessem sentir tudo que gostariam, ainda sim podiam notar que pela falta de experiência acabariam atingindo o prazer necessitado antes da hora. Jungkook moveu a mão pela lateral da cintura do mais baixo, subindo para o meio das costas do mesmo sentindo ele se arrepiar, moveu os lábios pela bochecha até a ponta da orelha, sugando lentamente o lóbulo e ouvindo um arfar baixinho.

Jimin não imaginava que possuísse tantos lugares sensíveis, mas imaginou que era apenas porque Jungkook o tocava. Sentir as mãos grandes lhe apertando a cintura, deslizando por suas coxas e os lábios quentes lhe dando chupões e beijos molhados fazia com que sua mente entrasse em pane e seu corpo respondia por si mesmo, suas mãos não ficavam paradas, buscando a todo momento sentir o mais alto.

Jungkook o virou deixando-o deitado completamente sobre a cama e puxou as calças do mesmo antes de ficar sobre o corpo de Jimin, entre suas pernas, tomou a liberdade de subir uma das pernas do Park para sua cintura aproveitando para apertar a carne com força e desejo ouvindo o primeiro gemido baixo de Jimin. Sorriu provocativo recebendo um resmungar irritado em resposta.

Sua mão desceu curiosamente até a cintura do mesmo e tomando coragem deslizou a mesma sobre a ereção já bem marcada pela cueca. Jimin também possuía a mesma curiosidade, mas foi bem mais solto ao ultrapassar a calça e cueca do mais alto sobre si, tocando diretamente em seu membro e o apertando com um pouco de força.

Naquele momento Jungkook parou o que fazia e mordeu com certa força o pescoço de Jimin evitando que um gemido surpreso escapasse, não sabia descrever aquela sensação, só tinha certeza que sua cabeça havia dado um giro. Ser tocado daquela maneira estava acabando com tudo que se passava em sua mente, e como não aguentava "sofrer" sozinho imitou o gesto do outro. Atacaram a boca um do outro assim tentando abafar os gemidos altos que soltavam. As bocas estavam inchadas e molhadas, as línguas lutavam por espaço, estavam desesperadas, e eles queriam mais, muito mais.

— Eu estou sentindo muito desejo por você agora. — Jungkook falou ao se afastar. — Quer mesmo continuar com isso? — Perguntou observando com afinco os olhos entreabertos do menor.

Jimin mordeu os lábios apreciando todo aquele cuidado, rodeou os largos ombros do mais alto o puxando para si e lhe beijando mais uma vez.

— Quero. — Respondeu baixinho.

Jungkook então se afastou completamente e se livrou das roupas que ainda possuíam, quando voltaram a se beijar as mãos de ambos começaram a se tocar. E agora o contato era completo. O Dragão fazia pressão contra o quadril de Jimin, o obrigando a abrir mais as pernas e buscar por mais daquele calor. Suas ereções se tocavam e eles não podiam descrever o quão prazeroso aquilo estava sendo. 

Eles sabiam que aquilo tudo servia, de alguma forma, para se acalmarem, deixar com que todos os acontecimentos ruins passassem, mas também servia para reafirmarem que estavam juntos naquilo, e não apenas de maneira carnal, Jimin sabia disso, todo aquele tempo distante de Jungkook o fez perceber muitas coisas. 

Depois de preparação e mais toques, puderam se sentir completamente, para Jimin ter Jungkook dentro de si era uma sensação completamente nova, prazerosa, não conseguia explicar aquilo em palavras, seu corpo parecia entrar em combustão, sempre buscando descontar o prazer no mais alto, o tocando por todas as partes que suas mãos alcançavam. 

A cada estocada que Jungkook dava, sentia as pernas de Jimin ficarem mais abertas para si, ou então ás vezes se fechavam ao redor de sua cintura o auxiliando com os movimentos e fazendo com que fosse mais fundo. E Jungkook não aguentava mais tudo aquilo, Jimin não se encontrava muito diferente, e por isso não demoraram muito a atingirem o ápice.

Jimin sentiu o corpo de Jungkook pesar sobre o seu, e tudo que fez foi abraçar o mesmo tentando acalmar a respiração, sentiu o mais alto se afastar e então se jogar ao seu lado pousando a mão sobre a própria barriga e olhando para o alto com um mínimo sorriso.

— Inacreditável. — Jungkook resmungou e Jimin se apressou em puxar as cobertas para fazê-lo calar a boa e não o constranger.

— Quero dormir, estou cansado. — Avisou virando de costas para o mais alto que riu e o abraçou com força.

— Imagino quem não estaria depois disso. — Provocou e recebeu uma cotovelada em resposta. 

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As batidas na porta tiraram Jimin do seu pequeno mundinho dos sonhos, o quarto aparentava estar mais escura que antes e pôde ver Jungkook sentado em uma das poltrona que possuía no quarto, estava usando apenas a calça de antes e a cabeça estava entre as mãos. Meio confuso pelo sono, Jimin se levantou e vestiu com um pouco de dificuldade sua peça íntima e a calça, foi até a porta bocejando.

— Oi, Jimin. — Yang Mi cumprimentou um pouco desanimada, não tendo o humor tão característico seu. — Imagino que Jungkook esteja aí com você. — Falou baixinho. — Comam algo e, por favor, subam até a pista de pouso, iremos fazer uma despedida para Kishan. — Explicou e Jimin parou de coçar os olhos deixando os braços caírem ao lado de seu corpo.

— Claro. — Resmungou e recebeu um sorriso de agradecimento.

— Não vou. — Jungkook declarou assim que a porta foi fechada.

— Ele era seu irmão.— Jimin pronunciou indo para o banheiro. — Se arrume, nós vamos sim. — Declarou duramente.

Falar daquele jeito com Jungkook não lhe agradava, mas sabia que o mais alto precisava daquilo, ele mesmo precisava. Um tempo depois, Jungkook se juntou a si, o abraçando com cuidado e se permitindo chorar novamente, suplicando baixinho para não precisar ir, mas Jimin permaneceu forte, arrastaria o Dragão do Fogo por bem ou por mal.

Assim que se arrumaram e obrigaram a comida a descer pela garganta, se dirigiram para a pista de pouso, a cidade estava silenciosa, e as pessoas que circulavam a mesma andavam mais calmamente sabendo o que iria ser feito, respeitando o momento. Quando saíram para fora o sol nem havia nascido, mais estava prestes a isso, Yang Mi sorriu minimamente para eles dois e apenas Jimin devolveu o gesto.

Jungkook o puxou com um pouco de pressa para onde os outros três Dragões se encontravam, segurou com força a mão de Jimin quando Soren tentou puxar o vilashi de si, dessa vez teria o garoto ao seu lado. Akihito parou junto a eles um pouco mais a frente e Lee Geon parou ao lado de Jimin lhe dando um sorriso triste, os olhos levemente vermelhos.

O vilashi olhou ao redor vendo rostos conhecidos, e tantos outros desconhecidos, mas o que lhe chamou a atenção foi a mulher que derramava lágrimas silenciosas ao lado de Soren e Yang Mi que a apoiavam com cuidado, como se esperassem que a mesma desabasse a qualquer momento.

— Quem é ela? — Jimin perguntou curiosamente para Lee Geon.

— Ela. — Lee Geon olhou para a mulher deixando com que seu semblante demonstrasse toda sua dor. — Ela era a esposa de Kishan.

Jimin apertou com força a mão de Jungkook e se perguntou quantos fantasmas iriam o atormentar até tudo isso chegar ao fim.