História Empédocles - Raízes

Empédocles.

Capítulo Dezoito.

Raízes.

Kyungsoo usou seu almaki para desviar a enorme porção de terra compactada que vinha em sua direção, sua respiração entrecortada e as várias marcas e machucados pelo corpo, até as roupas um pouco chamuscadas, deixavam claro que o confronto estava durando mais do que havia previsto. Seu corpo gritava cansaço e notava que o grupo de soldados que haviam ido junto a Jin para a floresta era menos do que a metade, os corpos eram vistos sem vida espalhados pelo local do confronto.

— Vocês são mais fracos do que o avisado. — Um dos rebeldes comentou de maneira debochada próximo a si. — Nem mesmo você, o responsável por esses soldados, consegue nos superar.

— Até o final disso tudo, sua cabeça vai cair. — Declarou assumindo um posição de luta.

— Não contaria com isso, temos recursos que nos mantem a frente. — Sorriu presunçoso e uma enorme bola de fogo se formou em sua mão esquerda.

Quando a esfera flamejante foi lançada, Kyungsoo desviou com seu almaki de ar e sua mão direita se mexeu em círculos acima de sua cabeça criando um enorme redomoinho, o rebele sorriu achando graça e ao que lançou mais uma enorme esfera de fogo, Do jogou seu redemoinho contra a mesma que juntou-se a todo aquele ar. Deu impulso com seu almaki e o redemoinho flamejante foi em direção ao rebelde surpreso, e enquanto este tentava controlar as chamas e se afastava, Kyung aproveitou de sua distração para o prender em uma enorme esfera de ar e o lançar contra as árvores ao redor fazendo-o afunda contra a terra criando uma enorme cratera.

Por estar distraído com aquilo não notou uma aproximação atrás de si e nem pôde prever pelo momento que foi lançado contra seu próprio redemoinho junto as chamas. Seu corpo ardeu e mesmo que tenha desfeito tudo aquilo as pressas, ainda não pôde evitar as chamas que se alastravam por suas roupas lhe queimando, e mesmo tentando apagar não conseguia, elas eram controlados por um membro distante da família Jeon principal. O garoto bem mais novo que si, o olhava friamente enquanto o via queimar, e aquilo só cessou quando um dos soldados conseguiu sua atenção e passaram a lutar entre si.

Quando as chamas se apagaram Kyungsoo não conseguia mexer seu corpo inteiramente queimado, sua respiração era fraca e no canto de seus olhos pequenas gotículas de água escapavam, não podia fazer mais nada por aqueles soldados, era perceptível que perderiam e todos iriam morrer ali. Mesmo assim ainda tentou se levantar, usou de seu almaki para se apoiar no ar e impulsionar seu corpo queimado para cima. E quando finalmente conseguiu estar de pé foi para presenciar a morte do soldado que o havia ajudado e para segundos depois ter sua cabeça arrancada por uma lâmina de uma enorme espada.

O corpo de Kyungsoo despencou no chão jorrando sangue sobre a grama verde da floresta, seu assassino trocou olhares com o Jeon antes de uma enorme explosão ser ouvida a alguns quilômetros dali, um paredão de fumaça subiu ao céu em uma velocidade impressionante e grandes pedras surgiram do chão há pelo menos dez quilômetros longe dos mesmos e cresciam vindo em suas direções.

Antes que aqueles paredões de pedra chegassem até eles, o homem da lâmina trocou um olhar significativo com o Jeon e tomou impulso correndo em direção ao paredão e dando um pulo enquanto projetava sua enorme espada para trás de seu corpo e quando, no ar, se aproximou do paredão, chocou-a com o mesmo fazendo com que este se afundasse contra o chão pela força do impacto destruindo uma enorme porção de vegetação.

E minutos depois de tudo aquilo a floresta de Sunsety se encontrava  destruída, vazia e silenciosa. Das enormes crateras feitas pelo confronto era possível ver um brilho translucido subir aos céus e se dissiparem no ar, este que estava denso, como se houvesse milhões de partículas de fumaça ali. E os ventos fracos da Corrente de Mina não mais cortavam aqueles ares, já que seus soldados estavam mortos.

— O que vamos dizer para a população? — O Jeon perguntou a Senhora da Capital do Fogo, ambos estavam a alguns quilômetros da floresta já em um veículo aéreo.

— Como o que iremos dizer? — Questionou duramente. — Os rebeldes atacaram os nossos pobres soldados que foram cedidos pela família Kim. — Declarou quase não conseguindo conter um pequeno sorriso zombeteiro. — Mande uma carta a família Kim com meus pêsames pela morte de Do Kyungsoo.

Seguida de suas últimas palavras algumas risadas foram ouvidas pelo veículo, e mais ao fundo um enorme homem limpava sua enorme espada coberta de sangue.

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Namjoon segurou Jin quando este simplesmente derrubou a enorme estante de livros da sala de Akihito, o dono da mesma se encontrava silencioso em um canto. O mais velho conseguiu se desvencilhar e passou a quebrar tudo que estava ao seu alcance, seus olhos queimavam pelas lágrimas que se recusava a soltar, suas mãos tremiam e seu corpo passava a pesar e quando percebeu estava soluçando e socando a mesa como em um mantra.

— Está tudo bem. — Namjoon se aproximou o consolando enquanto era observado por mais pares de olhos pesarosos.

Jimin segurava com de forma dura a ponta da blusa de Jungkook, o mais alto mantinha o olhar no chão, sem coragem de olhar para o amigo que chorava desesperado, aquilo era culpa de sua mãe, e o mesmo sentia-se culpado também. Yoongi observava pelo buraco aberto na sala, usado como janela, a pista de pouso, a minutos atrás havia visto o velório de Kyungsoo, o caixão fechado e muitos soldados levantando suas armas e jurando vingança contra os rebeldes, viu então a chegada da notícia por um dos amigos de Akihito.

Parecia que aquele era o momento exato para agirem, Yoongi trocou olhares significativos com Akihito e Jungkook, este primeiro logo saiu da sala indo atrás de providenciar veículos e avisar seus homens, o Jeon apenas guiou Jimin para fora da sala com certa dificuldade, já que o vilashi relutava em sair dali querendo ir cuidar de Jin.

— Namjoon está com ele. — Jungkook o acalmou assim que caminhavam em direção ao quarto dos dois. — Arrume suas coisas, temos que sair daqui.

— O que acontecerá com a floresta? — Perguntou assim que entraram no quarto e Jungkook passou a pegar as poucas roupas que tinha ali. — Não pode ocorrer confrontos em pontos com grande concentração de almaki.

— É certeza que a floresta já não possui mais nada de almaki, a essência daquele lugar foi destruída. — Afirmou recebendo um suspiro.

— Para onde vamos? — Jimin indagou terminando de organizar suas coisas.

— Para o Instituto. — Jungkook respondeu. — Nossa chance maior são os alunos, se conseguirmos o apoio deles podemos estar garantidos. — Explicou ao ver a expressão do mais baixo confusa.

— Está quase escurecendo, é mesmo seguro sairmos agora? — Questionou quando pararam próximos a porta.

— É o horário mais seguro. — Garantiu observando-o atentamente.

Jimin esperou que algo mais fosse dito, mas Jungkook apenas o olhava cuidadosamente, e sem que pudesse prever as mãos do mais alto seguraram seu rosto com força e ele selou seus lábios em um beijo forte, mas não passou além, logo se separaram e saíram do quarto sem conversarem, mais a frente encontraram com Baek e Taehyung, o príncipe mais novo estava abatido, todos eles ainda compartilhavam dos machucados feitos quando tentavam sair de Empédocles.

— Falou com Jin? — Taehyung perguntou para Jimin assim que os dois diminuíram seus passos e ficaram mais para trás de Jungkook e Baekhyun.

— Não pude, Jungkook me tirou de lá para arrumarmos nossas coisas. — Negou soltando um suspirou longo.

— Estou com medo de voltar para lá. — O príncipe confessou. — O que nos garante de que tudo vai dar certo?

— Nada. — Jimin respondeu ao ver Hoseok e Yoongi se aproximarem rapidamente.

— Vamos nós em dois veículos na frente e os outros em um atrás. — Yoongi despejou sobre Jungkook e Baekhyun.

— Não vou deixar meu irmão sozinho. — O príncipe mais velho fechou a cara no mesmo instante.

— Achei que essa conversa já tivesse acabado. — Jungkook comentou ácido enquanto puxava Jimin levemente para perto de si.

— É mais seguro para eles irem afastado, é certeza que seremos parados pelo caminho, se eles chegarem seguros até lá teremos a garantia de que algo será feito, e não precisaremos nos preocupar com a segurança deles. — Hoseok explicou recebendo olhares relutantes dos mais altos.

— Não tem problemas. — Jimin soltou-se de Jungkook parando ao lado de Yoongi. — Acho que deveríamos ser rápidos nisso, quanto antes chegarmos lá, melhor. — Sorriu falsamente animado.

— Tudo bem. — O Dragão do Fogo resmungou afastando-se do grupo a passos pesados.

Todos chegaram a plataforma de pouso rapidamente, três grandes veículos estavam prontos para a decolagem, Jin e Namjoon estava dentro do segundo pelo que Jimin pôde reconhecer das silhuetas. Quando se aproximou do terceiro veículo Yang Mi saiu do mesmo lhe dando um mínimo sorriso e logo se afastando para falar com Daewon, e o mais baixo apenas entrou sem esperar um convite ou uma ordem.

— Vai ficar bem? — Se assustou com a voz de Jungkook atrás de si enquanto largava sua bolsa em um canto. 

— Claro que vou, Yang Mi e Daewon vão estar conosco. — Deu de ombros sentando-se em uma das poltronas.

— Acho que Heojun também. — O Dragão comentou sentando-se ao seu lado e encostando a cabeça na poltrona da frente.

Jimin observava pela janela o movimento grande no local, levou uma das mãos para as costas de Jungkook e o acariciou com leveza, subiu a carícia até a nuca do mesmo massageando com cuidado e embrenhou seus dedos nos fios escuros deste, ouviu um soluço baixo e controlou as lágrimas que se formaram no canto de seus olhos, era sempre difícil ver o Dragão do Fogo chorar, e mesmo que isso tenha virado uma rotina, o vilashi nunca iria se acostumar.

Fazia quase duas semanas que estavam na Cidade da Meia Noite, ainda era fantástico observar toda aquela arquitetura e imaginar que poderia ter nascido e crescido ali, mas o principal era que após a noite que passou ao lado do Dragão haviam se aproximado cada vez mais ao ponto do mais novo decidir que eram íntimos o suficiente para estarem no mesmo quarto. E o que mais presenciou nesses poucos dias foram as noites que Jungkook se levantava com cuidado para não lhe acordar e sentava-se em uma poltrona distante passando a chorar silenciosamente, mesmo não querendo invadir aqueles momentos acabava se levantando da forma que estava, as vezes sem roupa alguma, para reconfortar o mais novo e ambos acabavam abraçados naquela mesma poltrona pequena.

— Eu vou ir. — Jungkook resmungou depois de parar de chorar e esperar seu rosto perder a coloração avermelhada.

— Tudo bem. — Jimin assentiu levantado-se ao mesmo tempo e entrelaçando as mãos de ambos. — Você é um idiota. — Declarou antes de selar os lábios ao do mesmo.

— Jungkook. — A voz de Yoongi cortou o contato abruptamente. — Vamos. — Chamou logo saindo do veículo.

Sem dizer mais nada, o Dragão do Fogo saiu apressado da cabine indo atrás do amigo, este já se encontrava entrando no primeiro veículo que dividiria com Jungkook, Akihito e mais outras três pessoas, tentava se convencer de que estava tudo bem o Jeon estar com Jimin, afinal, já havia visto que aquilo aconteceria, antes mesmo de saber que havia um vilashi no Instituto uma visão confuso de um garoto desconhecido se repetia com frequência lhe dando novos fios brancos, e depois, ao vê-lo em uma de suas aulas que sempre dividiam, pôde saber mais sobre Jimin e ter visões mais claras com o mesmo.

— Você está bem? — Jungkook questionou depois de organizar suas coisas.

— Estou. — Respondeu dando de ombros.

— Não se importa... — O mais novo foi cortado pelo olhar frio do amigo.

— Eu sei. — Murmurou e um vinco se formou em sua testa. — Eu sabia... Sabia o que ia acontecer, não me importo. — Declarou sentando-se em uma das poltronas.

Antes que Jungkook pudesse dizer mais alguma coisa o restante dos homens entraram já se arrumando em seus lugares, Akihito iria dirigir então sentou-se de frente para o painel acionando alguns controles moveis, o mais novo, por culpa da tensão que se instalou entre ele e Yoongi, se dirigiu para a poltrona ao lado do piloto e jogou-se ali com sua típica pose de rebeldia.

— Isso é irritante. — Akihito resmungou o olhando de lado enquanto levantava voo.

— Ah, é? — Jungkook fez pouco caso espremendo os olhos para tentar ver o veículo que Jimin estava, mas logo o perdeu de vista quando alcançaram mais altitude e a velocidade aumentou.

— O que pretende fazer quando tudo isso acabar e der certo? — O mais velho questionou fazendo com que o Dragão do Fogo congelasse por alguns segundos.

— Yoongi vai assumir o Parlamento. — Deu de ombros lembrando-se da conversa longa que tiveram e de como o Dragão da água relutava em aceitar aquilo. — Era para todos os Dragões se responsabilizarem pelo Parlamento, mas eu não concordo, Empédocles pertence a família Min.

— Mas e se ele não estiver lá para assumir essa responsabilidade? — Akihito o olhou seriamente.

— Bom, mesmo que eu esteja ajudando nessa guerra civil, imagino que serei muito impopular entre a população, então imagino que Hoseok ou Namjoon tomem conta disso tudo. — Comentou pensativo.

— Namjoon cuida do exército Kim desde cedo e Hoseok, bom, o Dragão da Terra anda muito envolvido com o príncipe mais novo de Mileto. — Disse terminando com um tom sugestivo.

— Por que parece que você está me encurralando? — Jungkook o olhou rindo levemente.

— Estou citando os fatos. — Deu de ombros virando levemente o volante do veículo. — Você deve estar preparado para qualquer empecilho, é seu dever como representante de Empédocles, honrar seu povo.

— Eu sei disso. — Balançou a cabeça sentindo-se irritado e pressionado. — Tudo isso não vai ser em vão, vou buscar por manter Empédocles bem quando tudo acabar. — Garantiu de forma que encerrasse o assunto.

— Estou confiando em você. — Akihito sorriu acolhedor e antes de voltar sua atenção para o céu já escuro pela noite lançou um olhar pesaroso para Yoongi que observava perdido a vista proporcionada pela pequena janela.

A calma se abateu sobre os três veículos que prosseguiam com rapidez e cautela, vez ou outra seus pilotos se comunicavam por PTT, mas fora isso ninguém mantinha um diálogo muito grande, era palpável a tensão que sentiam, muitos nem conseguiam pegar no sono e as horas correram daquela maneira, ansiosos e preocupados demais para descansarem. E quando Akihito se preparava para avisar que o caminho continuava livre pôde visualizar um ponto brilhante e conforme se aproximava ele ficava maior.

Enfim constatou que já estavam em Empédocles, a muito tempo aliás e não perdeu tempo em mandar um sinal de que deveriam diminuir a velocidade e então pegou o aparelho de comunicação.

— Temos um empecilho, Daewon, se prepare para sair. — Akihito avisou despertando Jungkook de seu pequeno cochilo.

— O que é isso? — O mais novo perguntou enquanto Yoongi se aproximava preocupado.

— Uma interseção. — Respondeu e então a segundo nave, na qual Jin e Namjoon estavam junto a mais pessoas, dirigiu-se para o lado deles.

— Estamos prontos. — Daewon avisou.

Com isso Yang Mi se aproximou cuidadosa quando percebeu a troca de olhares dura entre Heojun e Daewon ao que o segundo citado adicionou uma nova frequência ao comunicador, se manteve em silêncio enquanto Daewon trocava informações com Akihito pelo aparelho e percebeu Heojun delicadamente, sem querer chamar a atenção de qualquer outra pessoa no veículo, ativar um aparelho refletor.

— O quem foi isso? Nos perceberam! — Namjoon avisou irritado.

— Daewon, se disperse, agora! — Akihito mandou enquanto se preparava para tomar mais altitude quando recebeu um disparo.

Jimin se levantou arqueando a sobrancelha ao perceber o sorriso satisfeito que Heojun trocou com Daewon, alguma coisa estava errada, principalmente por terem descoberto que estavam ali daquela maneira, e era óbvio que a nova frequência adicionada por eles era a dos rebeldes que os atacavam, aquilo fez com que uma raiva incomum se apossasse do vilashi.

— O que vocês fizeram? — Indagou assustando tanto os dois garotos quando Yang Mi. — São idiotas? — Gritou irritado.

— O que está acontecendo? — A voz de Jungkook soou pelo comunicador assim que ouviu as palavras furiosas de Jimin.

Heojun virou o rosto para que ninguém pudesse ver, Taehyung se levantou cuidadoso ao ver que a situação não era nem um pouco boa, mas antes que pudesse fazer qualquer outro movimento fios verdes se prenderam ao seu pé e antes que pudesse gritar de dor sua boca foi tampada por uma mão desconhecida. Daewon desligou o comunicador assim que Jimin atacou Heojun com uma esfera relativamente grande, mas foi em vão já que este levantou sua mão rapidamente e seu almaki engoliu as chamas as dissipando.

Yang Mi foi imobilizada por um dos acompanhantes que Akihito havia sugerido, pessoas as quais ele depositava sua confiança. Não possuía o ambiente ao seu favor para usar seu almaki, e enquanto Jimin tentava manter uma disputa justa com Heojun e tirar Daewon dos comandos, a garota tentou lutar contra seu agressor, seu braço progetou-se para trás acertando uma forte cotovelada na costela do homem, conseguiu se afastar mordendo sua outra mão e quando tomou uma distância segura virou-se erguendo sua perna e acertando três chutes seguidos onde havia lhe dado a forte cotovelada.

O homem riu zombeteiro quando tossiu sangue e observou a pose defensiva da garota e aproveitou o momento em que Jimin foi lançado com força para os fundos do veículo por Heojun para atacar Yang Mi projetando fios verdes que se entrelaçaram por suas pernas, fazendo com que cedesse de joelhos, e logo por seu pescoço, a sufocando.

— Realmente dão trabalho. — O homem que havia imobilizado Taehyung reclamou ao que o garoto lhe chutou fortemente a perna o derrubando e acertando chutes em seu estômago com raiva. — Está na hora de descansar, vossa alteza. — Declarou com dificuldade ao que fez os fios verdes se entrelaçarem em seu pescoço e o sufocarem até perder a consciência.

Jimin se levantou com rapidez ao ver Heojun se aproximar de si com um sorriso de escarneio, observou Taehyung já desmaiado e Yang Mi ainda lutando para se manter acordada, mas estava se ar e não conseguiu se manter consciente. Levantou a mão direita formando uma linha flamejante na horizontal e então a segurou com força recebendo um olhar um pouco surpreso de Heojun.

— Parece que o Dragão te ensinou algo útil além de foder. — Debochou recebendo um trincar de dentes furiosos e uma investida forte.

O vilashi lhe acertou com o bastão de fogo em seu rosto e mesmo depois de sentir um dos fios verdes lhe apertarem as pernas, se forçou a acertá-lo com mais afinco e força, conseguiu uma investida forte o fazendo cambalear para o lado e se segurar zonzo em uma das poltronas, viu aquilo como uma chance para correr até o comunicador, Daewon estava um pouco distante e concentrado em pilotar o veículo, mas quando seus dedos apertaram com força o aparelho sentiu a ponta de algo afiado contra seu estômago e então aquilo entrou em si lhe retirando um grito alto de dor.

O aparelho deslizou de sua mão e bateu em um baque surdo no chão, desceu seu olhar para o ferimento reconhecendo a mão de Daewon, suas pernas tremeram e caiu de joelhos no chão, a respiração falhando, tossiu diversas vezes ao que o sangue passava a pingar em mais quantidade no chão, uma porção do líquido foi expelida por sua boca e tentou se levantar caindo agora de quatro, se segurando com dificuldade pelas mãos, a vista embaçando e a última coisa registrada foi o par de botas de Heojun que logo chocou-se com força contra seu rosto.

— Jimin está bem. — Daewon garantiu depois de ter certeza que o garoto estava inconsciente. — Estamos indo para o Instituto. — Avisou quando viu Jin se jogar do segundo veículo.

— Nos encontramos lá. — Akihito confirmou assim que Jungkook foi o próximo a seguir o amigo que se jogou.

Quando Jin viu aquele acampamento apenas aguardando para acabar com eles, a raiva pela perda dor irmão lhe atingiu com um soco, e depois de muita insistência conseguiu sair de lá, Jungkook vendo que a situação poderia se agravar mais decidiu por seguir o amigo. Pôde presenciar o momento exato em que Jin utilizou do segredo de família ensinado por Namjoon para produzir um relâmpago que queimou uma parte grande do acampamento.

O mais velho deslizou pelo ar com maestria, como se fosse o mesmo, e aumentou a velocidade dos ventos usando daquilo a seu favor, arrastou alguns rebeldes longe com a força empregada e pousou criando uma cratera no chão, usou do ar para correr rápida enquanto os acertava com socos e chutes e em muitos momentos os jogava uns contra os outros.

Jungkook pousou com dificuldade no chão, já que não possuía aquele almaki tão bom nesses momentos, criou rapidamente uma arma com seu almaki e enquanto queimava algumas barracas e suprimentos aproveitava para matar quem entrasse em seu caminho, diferentemente de Hoseok e Namjoon, os dois ali não consideravam nada, para eles a situação se baseava em algo bem maior, deixavam de lado toda a humanidade que possuíam para assumirem uma pose vingativa.

Hoseok surgiu minutos depois levantando grandes blocos de terra do chão e buscando por qualquer tipo de metal no solo, pulava de bloco em bloco esmagando alguns rebeldes contra os mesmo, jogava-se contra outros que tentavam subir até ele e cansou de criar crateras enormes ao cair novamente no solo. Mas acabou sendo acertado por um dominador do ar ao se distrair com Jin envolto de uma grande massa de ar aparentemente gelado, os olhos estavam completamente tomados por um branco brilhante e naquela madrugada movimentada aparentavam ser dois faróis acesos.

Não pôde se focar só naquilo ao ver Jungkook se deixar levar e assumir a consequência pura de seu almaki, sabia que aquilo os levaria a exaustão, deveria mantê-los saudáveis, por isso não pensou duas vezes em levantar um enorme bloco e sinalizar por ajuda, sendo prontamente atendido por Namjoon e Akihito, ambos correram respectivamente para Jin e Jungkook, o mais velho segurou o Jeon usando de seu almaki da água para chamar sua atenção.

— Controle-se. — Mandou irritado e recebeu um olhar debochado ao que pegou impulso em um pulo saltando em uma distância grande preparado para atacar mais rebeldes.

— Eles que estão no nosso caminho. — Deu de ombros ao ver Akihito criar paredões de água para não ser atingido pelos insistentes rebeldes.

— Temos que ir para o Instituto. — Avisou enquanto o empurrava levemente e recebeu outro empurrão de volta, mais violento.

— Não vamos brigar entre nós agora, não é mesmo? — Hoseok surgiu da terra assustando os outros dois. — Temos que aproveitar para sairmos daqui agora. — Avisou seriamente. 

Jungkook resmungou irritado e procurou Jin com o olhar vendo-o flutuar junto a Namjoon para o veículo, com isso se deu por vencido, mas antes espalhou uma enorme chama por todo o acampamento e quando o veículo que estavam planou a poucos metros de distância de si, Hoseok levantou um bloco de terra os levanto até lá.

— Espero que eles estejam bem. — Hoseok murmurou se referindo a Jimin e Taehyung.

— Claro que estão. — Akihito resmungou sentando-se em uma poltrona mais afastada. — Yang Mi está com eles, e Daewon e Heojun são de confiança. — Sorriu reconfortante.

Eles estavam a pelo menos duas horas de diferença dos outro veículo, já que Daewon tinha passagem direta sem se preocupar com os acampamentos que serviriam de empecilho para os outros. Ao nascer do sol, quando os prédios do Instituto foram visualizados junto a Rotas, Jimin acordou sentindo todo seu corpo dolorido, mas ao tentar se mover os fios verdes se apertaram mais ao redor de seu corpo o fazendo soltar um resmungo de dor e se obrigar a ficar quieto.

— Vocês terão uma grande plateia. — Heojun disse ao ver o garoto acordado. — A senhora Jeon tem grandes planos para sua vitória. — Sorriu confiante. 

— A família Kim não irá ceder um exército para ir contra seu próprio filho. — Jimin retrucou trincando o maxilar.

— É claro que não, eles s]ão sensatos. — Daewon sorriu presunçoso.

— Mas como você acha que Taehyung possuiu almaki se não houve ninguém de Mileto que desenvolveu anteriormente? É óbvio que ninguém desenvolveria naturalmente. — Heojun questionou desafiador. — Seu querido amigo serviu de ratinho de laboratório. 

— O que? — Jimin arregalou os olhos surpreso.

— Aquele gato que andava com ele é a prova viva de experimentos feitos com pessoas em Mileto. — O garoto de cabelos azuis deu de ombros ao que finalmente pousou o veículo aéreo no enorme pátio do Instituto lotado de alunos obrigados a estarem em posição de sentido.

— Espero que se divirtam. — Heojun murmurou ao que abriu a porta e puxou Yang Mi que acabava de recobrar a consciência para fora.

Daeweon levantou-se trazendo Taehyung consigo para fora e minutos depois, de completo silêncio, Heojun retornou e puxou Jimin consigo, o forçando a se prostrar de pé e o empurrou com força para fora sabendo que o mesmo não teria como se amparar e cairia no chão. Puxou-o pela camiseta e o arrastou até um palco feito de improviso no enorme pátio onde Taehyung e Yang Mi já estavam. Os alunos não levantavam o olhar nem para uma pequena espiada, alguns choravam silenciosamente ao sentirem os fios verdes lhe apertarem os calcanhares e sugarem seu almaki.

— É bom termos a ilustre presença dos nossos revoltosos aqui conosco. — A voz da Senhora da Capital do Fogo ecoou pelo ambiente. — Olhem para eles, meus alunos. — Mandou ameaçadora e todos levantaram os olhares para as três figuras machucadas e agredidas. — Eles estão caindo cada vez mais, e hoje ainda teremos um grande momento de diversão. — Sorriu de maneira estranha e passou a rir.

Jimin olhou para Taehyung que mantinha um olhar chocado na direção dos prédios do Instituto e quando seguiu seu olhar pode ver milhares de homens com os uniformes de Mileto, todos em posição de sentindo, enquanto o rei andava calmamente entre os batalhões, alguns levavam aquelas armas usadas contra si, então ficou claro que de onde o príncipe havia vindo aquelas armas também vieram.

— Aquele é o Shion? — Yang Mi questionou em um fio de voz.

O gato se esgueirava pelos cantos sem ser notado, era óbvio que não deveria estar ali, e Taehyung sorriu abaixando a cabeça e se permitindo chorar silenciosamente, seu coração explodia em emoção, sabia que ele nunca lhe abandonaria, sabia que seria protegido.

— Eu sabia. — Soluçou sem ser notado. — Ele nunca iria me decepcionar. — Garantiu.

Jimin levantou o olhar para o céu que clareava-se aos poucos, e em silêncio se permitiu manter a esperança de que os outros logo chegariam e lhe ajudariam. Porque ele sabia que ao redor daqueles muros imponentes milhares de vilhashis e moradores da Cidade da Meia Noite se preparavam para um confronto, aquele que poderia dar fim no regime abusivo criado pela Senhora Jeon, ou simplesmente ser inútil e os derrubar ainda mais. Mas ele queria acreditar e iria.