Dia 20
15:50
Me senti em uma corrida contra o tempo. Meu corpo todo ansiava para achá-la.
Peguei um trânsito que me atrasou bastante, mas o circo estava formado, as pessoas já encaravam a menina prestes a se matar.
Observei aquele imenso prédio e entrei correndo nele. Em questão de segundos, vi no quadro o sobrenome de Alice e fui até lá. Os seguranças começaram a me perseguir, mas eu não me importei. Eu ainda tinha 10 minutos.
Abri a porta e vi a janela aberta, logo os primeiros pingos de chuva caíam.
Me esquivei na janela e vi o cabelo azul dela. Uma saia rodada e uma blusa, ambas preta. Apenas o All Star dela era azul, ela estava linda. Linda e prestes a se matar.
Respirei fundo, procurei por fôlego e calma.
Eu vi ela parada na chuva. Estava lá, pronta para finalizar tudo. Nisso eu comecei a sair da janela. Desafiei minhas condições físicas e emocionais por... ela.
Cheguei perto o suficiente para conseguir gritar, chamando a atenção dela.
— Não faz isso! — disse baixo.
— Você pode ser Lana Del Rey, Brendon Urie, Zayn Malik, até o Cellbit, isso não vai me impedir — disse transtornada.
— Bem, sou Rafael Lange, sua esperança — sorri. Ela permaneceu parada. — Você não vai fazer isso. Eu não vou deixar.
— Você... Oh, como assim?
Então ela se segurou. As pessoas permaneciam na chuva para olhar o que se passava.
Os bombeiros já haviam chegado e um policial pedia para que eu voltasse. Continuei a andar até chegar nela.
— Seu notebook. Eu li tudo.
— O quê?! — ela disse abismada. Estava ficando escorregadio por conta da chuva. Parei ao lado dela.
— Não vai. Eles não merecem isso.
— Claro que merecem — rugiu, quase caindo. Observei em direção ao chão e uma rede de proteção estava quase formada, precisava enrolar mais alguns minutos. — Eles merecem a dor de saber que são culpados por tudo.
— Sua vida vale muito mais do que a dor que eles sentiriam. Fica comigo, Ali.
— Não... — hesitou.
— Certo, eu vou com você — falei, soltando minha mão da parede e segurando na dela.
— Não. Você é amado, Cellbit.
— Mas eu sou o Rafael Lange também e eu não posso perder você.
— Você nem me conhece — retrucou.
— Você disse muito mais do que imagina. Inclusive, sei que ninguém lembrou, mas feliz aniversário.
Ela travou.
— Não, ninguém me ama — ela gritou e soltou uma das mãos da parede. — Eu já desisti antes de você aparecer, não existe esperança, não existe milagre, ninguém vai me salvar.
— Eu vou te salvar! — gritei, segurando a mão solta dela antes que ela se atirasse.
A última coisa que senti antes de fechar os olhos, foi meu corpo quebrando a resistência do ar, sem soltar a mão da miúda Alice.
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