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História Encantamento - O Que Foi Deixado Para Trás


Escrita por: Bico_Sugarado

Notas do Autor


Demorei mas voltei.
Aish... o capítulo não está como eu queria que estivesse, mas estava agoniada sem postar e tô completamente sem tempo de organizar.
Então, é o que temos para hoje.

ESQUEÇAM TUDO O QUE VOCÊS SABEM SOBRE SEREIAS E ENTREM NO MUNDO DA HISTÓRIA, OK?
Foi uma copilação de lendas que eu fiz e mais uma pitadinha de doidices da minha cabeça.

Esse deveria ser o último, mas realmente não deu pra sintetizar em apenas três capítulos.
Acredito que serão no máximo mais dois pra terminar.
Agora vão ler. :*

Capítulo 3 - O Que Foi Deixado Para Trás


Fanfic / Fanfiction Encantamento - O Que Foi Deixado Para Trás

O convite deixou Adhara meio receosa, não sabia se podia realmente confiar naquele rapaz, mais ainda por saber que aparente não tinha tanto poder sobre ele, ou talvez poder nenhum. Isso era assustador, o desconhecido era absurdamente assustador. Nunca imaginou que algo como aquilo podia acontecer, muito menos sabia como seria dali para frente como uma humana comum. Passara a vida desejando uma realidade diferente, mas agora que a tinha não sabia o que seria de si e foi exatamente por isso que decidiu confiar e seguir aquele que havia resistido a sua mais forte arma.

– Sim, vamos. – respondeu devolvendo a toalha com que secava os cabelos vendo o outro pegar e pousa-la ao redor do pescoço enquanto tinha a mochila nas costas e segurava a rede enrolada em um dos braços. 

– Pode mesmo andar sozinha? – como resposta recebeu um aceno afirmativo, mas não via muita certeza em sua expressão, então estendeu lhe o braço livre oferecendo como apoio. – Se quiser mais segurança pode agarrar meu braço.

Taehyung sorriu quando ela envolveu seu braço timidamente com as duas mãos ao invés de entrelaçar ambos os membros como esperava que ela fizesse. Depois de corrigi-la, saíram de braços dados em uma vagarosa e silenciosa caminhada mata a fora pela trilha em direção à cidade.

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Morar sozinho sempre foi um sonho para Taehyung, há alguns anos transformou-se em uma meta, e há dois meses se tornou realidade. Foi impossível evitar imaginar a confusão que seria levar uma garota sem família, sem lugar pra ficar e quase nua por que tinha acabado de deixar de ser sereia para casa enquanto ainda morava com os pais. Pensar nisso despertou em si um sentimento de realização por ter trabalhado e conseguido sua independência e também por não ter que explicar essa situação louca para ninguém.

– Bem vinda a minha casa. – pensou em completar com algo do tipo "é bem simples, espero que não se importe", mas achou que ela não teria de fato uma ideia do que era uma casa simples ou sofisticada.

– Obrigado. – ela varria os olhos por todo o lugar, analisando cada coisa, mas não conhecia absolutamente nada. – É tão diferente... Acho q você vai ter me explicar o que são essas coisas...

– Não se preocupe com isso, vai aprender tudo aos poucos. – ele achou adorável a forma com que ela passava a mão no couro do sofá, como se ele pudesse atacá-la se não fosse cuidadosa. – Isso serve para se sentar. Chama-se sofá.

– S-so... Fá... Sofá... – repetiu e seguiu Taehyung que sentou em demonstração. – Não é como uma pedra, é macio... É bom.

– É sim. – Ele riu vendo ela levantar um pouco e sentar novamente várias vezes seguidas testando a maciez. Pensou em compara-la a uma criança curiosa descobrindo algo novo, mas seria errado demais pensar nela assim enquanto reparava nas belas pernas que tinha. – Hann... Fique aqui enquanto eu volte. Vou procurar algo melhor pra você vestir e me trocar também.

Levantou-se e foi até o quarto, logo parou em frente ao guarda-roupa observando o interior até decidir o que pegar. Escolheu uma calça folgada preta e uma camisa simples para si e para ela separou um short de elástico que tinha guardado e uma camiseta sem mangas que há algum tempo ficara apertada, deixou-as em cima da cama para que pudesse se trocar. Já havia se despido quando lembrou que não estava sozinho, portanto deveria usar uma cueca, então se curvou para abrir a gaveta e pegar uma delas.

– Você fica mais bonito assim nu. – o susto fez Taehyung cair sentado no chão. Adhara estava parada na porta e segurava na mão a camisa que usava antes. – Acho que fico mais bonita sem isso também.

– O-o que... – Capturou qualquer peça, levantou se cobrindo com uma mão e virou de costas para vestir a cueca rapidamente enquanto se xingava mentalmente por ter confiado e deixado a porta entreaberta. Em seguida começou a colocar a calça. – Aigoo, eu pedi para que ficasse lá.

– Sinto muito, eu fiquei curiosa sobre para onde você tinha ido. – a garota disse e ele virou para ela novamente. Deparou-se com uma expressão de culpa inocente, de quem acabara de saber que havia feito algo errado, e isso, somado ao fato de que ela estava completamente nua, acendeu uma faísca de desejo no rapaz.

Quando deu por conta do rumo que seus pensamentos, inconscientemente, tomaram, desviou olhar dela e pegou as roupas em cima da cama.

– Tome estas. Acho que vão servir por enquanto. – Adhara timidamente adentrou alguns passou e as recebeu com uma cara de desgosto.

– Tenho mesmo que usar isso? – depois de ouvir um "sim" analisou uma peça de cada vez. Uma, a camiseta, era parecida com a outra que ela tinha tirado então não houve muitos problemas em colocar, mas a outra peça ela não tinha ideia de como funcionava. – Eu não sei botar isso em mim. Me ajuda, TaeTae?

Taehyung não pôde disfarçar nem a surpresa nem o sorrisinho que brotou no rosto ao ter ouvido pronunciar seu "nome" pela primeira vez de um jeito extremamente fofo com um biquinho formado nos lábios.

– Claro, vou tentar explicar e depois você faz sozinha, certo? – Adhara acenou em concordância e concentrou sua atenção nele que afastava a grande abertura revelando duas aberturas menores. – Você tem que colocar uma perna em cada buraco e depois subir até o quadril. Separe esse jeito, se abaixe um pouco pra conseguir passar a perna.

Adhara fez tudo como havia sido ensinada com sucesso, ela era bem esperta e aprendia fácil, só teve ajuda de seu instrutor para dar uma arrumadinha final no short que havia ficado um pouco torto.

Ambos estavam enfim devidamente vestidos, o rapaz bem mais confortável e a moça achando estranho, mas pensou que talvez pudesse se acostumar com o tempo.

– O que vamos fazer agora? – ela perguntou olhando ao redor do quarto.

– Vou secar seu cabelo direito, ainda deve estar úmido. Amanhã te ajudo a lavar pra tirar o sal. Senta aí. – disse apontando para a cama e foi pegar o secador.

– Isso também é um... sofá? – sentou-se afundando no colchão.

– Não, isto é uma cama. Usamos principalmente pra deitar e dormir. – conectou o secador na tomada, ligou e começou a secar os próprios cabelos primeiro. Notou que Adhara sorria enquanto lhe observava e por alguns instantes se perdeu no que fazia ao vê-la sorrir.

– Isso é engraçado. Seu cabelo bagunça todo. – ela não conseguiu controlar a risada quando ele passou a fazer movimentos e expressões ainda mais engraçadas enquanto os fios castanhos esvoaçavam para todos os lados. Adhara se sentiu tão bem com aquilo, há muito tempo não ria daquele jeito, não tinha nada que lhe fizesse gargalhar desde que passou a viver sozinha.

– Agora é a sua vez. – ele percebeu a aflição dela, provavelmente pensou que teria que imitá-lo e realizar a tarefa por si mesma. – Não se preocupe, eu faço isso pra você. O ar é um pouco quente, não se assuste. – caminhou até a cama e sugeriu que ela subisse totalmente deixando as pernas em cima e virada para o outro lado, ou seja, de costas para ele que estava ao lado da cama.

Dessa forma ela ficava de frente para o espelho da cômoda e podia ver seu reflexo e o de Taehyung atrás de si. Ambos riam durante todo processo por causa do Tae que continuou a fazer as brincadeiras enquanto os longos fios negros dela balançavam para lá e para cá. Ao terminar, Taehyung pegou uma escova e se pôs a pentear os cabelos dela com calma.

– Acho que eu ainda era criança quando tive meus cabelos penteados por outra pessoa.– o rapaz identificou certa tristeza na fala dela. – Não tenho isso desde que minha mãe deixou que eu mesma o fizesse.

Foi só então que Taehyung parou para refletir que ela podia ter deixado para trás muito mais que sua cauda, talvez uma família, amigos; que se esqueceu de tentar mensurar o quão humana ela poderia ser enquanto era uma sereia; que acabara não ligando o suficiente para como ela poderia ter se sentindo sem chão quando aquilo aconteceu. "E aconteceu por minha causa. Não sei de que forma, mas foi culpa minha." Ele pensou e se sentiu muito mal por isso, então decidiu que faria de tudo para que ela ficasse bem.

– Você tem família... Hann... Lá no mar? – ela tinha os olhos fechados aproveitando o afago no cabelo quando ele perguntou.

– Tenho. Tinha na verdade. – respondeu se mantendo do mesmo jeito que estava. – Não os vejo já faz tempo. Fui embora depois de uma briga séria com meu pai. A colônia dos sereianos não era lugar pra mim.

– Então há homens também. – disse mais para ele mesmo que para ela, como uma conclusão. Terminou de pentea-la e passou a escova de forma ágil arrumando seu próprio cabelo. – Por que não? Aahh... Desculpe, não quero ser invasivo, mas gostaria de saber sobre você se não se incomodar.

– Você merece saber sobre mim, mas acho que vai me repudiar quando souber quem sou. – ela sentiu seus olhos arderem e marejar.

– Quem você era. - deu ênfase na última palavra. – Eu vou tentar te entender, afinal você não teve escolha de ser quem era, ou teve?

– Não. Eu nunca escolheria isso. – Adhara virou-se de frente para Taehyung e deu um suspiro antes de começar a se abrir. – Eu não sei o que pensa sobre sereias, mas se não fugiu quando me viu no rio então não sabe que somos... que os sereianos são monstros.

– Eu nunca me liguei muito em lendas. – ocorreu-lhe de repente que ela poderia se ofender com o que disse porque soou como se ela não fosse real. – Você sabe que é lenda para nós, não é? Bem, não para mim agora. – riu meio sem jeito coçando a nuca. – Mas ninguém ainda conseguiu realmente provar que sereias existem, só há histórias e são diferentes umas das outras.

– Eu entendo. As sereias apenas aparecem para um humano quando ele é uma presa. – ela recebeu um olhar como se questionasse se ele realmente havia entendido certo ou se era aquilo mesmo que ela queria dizer. – Sim, nos alimentamos deles. Quer dizer...  Aahh vai ser difícil não me incluir.

– Tudo bem, não dá pra se acostumar de uma hora pra outra. – ele tentava não transparecer que ficou um pouco assustado com o fato de que sereias comem humanos. "Ela pretendia me matar e me comer quando me observava?" Tratou de enxotar a ideia o mais rápido que pôde, não aceitava cultivar esse pensamento.

–Bem, geralmente são as fêmeas que caçam até porque no mar se tem mais homens que mulheres navegando, os machos governam e resolvem os assuntos da colônia.

– Então, não gostava de ser sereia? Foi por isso que brigou com seu pai? – deduziu o jovem.

– Eu não entendia como ninguém se sentia mal em tirar vidas. Desde que comecei a perceber o que fazíamos eu questionei, questionei muito e as respostas que recebia eram apenas: "essa é nossa natureza", "é assim que tem que ser e não há outro jeito", "apenas aceite ou você não vai viver. Vai morrer de fome, Adhara". Eu não aceitava de jeito algum. A cada homem morto eu só imaginava que poderia haver uma família esperando ele voltar, e que esperaria eternamente sem uma resposta certa, sem nunca saber o que aconteceu de fato.

Os olhos dela transbordavam e a voz tremia enquanto falava, os de Taehyung começava a se encher de lágrimas ao ouvi-la, era impossível para ele, um homem com considerável sensibilidade, não se comover com aquilo. Ele tomou suas mãos e permaneceu segurando-as a fim de lhe transferir forças para continuar a falar.

– Era apenas eu contra todos os outros, não havia ninguém pra me apoiar, nem minha mãe e menos ainda meu pai, ele não suportava a ideia de ter uma filha diferente e revoltada. Não havia mais sentido eu continuar ali, eu não me encaixava e só me desgastava, decidi ir embora quando ele me rejeitou como filha. Mas viver sozinha não mudou muita coisa porque continuei sendo uma sereia e tendo que matar pra me alimentar, eu tentava lutar contra isso, mas a fome acende a maldição e nos transforma. Eu nunca vou deixar de me sentir culpada, nunca. Vou lembrar todas as barbaridades que já fiz até que eu morra.

Taehyung não conseguia raciocinar muito bem, não sabia exatamente o que dizer para ela, mas ao vê-la chorar e soluçar daquela forma lhe partia o coração e doía demais. O aperto das mãos não era mais suficiente, então a puxou para seu peito e a abraçou sentindo as lágrimas molhando a camisa que vestia, afagou-lhe os cabelos e deixou um beijo na testa alheia.

– Você não era o monstro que pensa que era, Adhara. O seu coração, os seus sentimentos e as suas atitudes provam que você é melhor do que sua condição de vida lhe fazia. Agora isso tudo ficou pra trás, passou e você não está mais sozinha, eu estou do seu lado a partir de agora.

Adhara apertou o corpo do outro contra o seu. Nunca havia tido tanto contato físico com alguém e aquilo pareceu absorver lentamente a dor que sentia. O que ouviu do homem que lhe regastou daquela vida aqueceu seu coração e sentiu que não teria o que temer da vida nova se ele estivesse consigo.

– TaeTae, o que estamos fazendo? – ela perguntou depois de se acalmar e parar de chorar.

– Estamos nos abraçando. – ele tentou se afastar um pouco para olhar seu rosto, mas ela continuou com a cabeça grudada em seu peito. – O que você acha disso?

– Eu preciso que me abrace sempre, todos os dias. – a voz soava doce, baixa e arrastada como se tivesse prestes a dormir.

- Eu vou te abraçar sempre, eu também preciso disso. 


Notas Finais


Perdoem os erros e até quando der pra eu voltar. kkkk
Sejam pacientes comigo e me digam o que estão achando, please.
^^


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