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História Enchanté - Deeper and Deeper


Escrita por: AnnaWrou

Notas do Autor


GIF de HOJE: ❤️❤️ Lick & Hivy ❤️❤️

💠💠Título do capítulo: Mais profundo e profundo.💠💠

Boa leitura <3

Capítulo 23 - Deeper and Deeper


Fanfic / Fanfiction Enchanté - Deeper and Deeper

 

 

Antes de me dar conta, ela colocou as mãos em meu rosto e puxou-me para junto de si, colando os nossos lábios.

Não pensei nem por um segundo em resistir...

Senti um arrepio de prazer pelo corpo, que se intensificou quando ela movimentou seus lábios nos meus junto à língua…

Ergui calmamente o meu rosto e sussurrei em sua boca:

-  ...tem certeza…?

Seus olhos brilharam com um misto de desafio e de satisfação.

- ...espero que sim… — E nossos lábios encontraram-se novamente.

Nossas línguas se enroscaram, e as minhas mãos subiam e desciam por suas costas…

Há muito tempo uma mulher não despertava tantas emoções em mim. Beijá-la era como chegar a um oásis após uma longa caminhada pelo deserto.

A sensação era estonteante, mas também apavorante. Por que bem no fundo do meu coração, onde a razão ainda estivera presente, uma voz me dizia que tudo era bom demais para ser verdade.

Perdido totalmente em suas carícias e beijos, comecei a desejar que Libby fosse outra pessoa. Uma com quem eu pudesse me relacionar... e não essa que acabara de cair em meu esquema irrevogavelmente cruel.

 

 

 

 

               Não importa o quanto você foi longe no caminho errado. Volte para trás. Volte atrás.

 





 

Libby

 

Abri os olhos e, lentamente, tomei a consciência de estar dentro de um redemoinho.

Entretanto, o turbilhão não estava do lado de fora, e sim do meu lado de dentro.

Rick estava agarrado à mim.

Não abraçado à mim, ou simplesmente dormindo ao meu lado, ele estava inegavelmente agarrado ao meu corpo.

Isso fez com que me sentasse na cama, com a estatura rígida e alerta. O grito que surgiu em minha garganta foi abafado por um forte tapa que dei em seu rosto fazendo-o despertar rapidamente.

- Au! — Me olhou assustado. — Está louca?! — Perguntou-me com a mão onde lhe dei o tapa.

- Eu exijo que me diga agora o que aconteceu aqui! — O pânico e a constatação do que poderia ter acontecido ali foi me invadindo totalmente.

Ele esfregou os olhos tentando espantar o sono que ainda sentia, e aproveitou para observar-me com cuidado.

- É o que parece, não acha? — A expressão em seu rosto dizia o quanto ele estava se divertindo.

- NÓS TRANSAMOS, IDIOTA? — Dei um pulo da cama.

- Por Deus, senhor, está tudo bem aqui...? — Disse uma senhora entrando com tudo pela porta do quarto.

- NÃO ME DIGA QUE TRANSAMOS, MANÍACO! — A risada que saiu dele deixou-me ainda mais irada. — Ora seu… — Voei em cima dele socando-o no peitoral, porém ele me prendeu entre seus braços.

Os olhos da senhora se arregalaram assombrados:

- Meu Deus, o que que eu faço?? — Ela uniu suas mãos sobre o peito.

- Só saia daqui, Giulietta… não quero que presencie isso. Pode ir — Ele disse tranquilamente enquanto eu tentava soltar-me.

- Maldito seja você, Sanders! — Consegui me desvencilhar e o empurrar longe.

- Já está mais calma...?

Com um rolar de olhos e um suspiro irritado, sentei-me na cama levando as mãos entre os cabelos.

- Eu só quero saber o que aconteceu! É pedir muito?! — Pedi com a cabeça à mil.

Ele fitou-me em silêncio por alguns segundos e então franziu a testa.

- Está querendo dizer que não se lembra de nada...?

- Estou querendo dizer que não sei nem quem eu sou, idiota! — Retruquei massageando a minha cabeça, devido aquela maldita dor. — Como me chamo? — Ele ergueu uma sobrancelha.

- O que diabos está havendo com você? Não é hora para brincadeiras, Libby.

- Você me chamou de Libby. — Ressaltei. — Estranho, esse nome me parece familiar...

- É evidente que esse nome lhe parece familiar, garota, é o seu nome. Será que ficou louca?

- Só não sei quem eu sou.

Ele passou a mão pelos cabelos.

- Pelo amor de Deus, Collins, você está falando sério?

Apenas fiz que sim com a cabeça.

- Se tudo isso é pelo que acha que aconteceu, acalme-se. Nós não transamos. — Hesitante, fitei-o com os olhos firmes em seu rosto. Se ele estivesse mentindo, eu iria descobrir. E se aquilo não passasse de uma mentira, eu o mataria. Lentamente.

- Então por que me fez pensar que sim?

- Eu não a fiz pensar, você que já foi pensando.

- Você é mesmo desprezível... — Resmunguei apertando o lençol entre meus dedos.

E antes que ele pudesse rebater alguma coisa, ouvimos uma batida na porta do quarto.

- Senhor. O café já está servido.

- Graças a Deus, estou faminto. — Ele disse pegando o rumo da porta. — Vamos.

- Eu não quero ir a nenhum lugar com você. — Ele rolou os olhos e respirou fundo como se procurasse calma.

- Saiba que o cemitério fica muito longe daqui. Venha logo ou morrerá de fome à míngua. — Sem olhar para ele, levantei-me da cama e segui o caminho em direção a porta. — Sabe que existe uma senha? — Ele apareceu à minha frente e a vontade que eu tive foi de jogá-lo pela janela do quarto.

Na defensiva, franzi a testa, confusa, e também perturbada com a nossa aproximação.

- Então? Qual a senha para passar pela porta...?  

- Vá tomar no seu…

- Pode sair. — Deu-me passagem.

Sorri-lhe mais do que satisfeita, deixando-o para trás com a cara feia e emburrada.

Logo ele atravessou a sala, e sentou-se na cadeira olhando-me com uma expressão estranha no rosto ao me ver ainda parada.

- O quê? — Ele disse dando uma mordida em seu sanduíche. — Ficará em pé? Ou também se esqueceu que uma cadeira foi feita para sentar?

- Grosso. — Sentei-me à mesa.

Ele começou a servir-se do suco e de alguns salgados que haviam em cima da mesa.

- Por que não chama Giulietta para tomar café conosco?

- Ela não gosta. É acostumada a comer sozinha

- Você por acaso já a perguntou para saber se ela não gosta?

- Não.

- Então como sabe se ela não gosta?

Ele esfregou as mãos pelo rosto.

- Você não consegue se controlar, não é? Será possível que nem para comer você se acalma?  

- Vai chamá-la ou não? — Coagi inexpressiva.

Um sorriso forçado surgiu em seus lábios.

- Se isso irá fazê-la se calar, vou!  

- Ótimo. — Meneei a cabeça demonstrando satisfação com sua resposta.

- Giulietta — Ele a chamou em seguida. — Venha até aqui, por favor

- Sim, senhor — Ela rapidamente apareceu.

- Já comeu? — A perguntou e ela negou com a cabeça. — Sente-se à mesa conosco. — Seus olhos arregalaram-se surpresos.

- Oh, isso é, eu…? — Atrapalhou-se ela e o sorriso dele ficou ainda mais largo. Deixei-me admirá-lo por alguns segundos. Por Deus, era mesmo só o que me faltava!

- Sim. — Ele confirmou. — Tome café conosco, não gostaria?

- Sim! — Seus lábios pronunciaram tão seguros, que singelamente sorri de seu entusiasmo, sem querer que parecesse gozação.

- Então sente-se — Apontou-lhe a cadeira.

Ela sentou à mesa e com um suspiro lhe falei:

- É um prazer conhecê-la, Giulietta. — Ela sorriu-me simpática. — Eu sou… — Fiz uma pausa confusa.

- Libby. — Rick facilitou as coisas. — O nome dela é Libby, Giulietta — Explicou ao sorrir para ela e logo em seguida me encarar com ceticismo e espanto.

Dando um suspiro resignado mordi o meu croissant, desviando nossos olhos, ignorando-o.

Tal situação seria cômica, se não fosse trágica, eu ainda não sabia bem quem eu era...

Começamos a comer em silêncio, mas logo estávamos falando amenidades.

Até que fui surpreendida por ela.

- Você namora, querida?

- Não… e estou pensando em converter-me ao celibato. — Assim que declarei, Rick engasgou-se com o suco, derramando boa parte da bebida em sua camisa branca.

Ele ergueu o rosto e me olhou surpreso.

- Está sendo sincera? — Perguntou-me entre tosses.

- Eu sempre sou sincera, me desculpe se isso o incomoda.

Ele não teve outro jeito a não ser sorrir.

- Então prefere adiar nosso casamento? — Um sorriso malicioso brincava em seus lábios.

Encarei-o com os olhos semicerrados.

- Nem morta eu me casaria com você. — Retruquei ácida e Giulietta estava confusa, mas olhando-nos com bom humor. — Nem que fosse o último homem sobre a terra!

- Como pode me dizer isso depois de ontem a noite? — Repreendeu-me suavemente.

- Sabe muito bem, seu demônio, que eu estava bêbada!

- Minha cara, não tente negar o óbvio — Olhei em outra direção fingindo não tê-lo ouvido. — Ignorar-me não irá fazer o seu coração parar de disparar. — Virei-me para ele, furiosa.

- Por que não vai se ferrar?! — E sentindo uma raiva incontrolável, principalmente porque ele tinha razão, levantei-me da mesa.

Sem se abalar por meu gesto, ele também levantou-se.

- Com licença, damas, preciso trocar de roupa.

Esperei pelo momento que ele sumisse da sala e voltei meu olhar para a governanta, que permanecia calada.

- Peço desculpas, Giulietta. Acho que deixei-me levar pelas emoções

- Não posso culpar a senhorita — Ela piscou para mim.

- Ele é sempre irritante assim?

- Na verdade ele é um gentleman. — Senti vontade de gritar o quanto ela estava enganada.

Então com um sorrisinho de canto sentei à mesa e fiz companhia para ela que ainda comia.

- Giulietta. — O embuste voltou pra sala. — Por favor, passe aquela minha camisa cinza com botões pretos, para mais tarde. Tenho uma reunião importante e ela me traz sorte. — Subitamente minha cabeça foi atingida por um flash de memória.

- Você estava com essa camisa na noite em que nos conhecemos — As palavras saltaram da minha boca deixando-o sem resposta diante de sua expressão de espanto e apreensão.

- Pensando bem, Giulietta, passe a minha camisa azul marinho. Essa me traz mais sorte. — Disse saindo.

Rolei os olhos prendendo um sorriso.   

- Ele gosta de você. — Ela disse e meu coração deu um salto.

Olhei-a interrogativamente.

- Não gosta nada — Neguei, neguei e neguei!

- Tá certo — Declarou com ironia.

- Ora, mas Giulietta! — Não escondi minha vergonha e constrangimento.

- Desculpe-me senhorita, mas acho que o conheço há mais tempo — Isso eu não tinha o que discutir.

Olhei dentro de seus olhos.

- Acha que ele gosta mesmo?

- Ele teria que estar morto para não gostar da senhorita.

A surpresa fez com que eu demorasse um pouco a entender direito o que ela dissera.

- Vou pegar uma escova de dentes para você. Eu sei onde ele as guarda — Virando a cabeça, assenti.

E quando ela voltou à sala, recebi a escova e caminhei até o banheiro dos hóspedes.

Escovei os dentes, penteei meus cabelos com os dedos mesmo e voltei para o quarto que havia dormido para pegar os meus saltos.

- Se organize. Eu vou te levar pra escola — Meus olhos se arregalaram quando senti sua presença.

- Não preciso de carona. Posso pegar um táxi, a cidade está cheia de taxistas.

- Estou certo de que com esse humor você assustará a todos — Ao ouvir sua zombaria, minha raiva chegou ao extremo e saí do quarto a passos furiosos. — Não faça assim, espere, eu — Ele disse ao vir atras de mim, com certa dificuldade em desviar das almofadas que eu jogava em sua direção. — Pare com isso, para, chega! — Ele abraçou minha cintura com os dois braços contendo-me.

Não estava preparada para enfrentar o magnetismo daquele homem! Sentia-me indefesa naquele momento. Respirando com dificuldade e sentindo meu corpo amolecido.

Mas, como sempre, superaria esse estado.

- Se importa em me soltar?

E sem dizer uma palavra, ele soltou-me, mantendo os olhos nos meus.

- Agora adeus! — Proferi repentinamente.

- Fique à vontade, não a estou segurando mais. — Rebateu sarcástico.

- Tenha um bom dia! — Declarei, irritada com a sua indiferença, não admitindo as sensações contraditórias que no momento me invadiam.

Mas ao chegar na porta do apartamento, algo me ocorreu.

Eu não tinha dinheiro.

Recusei-me a virar de volta, mas dessa vez eu teria que engolir o meu orgulho.

- Preciso de uma carona — Assumi suavemente.

Seus olhos me mediram por alguns segundos, numa viagem que fazia com que o meu coração batesse mais rápido.

- Okay, eu a levo. Mas antes arrume essa bagunça. — Apontou para todas as almofadas jogadas.

Rosnei por dentro, porém por fora não me deixei abalar e comecei a juntar uma por uma.

- Agora vamos. — Concluiu satisfeito. — Até mais tarde, Giulietta.

Também despedir-me dela e saímos os dois pela porta.

Descemos no elevador enquanto eu tentava manter minha cabeça fora daquele assustador cubículo — ainda mais acompanhada de quem estava.

Passamos pela área restrita até o estacionamento, onde já havia um carro nos esperando.

- Bom dia, Alfred. — Disse Rick.

- Bom dia, senhor. — Entramos no carro.

- Leve-nos até a Regent School, por favor.

O motorista apenas assentiu e começou a dirigir o carro.

Depois de longos minutos em silêncio, Rick suspirou ao meu lado e passou seus braços ao redor da minha cintura.

- Não acha que mereço um beijo de bom dia? — Ele inclinou a cabeça sedutoramente.

- Como ousa! — Eu apenas tentava empurrá-lo. — Tarado! — Proferi e ele riu negando com a cabeça.

- Pretende me processar por assédio sexual?

Infelizmente não tinha pensado em tal possibilidade.

- Gostaria de poder eliminar esse sorriso cínico de seu rosto...!

- Experimente — Retrucou.

Minha mão voou no ar, mas ele a agarrou antes que atingisse o seu rosto.

- Me solta!

- Para aceitar a sua bofetada? Pensa que sou tolo? — As palavras vieram-me na ponta da língua, mas antes que pudesse responder, sua outra mão tampou minha boca.

E observando os meus olhos, seus dedos começaram a correr delicadamente por meu rosto, acariciando-o.

Não entendia minha reação às suas carícias. Detestava-o, mas era incapaz de controlar meus instintos quando ele me tocava.

Eram chamas que subiam de um abismo desconhecido como uma explosão química entre nós.

Seus olhos eram misteriosos e profundos, senti que quase me afogara neles, quase. Ainda restava um mínimo de bom senso em meu ser. Então antes que pudesse sucumbir a mais uma tentação:

- Quer tirar suas mãos de mim? — Esquivei-me daquele contato ao notar o carro parando.

- Você diz isso com tanta convicção. Que pena que está mentindo. Você deixou muito claro ontem que gostava de sentir minhas mãos em seu corpo

- Você nunca mais irá tocar em mim. — Proferi-lhe, mesmo sentindo o coração bater violentamente.

- Sabe que muitos homens levariam isso como um desafio, não?

- Você é muito inteligente para isso. — Disse antes de soltar-me e abrir a porta do carro.

- Vamos ver, Collins. — Avisou-me. — Não sou homem de ceder sem lutar.

Seu tom arrogante irritou-me ainda mais.

Bati a porta do carro com toda força e atravessei os portões de ferro da escola.

Ao me ver entrar irritada e apressada pelos portões, Cait quis saber:

- Ei! — Ela se meteu à minha frente, assustando-me. — O que há de errado com você?

- Não dormi bem.

- Mesmo com aquele bonitão do carro? — Meus olhos instantaneamente se arregalaram.

- Caitlin! — Estudou-me.

- Eu sei quando você fode...

- Mas nós nã

- Claro. — Soou irônica. — Está usando a mesma roupa que saiu da minha casa ontem e ainda está com cara de quem foi estuprada.

Grunhi.

- Esquece! — Tentei passar por ela.

- Espera, espera. Me conta o que houve! — Puxei minhas mangas para cima.

- Okay! — Seus olhos brilhavam em expectativa.

Respirei fundo e comecei a contar-lhe toda a história. Desde o infeliz dia que Rick e eu nos conhecemos.

- ESTOU ABISMADA! — Ela gritou fazendo-me levar a mão ao rosto, querendo escondê-lo.

- Eu acho melhor ir embora... — Ela soltou uma gargalhada alta.

- Você precisa ficar com ele. Aposto que ele é um trigre na cama… — Abri a boca pra responder, mas ela me cortou. — E aquele rosto? Ele é mesmo uma beleza de homem, não é?

- Eu não acho. Ele… ele não é meu tipo. — A mentira soou falsa até para os meus próprios ouvidos.

- Aham. — Deu um sorriso.

- Ora, não me olhe assim, vamos! — Puxando seu braço, caminhei até os degraus.

- Ainda não me disse como se sente em relação a ele — Provocou-me petulantemente.

Fiz um sinal com a cabeça de que não iria responder.

- Qual é, Li. Ele deve ser o tipo de todas as mulheres do mundo.

- Meu coração e minha cabeça não concordam e eu acho que estou enlouquecendo — Ela sorriu agarrando o meu pulso.

- E é assim que você percebe que está amando!

- Ora, aquele imbecil? Você perdeu o juízo. — Ela bufou e acabou rindo.

- Não acredito que irá deixar aquele gato passar pela sua vida sem experimentá-lo — Resmungou fazendo uma careta inconformada.

- Ah, a propósito, se a minha mãe te ligar, eu dormi na sua casa ontem.

- Okay. Vou adorar servir de álibi para vocês dois. — Ela sorriu e puxou minha cabeça para perto da sua, abraçando-me.

Logo no começo da primeira aula, recebemos a visita assustadora do diretor Flitzer. Ele só aparecia nas salas para dar broncas ou para avisar que houve mudança de alguma regra, e em todas as duas opções, odiávamos a visita dele.

Mas dessa vez não, ele nos disse que houve um outro empate na votação do rei e a rainha do baile e nos dez primeiros minutos da aula usamos para uma nova votação. Depois disso, o tempo até que passou rápido, até chegar o intervalo.

- Rapidinha você, hein? — Disse Rebecca, uma de nossas colegas.

Seu comentário me faz parar.

- Sobre o que está falando?

- Eu já soube do bonitão substituto...

- Bonitão substituto?

- Sim, o substituto do Styles. O bonitão que você veio hoje. Todos já estão sabendo.

Encarei Caitlin furiosa.

- Eu juro que só contei para Casey e para a Fay! — Ela diz e eu apenas ignoro rolando os olhos. — Você precisa acredi… — Ela continuou a dizer, mas alguém chamando meu nome a interrompeu.

Olhamos para trás e vejo Harry vindo em nossa direção.

Lindo como sempre. Com seus cabelos desarrumados numa bagunça tão sexy, seus lindos olhos verdes e sua pele clara. Seu corpo alto e forte vinha até mim com passos rápidos e seguros.

- Finalmente consegui te achar. — Respirava ofegante. — Você vai falar comigo e não aceito não como resposta. — Ele disse parando na minha frente. Sua postura e seu tom de voz foram tão confiantes que me impediram de lhe dizer não.

- Ahn, bom, nós… nós vamos indo. Nos falamos depois. — Caitlin diz agarrando no braço de Rebecca e eu levemente balanço minha cabeça para ela, pedindo-lhe que não. Que não vá!

Ela me lança um sorriso de desculpas e ergueu os ombros como se perguntasse “O que eu posso fazer?”

Olhei desesperada ela ir embora e ficar cada vez mais longe.

- Libby — A voz dele me chamou. Sua rouca e sexy voz. Oh Deus, me dê forças!

Virei meu rosto para ele e o encaro, tentando não deixar transparecer o quanto sua presença me afeta.

- Você tem me evitado. — Ele diz parecendo magoado.

Sou eu quem tem o direito de estar magoada aqui, não ele.

- Lembro claramente de ter dito que não queria vê-lo nunca mais, e muito menos falar com você. Então, com licença. — Disse friamente e me viro.

- Espera, Pretty. — Ele diz segurando meu braço.

- Não me chame mais assim. — Digo me livrando do seu aperto com um puxão do meu braço.

- Você sempre será a minha Pretty. — Ele diz e estendeu a mão, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Sua mão permanece em mim e eu a tiro rudemente, fazendo o suspirar pesadamente.

- O que você quer? — Perguntei querendo acabar logo com aquilo.

- Ivy e eu precisamos falar com você. Nós — Soltei um grunhido de raiva.

- Você precisa mesmo me falar sobre isso? — Perguntei com raiva.

- Não, não quis dizer desse jeito. Nós estamos tentando ser a… — Cortei-o.

- E o que eu tenho a ver com o que vocês dois andam fazendo?

- Me escuta — Ele diz com um olhar de filhotinho abandonado e a minha vontade foi de abraçá-lo e depois socá-lo. Que ambíguo. — Ivy não quer assumir nada comigo por medo de te perder totalmente. — Cruzei os braços e fiquei em silêncio, não sei o que ele esperava que eu dissesse.

- Está me pedindo permissão para ficar com ela?

- Não. Eu só queria que soubesse como ela se sente — Disse sincero.

- Não se importem comigo. Podem fazer o que quiser da vida de vocês. — Proferi amarga, porém sincera.

- É verdade que você dormiu fora e que um cara te trouxe na escola?

- Isso não é da sua conta, Harry. Não mais.

- Por favor, preciso saber. Você e esse cara, o que está rolando? Você passou a noite com ele?

- Você não tem esse direito, não pode exigir nada de mim, não depois do que você fez!

- Eu já te pedi perdão por isso e sei a merda que fiz. Eu amo a Ivy, mas não consigo evitar esse ciúmes que ainda sinto de você…! — Droga, ouvir isso não é nada fácil.

- Eu não sou sua garota, Harry. O que sente não é ciúmes e sim posse. — Esclareci.

- Pode ser. Mas apenas responda. Vocês estão juntos? Pode falar se sim.

Quanta fixação. Não se pode mais receber uma carona sem que as pessoas levem para o lado errado?

- Não te devo nenhuma explicação, mas eu vou te responder. Não somos um casal, mas estamos nos divertindo juntos. — Menti.

- O que você quer dizer com se divertindo juntos? — Ele pergunta com a voz baixa e confusa.

- Acho que você sabe muito bem o que eu quero dizer. Divertindo-me do mesmo modo que você estava com a minha irmã. — Declarei maldosa.

Ele passou a mão pelos cabelos e soltou um grunhido, fazendo uma careta de raiva.

- Mas que merda, Collins! Você foi rápida demais!

Meu queixo caiu e eu o olhei furiosa.

- Pelo menos eu esperei nosso namoro terminar para sair com outro! Você fez isso enquanto ainda estávamos juntos! — Acusei-o indignada.

- Eu nunca saí com a sua irmã, demos apenas um beijo!

- Me parece o mesmo.

- Vocês já tinham algo quando estávamos juntos? — Meu queixo caiu pela segunda vez. Quanta audácia.

- Claro que não, estúpido! Não acredito que você disse isso

- Desculpa, eu não quis… é que saber que você está dormindo com outro cara me deixa perturbado

- Você já fez a sua escolha e é melhor que faça bem a minha irmã. — Disse em tom de ameaça. — Eu estou solteira, não sou sua garota, então posso dormir com quem eu quiser. Agora que já respondi o que você queria saber, não me procure mais. — Dei as costas para ele indo embora, e dessa vez ele não tentou me impedir.

 




 

Harry

 

Era mais um dia como todos os outros. Os mesmos alunos, a mesma rotina, e o mesmo cansaço de sempre.

A mesma dor latejante na cabeça...

Como de costume o sinal tocou anunciando o fim das aulas do turno da manhã.

Faminto, caminhei até o refeitório para comer alguma coisa.

E ao entrar no refeitório, de longe, vi Niall sentado com os meninos em uma das mesas.

Seu olhar pesou sobre mim, frio e severo, porém não inibiu que eu me aproximasse da sua mesa.

- Falow, galera. — Despediu-se deles e eu ainda tentei impedi-lo.

- Niall, espera — Ele soltou um risinho mórbido, e ainda sem me olhar levantou da cadeira, retirando-se.

Olhei-o indo embora, como se eu fosse uma noiva abandonada no altar.

- Até quando ele vai ficar nessa? — Apontei indignado.

Louis e Liam só deram de ombros.

- Já fizeram os seus pedidos? — Murmurei chateado, encostando minhas costas na cadeira.

- Eu só pedi um suco de uva — Respondeu Liam, sem parar de mexer em seu celular.

- E eu uma porção de pão de queijo. — Revelou Louis.

- Pão de queijo na hora do almoço…? — Questionei-o confuso. — E com cerveja? — Havia uma garrafa em cima da mesa.

- Eu trouxe ela comigo. — Confessou-me pegando a garrafa da mesa. — É só o que está entrando. — Disse enchendo o copo.

- Ainda na bad por causa da Sophia...? — Perguntei com cautela.

- Sim — Um suspiro triste escapou de sua garganta. — Foi a maior burrada da minha vida aquela traição...

- Então por que a traiu se a ama tanto? — Não usei tom de censura, eu só queria entender toda a situação.

- Eu não sei responder. Mas o que sei é que a amo como um louco. — Ele bebeu mais um gole de sua cerveja e umedeceu os lábios, respirando fundo. — O grande mito que muitas pessoas caem é que: ‘‘se você ama, você não trai.’’ Mas no mundo real, a coisa é diferente. O ser humano é falho e eu sou um. Eu sou falho, inclinado ao erro e dada as circunstâncias loucas de festa e bebida, infelizmente o amor que sentia não impediu a tal traição.

- Estamos todos condenados a trair, então? — Interroguei espantado.

Louis revirou os olhos.

- Não. — Liam então respondeu. — É aí onde devemos aprender o que o verdadeiro amor faz nessas situações

- E o que é? — Quis saber. Aprender. Pra nunca errar com a Ivy.

- Tudo bem, vou explicar — Disse Liam. — Se eu amo minha namorada, no momento em que meus olhos se atraírem por outra mulher, eu fugirei dela. Somos humanos. Podemos cair como qualquer homem. Por isso, fuja do mal. E mais, nada de ficar alimentando fantasias, ou tendo conversas inapropriadas com o sexo oposto, seja no trabalho, na internet, ou mesmo na cabeça lembrando de alguém que deseja. — Essa foi pra mim. A partir de hoje devo parar de lembrar da Libby. — Se você vai ter olhos para alguém, que seja para a sua companheira. Se você vai ter uma aventura de amor, que seja com a sua namorada. Amar é fazer a coisa certa. É fugir do mal e não confiar na própria força. Se o seu amor praticar isso, você nunca mais usará a palavra “traição''.

- Uau… isso foi profundo. — Enquanto o ouvia, nem me dei conta de que os meus olhos lacrimejaram.

Limpei o canto dos olhos com os dedos.

- Eu sei por que se sensibilizou e quero que saiba que eu não te julgo. — Liam disse com sinceridade, permaneci em silêncio, sentindo meus olhos ficarem outra vez molhados. — O Niall radicalizou porque, pô, é compreensível. A Libby é a melhor amiga dele e ainda por cima ele te pediu que não a machucasse.

- Eu juro que nunca quis magoá-la, Liam, eu juro — Limpei novas lágrimas dos meus olhos.

- Eu sei, cara, eu sei, mas aconteceu. — Ergui meu pulso e o esfreguei contra o meu nariz. — E agora que escolheu a Ivy, fortaleça a relação de vocês. Voltem-se somente um para o outro.

- Ela não quer namorar comigo… — Lamentei ao baixar o rosto. — Não quer magoar ainda mais a irmã e eu a entendo. Mas é difícil… — Louis deu tapinhas no meu ombro. — O pior é ter que vê-la todo dia e não poder beijá-la ou abraçá-la quando eu quero

- Então quer beber comigo? — Louis encheu um copo para mim, mas recusei de imediato. Eu não podia aparecer na monitoria com bafo de álcool. — Quem diria, hein, Styles? — Mencionou ele. — Você ficou sem as duas... — Concordei com a cabeça.

- Pois é. Pra você ver. Tim tim... — Choquei nossos copos, rendendo-me ao primeiro e único gole de cerveja.

Ivy não me quis, Libby não me quis. Eu estava mesmo sozinho...

Seus pedidos chegaram à mesa e eu aproveitei para despertar e fazer o meu.

Ouvi passos e vozes vindo da entrada do refeitório, chamando a atenção de algumas pessoas.

- Sim, cara! Foi a Ivy do 10º ano. Ela acabou de ser assaltada na frente da escola! — Meus olhos se arregalaram em abalo.

Ergui-me rapidamente da cadeira, e me aproximei de todos abrindo caminho entre os curiosos.

- Onde ela está?? — Todos me olharam assustados. — Quero saber onde ela está!

- Eu a vi indo para o banheiro femi… — A aluna não teve nem tempo de terminar de falar.

Passei por todos e correndo saí pela porta do refeitório deixando todos chocados.

Corri o máximo que pude para alcançá-la logo e de supetão entrei no banheiro feminino.

Senti um aperto no peito e soltei o ar dos pulmões.

Ivy estava sentada no canto da parede, chorando.

Me agachei acariciando os seus cabelos e em seguida segurei o seu rosto.

- Harry… — Seu semblante tornou-se surpreso, o seu nariz estava vermelho devido ao choro.

- Oi, chérie... calma. Eu estou aqui... — Abracei-a aconchegando-a em meu colo. — O que aconteceu...? Te machucaram...?

- Não… mas rasgaram todos os meus livros e ainda levaram o dinheiro que eu guardei para comprar hoje o meu vestido do baile… — Bullying.

- Calma, não chore… — Afaguei seus cabelos, beijando o topo de sua cabeça. — Você está bem… e isso é o importante… — Ela concordou e afastei-me um pouco lhe perguntando sério. — Você viu quem fez isso?

- Eu não reconheci… estavam de máscaras...

- Se eu pego esses filhos da puta... não sobra nem as almas para irem pro inferno…! — Rosnei com os dentes travados.

Ela apertou-se mais contra mim, que baixei a cabeça deixando o meu rosto entre os seus perfumados fios.

Naquele horário não havia tantas pessoas transitando. A maioria estava almoçando no refeitório ou indo para as suas casas. Agradeci por isso. Pude ficar ali com ela sem ser pego.

- Quer sair pra dar uma volta...?   

Ela hesitou, e então insisti.

- Vamos, você se distrai e daqui a pouco esquece desse susto... — Ela me olhou indecisa. — Prometo te levar de volta sã e salva pra casa.  

- Tudo bem, vamos… — Sorri fraco e ela retribuiu.

- Vou te levar em um lugar bem legal que conheço, tenho certeza que irá gostar.  

Ela se levantou e esfregou os olhos com as mãos, em seguida olhando-se no espelho.  

- Nossa, eu tô horrível!  

- Está linda. Só precisa jogar uma água nesse rosto — Ela foi andando devagar até a pia onde inclinou-se. — Se quiser eu posso virar de costas, prometo que eu não olho

- Bobo — Ela disse sorrindo de canto.

Por fim ela secou o rosto com duas toalhas de papéis e saímos do banheiro sorrateiramente.

Mal demos dez passos pelo corredor e notei que ela estava mancando.

- Vy. — Parei-a no mesmo segundo e ela gemeu baixinho de dor. — Me desculpa. — Seus olhos grudaram nos meus. — ...você me disse que não te machucaram...

-  Eu só caí no chão com o susto… — Disse baixo.

- Você caiu ou te derrubaram? — Indaguei e ela abaixou a cabeça. — Que droga, Ivy, me fala!! — Soquei a parede do corredor fazendo-a se assustar.

- Me empurraram. — Confessou-me em um fio de voz.

Surtei socando outra vez a parede.

Envolvi meus braços em volta de sua cintura e a puxei para mim de novo.

- Eu prometo que isso não vai ficar assim. — Seus dedos apertaram minha nuca com força. — Te prometo ir até o fim do mundo para descobrir os responsáveis por isso...  

- Não, não quero que se machuque outra vez por minha causa. Vamos deixar para lá, esquecer

- O que? — Olhei-a de frente. — Eles não podem te agredir e saírem impunes, Ivy! — Proferi aborrecido.

- O que é ruim se destrói sozinho…

- Não posso cruzar os braços e ficar esperando. — Discordei convicto. — Isso é bullying! Quantas vítimas mais eles irão fazer?

- Eu sei que quer vingança. Mas só os piores homens fazem e só os bons se recusam a fazer.

- Ivy, você sabe o que é Bullying?

- Claro que sei…

- Quantas vítimas existem, quantas vítimas já morreram por esse ato de crueldade!?

- Um erro não justifica o outro, Harry...  por isso que estou te pedindo, sem violência, por favor... — Concordei com a cabeça. — Isso é sério… — E sua voz estava mesmo decidida.

Busquei entendê-la.

Vítimas de provocações e violência, não conseguem reagir contra seus agressores. E Vy tinha todos os traços de alguém assim. A fragilidade, a sensibilidade, a submissão, a passividade, a dificuldade de autoexpressão e a insegurança.

- Está bem... — Ela respirou fundo e me deu um beijo no rosto. — Mas não vou deixar por isso mesmo. Ninguém te machuca e sai impune. Você confia em mim? — Ela assentiu fungando. — Obrigado. Agora vamos, devagar...

Caminhamos pausadamente até chegar aos portões da escola, fiz sinal para um táxi que passava na rua e logo em seguida entramos.

Eu estava de moto, mas preferi não submetê-la a isso, ela estava com a perna machucada e uma motocicleta chacoalha muito.  

- Tem certeza que é um boa ideia irmos…? Você não tinha que estar trabalhando?  

- Tinha, mas isso eu vejo depois. — Me olhou com preocupação.

- Harry…

- Não se preocupe, depois eu falo com o senhor Flitzer — Repousei os ombros no banco.

- Obrigada... — Ouvi seu breve murmúrio e a fitei.  

- Mas pelo que?

- Por estar sempre ao meu lado, e pelo passeio… — Balancei de leve a cabeça.

- Não me agradeça, estou fazendo isso também com interesses à parte — Confessei.

- Interesses...?

- Sim. Te levo pra dar uma volta e passo mais um tempo com você. — Pisquei um dos olhos pra ela que sorriu sem graça esfregando as mãos nos braços. — Ainda está com dores...? — Eu tinha que perguntar, ainda que lhe trouxesse más lembranças.

- Só um incômodo no tornozelo e na lateral da coxa esquerda, mas nada sério — Quis suavizar.

- E como sabe, Vy?

- Eu tenho uma irmã que será médica. Já li quase todos os seus livros de medicina… acho que sei o que é um osso quebrado, ou quase isso — Soltei um risinho fraco.

Ela acariciou o meu rosto, e afundou um dos dedos em minha covinha.

O silêncio se estabeleceu entre nós...

Ficamos um olhando para o outro sem emitir nenhum som...

Aquele momento era torturante e, estranhamente bom…

Singelamente ela sorriu e olhou para a janela, mantendo a mão no meu rosto ao deslizar os dedos lentamente por minha bochecha em uma carícia.

Minha cabeça tombou para o lado, contra um de seus ombros, e fiquei assim até chegarmos ao nosso destino.

Era um lugar chamado Paraíso. Era um pequeno parque, um pouquinho mais afastado dos outros, mas com belos lagos e uma extensa área verde. Inclusive ele é uma reserva ambiental.

- Chegamos. — Disse o taxista.

- Você gosta mesmo de lugares escondidos. — Ela disse e achei graça.

- Aqui está, senhor — Paguei ao taxista. — Agora vamos explorar — Ajudei-a a descer do carro e perguntei mais uma vez como ela estava se sentindo.

Caminhamos com cuidado, desviando de algumas pedras e buracos pelo caminho.

- Nossa, que lindo aqui…! — Ela disse assim que avistamos um dos lagos.

- Vem, senta aqui para poder ver melhor a paisagem — Trouxe-a para perto e sentamos na grama próxima à água.

Sentei primeiro e puxei-a fazendo-a sentar entre minhas pernas, de costas para mim.

Ela encostou a cabeça no vão do meu pescoço, e sentiu o vento bater no rosto.

Era tão gostoso tê-la em meus braços, que eu tinha a sensação que o tempo havia parado…

- Está gostando...? — Perguntei baixinho ao vê-la de olhos fechados.

- Sim… — Respondeu igualmente alheia. — Parece que estou voando de asa delta…  

- Quer voar?

- Não! — Ela abriu rapidamente os olhos.  

- Tem medo?  

- Acho que teria. — Cheirei carinhosamente seu cabelo, fechando os olhos para me perder naquela sensação deliciosa. — ...às vezes te acho bom demais para mim… — Divagou. — ...ou talvez você só seja bom demais para ser verdade mesmo… — Sorri de olhos fechados. — Mas saber que posso contar com você, acredite, já é o suficiente...

Entrelaçamos nossos dedos calmamente.

- Conte sempre comigo pra qualquer coisa…  — Aquela frase era comum, mas para mim, era inquestionavelmente sincera. — Eu sempre vou estar aqui para te segurar… — Ouvi-a suspirar.

- Eu sei que posso contar… — Concordou com a cabeça. — Acho que você foi um anjo que Deus colocou no meu caminho, ele sabia que eu ia precisar… — Sorri que nem besta e ela virou o rosto pra mim beijando a minha bochecha.

Ergui os braços para abraçá-la melhor e apertá-la entre os meus braços.

Ela riu tentando se desprender e assim impulsionei-nos para trás jogando nossas costas contra a grama, deitando-nos.

Ela depositou um singelo beijo na curva do meu pescoço e curvou a cabeça para deitá-la em meu peito.

Não dissemos mais nada, apenas ficamos admirando a vista abraçados.

Às vezes o silêncio é o melhor que podemos oferecer a quem amamos…

E ele é ainda mais útil quando os corações gritam tão alto…

O vento soprava em nossos cabelos… o céu estava aberto e azul… os pássaros estavam cantando, tudo estava se encaixando…

Ali fora, as folhas secas estavam correndo ao vento; e aqui dentro, no meu íntimo, os jardins ensolarados anunciavam que é tempo de colher as flores na companhia dela...

Um arrepio me subia pela espinha, seus dedos acariciavam a minha nuca, exatamente como eu gostava...

Minha mão direita, vez ou outra afagava seus cabelos, então só encostei minha testa e na sua e fechei os olhos para me perder deleitavelmente nos carinhos que ela fazia...

 

                                                                        ...

 

Acordei sentindo o brilho humilde do pôr-do-sol incomodar os meus olhos.

Pisquei algumas vezes até recuperar o foco e vi Ivy ainda dormindo sobre o meu ombro.

Meu braço estava dormente, tentei me mexer e foi aí que ela acordou olhando-me.

- Boa tarde. — Estranhei suas palavras, esperava mais um oi ou um que horas são?

- Não acredito que dormimos por tanto tempo e no meio do nada… — Comentei e ela riu, mas logo começou a reclamar de dores nas costas. — Acho que precisaremos de dois guindastes aqui — Virei-me na grama sentindo todos os músculos do meu corpo doerem.

Torci o nariz em dor quando levantei-me e senti a minha coluna estalando.

- Caramba, estou ferrada. — Ela disse checando o seu celular. — Minha mãe ligou mais de 80 vezes. E até a Libby me ligou — Disse sem saber se sorria, ou se ficava preocupada.

- Acha que elas já sabem o que te aconteceu na escola? — Ela concordou com um gesto de cabeça.

- Se as notícias se espalharam… — Disse e levantou-se devagar. — Podemos ir? Devem estar angustiadas — Assenti e em seguida comecei a rir ao vê-la tentar andar. — O quê?

- Vou te devolver toda quebrada, Vy. Desculpa te deixar torta — Comentei e ela riu um pouco.  

- Devo tudo àqueles caras e a essa grama maravilhosa

- Falando nisso… — Foi impossível não perguntar. — Como você está...?

- Melhor… graças a você. — Singelamente sorri em resposta. — Mas quando lembro, a tristeza volta de novo… — Neguei com a cabeça, me aproximando.

- Não tenha medo… a sua armadura é o meu amor... — Seus olhos brilharam e no canto de seus lábios surgiu aquele sorriso tímido.

- Já pode deixar de ser perfeito — Resmungou me fazendo sorrir.

- Será mesmo que sou? — Perguntei em um tom melancólico.

- Eu aposto que sim.

- Quer fazer outra aposta? — Suspirei triste.

- Qual?  

- De que você muda de ideia em pouco tempo.  

- Não mudarei.  

- Estamos apostados...  

- Por que está dizendo isso? — Quis saber.

- Porque não sou uma pessoa perfeita.   

- Ninguém é, mon ange... — Senti meu coração se aquecer por sua forma carinhosa de me chamar. — Temos que aprender a gostar das pessoas como são e entendê-las sem julgar. É difícil isso, mas é válido tentar

- Você realmente é uma pessoa ímpar, Vy...

- Infelizmente. — Fez uma pausa. — Não quero ficar ímpar a vida toda

- Você já tem alguém que pode fazê-la feliz... — Ela me olhou mexida, mas fugiu como em todas as vezes.

- Vamos…?

- Vamos

Caminhamos a passos calmos até a saída do parque. Dessa vez não era só Ivy que estava com dores, mas eu também.  

-  Parece que fui atropelado, está tudo doendo...

- E você sabe se não fomos? — Questionou.

- Você bebeu? — Perguntei sorrindo.

Ela caiu em uma gargalhada e senti meu corpo todo responder àquele som. Estava sentindo falta daquela risada gostosa.

- Sabe. Estou imaginando o que a sua irmã faria se soubesse o que te aconteceu… — Sua respiração funda foi tudo que ouvi ao se manter calada. — Certamente ela rasgaria todos os envolvidos com as próprias unhas — Ri imaginando.

- Não acredito que no atual momento ela faria isso… — Duvidou.

- Claro que faria. — Disse com seus olhos presos nos meus. — Ela ainda te ama. Nunca deixará de amar. — Pude notar que ela estava se controlando para não chorar.

- ...temos que consertar as coisas com ela o mais depressa…

- Eu sei. — E eu tentei hoje...

Parei um táxi e ela sentou-se ao meu lado.

Eu disse o endereço da casa dela ao taxista e antes que ele desse partida no carro, virei-me para Ivy e confessei baixinho:

- Faz horas que eu quero te dar um beijo... posso fazer isso agora?  

Ela sorriu.  

- Acho que estou precisando mesmo de um beijo seu.  

Segurei em seu rosto e grudei nossas bocas com toda delicadeza que pude...

Senti sua língua deslizar por entre os meus lábios com calma e receio… com calma acariciei suas costas, abrindo ainda espaço com minha língua em sua boca, sendo tão bem correspondido...

Seu beijo era a melhor sensação do mundo… não tinha coisa melhor…

Suspirei, ainda de olhos fechados, quando ela abandonou minha boca e começou a depositar beijos por todo o meu rosto me fazendo sorrir no final.

Ela sorriu de volta, curvando a cabeça para deitá-la em meu ombro indo assim até em casa.

- Nos vemos amanhã na escola? — Perguntei-a assim que paramos em frente a sua casa.

- Sim...

- Me prometa uma coisa…?

Ela assentiu devagar com a cabeça.

- Não chore mais, nem fique triste por causa desses monstros agressores. — Acariciei sua bochecha. — Mas nunca mais permita que te ofendam, que te machuquem. Chame o diretor, os professores, grite, faça um escândalo, mas não se cale diante desse tipo de violência. Diga a eles, diga aos seus pais, diga a mim, diga a todos e bata o pé para que façam algo sobre isso. Me prometa, Vy.

- Eu prometo… — Ela me abraçou forte.

- Eu te amo… — Soprei-lhe.

- Eu também te amo, muito… — Segurei seu rosto entre as mãos e beijei cada uma de suas bochechas.

- Até amanhã... — Dissemos em seguida.

Ela pegou sua mochila ao lado e observei-a descer do carro e caminhar com calma até em casa. Sua perna esquerda ainda mancava, e eu senti tanta tristeza, raiva e revolta, que a vontade de ir naquela escola e quebrar tudo e todos não me faltou.

Meus olhos embaçaram de tanto ódio, um ódio tão forte, que queimava parte do meu coração por estarem praticando bullying com uma das pessoas que eu mais amo no mundo.

Não deixaria barato, nunca, amanhã mesmo irei à diretoria e cobrarei explicações de quem quer que fosse, assim como providências.

Com o olhar ainda nela, vi quando ela abriu a porta, e surpreendeu-se com uma Libby a esperando.

Por um instante, a Terra não girou em sua órbita.

Quando olhei, não acreditei, ao ver Libby na porta, com um olhar doce e um rosto angelical, esperando a irmã.

- Vy…! — Li em seus lábios.

Nada encoraja tanto ao perdão quanto o medo e a compaixão...

Libby deu dois passos até Ivy e expandiu seus braços para a irmã, que abraçou-a de volta escondendo o rosto em seu peito.

Sorri em êxtase, com centenas de emoções bombardeando o meu corpo...

Vy me olhou por cima do ombro da irmã com um brilho no olhar tão intenso, que senti meus olhos molhando observando a cena de longe.

Eu estava envolvido e emocionado demais para dizer alguma coisa, então eu só sorri de volta pra ela com lágrimas nos olhos…

Enquanto houver amor, ele irá vencer. E o amor venceu.

Deus, para a felicidade do homem, criou o perdão.

Esqueça todo aquele papo de que o amor de verdade não existe. Esqueça também, aquele mito do amor perfeito, em que tudo são rosas. O verdadeiro amor, vive de altos e baixos, e essa é a sua grande magia. É você brigar e pouco tempo depois estar abraçado com a pessoa que você ama. O amor verdadeiro é aquele que você sabe os riscos que está correndo, e mesmo assim se entrega de corpo e alma. Nem sempre será felicidade e nem deve, pois tudo nessa vida em excesso enjoa, e com o amor não é diferente.

Amoleci diante da cena das duas, abraçadas, chorando juntas.

Um único minuto de reconciliação, vale mais do que toda uma vida sem brigas.

 


Notas Finais


Gostaram?
Obrigada a todas que me enviaram seus números do wpp e hoje estão participando do grupo de Enchanté. Vocês são DEMAIS, girls <3

Sobre o capítulo de hoje... o que vocês pensam sobre o bullying? Vocês sofrem com esse tipo de agressão? Eu sei que infelizmente essa é a realidade de muitos.
Se você é o agressor, pare, pense, e olhe para dentro de si mesmo, perguntando-se: vale a pena ser tão cruel ao ponto de destruir o psicológico e a vida de alguém?
E se você for a vitima... saiba que você não está sozinho e que todos que te amam podem te dar apoio. Tente ser forte e busque uma solução. <3

Me digam o que acharam do capítulo de hoje e até o próximo!

→ ❤️❤️❤️ Música tema do casal Hivy: https://m.youtube.com/watch?v=4zfgkZx2d3g ❤️❤️❤️
Tradução: https://m.letras.mus.br/lu-musicas/791664/traducao.html

→ ❤️❤️❤️ Música tema do casal Lick: https://m.youtube.com/watch?v=3qMd-n-LlW0 ❤️❤️❤️
Tradução: https://www.google.com/amp/s/www.vagalume.com.br/angel-lopez/entre-el-amor-y-el-odio-traducao.html.amp


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