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História Enchanted - O "amigo" de Taehyung


Escrita por: blackwidow123

Notas do Autor


~olááá~
não demorei tanto pra voltar, né? kkkkkkkkk
BORA LEEEEEER

Capítulo 15 - O "amigo" de Taehyung


Fanfic / Fanfiction Enchanted - O "amigo" de Taehyung

Yoongi

— Yoongi, dá pra você se concentrar em nome de tudo o que é sagrado???? — Namjoon me belisca, irritado.

Já é a MILÉSIMA vez que ele me pede pra prestar atenção no que a gente tá fazendo, mas simplesmente não consigo!

Quer dizer, eu vim até o quarto dele para me ajudar com as minhas falas no trabalho de geografia do Senhor Kwan, que está praticamente pra acontecer. Dá pra acreditar nisso? Parece que foi ontem que ele me colocou pra fazer o trabalho junto com o Hobi...

E pensar que eu já quis cortar a cabeça do professor por isso. Hoje eu facilmente pegaria ele no colo, de tão agradecido.

Enfim, o motivo de eu estar tão aéreo foi a escolha do médico Enchanted pra examinar o Hobi. Eu não sei se o doutor Goo foi a melhor escolha, e é por causa do neto dele mesmo! Quer dizer, eu já conheço a curiosidade de Hobi a ponto de saber que ele facilmente perguntaria na lata o motivo da "cisma" de Minseok. A verdade mesmo é que não tem cisma nenhuma, Hobi só não conhece ele bem ainda.

Ainda.

— Desculpa. — Respondo, balançando a cabeça. — Tô pensando em umas coisas aqui.

— Eu já até sei... — Namjoon suspira, fechando o meu caderno de geografia. — Hobi, né?

Levo um susto quando ele diz isso, achando que tá desconfiando de alguma coisa, mas então percebo que Namjoon só tá falando do Senhor Goo e Minseok.

O que eu quero dizer é que tenho quase certeza que Namjoon ficaria louco se soubesse que eu tô num... é... relacionamento? Ele acompanha toda a porra dos meus passos, já que é um defensor fiel da teoria de que tem "algo de errado" com os meus poderes e que eles merecem ser estudados, me tratando basicamente como um rato de laboratório. Eu juro que no início eu estava tão desesperado e desiludido com a minha vida que também apostei nisso, mas depois percebi que não há nada fora dos eixos: eu sou assim, pronto e acabou. Pena que Namjoon não pensa da mesma forma.

E é claro que ele ficaria preocupado se tivesse consciência de que estou saindo com alguém, já que eu não sou uma das pessoas mais seguras do mundo. Mas não posso evitar que isso aconteça.

— Eu ouvi quando ele te disse que acha que Xiumin não gosta dele! — Namjoon fala, de repente. Ufa. — Bom, eu MEIO que esqueci de contar que o Senhor Goo é avô dele, mas agora já foi, né?

— Namjoon? — Sohyun, uma das moças que trabalha na casa chama, aparecendo na porta. — O seu amigo Hoseok está aí embaixo querendo falar com você e Yoongi.

— Pede pra ele subir, por favor. — Namjoon pede, e ela desce as escadas. Dois minutos depois, é ele quem sobe, com uma pasta amarela nas mãos.

Seguro a vontade da porra de beija-lo, com muita dificuldade, preciso admitir. É, pois é, paciência.

— Oi Hobi, senta aí! — Namjoon sorri, e Hoseok agradece. Antes de sentar na cama, ele me abraça por mais tempo do que deveríamos, mas acho que Namjoon não percebe nada e até aí tudo bem.

Mas noto que não tá com uma cara muito boa.

Ah, caceta. Aconteceu alguma coisa.

— Ahn... foi tudo bem, lá? — Namjoon pergunta, cauteloso. Ele pensa a mesma coisa que eu.

— Na real? Não! — Hobi responde, suspirando. Depois, ele se exalta e tira com rapidez um frasquinho transparente com tampa branca que reconheço NA HORA. — Mas antes de focar na treta, pode me dizer o que é essa magia negra bem aqui????

Namjoon ri alto e eu o encaro, surpreso.

— Onde conseguiu isso? Faz tempo que eu não vejo um desses! — Sorrio sentando-me ao lado de Hobi e pegando o frasco de suas mãos, com cuidado. — Essas merdas são tão caras que eu me admiro pegar em uma coisinha dessa de novo! Onde comprou? Com quem?

— Na verdade... — Namjoon começa, com aquela cara de alegria que ele as vezes faz, normalmente quando tá estudando física as onze da noite. Louco, né? — ... não comprei com ninguém. Eu mesmo fiz!

A minha primeira reação é rir, achando que é uma piada.

Mas a expressão séria de Namjoon e a confusa de Hobi me faz arregalar os olhos.

— Quê????? — Murmuro, encarando o frasco. — Isso é sério? Pelo amor de Deus, me diz que isso é mentira!

— Não é, não! — Ele ri, se divertindo com a minha cara. — Eu venho... desenvolvendo esse projeto há três anos, e finalmente consegui! Eu consegui, Yoongi!

— Mas isso é impossível. Você é só um garoto adolescente que nem terminou o ensino médio. — Sussurro, boquiaberto.

— Oi? Eu tô aqui! — Hobi acena com as mãos, de repente. — Alguém me explica?

— Isso que você tomou foi uma Poção, Hobi. — Namjoon sorri, orgulhoso com o seu feito. QUE PUTA FEITO. — Elas não são tão comuns no mundo Enchanted, quer dizer, a menos que você compre elas. Aí, tudo bem. Mas praticamente ninguém as faz em casa.

— Por que? — Hobi pergunta, curioso.

— Por que os ingredientes da maioria delas são quase impossíveis de serem encontrados. — Respondo, olhando para ele.

— Quase impossíveis? Mas que raio ingrediente é esse? — Hobi questiona, franzindo a testa.

— Dentes de viúvas japonesas, pedaços de fósseis de peixes-da-noite, gotas de fluidos de vagalumes-rosa... — Enumero, esperando apenas que ele assinta ou algo do tipo.

Mas ao contrário, ele ri como um louco.

— Essas coisas existem???? — Hobi enxuga duas lágrimas que caem após tanta risalhada. — Eu ainda não acredito que tô vivendo MESMO isso!

— Não só existem, como tem as vendas controladas! — Namjoon exclama, animado. — Imaginem se vão vender fluidos de vagalumes-rosa pra qualquer maluco? São muito venenosos!

— E esses nem são os mais raros. — Comento, pensativo. — Agora Namjoon, o que foi que você deu pra ele?

— Consegui desenvolver uma Poção simuladora de habilidades por três minutos, Yoongi! — Ele bate palmas pra si mesmo. — Com uns ingredientes certos e um fiozinho de cabelo de Jungkook-ah, eu consegui! EU CONSEGUI!

— Que demais... — Hoseok fala baixinho, encarando sua próprias pernas. Nem preciso perguntar nada pra saber o que aconteceu.

— E aí? Como foi ser um... velocista por três minutos? — Namjoon indaga, sorrindo de orelha a orelha.

— Foi bem estranho! — Hoseok fala, sorrindo também. — MAS FOI TÃO LEGAL!

Os dois riem juntos, e eu me permito sorrir com a animação deles.

— Yoongi, você não tem noção! — Hobi me balança, e eu me divirto com a sua alegria. Ele parece uma criança que acabou de voltar da Disney. Tão... adorável! — Eu tomei esse troço, daí eu não senti nada muito relevante, mas depois que o Senhor Goo pediu pra eu correr já que disse que eu era um velocista e aí eu acabei CORRENDO mesmo, tipo ahhhhhhhhh como assimmmmm, eu corri muito muito rápido e acabei quebrando algumas coisas da casa mas porra eu corri como um...

— Eita, assim você não vai respirar! — Tento acalma-lo da falação. — Quando você descobrir seus próprios poderes, essa animação vai multiplicar por mil. Agora você sabe, pelo menos, como é ser um de nós.

Ele sorri e eu seguro sua mão, mas ele a solta e aponta discretamente pra Namjoon, que está perdido demais nos próprios pensamentos de glória dele.

— Aqui, os exames! — Ele entrega o envelope grande pra Namjoon, que quase tem orgasmos múltiplos ao vê-lo.

— Parece que alguém tem coisa pra estudar... — Namjoon diz, quase chorando e emoção. — Vou trabalhar a SEMANA toda nesses exames! Eu não acredito que estamos cada vez MAIS PERTO de descobrir seus poderes!

— Vem cá, seus pais sabem que você fabrica essas... Poções em casa? — Hobi faz um excelente pergunta.

— Felizmente não, e nem podem contar nada! Não sabem o que eu fiz pra conseguir esses ingredientes! Vocês sabiam que lascas de unhas de morcegos-cabeça-chata só são encontrados na Tailândia?

— TAILÂNDIA? Mas como é que caralhos você...? — Paro de falar, ao descobrir a resposta da minha pergunta. — Namjoon, eu não acredito que BamBam tá metido nisso! Jimin sabe dessa aliança de vocês dois?

Namjoon dá de ombros, com um sorriso travesso que é raro pra ele, o menino exemplar. Isso é loucura!

— Por que eu sinto como se sempre estivesse pegando o bonde andando? — Hobi revira os olhos, irritado. — O que são "vagalumes-rosas" e "morcegos-cabeça-chata". E quem é BamBam?

— Você acha que só seres humanos são Enchanted? — Namjoon dá um piscadinha.

— Eu acho que você tá mais perto de conhecer BamBam do que pensa. — Sorrio, enquanto ele me olha, confuso.

— A gente tem mesmo que introduzir você ao nosso mundo! Quer dizer, não basta só ver o Jimin se transformando em cachorro e Taehyung se passando pela vizinha pra saber sobre nós! Por que não visita mais a minha biblioteca? Podemos te ajudar com isso. — Namjoon diz, sorridente.

— Eu iria adorar! Como deve ser um vagalume-rosa...? — Hobi se pergunta, e eu solto uma risadinha.

— Posso falar com você? — Sussurro em seus ouvidos e ele confirma. Eu me levanto, o conduzindo até a porta.

— Namjoon, eu preciso... falar com ele, a sós. Licença. — Digo, mas meu amigo nem me escuta direito. Ele fala sozinho e com o envelope de exames de Hoseok, provavelmente fazendo planos para madrugar estudando eles.

Eu pego Hobi pelo braço e o levo até meu quarto. Estou ansioso porque ele nunca entrou aqui, então quero que passe uma boa impressão. Eu sei que ele entrou na minha casa junto com Jimin, e fico pensando o que ele deve ter pensado. Aquela casa tinha tanta negatividade que ele provavelmente saiu de lá meio tonto.

Aqui vai ser diferente.

— Noooooossa... — Ele diz, batendo palmas. — Esse quarto é tão... Min Yoongi!

Ele tem razão. Acompanho o seu olhar sobre o meu novo cantinho, satisfeito e ao mesmo tempo orgulhoso. As quatro paredes são cobertas com pôsteres de jogadores de basquete e meus rappers favoritos, sendo que a parede atrás da cama está todo coberto por dois pôsteres gigantescos: um do Eminem, que eu achei vendendo em uma loja do centro, e outro do Nick Young, um dos meus jogadores favoritos e obviamente um dos amores da minha vida e que eu ganhei do Jimin. É, pois é.

Nem de longe lembra o meu antigo quarto, que era sem graça até dizer chega. Não era culpa minha, Hea não me deixava pendurar nada nas paredes, e as coisas eram arrumadas do jeito que ela queria, mesmo que pra isso ela tivesse que esperar que eu saísse pra escola pra poder mudar tudo de lugar! Nem mesmo o meu quarto era um lugar agradável pra mim.

Algumas roupas estão jogadas pela pequena poltrona perto da cama, e são as que Jimin quis enfiar goela abaixo em mim. Quer dizer, eles nem se deram ao trabalho de trazer minhas roupas antigas, claramente um plano maléfico de Jimin pra me transformar em um garoto descolado e farofeiro que nem ele e os amigos me dando roupas novas. É claro que ele falhou, mas até que não completamente. Pelo menos uma vez por semana meus amigos me cobram pra tentar vestir algo diferente do moletom preto que Hobi me deu. E só pra dizer que eu não pareço um velho rabugento, eu uso. Mas não me agrada muito parecer um dos "caras maneiros" da Korean Act. A sorte é que usamos uniforme na escola.

Tem alguns álbuns de rap espalhados pelo chão e a minha bola autografada praticamente num pedestal ao lado da mesinha de cabeceira, pra abençoar o lar. Hoseok analisa tudo isso com um sorriso no rosto.

— E aí? Legal, né? — Pergunto, fazendo um gesto pra que se sente na cama. — Não sei se você gosta, é um pouco de diferente do seu. Meu quarto não tem muita decoração nerd, e nem tem bonecas.

Ele leva um minuto pra processar o que eu falei, até entender e jogar uma almofada na minha cara.

— Não são bonecas cacete, são Action Figures! — Ele exclama, e eu rio desvencilhando da almofada.

— Ah, me desculpe a ignorância, meu quarto não tem essas Action Bonecas! — Hobi revira os olhos, suspirando como se estivesse cansado.

De repente, ele faz uma careta de incômodo e tateia a cama ao lado dele. Tem alguma coisa debaixo do cobertor que está jogado próximo a nós.

Ele puxa, revelando meu "álbum" de fotografias. Jimin o trouxe no meio das outras coisas.

— Quer ver? — Indago, colocando o livro em suas mãos.

Hoseok passa mão pela capa preta e abre.

— Olha só... — Ele sorri de forma doce, ao ver a única foto que me restou da minha mãe. — Ela parece muito com você. A mesma cor de pele, os lábios, o cabelo escuro... Quer dizer, quando você não tinha esse cabelo verde-branco, todo desbotado.

Faço um gesto simulando vômito, e ele ri. Meu cabelo tá uma merda tão grande que eu sinto vergonha do que fiz.

Ele vira a página, e lá está o meu pai: uma foto que eu achei tinha doze anos nos meio das coisas de Hea. Ela nunca desconfiou de nada, e a foto virou minha propriedade. Ele está com os braços cruzados em frente ao nosso antigo prédio do centro de Seul.

— Ele era um pouquinho diferente de mim... Mas parecia ser um cara legal. Não acha? — Pergunto e ele confirma. — Me lembro vagamente dele, acho que é porque trabalhava demais. Nada muito incomum pra esse país, né?

— Er... — Hobi sussurra, estreitando os olhos pra foto. — Não sei porque, ele me parece tão...

E para de falar, levando as mãos subitamente a cabeça. Está com dor.

— Merda, de novo não! — Bufo, me levantando. — Talvez um remédio...

— Não, deixa pra lá! — Ele balança as mãos, pedindo pra eu ficar. — Vamos ter que conviver com isso até Namjoon descobrir o que está acontecendo.

Assinto, meio incerto disso. Ele prossegue com o álbum.

— Oh. — Ele fala, ao ver a última foto do meu álbum de (sim, isso mesmo) três fotos. — Por essa eu não esperava.

Nela, estão eu, Hea e meu pai, abraçados em meio ao inverno Coreano, bem no centro de Seul. Estamos todos agasalhados até o último fio de cabelo. Na foto, recebo carinho tanto de um quanto de outro, estou abraçado aos dois ao mesmo tempo, com uns três anos de idade. Nossos sorrisos grandes e de família feliz não batem em nada com a vida de merda que eu levava a pouco tempo. O pequeno Yoongi usa luvinhas azul-claro, que não são muito diferentes das que eu uso agora.

Ele morde os lábios, daquela forma que faz quando está confuso ou nervoso.

Suspiro, passando as mãos enluvadas pelos cabelos.

— Ela não me odiou a vida toda. — Começo. Hoseok me encara. — Não me lembro de quase nada dessa época, mas sei que ela gostava de mim por outras fotos que eu tinha. Mas eu as perdi, ela mesma se encarregou de dar um dia nas fotos. Enfim, depois que meu pai morreu, ela passou a me tratar como um animal, até você mesmo ver com seus próprios olhos ainda outro dia.

Nós dois encaramos a minha perna, que ficou marcada por uma bela de uma cicatriz, cortesia do cachorro que eu matei.

— Nunca vou entender o por quê. E ela nunca esteve disposta a me explicar, fazer o quê né. — Continuo, pegando o álbum de suas mãos e alisando a foto, lentamente. — Eu poderia queimar essa foto e fingir que nunca existiu... mas sei lá, algo me diz que não devo fazer isso, mas não por ela: pelo meu pai. Acho que ele a amava, sei que isso é uma merda, mas não posso fazer nada.

Ele apoia a cabeça em meu ombro esquerdo e eu sorrio, agradecido pelo carinho.

— Também encontrei essa foto nas coisas dela, e na época, eu era um moleque de oito anos anos que acreditava que um dia a madrasta se arrependeria das maldades que fazia e que poderíamos voltar a ser uma linda família, mesmo que sem meu pai. Por isso guardei.— Ao dizer isso, rio, irônico. — E olha só, fui praticamente obrigado a sair de lá, ou então ficaria louco. Até as minhas outras fotos ela queimou.

Ele pega o álbum da minha mão e o joga dentro de uma das gavetas de cabeceira.

— Não traga essas negatividades pro seu quarto, por favor! — Hoseok fala, levantando-se abrindo as cortinas e em seguida a janela, que estava fechada. Como se quisesse que o "vento" levasse o assunto Hea embora. — A senhora Kim deixou que ficasse aqui pra recomeçar a vida, e você guarda uma foto dessas!

— Pra falar a verdade, eu bem que queria manda-la pro inferno. Mas e o meu pai? Também tá aí!

Ele pega o álbum de três fotos novamente e retira de lá a foto em que estamos nós três.

— Tem razão. Queimar a foto inteira seria desrespeitoso com ele. — Hobi diz baixinho, encarando-a.

Daí, ele a rasga bem na parte de Hea, lentamente, parecendo se deliciar com o barulho de corte. E eu também.

— Mas mantê-la nessa foto é que um verdadeiro desrespeito! — Ele diz, me entregando a parte em que ela está. Ele coloca a parte em que estou com meu pai de volta no álbum, bem ao lado da foto da minha mãe. — Agora é você quem decide o que fazer com isso.

Encaro Hea, pensativo. Lembro de tudo o que fez pra mim, inclusive sua mãe velha e nojenta, de tudo o que me privaram, de tudo o que me fizeram passar. Uma raiva cresce em mim de forma alucinante, e eu tiro a luva preta e grosa da minha mão esquerda, lentamente. Aperto a metade da foto com força, e ela começa a se desintegrar. A pressiono com força, como se dessa forma pudesse apagar toda a dor que senti durante todo esse período sem o meu pai, sei que não posso, mas já é um alívio. Quando dou por mim, há apenas pó na minha mão.

— Caramba... — Hoseok está de boca aberta, já que ele viu isso acontecer poucas vezes, e agora está testemunhando de perto. — Você é bom nisso, ein?

Rio das suas palavras, recolocando minhas luva e evitando chegar muito perto, já que minha pele está queimando. Eu sinto! E acho que Hobi também, porque ele se afasta um pouco. Eu jogo as "cinzas" da falecida metade foto pela janela e ele bate palmas. Depois, Hobi pega a outra metade que sobrou e guarda com carinho e todo o cuidado.

— Agora... pode me dizer que "treta" foi aquela que você disse que teve na casa do senhor Goo? — Pergunto, sentando-me desleixado na poltroninha perto da cama.

Hoseok e endurece o corpo, parecendo incomodado. Ele finalmente fala.

— Minseok. — E morde os lábios, nervosamente. — Ele falou alguma coisa sobre "sentir que eu vou fazer merda", que não gosta de mim e que saiu da escola por que se sentia mal, e agora se sente da mesma forma perto de mim!

Bufo, cruzando os braços. Ele precisa saber.

— Sabe, o que acontece é que... Minseok tem poderes de premonição. Por isso é considerado um valioso.

Hobi fica claramente tocado com as minhas palavras, e eu juro que não consigo não rir. É como se eu disse que tenho um filho ou algo do gênero! Mas até que é compreensível, né? Também lembro de ter ficado assim quando descobri, e olha que o meu poder também choca.

— Vamos lá... — Sorrio, sentando-me ao seu lado. — Minseok entrou na escola há quatro anos atrás, e ele sempre foi assim: quieto. Acabamos desconfiando de algo e conseguimos que ele nos dissesse que era Enchanted.

Hoseok assente, prestando atenção.

— Então ele começou a participar das reuniões que fazíamos e era até um boa companhia pra mim, já que não éramos diferentes. Ele previu a vitória de Namjoon em uma competição nacional de matemática com distância de 70 pontos do segundo colocado e estava certo. Ele previa outras coisas também, do nada. Mas eram pequenas, nada realmente muito grandioso. As coisas foram acontecendo normalmente, até ele ter o primeiro surto.

— Surto? Como assim? — Hobi questiona.

— No segundo ano na escola, ele começou a falar sozinho, a suar frio do nada e chorar o tempo todo. Ele disse pro avô que sentia uma dor de barriga forte, náuseas, tontura e "cheiro de morte".

— Meu Deus! — Hobi exclama, assustado. — Mas como é cheiro de morte?

— Graças a Deus eu não sei e nem quero saber! — Respondo, e ele ri. — Ele falava que não suportava andar pelos corredores da escola, era como se fosse desmaiar a qualquer momento. Ele parou de ir as reuniões, até que chegou um momento em que ele parou de ir a escola, também. Minseok faltava três vezes por semana e tinha as piores notas da escola. A situação ficou tão horrível que o avô dele foi chamado na escola mais de três vezes, e ele acabou saindo. Nunca mais tivemos notícias, até hoje!

— Credo! — Hobi sussurra, balançando a cabeça. Ele arregala os olhos, horrorizado — Mas peraí? É isso mesmo que eu tô pensando?

— O quê?

— Tem um cara que tem poderes de prever o futuro dizendo que se sente mal perto de mim e que alguma possível desgraça envolvendo a minha pessoa está perto de acontecer? — Ele indaga, praticamente hiperventilado. — Fodeu???? É agora que a gente liga pra SAMU?

— Calma, esqueci de falar uma coisa! — Falo rápido, enquanto ele começa a suar frio. — Sobre essas "sensações", como ele chama... o avô dele diz que tem noventa e oito por cento de chance de serem furadas!

— Quê? — Hobi relaxa na cama, pondo a mão no coração. — Mas por que seriam? Isso não faz NENHUM sentido pra mim!

— É que não há mais Enchanted com poderes premonitórios de porte tão grande e capazes de sentirem tragédias! Quer dizer, é normal, HOJE, que essas pessoas prevejam coisas básicas e durante os sonhos, como uma nota da escola, um relacionamento amoroso que está prestes a acabar, um artista internacional que pretende vir pro seu país... coisas boas, quero dizer. E não tragédias e morte, como ele diz! Só Enchanteds que viveram há muito tempo faziam isso, e eles deixaram de existir faz tempo.

— Ahhhh... mas então, por que ele sente essas coisas? — Hobi pergunta, ainda com um pé atrás.

— Minseok viu o pai ser morto quando era um garoto. — Respondo, encarando um ponto fixo no meu quarto. — O pai dele era viciado em jogo e tava devendo uma grana pra um caras aí. O avô dele não é só médico Enchanted, ele se formou em medicina normal mesmo, e diagnosticou Minseok com traços de Ansiedade pesada por causa disso: fobia social e síndrome do pânico, tudo por causa do pai. É por isso que sente essas coisas.

— Eu tô... chocado? — Ele diz, massageando as têmporas. — E por que eu senti uma coisa esquisita quando tava perto dele?

— Como assim?

— Um dorzinha de estômago, juro, foi bizarro! — Hobi responde, fazendo uma careta de dor. — Na escola também.

— Eu tenho um palpite: você tá assustado com tudo isso e está sentindo coisas que não tem relação com Minseok, mas acabar ligando-as a ele. Você estava nervoso, é isso.

— Será? Ok, Isso é demais pra minha cabeça, isso sim! — Hobi murmura, falando mais consigo mesmo do que comigo. — Será que meus poderes tem a ver com... premonição? Eu juro que não vou saber lidar!

— Isso eu não posso responder... — Falo baixinho, me aproximando dele. — Mas com certeza você tem um poder de deixar Min Yoongi maluco!

— Nossa, essa foi muito ruim! — Ele ri loucamente, batendo palmas. — Vem cá, vem.

É claro que eu obedeço né, não sou nem louco pra isso, e pulo em cima de Hoseok, prendendo-o entre mim e minha cama. Ficamosnos olhando assim por um bom tempo, e aproveito para admira-lo por completo. Como eu amo seu rosto com traços delicados, seu nariz afilhadinho e as covinhas que se formam quando ele sorri sem mostrar os dentes. Até que ele aperta minha boca fazendo um bico com ela e deposita um selinho ali.

— Yoongi, você está aí? — A voz de Sohyun aparece, e eu dou um mortal pra trás, achando que ela já tá dentro do quarto. Merda, Sohyun! Eu já de adoro, mas tinha que querer entrar agora?

— Errr... sim, entra! — Falo, Hobi está sentando com os pés em borboleta, rindo tanto do meu Duplo Twist Carpado na cama que até assusta Sohyun.

— Namjoon quer falar com vocês dois, ok? — Ela sorri, e sai novamente, nos deixando a sós.

— Não sabia que você era ginasta! — Hoseok ri, e eu o empurro.

— Idiota.

Hoseok

E esse meu sorriso de idiota no rosto as seis da manhã, contrastando com a cara de cu do resto dos alunos? Esse sorriso tem nome e sobrenome, meus amigos.

Min Yoongi.

Acontece que passamos a noite toda ouvindo as músicas que eu gravei pra ele no CD de aniversário, pelo Skype. A gente não queria que Namjoon desconfiasse de qualquer coisa, então voltei pra casa praticamente rastejando, já que não queria sair de jeito nenhum da casa deles. A vida tem dessas coisas, gente.

Na verdade, eu apenas escolhi as músicas, já que não sabia com grava-las em um CD. Essa parte eu deixei pra Kookie-ah, que aparentemente é muito bom com essas coisas. Na verdade, eu fico pensando se ele NÃO é bom am alguma coisa, puta merda! Jungkook é um ótimo aluno, é bom em esportes, é um excelente desenhista, canta bem, dança bem, é bom filho, bom amigo e bom namorado. Eu fico pensando se ele tem algum defeito, não é possível! Ele deve chutar cachorrinhos na rua ou sentar no lugar reservado pra idosas no metrô e fingir que está dormindo, só pode. Pensar nisso me consola um pouquinho.

Dos artistas que escolhi, só Eminem que Yoongi curte. Até ontem, claro. Ele me perguntou se "todas as músicas da Katy Perry são legais que nem Firework" e disse que foi "preconceituoso musicalmente". Ele nem sabia do que a música se tratava, até pesquisar por minha causa. Eu me pergunto qual ser humano nunca viu o clipe de Firework na vida. Outra coisa: descobri que Yoongi é péssimo com inglês! E o mais irônico é que ele escuta RAPS em inglês, porra! Como assim? Daí ele me explicou que leu as letras traduzidas e por isso sabe os raps de cor. Eu não posso com isso.

Além disso, Yoongi começou a ler a Harry Potter e a Pedra Filosofal, só pra me matar do coração. É interessante que cada vez mais eu descubro coisas sobre ele. Descobri que ele lê rápido demais, parece uma versão de Jungkook, só que com livros. Quase caí pra trás quando ele disse por telefone de qual Casa de Hogwarts ele achava que se encaixava melhor.

Lufa-Lufa.

"Você tá de sacanagem." Lembro de ter falado. "

Por que? Sou leal, justo, companheiro e sincero. E muito paciente! Sou completamente lufa-lufa!"

"PACIENTE AHAHAHAHAHA! Não me faz rir! Você é Sonserina, Yoongi!"

"QUÊ? A mesma casa que os vilões da saga? Só porque eu sou chato, implicante, antipático, grosso e desbocado?" Ele respondeu, mas aí deu uma pausa e continuou: "Olha, não é que eu sou Sonserina mesmo?"

Mereço!

Sou tirado dos meus pensamentos ao ver Taehyung sentado de pernas cruzados em uma dos banquinhos da escola, pensativo até dizer chega e vendo qualquer coisa no celular. Cara, ele tá esquisito. Esquisito pra porra. O que pode ter deixado meu amigo assim? Tae tá assim desde ontem, não é possível!

— Tae? — Me aproximo, com medo de estar invadindo o espaço dele ou algo assim.

— Ahn? Ah, oi Hobi! — Ele sorri quadradinho, guardando seu celular na hora. Sorrio. Com Taehyung, você sempre pode falar, não tem tempo ruim, mesmo que ele pareça triste.

Me sento ao seu lado, escolhendo as melhores palavras.

— Tae... o que houve com você? — Pergunto, colocando um braço ao redor do meu amigo.

— Como assim? — Ele franze o cenho, parecendo confuso. Mas eu bem sei que ele tá se fazendo de desentendido!

— Ontem você tava meio... triste? - Insisto. — Sei lá, você sempre tão alegre, aí quando fica sem falar por uma hora eu já estranho!

Ele sorri de leve, mas depois fica sério. Taehyung coça a cabeça, meio sem saber o que dizer, até finalmente começar a falar. Ele parece nervoso, isso não me agrada.

— É que... é, ta bom, você tem razão! — Ele ri, parecendo mais relaxado. — Tem mesmo uma coisa me incomodando e eu não sei como resolver isso.

Aponto pra mim mesmo com as duas mãos e ele balança a cabeça, sem entender.

— Jung Hoseok resolvedor de problemas bem aqui! — Tae ri quando falo isso depois fica um tempinho pensando.

— Sabe... o problema não é comigo. É com um amigo meu! — Ele fala, de repente.

— Sério? Que amigo? — Questiono.

— Ahhhhh, é um amigo mais novo, do segundo ano sabe? Vocês não conhecem! — Ele explica agitado, e eu assinto.

— Tudo bem. Mas qual é o problema dele? — Bom, vamos lá. - Ele suspira, como se tivesse indo pra guerra. Ihhhhh...

— Esse meu amigo... ele tá gostando de alguém.

— Entendiiiii... — Digo, soando muito como um pai que descobre que o filho tá entrando no mundo terrível e complicado de relacionamentos amorosos agora!

Cês acham que eu não percebi, também? É claro que ele tá falando dele mesmo usando a história manjada do "amigo"! Saudades de quando eu mesmo pedi conselho pra minha avó dizendo que um "amigo" meu estava se sentindo mal por não rezar toda noite e se ele corria risco de ir direto pro inferno.

Ela me disse pra aconselhar-lo a falar com a avó dele.

É, senhores. Coração de vó não se engana!

Ela disse apenas que eu não precisava fazer isso se eu não me sentisse bem e pediu desculpas por qualquer tentativa de me forçar a algo que não gosto, é só que ela foi criada em uma casa que seguia valores cristãos. Uma avó dessas, né? Lembro de ter dito a ela que acredito em Deus, mas não sabia se eu gostaria de fundamentar minha vida na religião dela. Não gostava tanto de quando íamos a igreja dela em Daegu, mas respeitava todos que sentiam bem ali. E agora eu tô aqui, caindo na mesma história do amigo.

— Só que ele tá com medo de falar o que sente pra pessoa que gosta. — Taehyung fala, nervoso. Então ele tá gostando de alguém????? Que interessante!

— E por que você acha que não deve... quer dizer, por que acha que seu amigo não quer dizer nada pra pessoa? — Pergunto, me corrigindo bem rápido. Tenho que jogar o jogo dele!

— Ele tem medo. Pura e simplesmente medo. — Tae diz baixinho, tenso. Ele está tão sério que até me impressiono, não se parece o Taehyung que eu normalmente convivo. Não sabia que ele se sentia assim. Há quanto tempo isso tá acontecendo? — Medo de perder a amizade dessa pessoa. Sim, eles são amigos. E a amizade dessa pessoa importa muito pro meu amigo. Ele não conseguiria viver sem ela.

Caralho. Fiquei tocado! Mas por que eu não faço nem ideia de quem seja? Que droga! Ele não demonstra gostar de ninguém, pelo menos não abertamente! Assim fica difícil!

Ou ele demonstra e eu nunca percebi?

Agora quero saber quem é, loucamente! Mas não posso pergutar porque tô jogando o joguinho do "meu-amigo-não-eu". Merda!

— Quer saber o que realmente acho? — Falo, depois de um tempo pensando. — Pergunta pra ele o que ele tá esperando pra se declarar!

— Sim... peraí, o quê???? — Ele pergunta, engolindo em seco. — Mas, mas... e se a pessoa não sentir a mesma coisa, e se ela querer distância, e se ela...

— "E se". — Falo, interrompendo-o.  "E se". Essa expressãozinha é o que acaba com muitas oportunidades na nossa vida, sabia?

Ele franze o cenho, encarando o chão.

— Taehyung, a vida é cheia de possibidades. Cada escolha que a gente faz vem acompanhada de uma consequência. A gente precisa entender que nem sempre essa consequência vai ser positiva.

— E com isso você quer dizer...

— Quero dizer que há uma grande chance de a paixão do seu amigo não querer ele, de querer acabar a amizade por causa disso, querer distância temporária e até permanente, tudo por que a amizade poderia ficar claramente balançada.

Taehyung faz uma cara de aflição, mas eu aperto seu ombro e continuo.

— Maaas. Há uma chance igualmente grande de essa pessoa corresponder, de ela também amar seu amigo assim como ele a ama, e daí surgir um relacionamento que pode durar por um bom tempo, quem sabe pra sempre?

Sua expressão se suaviza. Ele encara a minha mão sobre o seu ombro, sorridente.

— A vida é muito curta pra gente viver de "e se". Fala pra ele tentar, ué! Ele pode estar perdendo uma grande chance de construir sua felicidade por causa  de dúvidas bobas! Quantas vezes a gente não faz isso, perdemos boas oportunidades por medo de nos machucarmos? Se não rolar, pode doer, mas bola pra frente. Tudo na vida passa.

Ele sorri, parecendo aceitar o que digo.

— Se a gente ficasse com medo de se machucar o tempo todo, a gente nem saía de casa! Ele pode até guardar isso pra sempre pra evitar a decepção, mas isso não é pior do que a consciência de que ele perdeu a maior oportunidade da vida dele.

— Nossa... — Tae murmura, uma lágrima escorrendo dos seus olhos.

— Você tá... chorando??? — Pergunto, sem acreditar, me aproximando e secando o seu rosto. — Nossa, esse amigo é MESMO importante pra você!

— Ele é! - Ele ri, confirmando com a cabeça. — Vou falar tudo isso, pode deixar. E Hobi... obrigado.

Taehyung me abraça, e acabo retribuindo, surpreso com o gesto! É tão engraçado com ele acha que não vou sacar, ele chorando assim, me abraçando.

— É... Tae? - Cutuco meu amigo, depois do que parece ser uma eternidade abraçado a ele. Ele grudou, acho que vou ter que chamar o bombeiro pra separar.

— Ah, ta! — Ele se desvencilha, rindo de si mesmo. — Obrigado, Hobi! Assim que meu amigo souber, ele vai seguir se conselho! Não vai demorar muito, prometo!

Daí, ele se transforma em mim e fica me imitando, discursando da mesma forma que discurei há um minuto atrás. Nossa, até que me encarando bem... eu não sou feio como eu pensava! Venci na vida?

Ele vai embora saltitando, nem imagino porque! Fico meio frustrado porque sou curioso por natureza, e gostaria de saber quem é a pessoa que mereceu a atenção de Taehyung. Acredito que seja alguém bacana, ele não tem cara de quem se apaixona por gente babaca.

— Você acha que vai mandar bem amanhã? - Escuto a voz parada, quase mórbida de Xiumin se aproximando.

— Espero que sim! O professor Seung quer comer meu rabo frito no churrasquinho, mas vou ignorar essa cisma dele e tentar mostrar que sou minimamente bom em exatas. — Escuto a resposta de Yoongi.

— Ainda nessa? — Xiumin ri de levinho, agora os dois surgem próximos a mim. — Mas ele é um babaca mesmo, isso é uma das coisas que eu não sinto...

O garoto para de falar ao me ver. Ata, eu nem esperava por isso.

Yoongi fica olhando pra ele, esperando que ele faça alguma coisa, mas Xiumin se aproxima dele e fala baixinho (nada que eu não possa escutar, claro):

— Eu vou... ver como Taehyung está, sinto falta daquele doidinho. Tchau! — Ele sai, ajeitando a gola do uniforme e colocando as duas mãos no bolso. Xiumin não está mais de roupas comuns como ontem, lembrando que era seu primeiro dia, mas ainda sim parece esquisito e diferente de todos os outros. Também, não esperava nada muito diferente de um adivinhador. 

— Ok, eu assumo. — Yoongi suspira, passando o braço ao redor do meu tronco. — Ele não gosta de você, não.

— Olha ele, descobriu a pólvora! — Falo, e ele revira os olhos. — Isso nem tá claro, né!

Yoongi agora encara o chão.

— Dá um tempo pra ele, vai. Minseok sofre de problemas psicológicos! — Yoongi diz e eu bufo, cruzando os braços. Acho que estou sendo impaciente, mesmo. — E além do mais, você é novo, se dá muito bem com todos nós... ele pode estar sentindo ciúmes.

— Ele não parece um cara ciumento! — Solto uma risada divertida, pensando no que tô prestes a falar. — Ele parece um membro perdido da família Adam's!

Yoongi ri de forma descontrolada, e sou contagiado pelo seu riso engraçado. Esqueci como era a risada rara dele, já que ele passa a maior parte do tempo sério. Ainda que tenha melhorado muito, claro. Por causa de quem? Por causa de quem? Isso mesmo, eu aqui!

— Ah é? E ele não te lembra ninguém, não? — Yoongi sorri, apontando pra si mesmo.

Ele tem razão. As olheiras profundas de Minseok não são muito diferentes das de Yoongi quando eu o conheci. O jeito retraído demais, quase como se tivesse algum problema SÉRIO de comunicação. Até a preferência por roupas pretas. Mas por incrível que pareça, Minseok ainda é mais gótico. Yoongi era mais silencioso. Ah, nem sei mais!

— Mas essa fase já passou, né? Olha que evolução: de um cara super emo que só falava com meia dúzia de pessoas e livros pra um cara mega descolado que anda com os gatos da escola Park Jimin e Jackson Wang e ainda vai ser par de uma menina que parece um boneca Barbie asiática! Me ensina? — Finalizo, e ele ri, balançando a cabeça

— Tudo bem. Mas só se você me ensinar a como entrar na vida das pessoas e fazer elas se sentirem tão bem depois disso. Troca justa, né?

Não tem praticamente ninguém aqui, isso deixa as coisas bem sugestivas, eu diria! Ele se aproxima devagar, seus lábios delicados rosados e seu cheiro de menta me fazendo esquecer momentaneamente do meu nome. Você acha que eu tô brincando? Queria ver se estivesse no meu lugar

— Yoongi Hyung, me tira uma dúvida aê! — Jackson aparece, fazendo Yoongi recuar um pouco e olha-lo de cara feia! Tento segurar a risada, mas ela escapa e Jackson me olha, confuso.

— Fala! — Yoongi responde, meio impaciente .

— Minseok tá devendo? — Jackson pergunta com um seriedade de impressionar e tanto eu como Yoongi trocamos um olhar. Do que ele tá falando? — Não me olhem assim, tô falando sério! Ele tá usando drogas? Ecstasy, talvez? Quem tá vendendo balinha pra ele?

— E por que ele estaria fazendo isso, Jackson? — Yoongi questiona, tirando as palavras da minha boca.

— Eu sei que ele é meio vampiresco, até aí tudo de boa, mas ontem eu vi algo que foi de arrepiar os cabelos do cu! — Jackson sussurrra essas últimas palavras tão poéticas! — Ele tava fugindo de alguma coisa!

— Fugindo? Talvez daqueles maconheiros da outra turma que querem bater em todo mundo. — Yoongi dá de ombros, e eu me encolho un tiquinho ao lembrar que quase fui eu, no primeiro dia de aula. Mas depois que aqueles garotos me viram andando direto com gente com Jimin, Momo e o próprio Jackson, eles pararam.

— Não, é aí que tá! - Ele quase grita, como se estivesse em algum programa CSI da vida. — Não tinha ninguém atrás dele, moleque! Ninguém! Xiumin tava fugindo do nada! Juro, se isso não for drogas pesadas, com certeza é algo que ele sabe e nós não sabemos.

Yoongi faz um careta esquisita ao ouvir isso. Ok, fiquei curioso? Só um pouco! E isso é tão esquisito

— Preciso falar com ele, tô preocupado, já tinha falado isso com o Hobi! — Ele diz baixinho. — Mas valeu pelo toque Jack, você é um grande homem.

— Que isso, você que é um homão da porra! Se você não fosse pro baile de formatura com a Somi, eu iria contigo! — Jackson faz uma carinha de apaixonada e Yoongi bufa.

— Menos, Jack! — E o Jackson ri, fazendo carinho em Yoongi e pegando-o no colo, até Yoongi queima-lo por começar a ficar irritado. Jackson disse que se vingaria. Mais um dia comum na vida de dois Enchanteds.

Acabamos subindo juntos, com os dois fazendo ameaças um pro outro. Eu fui pra minha aula de química e Yoongi pra aula de Sociologia, enquanto Jackson se enfiou em algum buraco com Momo e nem sei se foi assistir aula nenhuma. Eu não mereço essas putarias, eu, um homem puro desses!

A aula foi uma chatice, eu até gosto de química mas... sei lá cara, não desce muito. Biologia reina!

Eu sei que deveria ficar focar na aula e pensar no vestibular que eu prestaria em breve, mas não consegui parar de pensar nele. Quando nos beijamos, eu me sinto triste só de pensar que vamos ter que nos separar e não podemos ficar com os lábios colados pra sempre! Eu sou maluco? Talvez, só um pouquinho, né? Como eu queria que a minha vó estivesse aqui, ela provavelmente seria vítima de uma falatório meu, só sobre ele, tadinha! Ela ficaria surpresa se me visse com um garoto, disso não tenho dúvidas, mas não acho que ela odiaria a ideia. Jimin me disse que se a senhora Park desconfiasse de qualquer coisa, ele entraria no cacete. Isso é tão ridículo, me faz detestar ainda mais aquela mulher.

O que eu diria pra vovó? Ele é meu... er... ficante? Isso é constrangedor, nem namorados somos! Apenas pessoas que se gostam e é isso. Pelo menos, eu acho que ele gosta de mim, né?

Não sei como começou. Eu só... passei a pensar cada vez mais nele, no seu jeito implicante e sarcástico, desbocado ao extremo e impaciente. Parecem características terríveis em alguém, mas juro que nele ficam... únicas. A pele branquinha, os cabelos verde-menta (completamente desbotados, mas vamos deixar isso em off, certo? nem comento o meu rosa-quase-branco!) o cheiro de menta inconfundível, os lábios rosados e o sorriso que não é tão constante, mas que poderia iluminar o dia de qualquer um que tiver a honra de ver.

Nossa, que poético.

Eu sou muito gay.

Depois de ficar um tempão ouvindo um discurso da diretora Miok junto com os outros alunos do terceiro ano sobre "como devemos nos dedicar aos estudos esse ano e parar de pensar em porcarias supérfluas como baile de gala" sou liberado e vou andando pra casa sozinho, já que meus amigos estavam todos ocupados. Jimin, Jackson e Baek e Momo ficaram de detenção por "promoverem a desordem". Palavras da diretora. Namjoon e Tzuyu ficaram pra reunião do conselho estudantil, enquanto Jin e Kookie-ah estavam ocupados com seus clubes. Eles já faziam parte em outros anos, mas demoraram a entrar um pouco nesse por causa da confusão do vestibular. Decidiram finalmente voltar a pouco tempo, pra ter o que colocar na ficha quando forem pra faculdade a até ganharem mais pontos na escola.

Jungkook-ah entrou pro clube de desenho, ele é praticmanete perfeito nisso. É por isso que quer fazer arquitetura, acho. Jin estava em dúvida cruel entre o clube de culinária e o de jardinagem, mas ele optou pelo primeiro, já que disse que se destacaria muito no outro, e ele é humilde demais pra isso. Admiro a autoestima desse garoto.

E Yoongi... bem, a diretora pediu pra ele ficar, já que tinha alguém querendo falar com ele na secretária. Provavelmente algum desaforo que ele falou na aula do professor Seung de física, já que eles possuem aquele ódio mútuo. E o mais engraçado é que o homem, por mais repugnante que seja, simpatiza comigo. Engraçado, se não fosse trágico.

Depois de caminhar pelas ruas observando alguns outros alunos, lojas abertas e correria de gente voltando do trabalho apressada, finalmente chego em casa.

Há um lado bom e ruim em não ter a minha avó em casa: o ruim é que não tem comida gostosa sempre e nem uma pessoa fazendo boa parte das coisas pra você, além da saudade. A boa é que...

EU POSSO ALOPRAR!

Tipo, jogar minhas coisas pelo chão e deitar na cama sem tirar os sapatos. Não tô brincando! Uma delicinha, sem sermão pra ouvir.<

Tudo estaria perfeito, se eu não tivesse a última prova da semana amanhã:

Física.

Aigoo, acabou pra mim. Quer dizer, venho estudando com frequencia, sempre pedindo ajuda de Namjoon/Tzuyu e até mesmo Jungkook-ah, mas uma coisa é fazer com eles, né? Outra bem diferente é fazer a prova SOZINHO, abandonado lá!

E estudar agora, já no fim de tarde, não adianta nada. O que estudou, estudou, o que não estudou não estuda mais! Simples assim.

Depois de tomar um banho e tirar aquele uniforme horroroso, coloco o DVD de "De volta para o futuro", um dos meus filmes favoritos. Quando já tô debaixo das cobertas e os créditos iniciais surgem na tela, meu telefone toca. No visor: ChimChim

— Olá! — Falo, enchendo minha boca de bala que comprei de um carinha na perto da minha casa. — Como vai você, querido amigo

— Melhor se você tivesse indo se arrumar agora pra sair comigo! — Ele fala, agitado. —Tô passando aí pra te pegar, se arruma bebê

— Quê? Você tá louco, hoje é terça e amanhã tenho uma prova importante, nem vem! — Respondo, revirando os olhos.

— Ahhhhhh, qual foi, por favor! — Ele fala, manhoso. — É muito importante pra mim, você vai ser o PRIMEIRÍSSIMO a ter essa honra! Vamos a um lugar foda demais!

— Eu vou ser o primeiro por que o Kooki-ah ainda tá na escola né? — Pergunto, irônico.

— Ah, cala a boca! Eu e Cho vamos passar aí, ela tá com saudades! — Ele responde.

— Também tô! Mas peraí, com que roupa eu vou? Que lugar é esse?

— Qualquer uma, não é festa de gala nem nada, é só um passeiozinho! — Jimin diz.

— Ai, porra... Não vai demorar isso aí não, né? — Indago, e ele insiste que não. — Tudo bem, vou me adiantar aqui!

— Gosto assim mesmo! Tchau, irmão! — E desliga.

Eu e minha maldita curiosidade!


Notas Finais


~hello sisters/brothers~

AINDA TO TOCADA COM O BBMA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1

ELES LÁ INTERAGINDO COM OS FAMOSO OCIDENTAL TUDO AHHHHHHHHHHHHHHHH

A FOTO QUE ELES TIRARAM COM A CAMILA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

VIRARO ABIGUINHO DA HALSEY EU TO SECA VIADO

MEUS FILHOS AHHHHHHHHHH QUERU CHORAR

ok, parei de surtar kkkkkkkkkkkk

até a próxima Enchanteds <3


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