História Encontrando meu caminho - A fuga

Mais um dia aqui. Mais um dia vendo todos garotinhos e garotinhas achando famílias. Mas eu, ah eu não,  eu continuo aqui. A minha última amiga foi adotada a 2 semanas, ela tinha 11 anos, e eu tenho 15, uma idade muito difícil para alguma família querer. A maioria quer crianças de 0 a 7 anos. Mas a realidade mesmo é que eu não quero ser adotada. Eu cheguei aqui com 13 e em nenhum minuto desses dois anos eu esqueci dos meus pais, eu  quero eles de volta de uma maneira tão forte. Ainda não entendo direto porque eles foram embora, mas sei que fizeram algo muito errado, que envolve dinheiro, só isso que posso dizer. Bom neste momento estou sentada em baixo de uma árvore, vendo umas crianças brincando de "pega pega". Sinto o vento batendo no meu rosto, e queria me sentir completa, mas não consigo, sinto que minha vida está fora dos trilhos,esta faltando alguma coisa, estou solitária,  mesmo as moças dos orfanato sendo muito queridas. Fui deitar essa noite cansada, porém ao mesmo tempo não conseguia relaxar ( como se nas outra noites tivesse conseguido ne) eu estava realmente muito inquieta. A real é que eu não estava mais aguentando ficar ali, e foi nesse momento que tive a idéia de fugir. Pensando nisso me veio uma sensação tão louca, ao mesmo tempo que com muito medo, mas também  com uma sensação muito forte me falando pra ir. Segui essa sensação. Tentando fazer o máximo de silêncio e cuidando para as meninas que dormem no meu quarto não acordarem, fui botando minhas coisas principais em uma mochila,  as coisas básicas que eu iria precisar; botei um cobertor, algumas roupas, produtos de higiene, dinheiro ( meus pais deixaram comigo quando fugiram e até hoje não gastei) e um retrato com meus pais me abraçando. Sai do quarto, desci as escadas bem devagar, e fui pra sala. Abri umas das janelas e pulei ela, era meio metro do chão,  nessa hora me bateu uma agonia, um medo, mas não podia desistir agora. Consegui com muito esforço pular o muro, mas cai no chão e ralei a perna. Nesse momento olhei pra janela e uma de nossas cuidadoras me viu. Corri em disparada,  meu coração estava batendo muito rápido,  e meu joelho doendo demais, e a ainda estava com o peso da mochila. Mas continuei correndo sem perder o ritmo. Virei numa rua a direita, depois numa a esquerda, corri até achar que estava longe o suficiente, e até minha pernas aguentarem. Sentei no meio fio, com a respiração ofegante. Levantei minha calça até o joelho para ver meu machucado,  estava sangrando, mas acho não era nada de mais. Quando minha respiração voltou ao normal e eu estava mais calma, comecei a olhar em volta, a noite estava bem escura e estava muito silêncio. Aquele silêncio me corroia por dentro. Nunca tinha me sentido tão solitária. Será que fugir do orfanato era o melhor? Será que não seria melhor voltar? Não,  não podia desistir, teria que aguentar. Tentei me acalmar, meu coração batia rápido novamente. Agora eu tinha que pensar onde iria dormir, pois eram apenas 2 da manhã, não conseguiria ficar acordada até amanhecer. Andei um pouco e vi uma rua que tinham apenas caixões de lixo, que estavam um do lado do outro. Separei dois deles, e me sentei ali. Peguei meu cobertor de dentro da mochila e deitei no chão,  usando a mochila como travesseiro, e esticando o cobertor em cima de mim. Fechei os olhos e logo cai no sono. Sinto uma mão me chacoalhando. Abro os olhos e vejo dois caras, jovens, aparentavam ter entre 20 a 25 anos. "Meio tarde pra garotas andarem sozinhas não é mesmo?" Falou um deles. Nessa hora o medo tomou conta de mim.