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História Encontrando o caminho. - Operação Dragão Verde.


Escrita por: ALBANIZ

Capítulo 2 - Operação Dragão Verde.


Fanfic / Fanfiction Encontrando o caminho. - Operação Dragão Verde.

Certos interesses trilham caminhos desconhecidos da população em geral e quando esses interesses ultrapassam certas fronteiras, muitas vezes organizações travam guerras secretas onde não são medidos esforços para conseguirem seus objetivos.

O celular toca. Dispensando os cumprimentos a conhecida voz pergunta: - Ouviu a notícia sobre a morte do Secretário Leroy Palmer?

- Sim senhor, por quê? - A agente responde.

- Você está designada para esse caso. - Determina o diretor conhecido com o codinome de “Operações”.

- Senhor com todo respeito, as investigações da polícia e do FBI concluíram que o caso foi suicídio, eles que deveriam cuidar disso! - Exclama a mulher.

- Não é só um “simples” caso de suicídio, Leroy era um dos nossos. Vem acontecendo um “excesso de coincidências” com nossos agentes, estão sendo mortos em vários lugares. Você receberá instruções, prepare-se. - “Operações” desliga em seguida.

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O coffee shop nunca fechava, elas ocupam uma mesa afastada. Uma moça de óculos e cabelos ruivos cacheados se aproxima para anotar os pedidos. Após troca de algumas frases a princípio sem sentido entre Zina e a jovem, ela entrega discretamente um chip junto com o cardápio.

Num apartamento no sétimo andar as duas mulheres discutem: - Você não pode simplesmente arrumar as malas e sumir só Deus sabe por quanto tempo, isso não é justo! - A loira diz irritada.

- Gabrielle tenho um trabalho para fazer e você não pode me acompanhar. - Zina diz com firmeza.

Mas Gabrielle insiste. Zina explica do receio de envolvê-la em situações extremamente perigosas, esse era um caso muito estranho e que para realizar essa missão precisava vê-la em segurança para que pudesse concluir o trabalho o mais rápido possível.

Já sem argumentos, com muita relutância Gabrielle concorda, mas com a condição que ela não a deixasse sem notícias.

- Então só me resta aceitar o convite da universidade para participar do congresso em Londres. - Resmunga a loira.

................ Contratada para matar.

O desaparecimento de quatro agentes chaves, levanta uma série de questões para serem avaliadas. A organização infiltrou cuidadosamente seus agentes nos cargos do primeiro escalão do governo, agora todo o plano terá um atraso de meses ou quem sabe anos. O Mestre está irritadíssimo com os últimos acontecimentos, durante anos decidiu sozinho sobre assuntos importantíssimos, agora nunca um problema lhe tirou tanto o sono como aquela mulher. É por causa de gente como ela que a política internacional dá reviravolta.

Ele digita um número restrito. No segundo toque a ligação é atendida. Num contato frio e profissional, sem maiores cordialidades a ordem é dada: - Najara, tenho um trabalho para você. Venha para cá imediatamente. - E desliga.

Os portões de ferro se abriram automaticamente, o carro entra lentamente no caminho decorado com arbustos cuidadosamente podados e segue até a mansão que fica distante da entrada principal. O carro para, a loira desce do veículo e chega à porta já aberta pelo mordomo. Se dirige ao salão onde está sendo aguardada e acomoda-se no amplo sofá que faz conjunto com outras três poltronas. A decoração é luxuosa, porém conservadora.

Após os cumprimentos o homem se encaminha para um pequeno móvel repleto de copos e garrafas. Oferece uma bebida a mulher, em seguida prepara uma dose para si mesmo. Ele observa a beleza da loira, seus cabelos curtos, os olhos azuis, os traços delicados de seu rosto e a pele clara de uma suave tonalidade, formam um conjunto harmonioso dificilmente encontrado nas mulheres que trabalham para organização.

- O que o senhor tem para mim? - Pergunta a mulher indo direto ao assunto.

- Quero que elimine essa mulher. - Juntamente com a ordem, o homem passa fotos da agente. - Chama-se Zina, é uma agente da Guarda, seu paradeiro atual é desconhecido. A única referência importante que conseguimos sobre ela é que tem uma amiga que é arqueóloga e trabalha para universidade de Nova York e atualmente está participando de um congresso em Londres. - Passa as fotos da arqueóloga para a mulher.

A mulher bebe calmamente, saboreando o líquido que lhe foi servido enquanto analisa as fotos. - Encontre uma que encontrará a outra! - Pensou.

Após alguns segundos de silêncio, ela diz: - Preciso de uma passagem para Londres ainda hoje. Faça seus contatos na área de imigração, quando ela retornar eu estarei no mesmo voo e saberemos cada passo dela e com certeza encontraremos a tal agente. O resto é comigo.

................ Voltando para casa.

Ela olha impaciente para o relógio, a fila anda lentamente. A balbúrdia sonora e visual do grupo de adolescentes que estavam à sua frente aumenta ainda mais sua irritação.

Droga não vai dar tempo! - Pensou a mulher.

O táxi atrasara mais de meia hora devido ao trânsito caótico de Londres. Considerando que o voo decolaria em dez minutos, ela tinha pouca esperança de conseguir embarcar, a menos que o voo também atrasasse, coisa raríssima em um aeroporto londrino.

Finalmente foi chamada. O funcionário pega o passaporte, examina a foto e sorri para ela. Ela responde ao sorriso para ser gentil, mas bate o pé nervosamente.

- Gabrielle. Bonito nome, condiz bem com sua beleza. - Diz o homem.

Ela força um sorriso, já tivera algumas amostras dos insossos galanteios ingleses recentemente.

- A senhora veio a Londres a passeio ou a trabalho? - Pergunta o funcionário.

- A trabalho..., vim participar de um congresso de arqueologia. - Gabrielle responde educadamente.

- Ah, a senhora é arqueóloga? - Insiste o homem, interessado em prolongar a conversa.

- Sou, mas agora a única coisa que eu quero é pegar o avião e voltar para casa. - Responde a mulher encurtando a conversa.

O funcionário demonstra visivelmente que não gostou de ser “cortado” daquela forma. Ele carimba o passaporte e o devolve. - Então é melhor a senhora se apressar, seu voo deve estar saindo. - Fala rispidamente.

Ela apressa o passo, está quase correndo pelo longo corredor. Procura pela indicação do terminal e corre até o portão de embarque que já está sem filas.

- Ainda é possível embarcar nesse voo para Nova York? - Gabrielle pergunta aflita.

A atendente recorre ao computador, digitando uma série de códigos e responde: - Desculpe senhora, mas o embarque está encerrado.

- Não tem como reabrir o voo, com certeza ele ainda não decolou. - Insiste a loira.

- Sinto muito senhora, não é mais possível. - A mulher responde.

Gabrielle larga a valise no chão, suspira e pergunta: - Quando sai o próximo voo?

- Um instante por favor. - A mulher digita mais uma série de códigos, depois lê o resultado no monitor. - O próximo voo para Nova York decola às onze horas e vinte minutos.

- Por favor, coloque-me nesse voo. - A loira pede.

A atendente digita mais uma série de códigos e emite um documento complementar a passagem, informando o novo horário, número do voo e diz: - Seu embarque será no portão quinze do terminal dois. Boa viagem senhora.

Gabrielle agradece e dirige-se ao portão indicado, acomoda-se na cadeira aguardando a chamada para o voo. Pega o celular e faz uma ligação.

A chamada é atendida no terceiro toque. - Zina?... Não, não, ainda estou em Londres. Perdi o voo... Calma, é eu sei...humrum..., certo. Escuta, eu vou no próximo voo, chego por volta das dezoito horas daí... É, eu também estou com saudade. - A conversa se prolonga por mais alguns minutos até que Gabrielle se despede.

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Quando Gabrielle se afasta uma mulher, loira de cabelos curtos se aproxima do guichê e pede que ela também seja colocada no mesmo voo.

Passar pelo corredor estreito do avião com a bagagem de mão exigiu alguns malabarismos, chegando no assento marcado abriu o compartimento para guardar a valise. Naquele instante Gabrielle se sentiu observada. Deparou com uma mulher sentada na poltrona do corredor duas fileiras após a sua, olhando-a fixamente.

Gabrielle acomoda-se na poltrona, puxa da bolsa de couro um exemplar do American Journal of Archaeology, procurando relaxar um pouco quando é interrompida pelo rapaz sentado ao seu lado.

- Esse jornal é ótimo. A senhora é arqueóloga? - Pergunta o rapaz.

Incomodada com a intrusão, mas não querendo ser descortês ela responde: - Sou arqueóloga e pesquisadora da universidade de Nova York.

- Mas que coincidência! Estudo línguas antigas com o Dr. Iolaus do departamento de arqueologia, a senhora o conhece? - Pergunta o rapaz.

Ela sorri e responde: - Conheço sim, somos grandes amigos.

- Vou conhecer a cópia do pergaminho de Ares... É a primeira vez que participo de um trabalho de tradução de grego antigo, estou super animado! - Diz o rapaz.

Pergaminho de Ares, então foi assim que Iolaus o denominou. - Pensa Gabrielle, lembrando-se do acontecido algum tempo atrás. Ensaia um sorriso, mas mentalmente pragueja pela ideia que teve de pegar o jornal. O jovem desanda a falar sobre suas expectativas profissionais, a recente descoberta do templo de Zeus e do pergaminho original roubado dos arquivos da biblioteca.

Roubado dos arquivos da biblioteca? - Pensa. - Depois ligará para Iolaus para saber mais detalhes sobre o “roubo”. O rapaz não sabe que está falando com uma das pessoas diretamente envolvida em todos esses fatos. Gabrielle sente que essa será uma longa viagem.

O avião aterrissa e percorre a pista até a área de desembarque e para definitivamente. Todos começam a se levantar para serem os primeiros a pegar as bagagens de mão e sair da aeronave. Ela se apressa, pois não deseja ser acompanhada pelo rapaz. Disfarçadamente olha na direção das duas fileiras atrás da sua poltrona, mas não encontra mais a mulher. Novamente percorre longos corredores e coloca-se na fila para apresentação de passaportes. O funcionário digita os números de registro do documento, lê a informação no monitor e olha desconfiado para ela.

- Há alguma coisa errada com seu passaporte. - Informa o homem.

- Errada? Como assim? - Pergunta a loira.

O telefone do guichê toca, o funcionário atende e ouve as instruções. - Sim senhor, mas o passaporte... - volta a ouvir mais um minuto. - Certo senhor. - Responde o homem e desliga o telefone.

- Pode passar. - Diz o homem devolvendo o passaporte.

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Na sala do departamento de imigração do aeroporto um funcionário observa o aviso piscando em vermelho no monitor. Foi um passaporte que acionou o alerta. Ele olha a câmera de segurança; uma mulher bonita, cabelos longos e loiros, de rosto angelical. O funcionário chama o chefe. Um homem de cabelos grisalhos, feições orientais, aparentando sessenta anos se aproxima, lê os dados que aparecem na tela e liga para o funcionário do guichê. Sem cerimônias de apresentações, dá uma ordem direta:

- Deixe-a passar..., está tudo sob controle, não se preocupe. - Desliga o telefone, em seguida faz outra ligação. - Ela acaba de chegar. - Informa e desliga.

No saguão de desembarque Gabrielle vai se esgueirando entre pessoas e bagagens alheias que se aglomeram junto à porta automática. Ao sair olha ansiosamente para todos os lados. A ansiedade dá lugar a decepção quando se certifica que Zina não está no local. Quando está prestes a telefonar ouve uma voz conhecida as suas costas: - Você está linda!

Ela vira-se rapidamente e encontra os olhos azuis mais lindos que ela já vira, acompanhados de um sorriso no rosto mais belo que alguém poderia ter. Gabrielle joga a valise no chão e se atira no pescoço da dona da voz. As duas se aninham num abraço tão apertado que pareciam querer se fundir num só corpo. Zina pega a bagagem e seguem abraçadas para o estacionamento. Ambas estão tão envolvidas com o reencontro que não percebem que estão sendo observadas a distância por uma terceira pessoa.

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Zina descansa relaxada de olhos fechados, acariciando o corpo de Gabrielle, sentindo a maciez de sua pele; sentir o calor daquele corpo nu aconchegado ao seu é uma sensação maravilhosa. A loira acaricia suavemente o abdômen da amada, estudando cada parte dele como se fosse a primeira vez que o tocasse.

Zina vira-se para a mesinha ao lado da cama, abre a gaveta e localiza alguns papéis. - Ah, aqui está! - Diz Zina abanando os papéis para Gabrielle. - Adivinha o que é isso! Se acertar ganha um beijo!

- E se eu errar? - Pergunta Gabrielle sorrindo curiosa.

- Ah, aí eu ganho um beijo! -Zina responde sorrindo.

- Que castigo hein?! - Diz Gabrielle sorrindo. Ela tenta pegar os papéis da mão de Zina, mas a morena frustra o bote. A loira faz outras tentativas, mas todas frustradas. Brincam como duas crianças despreocupadas e felizes, até que Zina a deixa pegar os papéis. Gabrielle lê os papéis: - Munique?!

- Humrhum. - Zina confirma e continua: - Nós vamos até Munique e de lá pegamos um carro para Baviera. Vamos nos hospedar no Bavária, é um hotel muito aconchegante, ideal para uma lua de mel. As paisagens são belíssimas. Nessa época do ano as estradas ainda estão abertas, mas logo começarão as nevascas e as estradas serão fechadas devido as avalanches. Por isso temos que aproveitar esse período agora. - Explica Zina.

- Mas eu acabei de chegar, como vou explicar isso ao Iolaus?! - Pergunta Gabrielle.

- Não se preocupe com isso, eu converso com ele ok? - Zina responde e continua. - E se ele não te dispensar por uma semana eu sequestro você. - Diz se jogando em cima da loira, as duas caem na cama rindo e se beijam apaixonadamente indicando que não sairiam da cama pelo menos na próxima hora.

................ A viagem.

As mulheres entram no quarto do hotel às onze da noite. Gabrielle estava exausta, mas feliz. Estava na Baviera e com a pessoa que mais amava na vida.

No dia seguinte pela manhã, partem em direção a montanha de Kehlstein. Zina quer mostrar a Gabrielle o restaurante que atualmente funciona no hotel Kehlsteinhaus. O carro sobe a montanha serpenteando pelas inúmeras curvas. Param no estacionamento em frente a um grande portal de pedra que tem um pesado portão de ferro. O arco de pedra mostra o início de um túnel que se aprofunda na montanha.

Enquanto andam pelo túnel o guia que as recebeu no portão vai falando sobre a origem histórica da casa conhecida como Ninho da Águia e sua utilização pelos alemães mais graduados do Terceiro Reich, incluindo o próprio Hitler e completa: - São cento e dois metros montanha adentro e no final tem um elevador de cento e vinte quatro metros de altura que atravessa a rocha e nos leva diretamente para a recepção do restaurante.

A recepção tinha uma decoração austera, porém aconchegante. O salão de chá era revestido de pedras amarronzadas que cintilavam com o brilho das chamas da grande lareira criando várias tonalidades de marrons e uma única parede branca onde ficava a lareira, mas o que realmente encanta Gabrielle é a visão que tem do topo da montanha. Caminham até uma das muretas que circundam a área.

- Veja Gabrielle! O lado de cá é Alemanha e para lá é Áustria. - Explica Zina, apontando para um determinado local.

Gabrielle está paralisada com a beleza da paisagem, nem mesmo o vento frio batendo em seu rosto esvoaçando seus cabelos consegue desviar sua atenção. Os topos das montanhas cobertas de neve branquíssima vão gradativamente dando lugar a coloração escura das rochas expostas e em seguida as várias tonalidades de verdes dos vales e colinas se mesclavam numa perfeição indescritível, milhares de árvores em forma de cone se espalhavam harmoniosamente pelas encostas das montanhas. Toda essa paisagem contrastando com uma imensidão azul de um céu limpo de nuvens. Zina observa a expressão extasiada de Gabrielle.

- É..., é lindo! - Gagueja a loira. - É maravilhoso..., é o lugar mais lindo que já vi. - Dizia sem desgrudar os olhos da paisagem.

- É..., você é a paisagem mais linda que já vi. - Diz a morena com o olhar apaixonado fixado na sua companheira, sem se importar com a deslumbrante paisagem que se descortinava ao seu redor. O tom de voz carinhoso chama atenção de Gabrielle, que finalmente percebe estar sendo observada por Zina. Seus olhares se cruzam numa declaração de amor onde são desnecessárias palavras. Suas almas se entendem e se completam de maneira plena. Gabrielle abraça Zina ternamente, Zina responde ao abraço aconchegando a loira como se a estivesse protegendo do vento. A temperatura começava a cair juntamente com a tarde. O sol criava reflexos dourados na neve sobre as montanhas e o céu no horizonte por trás das montanhas começava a mostrar leves tonalidades róseas, mescladas com levíssimos tons alaranjados e cinza claro. As duas mulheres abraçadas observavam o belíssimo entardecer.

Um pigarrear alto as fez voltarem do paraíso onde se encontravam. Era o recepcionista. - Senhoras..., desculpem, mas recebemos informações que a temperatura cairá bruscamente, por isso solicitamos que os clientes se abriguem no interior do restaurante. Será servido um fondue no salão de chá. Por favor, me acompanhem.

Seguindo para o salão Gabrielle murmura: - Eu te amo.

Zina a olha sorrindo e responde: - Também te amo, minha vida.

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O sinal luminoso indica que o elevador chegou, a porta se abre e dois homens vestidos com grossos sobretudos saem do elevador, olham em todas as direções procurando alguém. Zina vê os homens vindos em sua direção, seus sentidos já despertos acompanham atentamente a aproximação. Ela afasta ligeiramente a cadeira deixando espaço para suas pernas ficarem livres. O que vem a frente é alto, tem olhos, cabelos e bigode pretos e uma pequena cicatriz no queixo, o outro é mais baixo e corpulento, tem olhos azuis e barba; a calvície acentuada faz realçar os cabelos restantes. Eles param junto à mesa das mulheres. Um momento de tensão, o segundo homem parou dois passos mais atrás.

- Senhora. - Após um leve aceno com a cabeça, o homem de bigode pega um envelope no bolso interno do sobretudo.

Zina pega o envelope com certa cautela, abrindo-o rapidamente lê seu conteúdo. Seu semblante se fecha. Gabrielle parou de saborear o fondue, ela observa atentamente a cena sem falar nada.

- Certo senhores, partirei amanhã, agora se nos derem licença... - Zina diz encarando o primeiro homem.

Os homens não se moveram. O misterioso homem de bigode pressiona a mulher. - É só isso? A Guarda não espera. - Insiste o homem.

Zina levanta-se repentinamente, aproximando-se de tal modo que seus narizes quase se tocam, os olhos azuis se tornam furiosos, ela repete o que acabara de dizer. Eles se encaram por segundos, até que o homem vira-se indicando que o outro o siga e entram no elevador.

- Não vai me dizer que ficou com medo daquela mulher?! - Disse com sarcasmo o homem de barba.

- Não venha com piadinhas idiotas. Aquela mulher é uma agente especial altamente treinada, não somos páreo para ela. - Responde o agente.

Nesse instante um celular toca, o homem de bigode reconhece imediatamente a voz do outro lado da linha. Após uma curta explicação do agente, a voz ordena: - Muito bem. Vocês serão o apoio na retaguarda entendido? - Antes que o homem de bigode pudesse responder, a ligação é encerrada.

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- A Guarda? É a sua... - Gabrielle é interrompida pelo gesto de Zina.

- Como esses homens sabiam que você estava aqui? - Insiste a loira.

- Já te disse que temos olhos e ouvidos por toda parte, ninguém se esconde deles por muito tempo. - Responde a agente.

- O que dizia aquela mensagem? Vi de relance algumas coisas escritas e umas marcas em vermelho, o que era aquela lista? - Gabrielle insistia.

- Já disse para não falar mais nisso! - Zina responde rispidamente.

Zina dirige em silêncio de volta ao hotel. Um turbilhão de pensamentos passa por sua cabeça, sabia que o sucesso de qualquer missão dependia de concentração para atingir o objetivo, mas agora sua concentração se dividia. Por enquanto não tinha sido prejudicial, mas sabe que é uma questão de tempo até que seu modo de vida se torne perigoso para Gabrielle. Quando? Não sabe dizer e isso a tortura. Jamais se perdoaria se acontecesse alguma coisa com sua amada.

- Olááááá, planeta Terra chamando! - Exclama Gabrielle chamando Zina à realidade.

Uma rápida olhada e Zina volta atenção para estrada. Gabrielle sente que não é uma boa hora para pedir explicações. Ela acaricia os cabelos negros de sua princesa e aconchega-se ao seu ombro. Essa aproximação faz com que Zina sinta o perfume dos cabelos da loira, ela relaxa momentaneamente de seus pensamentos; o carro segue descendo pela estrada.

............... As turistas.

No quarto do hotel as duas mulheres discutem visivelmente irritadas: - Você vai voltar para Nova York no próximo voo. - Diz Zina.

- Nossa viagem foi interrompida por uma maldita mensagem que você não que me dizer o que é. Não vou simplesmente arrumar as malas e voltar para casa como você quer e ficar esperando notícias suas só Deus sabe por quanto tempo, isso não é justo! - A loira se exaspera.

- Gabrielle escute, você não pode vir comigo, tente entender. - Responde Zina.

Dessa vez Gabrielle se mostra irredutível, insiste em acompanhá-la por onde ela for, afinal já passaram pelos mais diversos problemas desde muitas vidas passadas. Sempre foram companheiras, amigas, amantes, suas almas nasceram para ficarem eternamente juntas. Um vínculo tão forte que nem as mortes anteriores conseguiram separar.

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Realmente eu enlouqueci, como posso ter concordado com essa loucura?! - Pensa a agente, enquanto olha Gabrielle dormindo no assento ao seu lado. Ao mesmo tempo que está preocupada também está feliz com a presença de sua amada. Zina apaga a luz da cabine e relaxa procurando aproveitar esses poucos momentos de tranquilidade que terá. O trem segue seu curso tranquilo com destino à Viena.

- Muito bem mocinha, já que a senhora resolveu me acompanhar está na hora de saber as regras que devem ser seguidas á risco, para nossa segurança e principalmente a sua. - Diz Zina enquanto dirige. - Começa a enumerar as regras sem desviar a atenção da picape preta que as seguem desde a saída do hotel.

O estado de alerta de Zina já é conhecido pela loira. A mente agitada da agente vai analisando a melhor rota de fuga. Zina entra no túnel, olha pelo retrovisor e observa a picape acelerar o suficiente para emparelhar com o delas. Numa rápida olhada vê a silhueta de dois homens e pelos gestos um deles parece tirar uma arma de dentro do paletó.

- Gabrielle, seu cinto está bem preso? - Zina pergunta.

A loira responde afirmativamente se preparando para o que sabe que vai acontecer. A agente engata a marcha de velocidade máxima e pisa fundo no acelerador, o carro dispara sendo seguido de perto pela picape. Ambos os carros correm a toda velocidade pelo túnel desviando com destreza dos outros veículos que trafegam em seu interior. As luzes amarelas piscam avisando da proximidade do fim do túnel e do início das vias de trânsito. Os veículos saem do túnel sem se importarem com os carros que trafegam no emaranhado de ruas e avenidas logo a saída do túnel.

Gabrielle segurava-se com força na alça da porta, mas era sacolejada de um lado para outro devido aos desvios constantes que Zina fazia dos veículos. Ela vê o sinal amarelo se transformar em vermelho no cruzamento com a movimentada avenida. - Não acredito que ela vai fazer isso de novo. - Pensa Gabrielle. - O pânico é visível em seu rosto. A lembrança do quase acidente com a carreta ainda estava fresca em sua memória. Os dois veículos estão a poucos metros de invadirem o cruzamento e se chocarem com outros veículos. Os carros na avenida avançam ao serem liberados pelo sinal verde.

- SEGURE-SE! - Zina grita. Uma freada brusca onde os pneus cantam soltando fumaça e uma rápida guinada no volante para a esquerda. Gabrielle grita, sente a garganta quase explodir. O carro desvia de um poste, sobe em meia calçada, freia com grande estardalhaço antes de rodopiar sobre si mesmo e entrar na avenida seguindo o fluxo do trânsito a tempo de ver a picape atingir violentamente um carro que por sua vez atinge outros dois, causando um engavetamento. Zina diminui a velocidade mantendo o permitido pela via que agora percorre.

Um carro que acompanhava a perseguição vê os acidentes. A loira ao volante pressiona o botão do controle remoto, travando as portas da picape que com uma pequena explosão se incendeia. - A organização não deixa rastro. - Ela parte com o carro entrando tranquilamente na avenida, sem se importar com a agonia dos passageiros feridos da picape que estão sendo queimados ainda vivos.

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- Entende agora porque eu não queria trazê-la?! - Zina diz enquanto dá um copo d’água para a loira. - Você não está preparada para isso. Os últimos acontecimentos te abalaram muito.

Gabrielle bebe a água em grandes goles, Zina pega o copo de suas mãos e a abraça, sente o pequeno corpo trêmulo, acaricia seus cabelos tentando acalmá-la. Após longos minutos já mais calma, Gabrielle pergunta: - Quem são aqueles homens?

- Eles são de uma organização chamada Dragão Verde, tão secreta quanto a Guarda. - Responde Zina.

- Por que estão nos perseguindo, é por causa daquela lista? - Gabrielle insiste.

- É sim, aquela lista tem os nomes dos agentes deles que estão em cargos chaves dos governos de alguns países da Europa, esperando o momento certo para através de influências conquistarem poder político, militar e financeiro. - Responde Zina.

Aquela informação faz dezenas de perguntas passarem pela mente de Gabrielle. Ela suspira profundamente, tentando por seu raciocínio em ordem. Zina a observa em silêncio.

- E o que você vai fazer? - Pergunta a loira após alguns minutos em silêncio.

- Resolver o problema! - Responde a agente firmemente, com o conhecido tom de voz de que a conversa estava encerrada.

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A porta do elevador se abre, a mulher sai e se dirige para uma mesa junto à janela panorâmica do restaurante. O último alvo da lista está sentado apreciando a cidade que se descortina do prédio de oitenta andares. Ela senta-se em frente ao homem que a olha surpreso. Ele observa a mulher de longos cabelos negros, profundos olhos azuis e o rosto de traços fortes completam o conjunto marcante de uma beleza pouco comum. Ela usa um traje vermelho colado ao corpo, delineando ainda mais suas curvas perfeitas. Uma elegante bolsa de mão completa o traje. O decote deixa visível uma pequena pinta no seio direito que sobressai na pele clara.

O homem está extasiado com a deusa sentada a sua frente, acredita que é a garota contratada para seu momento de prazer. Ele oferece uma bebida, a mulher aceita e escorrega suavemente a mão sobre a dele. Ela cruza as pernas sensualmente, deixando aparecer pelos cortes laterais do vestido as longas e bem torneadas pernas.

O garçom traz dois drinks ornamentados com cerejas mergulhadas no líquido. Encarando o homem, ela pega o talo da cereja e vagarosamente passa a fruta pelos lábios, lubrificando o batom vermelho. O homem não consegue desviar o olhar de sua boca úmida e convidativa. Ele a devora com o olhar.

- Está na hora de irmos para um lugar mais agradável, você não acha? - Convida o homem.

Ela apenas sorri como concordando com o convite. O homem paga a conta, levanta-se e gentilmente puxa a cadeira da mulher. Se dirigem para o elevador, se beijam com ardor. Encaminham-se rapidamente para o estacionamento. Entram no carro, ele parte velozmente. - Essa vai valer cada centavo pago. - Pensa o homem enquanto dirige.

Durante o trajeto o homem com a mão afoita tenta um carinho mais ousado subindo pela coxa da mulher que segurando seu pulso firmemente o impede de ir além.

- Calma querido! Você vai ter a tarde toda para fazer o que quiser. - Ela murmura ao ouvido do homem e morde delicadamente o lóbulo da orelha dele. O homem enlouquece e acelera ainda mais o carro.

Cerca de quinze minutos mais tarde entram num luxuosíssimo bairro residencial, o carro para em frente a uma mansão. O portão automático abre-se e o veículo entra. O homem desce do carro e se apressa em abrir a porta da passageira. Ele desliga o sistema de alarme da casa e entram na sala finamente decorada. Uma estante tomava totalmente uma das paredes e uma lareira completava a elegância da decoração.

Já visivelmente excitado ele vai apalpando os seios dela enquanto beija seu pescoço perfumado e vai conduzido-a para o grande sofá em frente à lareira. Ele se joga sobre ela no sofá.

- Vou pegar uma coisinha aqui na bolsa. - Sussurra a mulher.

- Trouxe o preservativo? - Murmura o homem, enquanto sobe a mão entre as coxas da mulher até chegar ao sexo dela, quando sente alguma coisa fria pressionando seu pescoço. Surpreso percebe uma automática 9mm engatilhada, ele fica completamente paralisado.

O homem empalidece. Os olhos azuis até poucos instantes sensuais se transformam em frios e penetrantes, encarando-o, ela diz: - Levante bem devagar e não tente nada estúpido entendeu?

- Quem é você? - Ele pergunta enquanto vai se levantando. O olhar já denunciando o pânico, não se vê mais sinal de excitação entre as virilhas do homem.

Nenhuma resposta. Ela continua pressionando a arma enquanto também se levanta. - Quem é você, o que quer de mim? - Insiste o homem.

Após alguns segundos de silêncio, a agente fala: - Você vai escrever uma carta renunciando ao cargo de Chanceler e vai desaparecer de cena como seus outros colegas.

O homem entra em pânico. As palavras: “... desaparecer de cena...”, desmoronam todas as defesas dele. - Espere..., nós podemos entrar num acordo...Você é da CIA? Eu tenho informações valiosas. - Disse gaguejando. O suor brotava na sua testa, o semblante de pavor de certo modo divertia a agente.

Ele remove alguns livros, retira o fundo falso da estante, abre o cofre escondido retirando parte do conteúdo. Coloca o notebook, um CD e um envelope na mesa próxima deixando uma arma escondida sob alguns papéis dentro do cofre. A agente de arma em punho acompanha com atenção redobrada cada movimento do homem. Ele explica o conteúdo do CD e do envelope.

Zina ordena que ele faça duas cópias do CD. O homem digita uma senha de acesso e insere um CD, mas antes que a gravação seja iniciada Zina o afasta do notebook mantendo-o sob mira, digita uma senha e dispara a gravação. Doze segundos se passam e a operação é repetida.

Virando-se em direção ao cofre, ele diz: - Espere, tem mais uma coisa! - Apanha o revólver dentro do cofre e vira-se rapidamente na direção da mulher disparando três tiros, mas em total estado de alerta e agilidade felina, a agente ao mesmo tempo que pula se desviando das balas, dispara três certeiros tiros no peito do homem que cai derrubando livros e cadeira. Ela guarda o envelope e os três CDs e recolhe tudo que estava no cofre, em seguida destrói totalmente o notebook.

Foi melhor do que imaginava. - Pensava, enquanto dirigia de volta ao hotel. A única coisa que quer no momento é tomar um banho e descansar no colo de sua Gabrielle. O trabalho estava encerrado e de lucro tinha o CD com informações que a Guarda procura a muito tempo. Agora era só entregar o material para a célula Alemanha conforme as ordens.

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O homem entra e pede ao recepcionista que chame as hospedes do quarto quinhentos e três. Algum tempo depois elas descem e entram no carro que as aguarda na porta do hotel.

- Meu nome é Autolycus e este ao volante é nosso especialista em fugas, senhor Salmoneus, somos da célula regional Grécia e fomos enviados para ser seu suporte de retaguarda. Vamos escolta-las até Reichenhall.

O carro desce a perigosa estrada que corta a floresta, as árvores já com os galhos coberto de neve, parecem fechar ainda mais a visibilidade do caminho. Após uma curva mais fechada e escorregadia Gabrielle não se contém. - Êi você quer nos matar? - Fala exasperada.

O homem de bigode ao lado do motorista se vira sorrindo e diz: - Desculpe pelo susto. - O motorista dá uma rápida olhada para as passageiras pelo retrovisor, sorri e torna a olhar para a estrada.

- Assim que sairmos desta floresta estaremos mais próximos da fronteira, então ... - Autolycus teve a frase interrompida com o para-brisa estourado por uma bala. As duas mulheres e Autolycus se abaixam. Salmoneus atingido no ombro esquerdo faz movimentos de ziguezague com o carro.

A segunda bala estilhaça uma das janelas laterais, o terceiro tiro é sentido quando um pneu traseiro estoura e o carro desgoverna. Salmoneus ainda tenta controlar o carro, sem sucesso. Mesmo abaixados todos percebem que o carro está saindo da estrada, indo com bastante velocidade de encontro a uma grande árvore. Tudo acontece muito rápido, numa fração de segundos Salmoneus usando toda sua força consegue evitar uma batida frontal, mas não evita que o para-lama e sua porta se transformem em um monte de ferragens torcidas devido a grande pancada. Ao entrarem na floresta eles saem da mira do atirador.

Logo após o impacto Zina ouve vozes ao longe, apesar de um pouco atordoada diz: - Rápido saiam do carro! Não temos muito tempo até que cheguem aqui! - Todos se apressam em destravar os cintos de segurança e sair.

Autolycus olha para Salmoneus. - Vá embora, rápido... - Geme o homem com o rosto contorcido de dor e babando sangue.

- Eu não vou... - Autolycus interrompe a frase quando além do tiro, vê o peito do amigo perfurado por uma costela e a perna esmagada até a coxa entre as ferragens. Zina já fora do veículo puxa Autolycus forçando-o a sair do carro, ela percebe que o homem não quer aceitar a ideia de abandonar o amigo, mas agora se tratava da salvação dos três. Ela ordena que Autolycus e Gabrielle sigam para parte mais baixa da floresta. Ele parece indeciso em obedecer, até que recebe um empurrão que o tira do estado de letargia e começa a descer o declive.

Zina volta-se para Salmoneus, o olhar perdido e vazio significa que já está em estado de choque, o sangue que brota dos ferimentos encharca a camisa e as calças do homem. Com rápidos golpes de pressão em determinados pontos ela alivia a dor do homem em seguida repete os golpes nas artérias do pescoço cortando o fluxo de sangue para o cérebro do moribundo. Ela examina a face pálida de Salmoneus e fecha seus olhos no último suspiro. Tira a camisa ensanguentada do cadáver e corre montanha abaixo.

Autolycus seguia alguns passos á frente lembrando do amigo deixado preso nas ferragens, mas Zina tinha razão, não havia nada que pudessem fazer e a essa altura ele já estava morto. Salmoneus era um grande amigo, seu parceiro de várias missões.

Zina os alcança vários minutos depois. A loira arrisca perguntar: - E Salmoneus?

Zina responde secamente: - Está morto. Quando chegarmos à cidade a polícia será avisada. Eles virão recolher o corpo, não se preocupe... Vamos, ainda estamos muito longe, temos muito que correr.

- O que é isso? - Gabrielle pergunta se referindo a roupa ensanguentada que Zina trazia.

- Ssshhh, fique quieta! - Zina sussurra sem dar explicações.

Zina é como um animal com os sentidos alerta, olhando para todos os lados sempre a espera da ameaça escondida atrás de cada árvore. Eles já correram uns quatrocentos metros de distância, o ar frio saindo em pequenas nuvens de suas bocas, quando Zina vê uma enorme árvore caída sobre um grande buraco no terreno. A agente mostra o buraco e diz: - Agora preciso da confiança de vocês...Entrem ali e fiquem quietos, não saiam entenderam?

Autolycus arfando protesta desesperado: - Esses caras... estão querendo nos matar, vão nos encontrar aqui..., temos que continuar correndo!

- Confie em mim! Não tenho tempo para explicações..., vocês estarão seguros. Eu voltarei. - Diz a agente. - Os dois entram, ela cobre o buraco com galhos e corre para a floresta.

Escondidos eles ouvem várias vozes exaltadas, todos procurando por um sinal deles. Após alguns instantes uma mulher grita: - É INÚTIL TENTAR SE ESCONDER! A ESTRADA JÁ ESTÁ FECHADA PARA TURISTAS, NINGUÉM VEM MAIS AQUI NESSA ÉPOCA! ENTREGUEM O CD E VOU DEIXÁ-LOS VIVER!

Os homens se dividem para procurar os fugitivos. O coração de Gabrielle congela. Entre as folhas ela pode ver um dos homens com uma submetralhadora andando em sua direção. De repente alguém grita avisando que encontrou manchas de sangue na neve. Ele retorna.

Minutos depois o outro homem grita: - Tem marcas no chão e sangue nas árvores, mas nada deles ainda! - A última voz que ouvem é da mulher. - Não podem ter ido muito longe em tão pouco tempo. Continuem procurando!

As horas passam, a noite chega e a luz da lua reflete na neve das árvores. Autolycus e Gabrielle se assustam quando Zina puxa os galhos.

Autolycus pergunta: - O que aconteceu? - Gabrielle também está confusa.

- Explico depois. Já podem sair, eles estão bem longe seguindo pistas falsas. - Zina aponta uma direção. - Vamos por aqui, devem estar vigiando a estrada, é mais seguro seguirmos pela floresta.

O céu começava a clarear quando os três chegam ao destino quase congelados. A casa era uma típica arquitetura do sul da Alemanha; parede branca, pedra cinzenta até metade da parede e jardineiras. Batem na porta, a mulher não parece surpresa em vê-los, mas por segurança trocam palavras senhas. - Vamos entrem logo, vocês precisam se aquecer!

Ao entrar na sala eles deparam com uma mesa grande, onde cinco homens parecem esperá-los. A mulher os agasalha com grossos cobertores de lã e some por instantes. Os recém-chegados sentam à mesa completamente exaustos, a mulher retorna com três canecas de chocolate bem quente e pães caseiros.

- Estão atrasados e o outro agente? - Pergunta o homem sentado à cabeceira da mesa.

Zina se antecipa e entrega o envelope, o CD e diz: - Fomos emboscados na estrada, o outro agente está morto. A missão foi cumprida, os agentes foram neutralizados e este CD contém informações sobre o esquema da organização em vários países. Divirtam-se. - Zina avisa que logo que estiverem descansados voltariam para o hotel.

- Antes você preci... - O homem foi interrompido bruscamente pela agente.

Com voz firme ela diz: - O que nós precisamos é de banho quente e algumas horas de sono antes de tudo! - Ela encara o homem com um olhar penetrante sem se importar dele ser o chefe da célula regional Alemanha.

O homem demonstra não ter gostado do tom autoritário da agente, mas o clima tenso é interrompido pela outra mulher que abraça Gabrielle pelos ombros, indicando a direção dos quartos já preparados.

.........................................................

Um dos homens que estavam na mesa trabalha no notebook. O homem na cabeceira da mesa pergunta: - Conseguiu?

- Não senhor. Tentei decodificar, mas o CD tem algum sistema de proteção que não permite acessá-lo.

- E os códigos? - Pergunta o chefe da célula regional.

- Não é possível decifrá-los por aqui, temos que ter uma ajuda especializada.

O homem sente o rosto esquentar. - Estava fácil demais. - Pensa. Em seguida ordena. - Comunique ao comando central e envie o envelope e o CD.

................ O rapto.

Zina levanta às sete da manhã, se despede com um suave beijo e um sussurrado “eu te amo” para não acordar Gabrielle. Minutos depois, um homem entra e se identifica na recepção como policial, pede ao recepcionista que chame a Sra. Gabrielle. O telefone toca, Gabrielle atende sonolenta e é informada que um policial está a sua procura na recepção. Ela estranha e diz ao recepcionista: - Deve ser algum engano. Deixe-me falar com ele.

O homem se identifica como sendo da área de imigração, pedindo que ela o acompanhe até o departamento. Ela pede que o homem aguarde, como acredita ser um contato rápido, não se preocupa em levar a bolsa.

Após uma breve conversa ela quer voltar para o quarto, mas é impedida pelo homem que insiste que ela o acompanhe imediatamente, segurando seu braço com força e afastando levemente o paletó de modo a deixar ver a arma escondida na cintura. Ela resolve não oferecer resistência. O homem segurando-a firmemente a conduz ao carro que aguarda na porta do hotel.

Já dentro do carro o homem oferece um pequeno copo com líquido amarelado. Ela se recusa a beber. Ele saca o revólver e ordena: - Beba!

O carro parte em velocidade normal. Gabrielle bebe o líquido amargo, em minutos as imagens vão ficando distorcidas, o homem se torna apenas uma silhueta, a vista está embaçada, os sons da rua cada vez mais distante, o homem se distanciando e o ambiente ao seu redor ficando escuro.

.........................................................

Gabrielle acorda com o sol entrando pela janela, parece passar de meio dia. Sente a cabeça pesada, tenta levantar, mas está tonta, as lembranças estão enevoadas. Com algum esforço senta-se. Não reconhece o quarto onde está, olha em volta até deparar-se com uma mulher sentada junto à porta observando-a atentamente. Gabrielle se assusta, é a mulher que chamou sua atenção no avião. Confusa Gabrielle pergunta onde está e quem era ela.

- Fique calma, essa sensação de tonteira vai passar logo, é o efeito do sedativo. Não se preocupe ninguém vai lhe fazer mal. - Diz a loira de olhos azuis e continua: - Meu nome é Najara e você agora é minha “convidada”.

- O que você quer de mim? - Gabrielle pergunta.

Najara a observa em silêncio se deliciando com sua fragilidade. - Você deve estar com fome, vamos descer. - Diz com um olhar malicioso e um sorriso perturbador, deixando Gabrielle desconcertada. Desce a escada acompanhada pela mulher; vê três homens armados, dois na sala e outro junto a janela observando constantemente o movimento da rua.

- Onde estou? - Gabrielle pergunta ansiosa.

- É melhor você comer um pouco. - Diz Najara sem responder a pergunta.

Gabrielle insiste pedindo explicação sobre o que estava acontecendo.

- Somos uma organização chamada Dragão Verde e você minha linda criatura, vai servir de isca para um peixe grande e me ajudar a recuperar algumas informações.  A sua amiga Zina..., sabemos quem ela é, não tem escapatória é só questão de tempo.

Gabrielle tenta obter mais informações. - Imagino que essa história deve começar no voo de Londres para Nova York, não é? Ou você estava lá por uma improvável coincidência?

Um enigmático sorriso foi toda resposta que Gabrielle obteve. Ela fica em silêncio durante algum tempo, pensando em alguma saída possível, mas não consegue pensar em nenhuma.

........................................................

Zina sai radiante da famosa joalheria, o sorriso mostra sua alegria, está ansiosa para ver a reação de Gabrielle.  Chega no hotel, entra no quarto e estranha não encontrar a companheira. Vê a surrada bolsa de Gabrielle sobre a mesa. - Ela jamais se separa dessa bolsa, não sairia sem levá-la! - Pensa. - Liga para a recepção e é informada que ela saiu acompanhada por um policial. Suas feições se contraem. Zina desliga o telefone.

Ela normalmente deixaria algum recado. - Diz a si mesma. Seu instinto lhe diz que tem algo errado. O telefone toca, ela atende imediatamente.

A voz feminina vai direto ao assunto, informando das exigências para que Gabrielle seja devolvida com vida e ilesa. Zina sente o coração disparar, ela cerra os dentes, os músculos tencionam. Ouve atentamente cada exigência. Não tem alternativa. Combina os detalhes e a ligação é encerrada.

........................................................

A missão terminou. Ele olha o relógio e resolve perambular pela cidade, aproveitar seu último dia antes de voltar à Grécia. Para numa lanchonete, enquanto olha o mostruário recebe um forte esbarrão de uma mulher alta, ruiva com óculos escuros, que sem desculpar-se segue seu caminho sem olhar para trás. Instintivamente ele coloca a mão no bolso do paletó, esbarrões quase sempre é sinal de carteira roubada. Encontra um bilhete: “Estacionamento Biergarten”.

Ele caminha pelo estacionamento olhando em todas as direções, ele sabe que com a missão concluída ela não faria contato com mais ninguém até o próximo trabalho. Algo muito sério tinha alterado os planos. Um carro se move lentamente até parar junto do homem. Enquanto o carro segue para a saída, Zina fala sobre o rapto de Gabrielle e a exigência da troca do CD e o envelope pela vida dela.

O homem se mantém calado ouvindo tudo atentamente, até que finalmente diz: - O CD e o envelope estão com a Guarda, eles não vão negociar nada por causa da sua amiga e além disso, por que você acha que eu entraria nessa história?

Ela segura a mão de Autolycus que se assusta com o toque forte da mulher. - Você vai me ajudar por dois motivos, primeiro: Você já viu do que a Dragão Verde é capaz, eles não têm escrúpulos, são capazes de qualquer coisa para alcançar o que querem e Gabrielle é responsabilidade minha, ela foi envolvida nisso tudo por culpa minha e eu vou fazer de tudo para salvá-la, com ou sem a sua ajuda e segundo: As pessoas que a sequestraram são as mesmas que mataram Salmoneus.

Autolycus viu naqueles olhos azuis a firme resolução de que ela levaria até as últimas consequências o salvamento de Gabrielle, mesmo que para isso sacrificasse a própria vida e a lembrança de seu falecido amigo fez seu sangue ferver. Ele silencia por alguns minutos ponderando sobre a situação e resolve acompanhá-la.

Ela arranca com o carro normalmente, enquanto vai explicando o plano para seu parceiro temporário.

............... O plano e o resgate.

- Desculpe-me Zina, mas esse seu plano é totalmente insano! - Observa Autolycus e continua: - Como pretende recuperar o CD e o envelope que entregou para a célula Alemanha? - Pergunta o agente.

Ela sorri e diz: - Fiz duas cópias do CD, fiquei com uma e entreguei a eles uma cópia protegida, enquanto eles quebram a cabeça tentando ter acesso as informações, teremos tempo para salvar Gabrielle. - Reponde Zina.

- Como vamos achá-la? - O agente pergunta.

- No cofre além do CD e o envelope, também tinha um pendrive com a localização dos contatos da organização na Alemanha, o ponto mais próximo da fronteira é a cidade de Passau, vamos começar por lá.

- O que tinha no envelope? - Autolycus insiste.

- Um código, mas somente quando o código for decifrado é que fornecerá as duas senhas chaves que dará acesso ao programa com as informações. - Responde Zina.

Autolycus dá um sorriso debochado. - A Guarda tem especialista em criptografia e uma central de informática com hackers, analistas, programas e sistemas de última geração, o código vai ser decifrado assim. - Diz estalando os dedos.

- Você acha realmente que eu entregaria o código e o CD sem fazer algumas alterações? - Diz Zina sorrindo.

- Mas..., como você pôde prever essas coisas todas? - Pergunta o homem surpreso.

- Você é da Guarda e sabe que depois que a missão estivesse cumprida estaríamos por nossa conta e risco. Estão nos seguindo a tempo. A Dragão Verde não deixaria barato a morte dos agentes e a perda do CD, aquela mulher que nos emboscou na montanha sabia que Gabrielle é meu ponto fraco, então tomei minhas precauções. - Zina continua. - Vamos passar no correio, mande essa correspondência e depois vamos arranjar uns “brinquedinhos”.

Autolycus sorri quando lê o endereçamento. Mais adiante o carro para num posto do correio, ele envia a correspondência e partem imediatamente.

.........................................................

O céu ainda não tinha nenhum sinal de claridade quando chegaram à Passau. Está frio, a essa hora da madrugada as ruas estão desertas, o carro sobe a rua devagar. Uma silhueta vigiando por trás da janela confirma as suspeitas da agente.

- E se ela não estiver aqui? - Autolycus pergunta.

- Ela está aqui, eu posso sentir. - Zina responde.

Autolycus diz incrédulo: - Pode sentí-la? Isso é ridículo.

- É uma longa história, não dá para explicar agora. Estacione na entrada da garagem, não vão poder escapar e prepare-se. - Zina verifica as armas, munição e sai do carro.

Autolycus bloqueia a garagem. O homem atrás da janela estranha o veículo parar ali aquela hora da madrugada. Ele se dirige ao motorista.

- Não pode estacionar aí, não está vendo o aviso? Aqui é uma garagem. - Avisa o homem.

Mal acabou de falar, sentiu o metal frio da automática pressionando na nuca. Zina sussurra no ouvido do homem: - Nem um barulho entendeu?

- Sim..., sim. - O homem responde gaguejando.

- Quantas pessoas têm na casa? - A agente pergunta.

- Duas mulheres e dois homens armados. - O homem responde.

Com o cano da arma cutucando a nuca do homem, Autolycus o leva para o carro e o tranca na mala com os tornozelos e braços fortemente amarrados nas costas e a boca tapada por uma larga fita adesiva. Enquanto isso Zina dá a volta e escala a casa. Como um gato move-se silenciosamente pelo telhado, arma o dispositivo na bomba de fumaça para detonar em dois minutos e desce o artefato pela chaminé.

O grupo é surpreendido com a explosão da bomba de fumaça e a porta sendo arrombada. Os dois agentes invadem a casa. Najara grita para os homens: - Protejam nossa saída!

Ela segura Gabrielle fortemente pelo braço e a conduz quase arrastada para a porta dos fundos. Gabrielle protesta, resiste, mas não é páreo para uma agente treinada como Najara. Numa última olhada Gabrielle vê vultos encobertos pela fumaça que se espalha rapidamente pelo recinto, tiros, gritos, sons de pesados objetos caindo. Os tiros diminuem até o silêncio total, os dois homens estão mortos.

Eles correm para os fundos e chegam a tempo de ver um carro sumindo pela rua estreita. - MERDA. - Zina explode.

Entram no carro e partem na perseguição do veículo. Os carros serpenteiam pela estrada escorregadia. Zina controla o carro com dificuldade. Autolycus reconhece e estrada, as lembranças da morte trágica do amigo faz o desejo de vingança ferver seu sangue; com parte do corpo para fora da janela, ele mira na direção do veículo à frente, quando é puxado violentamente por Zina, que berra: - VOCÊ ESTÁ LOUCO? GABRIELLE ESTÁ NAQUELE CARRO! - Ele está prestes a responder quando percebe uma grande mancha vermelha próxima ao ombro esquerdo da mulher.

- Você foi atingida! - Exclama o agente.

- A bala entrou e saiu, tive sorte. - Responde fazendo uma careta de dor quando força a direção para manter o carro numa curva mais fechada. Uma parada para troca de direção com seu parceiro implicaria em perder preciosos minutos e além disso ele não era especialista em perseguições.

Pela primeira vez Zina se sentia impotente diante de uma situação. Não podia atingir os pneus, pois provocaria um acidente fatal; lembrou-se de Salmoneus. Ela vê o veículo ir se distanciando a cada curva, o desespero gritou dentro dela quando perdeu o contato visual com o outro carro. A sensação de um nó apertando sua garganta sufocava, até que depois de algumas curvas deparou com o carro de Najara abandonado na pista, impedido de seguir devido toneladas de neve bloqueando o caminho, mas nenhum sinal das mulheres. Ela para o carro, os dois saem e começam a seguir as pegadas frescas na neve.

- Não devem estar longe! - Zina exclama. A mancha de sangue aumentara consideravelmente. Autolycus insiste que ela fique no carro, mas nem todos os deuses conhecidos a fariam ficar aguardando enquanto ele as procurava.

Começa a nevar, as pegadas vão sendo apagadas gradativamente. A agente olha em torno, mas não consegue encontrar nenhuma pista da localização das duas, a dor atrapalha sua concentração. Mais do que nunca agora ela depende dos sentidos para tentar encontrá-las. Ela vê seu parceiro seguindo os confusos rastros encosta abaixo. - Concentre-se. - Diz a si mesma fechando os olhos, passa a sentir sua respiração exalando pequenas nuvens frias, os segundos parecem parar na contagem do tempo. - Concentre-se..., ouça..., respire... O som de galhos quebrando chamam sua atenção, mas ela não se move. Ouve passos às suas costas que param a certa distância.

- Zina! - A agente vira-se e vê Najara com a arma encostada na têmpora de Gabrielle. - Jogue a arma no chão e não faça nenhuma estupidez!

A agente lentamente pega a arma escondida sob o casaco e joga alguns metros adiante. Najara sorri e acrescenta. - A outra também. - Zina pega a segunda arma escondida na cintura as suas costas e joga mais próxima de si.

- Faz ideia dos aborrecimentos que está me causando? - Diz Najara com os olhos fixos na agente.

- Vamos direto ao assunto! - Diz a agente retirando um envelope do bolso do casaco. - Eu lhe entrego o CD e o código e você me entrega ela ilesa.

Najara sorri puxando a loira violentamente ainda mais para si. Gabrielle se contorce ligeiramente com o puxão. As feições e olhar frio de Zina não demonstram suas entranhas se revirando de ódio.

Najara vê a grande mancha de sangue no casaco de Zina e sorri. - Ora, ora, parece que alguém acertou a mulher maravilha. - Disse com sarcasmo e continuou. - Ela é muito importante para você não é? O suficiente para fazer você trair a Guarda e ainda arriscar sua vida para salvá-la. - Uma pequena pausa e continua. - Sabe..., recuperar o CD, o código e ainda de lucro matar você vai melhorar muito meu prestígio na organização.

Gabrielle se desespera quando vê sua companheira sangrando e não pode socorrê-la. Sabe que Zina será capaz de se sacrificar para vê-la livre, mas tem certeza que Najara não a soltará depois de executar sua companheira.

Zina que até então estivera imóvel, dá um passo na direção delas. Najara grita pressionando ainda mais a arma na têmpora da loira: - NEM MAIS UM PASSO OU ESTOURO A CABEÇA DELA! - Gabrielle sente as pernas bambearem.

- Você não seria capaz de atentar contra a vida dessa bela mulher inocente. - Zina diz.

- Está enganada Zina, nós duas somos iguais, não temos remorsos nem escrúpulos.- Responde Najara.

- Ela é linda não acha? Observou como o corpo dela é perfeito? - Diz a agente.

O que está fazendo? Enlouqueceu? - Gabrielle pensa enquanto olha incrédula para Zina.

Um sorriso bastante revelador dá a Zina a certeza que tocou no ponto fraco da mulher. Zina instigava Najara tentando distraí-la, para que Autolycus se aproximasse por trás das duas. Ele se aproxima cautelosamente, quando está a aproximadamente vinte metros de distância pisa num graveto. O som é suficiente para que Najara se vire rapidamente e acerte um tiro na altura do coração. Gabrielle aproveita os segundos de distração e tenta se soltar do abraço de Najara que lhe dá uma coronhada na nuca. Gabrielle cai, mas não perde os sentidos.

Zina vê que Gabrielle está zonza, tentando levantar-se. Tudo acontece em fração de segundos, ela joga-se no chão ao mesmo tempo em que saca o revólver da bota. Dispara na direção de Najara que responde aos tiros. Nesse momento Gabrielle ainda no chão joga um grande punhado de neve no rosto de Najara, que cambaleia limpando o rosto.

- SUA VAGABUNDA DESGRAÇADA! - Grita ao mesmo tempo que chuta a loira no abdômen. Gabrielle grita e encolhe-se com a dor. A cena é suficiente para que toda fúria da agente exploda. Zina alcança a outra arma e com tiros certeiros acerta o braço que empunhava a arma, o ombro e a perna de Najara. Ela cai gritando de dor, mas viva.

Zina recolhe as armas e corre até Gabrielle que encolhida geme de dor. A agente cuidadosamente num rápido exame verifica que ela não tem costelas quebradas. Com golpes precisos em determinados pontos, Zina bloqueia a dor instantaneamente, Gabrielle levanta-se ajudada pela companheira. Ouvem um gemido, é Najara, a agente se ajoelha e a puxa pela gola do casaco. Zina pressiona a arma embaixo do queixo de Najara, seus olhos faíscam de ódio. Ela diz: - Eu gostaria muito de puxar esse gatilho, mas você vai me ser útil.

Um outro gemido chama atenção de Zina e Gabrielle, é Autolycus, felizmente por poucos centímetros o tiro não tinha atingido o órgão vital, mas o sangue encharcava sua camisa,  paletó e sobretudo.

- Quieto, não se mexa! - Diz Zina enquanto pega o celular e pede socorro.

............... A nova viagem.

Após algum tempo chegam duas ambulâncias e um carro trazendo quatro homens armados, entre eles o chefe da célula regional Alemanha. Zina avisa do homem na mala do carro. Najara é levada juntamente com Autolycus para as ambulâncias.

Zina recebe os primeiros socorros, mas se recusa a seguir junto com os dois feridos. O chefe se aproxima da agente com um sorriso sarcástico. Agora Zina estava em suas mãos. Ela tinha desobedecido ordens, transgredido diretrizes da Guarda e posto em risco toda a missão. Isso era mais que suficiente para sujar sua ficha.

- Olá Zina..., você me ridicularizou perante meus superiores. - O homem tinha o rosto vermelho de raiva. - Acha mesmo que vai sair ilesa dessa? Vou fazer um relatório detalhado ao Superintendente-geral, você vai para um canto esquecido da civilização.

Zina se limitava a encará-lo com os olhos frios, enquanto seu ferimento era tratado.

Antes que ele pudesse continuar o celular toca, ele atende e se afasta. Desenrola-se uma conversa em que o homem tenta desculpar a falta de informações sobre as senhas. Repentinamente ele berra ao telefone: - O QUÊ! - Seu rosto enrubesce mais ainda. Em seguida desculpa-se com a pessoa do outro lado da linha.

O homem parece confuso. - Mas senhor... Sim senhor! - Pouco tempo depois desliga o celular. Está nervoso, retorna para junto da agente que já tem os curativos concluídos e começa a vestir a blusa ensanguentada. Ele informa que o CD foi acessado e as informações foram processadas e que ela estava liberada. O homem volta para o carro que parte em disparada.

Gabrielle se aproxima, observando o ar de satisfação no rosto de Zina. Elas sorriem, a loira acaricia o rosto da mulher, beija suas faces. - Como você descobriu onde eu estava? - Pergunta a loira.

Zina sorri e diz: - No cofre além do CD e o envelope, também tinha um pendrive com a localização dos contatos da organização na Alemanha, o resto foi dedução e sorte. Eu ia revirar esse país a sua procura, mas te encontraria meu amor pode ter certeza.

.........................................................

Na sala do comando central da Guarda vários indivíduos trabalham em micros espalhados por todo local. Centenas de teclas são pressionadas constantemente inserindo ou buscando informações numa gigantesca rede de computadores que armazena dados de todo o mundo. Uma divisória de alumínio e vidro transparente representa simbolicamente a separação entre quem manda e quem obedece.

Um homem em especial é identificado pelo crachá como Diretor-geral. Marcus olha impaciente para o relógio, ele e sua equipe tentam sem sucesso decifrar os códigos enviados pela célula regional Alemanha. 

- Senhor, o CD tem uma proteção e um programa de acesso com uma base criptografada, os códigos decifrados não acessam as senhas.

Nervoso com a demora Marcus se irrita com o funcionário que entra em seu gabinete. - Vamos testar a combinação e composições de múltiplas palavras em alemão, espanhol, hebraico, chinês, qualquer língua que exista nesse planeta, mas eu quero essas senhas “quebradas” entendeu? 

O homem sai e outro funcionário bate na porta. - O QUE É? - Marcus berra.

- Correspondência senhor, nível 4. - O homem entrega o envelope e sai.

O grau de urgência e confidencialidade é determinado pelo número escrito na correspondência, este era 4, sendo que o nível máximo estabelecido é o 5. O homem abre imediatamente o envelope, despeja o conteúdo na mesa. Um CD, um papel com códigos escritos e um bilhete que dizia: “Esses são os códigos corretos e o CD original. Divirtam-se”. A letra “Z” identificava a autora do bilhete. Imediatamente ele chama um analista e entrega o material. Após precisos dois minutos o analista retorna com os códigos decifrados e as senhas abertas, o CD é acessado e as valiosas informações aparecem no monitor. A fisionomia tensa do Diretor-geral muda instantaneamente para um aliviado sorriso. As informações são imediatamente colocadas em rede com acesso restrito ao Superintendente-geral, “Operações” e ele próprio.

Na mesa de madeira totalmente destoante daquele cenário futurista, existem dois telefones, um deles faz ligações para números restritos dos chefes das células regionais espalhadas pelo mundo, o outro liga diretamente para o Superintendente-geral da Guarda. Marcus informa ao superior o ocorrido e recebe instruções com ordens especificas em relação à missão e a agente. Marcus liga imediatamente para o chefe da célula Alemanha, informando da conclusão da missão e ordenando a liberação da agente.  O Diretor-geral fica lívido quando ouve um berro do outro lado da linha, mas antes que pudesse dar uma descompostura no subordinado, recebe um pedido de desculpas, exige a presença do ouvinte em seu gabinete com urgência e encerra a ligação.

.....................................................................

As paisagens deslumbrantes desfilam pela janela do trem, Gabrielle observa maravilhada os vales verdes e as montanhas com os picos cobertos de neve ao longe, Zina também aprecia a paisagem. A cabeça da loira apoiada em seu ombro é uma sensação maravilhosa. Ela ama aquela mulher com todas as suas forças, com toda sua alma.

Um confortável hotel nos Alpes suíços dará continuidade a viagem interrompida bruscamente no país vizinho. Ao se acomodarem no quarto, antes mesmo de desarrumarem as malas, Zina envolve Gabrielle num forte abraço, levanta o rosto da loira e lhe dá um delicado beijo nos lábios, depois outro com mais paixão, deixando-a quase sem fôlego.

- Novamente você arriscou sua vida para me salvar, poderia ter morrido lá na... - Dizia Gabrielle quando Zina interrompe a frase colocando os dedos delicadamente sobre seus lábios.

- Ssshhh, não diga mais nada..., está tudo bem. Gabrielle, se eu só tivesse 30 segundos de vida, é assim que eu queria viver, olhando para os seus olhos. Nunca se esqueça que eu te amo.

Zina pega uma caixinha redonda, vermelha aveludada no bolso do casaco. - A loira olha curiosa a pequena caixa.

- Você sabe que não sou muito boa com palavras. Gostaria que você usasse isso de agora em diante, espero que você goste. - Zina abre a caixinha mostrando um lindo e delicado anel cravejado de brilhantes, com uma esmeralda no centro. - É da cor dos seus olhos. - Diz Zina visivelmente encabulada.

O olhar da loira brilhou como se refletisse o brilho dos pequenos diamantes. A felicidade ficou estampada no lindo sorriso que se abriu em seu rosto, parecia irradiar uma luz que envolvia todo seu corpo. Zina tira o anel da caixa e o coloca delicadamente no dedo de Gabrielle, examinando cada reação dela.

A loira se agarra ao pescoço da mulher, num abraço quase sufocante. Zina retribui o abraço apertando-a fortemente, a levanta como se fosse uma criança e gira com ela nos braços. As duas sorriem felizes completamente envolvidas nesse momento de cumplicidade e de juras de amor eterno. Zina caminha com Gabrielle aconchegada em seu colo, pousando-a delicadamente na grande cama. Acaricia seu rosto e a beija com paixão, com desejo, sentindo que a união de suas almas jamais será desfeita e que o amor é a força mais poderosa que existe na terra.

As malas permanecerão arrumadas por mais algumas horas.

Continua...



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