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História Encontrando o caminho. - A serpente, o dragão e a tigresa.


Escrita por: ALBANIZ

Capítulo 5 - A serpente, o dragão e a tigresa.


Fanfic / Fanfiction Encontrando o caminho. - A serpente, o dragão e a tigresa.

....... O chamariz.

É sempre motivo de alegria voltar às raízes nem que seja por dias ou horas. Ele salta do metrô e caminha pelas ruas familiares do local. Chinatown em Manhattan é um bairro que abriga uma das maiores comunidades de imigrantes chineses de Nova York. É sem dúvida uma paisagem estranha. Os prédios comerciais são amontoados e de cores berrantes, as fachadas cobertas por imensos cartazes escritos em mandarim, cheios de lojas de artes, antiguidades, restaurantes orientais, galerias e de ambulantes que vendem mercadorias falsificadas. Os produtos exóticos, as misturas de aromas, idiomas e costumes orientais criam uma atmosfera única no lugar.

Ele sabia já a muito tempo que um trabalho de responsabilidade o esperava, e assim foi: um telefonema no meio da noite. O Mestre ordenara que esperasse pela próxima fase do plano ali. É a primeira vez em 19 anos que retorna a Chinatown.

Agora, ao caminhar pela Park Row, passa pelo pequeno apartamento onde viveu até os 9 anos quando foi tirado do aconchego da família para servir a organização. Foi treinado durante muitos anos com um único objetivo: infiltrar-se na Guarda.

Durante 19 anos ficou “adormecido” nas linhas da Guarda, sempre sendo tratado com descrédito pelos outros agentes mais experientes; sempre observando, espiando as áreas que deviam ser controladas, até que recebeu a ordem e cumpriu cada passo do plano.

Continuou andando e parou em frente a um restaurante. Nunca estivera naquele lugar antes, logo que entra imediatamente em sua direção vem um homem cumprimentá-lo no estilo oriental. Ele é conduzido a uma mesa reservada no final do recinto já preparada para duas pessoas. Poucos minutos se passam e ele ouve uma voz à suas costas.

- Como está? - Pergunta o homem.

- Muito bem Senhor. - Levanta-se servilmente. Quem o tivesse visto a poucos instantes não diria que é a mesma pessoa, a segurança que inspirava se transformou em subserviência pelo homem aparentando faixa dos 60 anos, feições orientais, fios de bigode pendentes, agora sentado a sua frente, conhecido como Ming Tzu.

- Fez um bom trabalho. - Diz o velho.

- Obrigado. É uma honra servi-lo. - Responde o jovem Ming Tien.

O rapaz era de poucas palavras, características faciais de oriental, estatura mediana e magro. A voz controlada e mansa escondia sua verdadeira índole.

- O Mestre saberá recompensar o seu empenho. Em breve ele o convocará para que se dirija a presença dele. - Diz Ming Tzu.

- Fico grato pelo privilégio. - Responde Ming Tien.

- Deve ficar mesmo. Essa honra não é dada a muitos. Ainda mais quando se trata de continuar vivo depois de vê-lo. Só os mais íntimos e os que o servem dignamente como você. - Diz o velho.

Ming Tien abaixa a cabeça em agradecimento. Tira um pequeno envelope do bolso do casaco, passando-o ao velho.

- Aqui está a relação dos agentes que devem morrer. Através deles chegaremos a tal agente que o Mestre mandou investigar. - Informa o jovem homem.

Ming Tzu abre o envelope e vê uma lista.

- Tem ordem para avançar. Sem falhas e sem levantar suspeitas. Até a próxima meu filho. - Diz Ming Tzu e sai sem mais nenhuma palavra e sem sequer tocar o prato; Ming Tien também não olha para trás. Soou estranho ser chamado de “filho” por aquele homem.

O jovem decide passear pela Mott Street que é considerada a principal rua e coração de Chinatown para uma última lembrança do lugar onde não retornará.

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A noite já ia avançada quando Hower ouviu os primeiros passos atrás de si. Não se assustou. Os forasteiros evitavam passar por certos lugares de Chinatown aquela hora da noite, mas ele conhecia cada rua e cada beco do lugar. Morava a 10 anos no bairro, criara laços no local. Era um homem astuto, dando um jeito de sempre permanecer neutro na guerra das gangs que aterrorizavam a vizinhança. As facções se guerreavam e mudavam, mas Hower mantinha-se tranquilo, ninguém o incomodava.

Por isso não se preocupou com o som de passos atrás dele. Percebeu que estavam se aproximando. Por que alguém o estaria seguindo? Virou a cabeça para olhar por cima do ombro direito e surpreso, logo tropeçou. O punhal arremessado contra ele cravou-se na coxa direita.

Hower virou-se tentando disparar numa corrida instintiva. A perna parecia estar cedendo, desabando sob seu peso, desobedecendo a sua ordem de correr. Seu corpo parecia se paralisando em câmera lenta.

Agora eram os braços que foram enrijecendo. O cérebro entendia a urgência da situação, mas também começava a sucumbir a sensação de cansaço. Viu-se no chão, rendendo-se a paralisia. Ergue os olhos, mas nada vê além do brilho de aço da lâmina.

Hower podia apenas observar o punhal pairando sobre seu peito. Se esforça em ver quem o empunhava, distinguir o rosto, mas via apenas o brilho do metal se aproximando.

A lâmina desceu atravessando seu peito. Ele sente uma dor indescritível, sentiu a lâmina ser puxada com violência, viu o punhal subir vermelho e em seguida novamente descer; ele não entendia por que não conseguia gritar. Assistiu a tudo, até o momento em que o punhal foi afinal empunhado do alto. Só então viu o rosto de seu assassino e a tatuagem de uma serpente no dorso da mão do homem. Conseguiu emitir um som rouco de choque. A lâmina encontrou o coração e tudo escureceu.

Começara a missão.

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Luzes vermelhas giravam ruidosamente numa rua de Chinatown. Dois carros do Departamento de Polícia de Nova York estavam estacionados de frente um para o outro, como para isolar parte da rua. Diante deles um cordão de isolamento com uma fita amarela chamava atenção. Seis policiais estavam no local, um com uma prancheta fazia anotações, enquanto outros cinco mantinham os curiosos à distância e no chão, sob um cobertor, jazia o corpo de Hower.

Próximo do cadáver, o porta-voz oficial do DPNY conversava com um repórter: - ... nosso palpite é que foi um acerto de contas entre gangs. A polícia de Nova York não vai poupar esforços para levar o criminoso para trás das grades.

Os repórteres se empurravam disputando as declarações do porta-voz, que apesar da insistência dos repórteres se negava a dar maiores esclarecimentos sobre o caso.

Um homem com crachá de imprensa que se mantinha mais afastado fazia anotações tranquilamente em seu BlackBerry:

- Por espontânea vontade eu não gastaria meu suor com essa reportagem. É apenas um tipo comum de assassinato na terra das gangues. - Murmura o repórter já acostumado a esse tipo de noticiário.

Um fotógrafo novato responde: - Mas o homem foi assassinado a facadas. Isso não é tão comum por aqui.

- Não se preocupe com isso. Só estamos aqui para fazer o nosso trabalho e pronto. - Diz o repórter frio e insensível.

Os fotógrafos e as câmeras procuravam o melhor ângulo para mostrar na mídia a ocorrência, explorando o sensacionalismo ao máximo.

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Milhares de pessoas ocupam as ruas nos quarteirões que circundam a Times Square até a Rua 42, a mulher passa indiferentes aos transeuntes. Na grande bilheteria da TKTS, localizada entre e Broadway e a Sétima Avenida, ela coloca-se na fila para compra dos ingressos para a peça “Chicago: The musical”, estrelado por Lucy Lawless.

- Dois ingressos para hoje! - Gabrielle vai adorar a surpresa. - Pensa e ensaia um sorriso, imaginando a cara de alegria da loira.

Na calçada ela acena para um táxi. O motorista ouvia o noticiário na CNN, que falava sobre um assassinato em Chinatown. Ela tinha perdido a manchete, pois agora a rádio transmitia as notícias internacionais. O carro parte para o endereço informado. A quantidade de automóveis particulares, táxis amarelos e ônibus que convergem para a Sétima Avenida é assustador. As ruas se cruzam e se afastam num imenso emaranhado de ruas e avenidas, túneis e pontes que entram e saem de Manhattan.

O celular toca. A chamada de número desconhecido é atendida imediatamente. Zina sabe o que isso significa. Sua fisionomia se fecha.

Dispensando as formalidades do cumprimento a já conhecida voz fria pergunta: - Xena, você ouviu a notícia sobre o assassinato em Chinatown?

- Não senhor, por quê? - A agente responde com a mesma frieza.

- É bom se interar do caso. Você está designada para essa missão. - Informa o diretor conhecido com o codinome de “Operações”.

- Senhor com todo respeito, mas isso é um caso de assassinato, a polícia que deveria cuidar disso! - Exclama a mulher.

- Não é só um “simples” caso de assassinato. Hower era um dos nossos. - Explica o diretor.

- Pode ter sido uma coincidência.  - Insiste a mulher.

- Há um “excesso de coincidências”. Nossos agentes estão sendo mortos em vários lugares e todos da mesma forma, como se os assassinos estivessem seguindo um ritual. Existem detalhes que você vai achar interessantes nesses casos. - “Operações” instiga a curiosidade da agente e continua: - Se deixarmos a polícia cuidar disso vai ser aquele blá, blá, blá, que já conhecemos e eles não vão dar prioridade ao caso. Vai ser mais um número nas estatísticas. - Após uma pequena pausa. - A propósito..., Hower era irmão de Mynia, lembra-se dela? Ela está muito abalada, pense nisso. - E com essa frase “Operações” desliga o telefone sem dar tempo da mulher falar mais nada.

- Droga! Kevin deve ter falado sobre ela no relatório do caso dos Templários. - Murmura para si.

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Chegando ao apartamento Zina beija Gabrielle e diz: - Vamos sair. Eu tenho uma surpresa para você!

Gabrielle adorava surpresas. - Aonde vamos? - A loira pergunta.

- Ah isso é segredo! Vamos nos arrumar. - Zina responde instigando a curiosidade da loira.

O táxi para na porta do teatro. Elas descem do veículo e Gabrielle vê a peça em cartaz. Zina mostra os ingressos para a loira. Gabrielle não consegue evitar o gritinho de surpresa e entusiasmo. Os olhos da loira brilham, um largo sorriso de felicidade brota naquele rostinho tão meigo e lindo que Zina fica hipnotizada com tamanha beleza.

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- Boa noite senhoras. Se quiserem podem deixar os casacos no guarda volumes. - Informa a jovem encarregada de receber os ingressos.

 - Obrigada. - Respondem as duas mulheres.

Gabrielle está eufórica. Elas sobem a escada até o primeiro balcão e se acomodam. A sala está lotada. As luzes diminuem de intensidade até se apagarem totalmente. São duas horas de puro entretenimento musical.

Desde a última missão Zina se pôs a avaliar seu modo de vida e trabalho. Ter trazido Gabrielle para o modo de vida de Xena, mesmo que involuntariamente, se tornara extremamente perigoso. A vida de Gabrielle se tornara um constante sobressalto. Zina temia que a vida de tensões e incertezas acabasse por desgastar a relação delas. A cada missão elas tinham um desentendimento.  Os pensamentos de Zina são desviados pelo som da orquestra que entra em cena preparando o público para o que virá. Então ela desliga o celular, contrariando pela primeira vez uma determinação expressa da Guarda. Dessa vez nada vai atrapalhar a noite dedicada a sua amada.

O show termina e a plateia aplaude de pé.

 - Essa mulher é muito linda! Maravilhosa! - Exclama a loira que sorrindo encara os surpresos olhos azuis.

- O show foi tão lindo!... Emocionante não é?! - Murmura a loira com um suspiro.

- Hurrum! - Resmunga a mulher com semblante sério.

- O que foi? Vai dizer que está com ciúme? - Gabrielle pergunta.

- Ciúmes? Eu? - Zina responde.

- Zina, eu só acho a Lucy uma mulher lindíssima. Só isso! - A loira insiste.

- Ah Gabrielle, não exagera! Ela é muito bonita, não tem dúvida, mas... - Zina interrompe a frase.

- Mas..., o quê? - Gabrielle questiona.

- Eu sou mais. - Zina responde num descontraído tom de brincadeira abrindo um largo e perfeito sorriso. Que é respondido na mesma intensidade pela loira.

- Eu tenho uma ideia para encerrar essa noite maravilhosa. - Diz a loira.

Zina animou-se instantaneamente. O que Gabrielle teria em mente? A loirinha era uma caixinha de surpresas e quase todas muito agradáveis.

- Qual é a surpresa? - Diz a mulher empolgada.

- Que tal comermos uma pizza? - Responde Gabrielle.

- O quê, agora? - Diz Zina decepcionada, não era bem isso o que ela tinha em mente.

- É..., no Charles. - Responde a loira.

- Mas agora? - Zina insiste.

- Ah vamos, por favor... - Pede a loira com voz dengosa.

O coffee shop nunca fechava, era onde os novos atores e as ruidosas coristas se encontravam para um sanduíche após o espetáculo e as xícaras sempre ficavam abastecidas de café fumegante. 

Elas ocupam uma mesa afastada do falatório. A loira senta-se ao seu lado, deslizando o casaco pelos ombros com uma sugestiva remexida. O perfume de Gabrielle inunda Zina. Começava nos cabelos, com um aroma, mas que em contato com a pele da loira produzia outro perfume que parecia ficar mais intenso no pescoço.

A beleza de Gabrielle ainda a fazia tremer, os cabelos loiros emoldurando a pele clara e os olhos de um verde inconfundível. Aqueles olhos eram como lagos profundos, onde Zina queria mergulhar.

Gabrielle percebe Zina a observá-la. - Que foi, está me admirando? - Pergunta a loira.

- Claro que estou. - Responde a morena. A loira sorriu radiante.

Zina continuava olhando a mulher, vendo o jeito como a blusa decotada se esticava sobre os seios dela e perguntava a si mesma se não deviam deixar a pizza para outro dia.

Gabrielle percebe o brilho de desejo no olhar de Zina. - O que é isso?  Controle-se! - exclamou fingindo indignação. 

Enquanto comiam conversavam, principalmente sobre o show; ora sobre o dia de uma, ora sobre o dia da outra e assim terminaram a refeição.

Quando as duas saíram, Zina sutilmente enfia a mão sob a blusa da loira acariciando a pele macia de suas costas. Ela não imaginava que iria pensar nessa sensação dezenas de vezes antes da semana terminar.

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Zina levanta às seis da manhã, se despede com um suave beijo e um sussurrado “te amo” para não acordar Gabrielle e se dirige para o Departamento de Polícia de Nova York. Se passando por uma agente do FBI, ela já se perguntava se valia a pena entrevistar o primeiro policial que chegara ao local do crime. Apesar de ter recebido ordens de fornecer todas as informações necessárias para a investigação, ele se mostrava relutante em cooperar, respondendo as perguntas de forma resumida. Porém o mais intrigante Zina encontraria no relatório do legista: “Homem branco, 85 quilos...”, “... causa da morte hemorragia interna, parada respiratória e falência cardíaca devido ao violento e repetido esfaqueamento...”, “Observações gerais: marca de perfuração profunda causada por objeto cortante na coxa direita; encontrado alto índice de composto paralisante no sangue (Cicuta)”.

- Paralisante? - Diz o policial espantado.

- Cicuta... Faz sentido..., primeiro vem à paralisia, a mente fica alerta, mas o corpo não responde e, eventualmente, o sistema respiratório desliga. Assim a vítima não poderia reagir nem gritar. - Explica a agente.

Foi então que ela ouviu o celular anunciar chegada de mensagem: Chegaram relatórios dos legistas: Brooklyn, Manhattan, Bronx, Queens e Staten Island.

Com as informações necessárias ela se dirige para a central da Guarda, lá ela terá a disposição pessoal especializado e os mais modernos e sofisticados instrumentos de informação em tempo real. Zina sentia-se especialmente motivada em desvendar esse caso, parte em consideração à Mynia. Analisa os relatórios procurando algum detalhe que pudesse ter passado despercebido. Lê os arquivos dos agentes e entende o que “Operações” quis dizer sobre o “excesso de coincidências”.

....... A isca.

Ninguém jamais reconheceu a existência da organização Dragão Verde, no entanto a CIA, o FBI, a Interpol e a Scotland Yard acreditam na sua existência apesar da sua comprovação ter sido impossível até o momento. A Serpente é apenas uma das várias agências secretas que fazem parte dessa organização de âmbito mundial de espionagem. Como também jamais reconheceu a existência da Guarda, a organização que agrupa o serviço secreto que constitui uma das redes de espionagem e contraespionagem mais poderosa e hábil do mundo. Evidentemente os agentes de suas linhas são os mais qualificados e provavelmente treinados em organizações e instituições além do conhecimento da população.

Certos interesses trilham caminhos desconhecidos da população em geral. Quando esses interesses ultrapassam certas fronteiras, muitas vezes são travadas guerras secretas entre essas duas organizações, onde não são medidos esforços para conseguirem seus objetivos. Não importando o envolvimento ou o sacrifício de pessoas inocentes.

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Eram oito e cinquenta da manhã, Gabrielle ainda não estava totalmente acordada, pois ela e Zina só haviam adormecido bem depois das três, após uma tórrida noite de amor. Ainda de olhos fechados, ela apalpa o lugar onde deveria estar sua companheira. Como esperava nada de Zina. Já saíra. A energia da mulher a surpreendia.

Depois de uma demorada espreguiçada ela se levanta, faz o desjejum e senta-se no computador. Termina um artigo para o American Journal of Archaeology; clica “enter”, empurra a cadeira para trás e alonga-se. Olha para o relógio. Eram onze e meia.

O celular anuncia entrada de mensagem: “Vamos almoçar? Aguardo na portaria.”

Ela se arruma, pega a surrada e inseparável bolsa de couro marrom e desce em seguida. Procura por Zina. Um homem de traços oriental se aproxima. Ela percebe que tem algo errado. Lembra-se que esquecera o celular, tenta retornar, mas é impedida pelo homem, que insiste que ela o acompanhe imediatamente, segurando seu braço com força e afastando levemente o paletó de modo a deixar ver a arma escondida em sua cintura. Ela se assusta, mas resolve não oferecer resistência. O homem segurando-a firmemente a conduz ao carro preto que aguarda na porta do prédio. Já dentro do carro o oriental a agarra com força e pressiona um lenço molhado sobre seu nariz e boca. Ela se debate, mas em minutos as imagens vão ficando distorcidas, o homem se torna apenas uma silhueta, a vista está embaçada, os sons da rua cada vez mais distante, o homem se distanciando, o ambiente ao seu redor ficando escuro. Ele sinaliza para o motorista e o carro parte em velocidade normal.

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O celular toca sinalizando mensagem.  A princípio parecia spam, pois no nome de quem enviara aparecia apenas uma série de caracteres sem sentido. Zina já ia apagá-la quando uma única palavra no campo assunto à fez abrir a mensagem imediatamente. GABRIELLE. Ela nem lera todas as palavras quando sentiu o sangue gelar.

“Estamos com sua amiga, pare de investigar ou não vai mais vê-la viva. Não insista ou se arrependerá.”

Zina sentiu um choque. Leu mais uma vez a mensagem em busca de alguma indicação de que era um trote sem graça. Procurou indicações de spam, mas não havia tais sinais. Percorreu a agenda e selecionou Gabrielle.

 - Por favor, responda. Vamos atenda, por favor. - Sussurrava para si.  O telefone tocou continuamente e depois a chamada foi desviada para a caixa de mensagem. Ela interrompeu a chamada, imediatamente digitou o número do departamento de arqueologia da universidade onde Gabrielle trabalhava.

- Alô, por favor, eu quero falar com Gabrielle. É urgente. - Disse enfatizando a palavra “urgente”.

- Um instante, por favor. - Responde a atendente.

A conhecida agente de nervos de aço demonstrava que por baixo da couraça fria existia alguém com sentimentos. Pedia que a ligação fosse atendida e que a voz fosse de Gabrielle. Os segundos eram milênios. Por fim: - Lamento senhora, não tem resposta do ramal.

Olhou mais uma vez para a mensagem, o coração apertado. Tentava concentrar-se, encontrar algum indício e lembrou-se que só podia recorrer a duas pessoas que certamente a ajudaria. Disca o ramal do Diretor geral de informática.

- Marcus preciso de sua ajuda, é urgente. - Diz a agente.

O tom nervoso da voz da agente surpreendeu o homem, em nada parecido com o tom frio e controlado, característico dela.

 - Venha à minha sala. - Diz Marcus. - Algo muito sério está acontecendo. - Ele pensa.

Zina lê novamente a mensagem como não querendo acreditar, lembra-se de Autolycus; digita rapidamente e no segundo toque a ligação internacional é atendida: - Alô!

- Autolycus, eu preciso de você! Gabrielle está em perigo. Vou te requisitar! - Diz a agente e desliga sem dar qualquer chance de resposta.

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Zina entra na sala de Marcus esforçando-se para aparentar a frieza característica, mas seus olhos denunciam a aflição.

- Marcus eu preciso que você rastreie essa mensagem, por favor. - A agente pede enquanto senta-se.

Ele lê a mensagem e fica em silêncio por segundos que parecem uma eternidade. - Xena, isso não faz parte da missão. Eu não posso utilizar nossos pessoal e equipamentos para assuntos particulares. Você conhece as ordens.

A agente num impulso fica de pé espalmando as mãos sobre a mesa de Marcus e explode: - DANEM-SE AS ORDENS! ELA FOI RAPTADA POR CONSEQUÊNCIA DA INVESTIGAÇÃO, VOCÊ NÃO PERCEBE?

Marcus se recosta na poltrona surpreso com a cena e diz: - Você sabe que para a Guarda isso não significa nada. Acalme-se. Vamos conversar.

- Não temos tempo para conversar. Você vai me ajudar ou não? - Responde a agente rispidamente.

Marcus a encara em silêncio analisando a situação. A agente impaciente pega o celular e vira-se em direção à porta.

- Xena espere... O que está havendo com você?  - Marcus pergunta.

A mulher vira-se e o encara irritada. - A vida de uma inocente está em risco. Ela não é como nós.

- E desde quando você passou a se importar com isso? - Marcus questiona.

- Marcus eu não tenho porque lhe dar explicações. Só me importa que essa mulher não seja envolvida nesse nosso jogo sórdido e vou fazer de tudo para salvá-la, com ou sem a sua ajuda. - Diz a agente encarando-o com um olhar decidido e raivoso.

Marcus permanece calado se sentindo desconfortável com o olhar fixo e penetrante da agente. Após alguns instantes de silêncio: - Você sabe o que vai acontecer se descobrirem, não sabe? Não existe justificativa nem perdão e eu estarei em maus lençóis. - Alerta o diretor de informática.

- Sei e estou disposta a correr o risco. Eu assumo toda responsabilidade! - A mulher responde.

Marcus continua a olhá-la. Por fim: - Está bem, pela nossa amizade vou te ajudar, mas será em off, certo? - Diz o homem para alívio da agente.

- Obrigada Marcus, fico te devendo essa! - Zina responde. A tensão é visível na sua fisionomia.

Imediatamente ele chama o melhor analista da equipe. Tom Cooper fazia parte de um seleto grupo de gênios da informática no mundo, conhecia absolutamente tudo de computadores e redes.

- Tom..., preciso que você descubra de onde veio essa mensagem. - O diretor ordena entregando o celular para o analista.

Sem mais palavras Tom retornou para seu terminal. A mulher andava de um lado para outro da sala.

- Não se preocupe, ele vai descobrir, é só aguardar. - Diz Marcus tentando acalmar a agente.

Não se contentando em aguardar na sala de Marcus ela se dirige a sala de Tom, sendo seguida pelo diretor. O analista começou a clicar e digitar rapidamente. Os dados vão aparecendo em meio a códigos e dígitos, caracteres piscando, formando relações gigantescas de endereços de e-mail. Tom continuava digitando e clicando com uma rapidez espantosa e aguardava a tela mostrar a resposta. Selecionava opções até que finalmente apareceu o caminho.

- Ora isso é interessante. - Diz o analista.

- Achou alguma coisa? O que foi? - Pergunta a mulher ansiosa.

- Veja, o que temos aqui é tipo um diário de viagem. Mostra o caminho feito pelo e-mail na internet. Aqui temos o ponto de origem. Agora preciso rastrear o endereço do computador que mandou o e-mail.

Mais alguns cliques e digitações, dados piscando e rolando na tela com uma velocidade vertiginosa, impossível para a leitura humana. Zina busca seu autocontrole no fundo de suas entranhas. Mas do que nunca é necessário raciocínio frio, calculado e lógico.

- Vejam aqui... - O analista chama o diretor e a agente.

- O que foi? - Marcus pergunta.

- Bem a notícia é boa e ruim. A boa é que agora sabemos exatamente de onde o e-mail foi enviado. A ruim é que pode ter sido qualquer pessoa. - Diz o analista.

- Como assim? - Zina pergunta impaciente.

- O caminho termina num Cybercafé. Centenas de pessoas podem ter passado por lá. - Responde o analista.

- Onde é o endereço desse Cybercafé? - Pergunta a mulher.

- É no bairro de Chinatown, em Manhattan.

....... Ajudando a amiga.

Aquelas doze horas de voo foram as mais demoradas para Autolycus. Até que finalmente viu o brilho de Nova York em meados da tarde do dia seguinte. Ele desembarca e imediatamente liga para a agente. Uma única e rapidíssima resposta: - Desligue e me aguarde.

O homem fica atônito, ele olha em volta tentando reconhecer alguém, olha para todas as entradas do saguão do aeroporto com uma expressão de impotência. Centenas de pessoas perambulam pelo enorme saguão cheio de lojas com todo tipo de comércio. Olha o relógio e se dirige a loja de revistas e jornais. Enquanto olha o mostruário de revistas recebe um forte esbarrão de uma mulher alta, ruiva com óculos escuros, que sem desculpar-se segue seu caminho sem olhar para trás. Instintivamente ele coloca a mão no bolso do paletó. Encontra um papel com uma simples palavra: Estacionamento.

Caminha pelo estacionamento olhando em todas as direções, procurando pela mulher. Um carro se move lentamente pelas vias até parar ao lado do homem, que reconhecendo a motorista entra no veículo sem demora. Enquanto o carro segue para a saída, Zina explica toda a situação, fala sobre o rapto de Gabrielle e a exigência do sequestrador pela vida dela. O homem se mantém calado ouvindo tudo atentamente.

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Seguindo o protocolo, Autolycus se apresenta na Central da Guarda. Após acomodar a mala no apartamento da agente eles seguem para outro local.

- Por que você preferiu vir para cá? - Autolycus pergunta.

- Tenho meus motivos. - A agente responde sem maiores explicações.

Isolados na sala de leitura da biblioteca pública de Nova York, os dois agentes examinam os arquivos dos agentes assassinados. Zina entrega a Autolycus as pastas sinalizando as anotações das autópsias realizadas nos cadáveres. Autolycus se viu lutando para entender a caligrafia quase indecifrável dos legistas: “Grave hemorragia interna compatível com ferimentos por objeto cortante; contusões na pele e vísceras...” “Observações gerais: ...encontrado alto índice de composto paralisante no sangue”.

Todos eram agentes experientes, Zina conclui que não seriam presas fáceis, por isso estavam sendo paralisados antes de serem mortos.

- Observe que todos os agentes estavam no perímetro da cidade e nenhum deles estava envolvido em missões. Estavam “hibernando”, digamos assim. Esses assassinatos estão sendo feitos para chamar nossa atenção por algum motivo. - Diz Zina.

O espanto de Autolycus é visível: - Ora isso é absurdo! - As informações passam na mente dele como um filme de espionagem. Zina percebe o olhar de incredulidade.

- Absurdo? Você acha mesmo? Autolycus abra os olhos! A Guarda é uma organização secreta oficialmente desconhecida pelo governo, nossas linhas telefônicas e e-mails são exclusivos da organização, não constam sequer das operadoras convencionais, certo?

- Certo. - Confirma o homem.

- Então como se explica eu ter recebido as mensagens sobre Gabrielle pela linha exclusiva, se não for alguém da Guarda que tem acesso aos nossos códigos? Como se explica os agentes terem sido localizados em tão pouco tempo? - Questiona a agente.

Autolycus fica em silêncio, pensativo. Ele balança negativamente a cabeça e insiste: - Desculpe-me amiga, mas você tem que admitir que isso é meio..., insano!

- Admito, mas estamos falando de um complexo que gasta milhões de dólares com técnicas de controle de espionagem. - A agente insiste. - Se tem um infiltrado em nossas linhas que tem acesso aos nossos códigos e até agora só se limitou a assassinar os agentes que não estavam em missões, é porque tem um objetivo e não é espionagem!

Autolycus se viu forçado a concordar com a teoria da mulher.

- Está bem, qual é o seu plano? - Pergunta o homem.

- Primeiramente preciso providenciar novos documentos para mim. - Responde a agente.

Saem da biblioteca e no percurso Zina vai explicando suas análises, conclusões e o plano para resgatar Gabrielle, no qual ele será peça importante.

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Já na Central, enquanto aguardava a nova identidade, Zina convida Autolycus: - Estou precisando “desestressar”, conheço um bom lugar. Quer vir comigo? - Diz a agente.

Autolycus se anima. - Claro, será ótimo!

Eles percorrem um longo corredor, descem a escada e se dirigem a uma sala com aviso de entrada restrita. O agente está confuso, mas a segue sem qualquer comentário. No subsolo, dois andares abaixo, eles entram no estande de treinamento de tiros da Guarda. Um salão à prova de som.

Autolycus fica perplexo: - Eu não acredito!..., É isso que você chama de “desestressar”?

- Ponha o protetor de ouvidos. - Diz a agente ignorando o comentário do homem.

Os estampidos ecoam por todo ambiente. Em frente as baias os alvos se movem lentamente. Zina engatilha a arma e dispara tiros certeiros no alvo a sua frente. Eles ouvem uma voz as suas costas:

- Olá! - Ambos se viram e deparam com o jovem Tien.

Autolycus responde ao cumprimento e a partir daí se desenrola uma conversa entre eles. Zina se limita a ouvir e a observar o rapaz atentamente; o olhar frio e penetrante da mulher incomoda Tien que constantemente desvia o olhar. Após certo tempo ele se despede e sai do estande de tiro. A agente o acompanha com o olhar. O semblante de desconfiança é confirmado com o característico gesto de levantar uma sobrancelha; ela engatilha a arma e descarrega a 9mm nas cabeças e nos corações dos alvos a 50m de distância.

- Autolycus, diga ao Marcus que preciso de todas as informações que existem sobre esse rapaz. - Diz a mulher.

- Tien? ... Você está ficando neurótica! - Diz o agente.

- É talvez, mas faça o que estou pedindo. - Zina responde.

....... O ninho da serpente.

Ela salta do metrô e segue a pé direto para o local. Continuou andando e parou em frente a uma loja cuja vitrine era entulhada de produtos. Imediatamente em sua direção veio uma mulher e curvou-se ligeiramente cumprimentando-a no estilo oriental. Ela mostra um retrato, faz algumas perguntas e pede informação sobre o endereço do Cybercafé. Recebe as instruções e continua a caminhar. Um grupo de adolescentes é abordado, novamente a foto é mostrada e perguntas são feitas. Sem nenhum sucesso.

Espremidas entre as lojas viam-se entradas que davam acesso aos andares dos prédios comerciais.  Zina pensou em Gabrielle presa atrás de uma daquelas portas; continua caminhando, até que ergue os olhos e vê a placa da rua Canal Street. Ela mal andara 30 metros quando viu o cartaz em mandarim e inglês: Internet Hot Way. Chegara.

O lugar era uma bagunça, não parecia em nada com os cybercafés da vizinhança de Manhattan. Fios expostos pelo teto, fios e cabos embaraçados junto aos computadores, anúncios pregados nas paredes descascadas, mesas dispostas aleatoriamente sem divisórias separando os computadores e pilhas de caixas de papelão e embalagens de isopor amontoadas no fundo da sala.

Alguns olhares se ergueram para ela, mas logo voltaram para as telas. Zina paga a tarifa e senta-se diante de um micro. Com olhos treinados ela examina o lugar e as pessoas, tentando avaliar cada uma delas. Após vários minutos ela volta para a rua. Notou que as pessoas andavam apressadas e se aglomeravam nas calçadas para assistir a maratona realizada pela prefeitura de Nova York. O espaço foi se enchendo sem ordem alguma. Do nada surgiram as palmas quando as motos dos batedores foram avistadas seguidas pelos maratonistas. As pessoas pulavam, gritavam, assoviavam, agitando-se num frenesi de antecipação. A agente se viu espremida na multidão que a empurrava para frente. Tentava inutilmente se desvencilhar, empurrava, mas não conseguia espaço para mais que uma passada. Levantou-se ao máximo na ponta dos pés. O som das sirenes das motos se juntava ao barulho da multidão que se tornava ensurdecedor.

- Que merda. Quando será que isso acaba? - Diz a si mesma já irritada.

Nesse momento, ela sente uma forte mão apertar-lhe o ombro. Próximo ao seu ouvido uma voz: - Para você, tudo termina aqui.

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A mão com a tatuagem de serpente foi substituída por mais duas também tatuadas segurando-a firmemente em cada braço, dois homens a forçavam a caminhar abrindo caminho na multidão. Pensou em reagir, mas se controla, usando os anos de treinamento para segurar o instinto de luta que revira suas entranhas. Calma, não é o momento, controle-se.- Pensa. Era certo que os sujeitos estavam envolvidos na trama.

Entram num prédio na esquina da rua de onde ela saíra. Seguem até os fundos e entram num corredor estreito. Um dos homens abre uma porta no final do corredor. Chegam numa pequena sala.

- O que está acontecendo? Quem são vocês? - Diz a agente encenando uma voz fraca e amedrontada.

Sentam-na numa cadeira sem qualquer palavra. - Por que me trouxeram para cá?  - Insiste a mulher.

Ouve a mesma voz profunda às suas costas: - Muito bem, vamos começar.

Zina tenta virar-se, mas seu rosto é seguro por um dos homens ao seu lado. Ela tem sua bolsa revirada. De repente ela é erguida e empurrada. O homem à sua esquerda afasta seus braços e pernas e começa a revistá-la. Apalpando seu corpo sem qualquer pudor.

- Nenhum dispositivo de escuta, gravação ou arma, apenas isso. - O homem entrega o documento e um crachá ao homem de voz profunda.

- Hum..., Annie Day, repórter? O que está fazendo aqui Annie?

- Estou “cobrindo” a maratona. - Responde a mulher.

Inicia-se um longo interrogatório. Enquanto respondia, Zina tentava formar uma imagem do homem. A voz tinha um timbre de homem maduro e leve sotaque oriental.

- Sabe Annie..., não estamos fazendo muito progresso. Parece que está faltando alguma coisa. - Claramente os homens receberam algum comando, pois os óculos foram retirados de seu rosto e uma venda colocada sobre seus olhos, apertada o suficiente para impedir qualquer entrada de luz.

Zina concentrava-se em mentalmente decorar o caminho, contava as passadas. Sabia que atravessava um corredor, a algazarra da rua tornava-se mais distante, o som das passadas indicava que três pessoas a acompanhavam. Ouviu um ranger de porta, de repente ela sentia frio, o novo local provocava leve eco nas palavras.  Sentiu as costas empurradas e os braços puxados para trás.

Sentiu primeiro o nariz se enchendo de água, depois a cabeça e o pescoço foram imersos na água congelante. Ficou ali fortemente segura para impedi-la de se erguer. Ela contava mentalmente os segundos; 10 segundos depois numa breve tomada de ar e enquanto tossia a empurraram mais uma vez na água gelada.

Ela é puxada pelos cabelos por um dos torturadores. - Agora Annie vamos começar a conversar francamente? - Dizia a voz sem rosto.

Como resposta Zina cospe a água, preparando-se para o inevitável próximo mergulho. Ela sentia a blusa encharcada, o coração batia acelerado, os músculos se contraiam. Outro comando silencioso e a cabeça dela foi mergulhada novamente. O frio agora entranhava por baixo da pele até os ossos.

- O que quero é a verdade. Continuaremos a mergulhar você até nos falar a verdade. Entendeu? - Diz a já conhecida voz.

- Você sabe quem eu sou não viu meus documentos? - A mulher responde com os dentes batendo.

Novo comando silencioso e ela é mergulhada novamente. O frio penetrou mais profundamente. Zina contava os segundos... 14, 15, 16. Sentiu os ombros serem pressionados com mais força. 21, 22... 30, 31, 32... O corpo começava a disparar o reflexo de sobrevivência. Zina se debatia, os ombros contraídos tentavam sair da água; 40, 41... A cabeça parecia invadida por uma névoa cinza. Ela perdera a conta.

Afinal soltaram-na, mas ela não emerge. Os homens tiveram que tirá-la, deixando-a desabar no chão. Ficando ali estendida tossindo e arfando fortemente.

- Chega..., está bem, eu falo. - Ela diz tentando recuperar o fôlego.

Aos poucos sentiu os ouvidos destamparem, mas continuou deitada no chão se recuperando. Detectou algo diferente. Som de porta, outra pessoa se juntara ao grupo..., sussurros. Passos se afastando, som de porta.

- Vamos sentá-la. - Ordena uma voz diferente à suas costas e continua.  - Certo..., vamos recomeçar.

- Mas o Serpente disse que... - Disse o homem à esquerda de Zina.

- Cale-se, agora eu estou no comando. O que essa mulher vai fazer contra nós nesse estado? - Diz o novo inquisidor.

Zina se prepara sem ideia do que estariam lhe reservando agora. Massageia os pulsos e esfrega as mãos melhorando a circulação, sentiu aos poucos a força voltar aos braços e as pernas.

 - Soubemos que você andou bisbilhotando, procurando informações sobre uma tal Gabrielle, não é verdade? - Pergunta o homem.

Eles andaram me seguindo. Ótimo. - Ela pensa. - Sim, ela é minha melhor amiga. - Entre tossidas ela responde ansiosa e continua. - Ela está desaparecida. Soube que ela foi vista nessa região. - Zina blefa. - Por isso vim procurá-la.

Um longo silêncio. - Isso não interessa. - Diz o homem.

- Sei que ela está aqui. Só me diga se ela está bem. Não está... machucada? - Zina encenava fraqueza.

- Ela está ilesa.  - Diz o homem distraidamente caindo na cilada.

- Então você admite que ela esteja aqui! - Zina diz quase numa afirmação.

- Não admito nada. - Responde o homem.

- Era o que eu precisava saber. - Ela diz.

Um segundo foi suficiente para que Zina arrancasse a venda e desse uma violenta e certeira cotovelada nos testículos do homem a sua esquerda. O homem se dobra com um berro de dor e cambaleia. O desequilíbrio dele é tempo suficiente para Zina aplicar um violento chute em seu queixo, deslocando visivelmente a mandíbula do homem, o sangue espirra junto com alguns dentes. Simultaneamente o outro homem pular para trás, mas não teve rapidez suficiente para sacar a arma, é atingido em cheio pela cadeira. Com uma agilidade felina Zina o agarra por trás, pelo pescoço e o quebra sem piedade. Saca a arma do coldre do homem que cai pesadamente com o sangue escorrendo pelo nariz e boca formando uma pequena poça no chão. Dois disparos e os dois homens agonizantes têm seu sofrimento encerrado.

O homem de quem Zina conhecia apenas a voz corre para porta. Com dois tiros certeiros a mulher atinge a perna do fugitivo antes que alcançasse a porta. O homem cambaleia agarrado a perna, Zina se aproxima e chuta a perna ferida, ele grita de dor e cai. Ela pressiona um joelho sobre o peito do homem.

O homem ergue os olhos e vê os olhos do mais excepcional azul que já vira. Pareciam emitir raios de luz brilhantes e frios. Não teve muito tempo para encará-los, pois sua visão logo foi tomada por uma arma diretamente apontada para sua testa.

- Você cometeu um grande erro meu amigo. - Diz a agente. Em seguida ela vira o homem e ajoelha-se sobre suas costas, puxa os braços dele para trás, amarrando suas mãos com o cinto e com a venda que mantinha pendurada no pescoço ela amordaça-o. Em seguida ela tira um minúsculo dispositivo da palmilha da bota, coloca no ouvido e diz: - Precisamos tirar o veneno de uma serpente!

....... A picada da serpente.

Sua concentração já estava dispersa. Os olhos ardiam, o cansaço começava a pesar sobre os ombros. Não descansara desde que chegara de viagem. Por horas estivera “mergulhado” em relatórios e pastas, mas sem nenhum sucesso, nenhuma pista que pudesse indicar um ponto de partida.

- Eu preciso esfriar um pouco a cabeça, vou tomar um café. Você quer um? - Autolycus pergunta.

- Não obrigada. - Zina responde sem desviar o olhar das pastas.

Autolycus segue pelo longo corredor, desce a escadaria, atravessa a rua e se dirige à loja em frente à biblioteca, saboreia calmamente seu Cappuccino. Quando retornava, só então notou o vulto que se escondia sob o capuz cinza do agasalho. Uma coisa era certa: ele estava sendo vigiado.

Cinco minutos após a saída de Autolycus, Zina ouve o sinal de mensagem de Marcus: Informações Tien disponíveis.

A tarde já terminava. A biblioteca começava a esvaziar, pois em 2 horas fechariam as portas. Autolycus sobe a escadaria andando a passos rápidos. Ouviu passos às suas costas. Numa rápida olhada sobre o ombro vê o capuz cinzento. Aumenta o ritmo das passadas e entra na ala de história medieval. Olha novamente e o homem do capuz se aproximara mais. Ele tenta se esconder entre as estantes. Então viu de relance algo cinza agarrando-o pelo ombro da camisa. Lembrou-se que estava desarmado. Conseguiu se libertar, mas tinha pouco espaço entre as estantes. Uma breve luta se iniciou, Autolycus acertou o queixo do homem que cambaleando derrubou alguns livros. Autolycus agarra o homem pela gola do agasalho e o sacode com força, fazendo o capuz cair. Agora cara a cara com o homem, para sua total surpresa reconheceu-o imediatamente.

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Tien massageava o queixo. - Nossa você quase me quebra o queixo. Eu só queria conversar!

- Conversar? Então por que diabos você estava me seguindo? - Autolycus se exaspera.

- Não quis me aproximar enquanto você estava com aquela mulher lá em cima. - Responde Tien ainda massageando o queixo.

- Droga! Eu me esqueci dela. Vamos! - Diz o agente enquanto recolocava os livros na estante.

Autolycus retornou a sala de leitura acompanhado pelo rapaz. Dirigiu-se a mesa que ocupara antes. Quando se aproximou viu uma mulher, mas não era Zina. Olhou em volta procurando-a; pega o celular e examina as mensagens:

Tive que sair. Aguarde meu contato. - E mensagem seguinte enviada 25 minutos depois: Te encontro no apartamento.

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Marcus entrega uma pasta a agente contendo todas as informações sobre Tien, ela examina atentamente cada dado, porém não encontra vestígios que pudessem torná-lo um suspeito, apenas um detalhe chamou sua atenção: exímio lutador de artes marciais.

A voz de Marcus desvia seus pensamentos. - Venha, vou te mostrar tudo que descobrimos até agora.

Ele levanta-se e caminha para a porta fazendo sinal para que Zina o seguisse. Do lado de fora dezenas de especialistas, analistas, técnicos concentrados em seus terminais, processavam dados em tempo real.

Seguem até uma escada. Os sons agora se distanciavam. Desceram um lance e saíram num corredor vazio, caminham até o elevador com aviso: DESATIVADO. O homem pressiona o polegar no botão que faz a leitura de sua digital, a porta do elevador se abre dando acesso a uma porta de metal. A rápida passagem de um feixe de luz pela córnea de Marcus seguido pela digitação de um código numérico destrava a porta de aço.

O homem virou-se e disse: - Está sala é de acesso restrito. Você está prestes a ver um local que oficialmente não existe na estrutura da organização. - Só então ele abriu a porta.

O recinto lembrava a sala de controle da NASA. Apenas seis pessoas manuseando os computadores. As informações eram abertas e fechadas nos painéis controladas pelos leves toques dos dedos. Nos telões apareciam mapas pontilhados, linhas que se cruzavam, dados processados e armazenados numa velocidade vertiginosa. Um sistema de mapeamento de todo o globo e que visto do espaço, dava todas as coordenadas precisas de qualquer lugar na Terra. Imagens de satélites sendo ampliadas a cada área selecionada.

- Ninguém sabe dessa sala além de mim, o Superintendente, os homens que trabalham aqui e agora você. Estou pondo meu pescoço na guilhotina, mas confio em você... Temos trabalhado dia e noite faz dois dias para descobrir quem dentro da Guarda teve acesso aos códigos dos agentes.

- Hum, então é aqui que se faz o controle do controle. - Diz Zina com ironia.

Marcus fica alguns segundos em silêncio, por fim confirma a afirmação da agente. - Mas preciso lhe explicar algumas coisas. - O diretor se coloca atrás de um homem que aparentava ter 30 anos. Ele determina ao funcionário o que deseja saber.

Imediatamente o homem digita uma série de códigos e senhas, abrindo o sistema de monitoramento da Guarda. Em um segundo aparecem listados milhões de códigos identificadores de todos os agentes da organização em todo mundo.

Marcus explica. - Veja, aqui está o código de Hower e dos outros agentes mortos recentemente. - O homem havia colocado os códigos em destaque.

- Apesar de toda nossa segurança o hacker provocou a queda do relógio do sistema, invadiu nosso sistema e colheu os dados desses agentes, principalmente sua localização, endereço e etc... Prossiga. - Ordena Marcus ao homem. Uma nova série de dados e códigos é digitada velozmente.

Na janela vazia da tela, um milésimo de segundo depois aparece às séries de números de IP de todos os computadores da Guarda em todo o mundo. - Veja. - Marcus chama atenção apontando para a tela. - Fizemos uma “varredura” e conseguimos detectar que os códigos dos agentes mortos foram acessados por esse IP, que pertence a um computador nosso, mas sem autorização para esse tipo de acesso. O espião desbloqueou o acesso.

Zina ouvia com total atenção. Marcus continua. - Um especialista em computação pode mandar um imenso banco de dados numa sequência específica que vai não só parar o relógio, como também controlá-lo, ou seja, executando os comandos certos, você tem acesso ao servidor. Agora observe o último código acessado e destacado. - Diz o diretor apontando a linha da tela.

A agente fixa o olhar e pergunta: - De quem é esse código?

- Autolycus é o próximo. - Marcus responde com o olhar fixo em Zina.

O espião invadira o servidor da Guarda acessando todos os arquivos ultra confidenciais. Mas agora ele fora descoberto. Via-se seu inconfundível nome, codinome e código.

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- Venha, vamos botar um gelo nesse queixo. - Diz Autolycus.

A biblioteca acabara de fechar as portas. Autolycus e Tien caminham pela noite de Manhattan, era imenso o contraste do barulho da multidão habitual com o silêncio do local onde estiveram a poucos minutos. Um homem de agasalho e boné lia um cartaz de uma exposição. Provavelmente algum turista.

Eles chegam à portaria do prédio e sobem apressadamente. Autolycus não percebe que o homem os seguiu e parou pouco antes olhando as vitrines próximas.

Enquanto o rapaz fazia a compressa com gelo, o movimento da rua atraiu o olhar de Autolycus. Logo abaixo na calçada oposta viu o homem de boné, não fez uma ligação imediata, mas algo na atitude do homem sugeria que ele não se dirigia a lugar nenhum, mas que precisava ficar bem ali. O agente soltou a cortina e recuou um passo da janela. Imediatamente abre a mala, veste o coldre e destrava a pistola.

- Acho que fomos seguidos. - Diz o agente. No mesmo instante o celular toca informando uma mensagem: Onde você está?

Imediatamente Autolycus responde: Seu apartamento.

O alerta é dado em seguida: Saia daí agora.

- Precisamos sair daqui. Só não podemos ir pela porta da frente. Rápido! - Diz Autolycus desligando o telefone.

- Ah deixa de gozação. Por que alguém... - O rapaz tem a frase é interrompida.

Sem maiores explicações Autolycus puxa Tien pela gola do casaco. - Vamos!

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O homem já tinha esperado tempo demais. Foram as luzes se apagando que o deixaram desconfiado. Não fazia sentido em plena Manhattan irem dormir tão cedo da noite. Além disso, temia levantar suspeita, já estava andando atrás deles desde que saíram da biblioteca. Telefonou pedindo permissão para continuar.

- Tudo certo. Mas faça um serviço limpo. Entendeu? - Foi a resposta.

Ele atravessa a rua quando vê uma mulher chegando com duas sacolas cheias de mercadorias. Gentilmente se oferece para segurar as sacolas enquanto ela abre a porta e entram logo em seguida. Ele sobe as escadas ajustando o silenciador no cano do revólver. Para em frente à porta apenas para cobrir o rosto com uma máscara.

A pequena chave mestra abre a porta, ele entra cautelosamente examinando a sala do apartamento. Como não tinha ninguém, começa a procurar nos outros cômodos. Começa a abrir os armários, examina embaixo da cama, revistando cada espaço escuro que encontrava.

Guarda a arma no coldre sob o casaco, tira a máscara e recolocando o boné sai do apartamento. Quando passa em frente à porta da saída de emergência repentinamente um homem pula sobre ele. Uma luta se inicia. O homem tenta pegar a arma, mas num instante Autolycus agarrou o homem pelo pulso prendendo-o embaixo do braço e o derruba com uma violenta cotovelada no rosto. O revólver cai, o homem tenta novamente pegar a arma, mas logo em seguida sente um braço em volta do pescoço. Tenta soltar-se com cotoveladas, mas Autolycus não afrouxava o golpe. O homem tentava desesperadamente alcançar a cabeça do agente, atingir seu rosto. O homem estava arroxeando quando de repente o golpe no pescoço afrouxou. O homem tombou quase sufocado.

O homem de traços oriental ergue os olhos, mas não teve muito tempo para encará-los, pois sua visão logo foi tomada por um silenciador diretamente apontado entre seus olhos.

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- SEU IDIOTA, POR QUE FEZ ISSO? - Berra Autolycus tomando a arma de Tien. - Vamos..., temos que sair daqui!

Descem as escadas correndo, mas nos dois andares próximos a saída eles desaceleram descendo os degraus devagar. Já na rua os dois caminham normalmente.

Autolycus reclama: - O homem já estava sob controle, não precisava tê-lo matado. Era nossa chance de descobrir alguma coisa.

- Ok, você está certo, me precipitei, desculpe. - Responde Tien.

- Não é assim que funciona Tien e você sabe bem disso! - Exclama Autolycus.

- Que tal uma explicação? - Diz o rapaz.

- Não posso dar nenhuma explicação. - Próximo a um beco Autolycus olha em volta, para se certificar que não está sendo observado. - Aqui nos separamos. Agora vá embora rápido!

Autolycus observa Tien virar-se e atravessar rapidamente a rua perdendo-se na noite, anônimo e invisível.

O agente reconhece a silhueta que vem em sua direção. - O que você acha? - Questiona Autolycus.

- Estava chegando quando ouvi o disparo. Observou alguma coisa diferente no morto? - Zina pergunta.

- Só sei que parecia chinês e tinha uma tatuagem no dorso da mão. Mas o que isso tem haver? - Autolycus responde confuso.

- Se quiser saber o que está acontecendo, não deixe esse coração mole falar mais alto. - Diz Zina.

- Não estou entendendo. - Diz Autolycus.

- Vai entender. Mas precisa tomar mais cuidado com seu amigo, ele anda te seguindo. - A agente alerta.

- Mas que droga, agora vai falar por enigmas? - Reclama o homem.

- Não podemos voltar para o apartamento hoje... Venha eu pago um café, temos que conversar! - Diz a agente desconversando.

....... A armadilha.

O violento chute estraçalhou a fechadura da porta do apartamento escancarando-a com força. Numa rápida olhada Tien identifica o vulto; o bom senso manda escapar. Precipitou-se pela janela alcançando a escada de incêndio; descia dois, três degraus de cada vez, podia sentir o corrimão de ferro vibrar e o barulho de passos descendo tão rápidos quanto os dele. Disparou como um raio pela rua, desviando-se das pessoas que saíam de um bar. Olhou para trás, a agente empurrava as pessoas tentando abrir caminho e se desviar de todos a sua frente. Com uma guinada com o corpo Tien desvia de uma carrocinha de cachorro quente. Com nova guinada de corpo contorna a esquina entrando na Quarta Avenida.

Na Quarta Avenida, com seis pistas de tráfego, todas com intenso movimento ele olhou em volta e viu uma abertura no tráfego. Os motoristas buzinavam, freavam e xingavam. Atravessou olhando para trás, a mulher estava cada vez mais próxima, apenas a distância de seis veículos os separava. Corriam entre os carros, paralelos ao trânsito. O sinal ficou vermelho, os carros foram diminuindo a velocidade. Tien ziguezagueava entre os veículos, a mulher pulava sobre os carros diminuindo cada vez mais a distância entre eles. Alguns motoristas irritados saiam dos veículos já parados, xingavam os dois com toda raiva. Aumentando ainda mais a confusão e o congestionamento.

Tien alcança a calçada dispersando um grupo de pessoas que aguardavam os veículos pararem totalmente. Olhou para trás e viu que a distância já tinha diminuído bastante entre eles. Por fim a estação do metrô. Tien quase voou escada abaixo, empurrando as pessoas do caminho, saltou a catraca. O trem acabara de parar. Ouve-se o sinal anunciando a partida do trem. Só mais um segundo e ele estaria livre.

As pessoas na plataforma, assustadas abriam caminho para os dois. Já estava com meio corpo dentro do vagão, quando se sentiu puxado para trás e arremessado com violência contra a parede da estação. Então ele sente a pressão da mão que o agarra pelo pescoço e do joelho sobre sua barriga e os olhos azuis mais penetrantes e raivosos de gelar a alma que o encaravam.

- Acabou Ming Tien, acabou! - Diz Zina, e enquanto algemava o rapaz ela se comunica com Autolycus.

Alguns minutos depois chega Autolycus acompanhado de dois agentes. Eles levantam Ming Tien e o conduzem para fora do metrô. Zina puxa o braço de Autolycus retardando seus passos e murmura: - Tem alguma coisa estranha..., foi fácil demais.

- Fácil? Você correu quase metade de Manhattan atrás desse cara e diz que foi “fácil demais”? - Diz Autolycus surpreso.

- Aí que está. Pelo que li na ficha dele. Esse homem é lutador de artes marciais. Você me contou que na sua briga na biblioteca, ele não se defendeu não é?  - A agente continua com sua análise. - E agora na captura, ele não fez qualquer reação. Tem alguma coisa errada nisso!

Os agentes e Ming Tien já seguiam alguns passos distantes; numa olhada por sobre o ombro Tien encara a agente com um sorriso sarcástico. Eles escoltam o rapaz até o carro com recomendações de máxima cautela com o prisioneiro. Os agentes partem rumo a Central da Guarda, enquanto Zina e Autolycus se preparam para o próximo passo do plano.

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Ela retorna a Chinatown. Deixa uma foto de Ming Tien e um telefone para contato pregado na parede descascada do cybercafé e sai. Dez minutos se passam e o celular toca. Um encontro é marcado num lugar público, com apenas uma exigência:

 - Venha só e desarmada. - Diz a voz conhecida.

Ela entra no Shanghai Cuisine, um dos restaurantes mais famosos e apreciados de Chinatown. A sua silhueta alta e esguia chama atenção dos frequentadores do local. Ela olha com atenção as pessoas até encontrar o homem que procurava. Imediatamente ela é conduzida a mesa já reservada. O homem saboreava vagarosamente o chá quando ela sentou a sua frente.

- Na cultura chinesa o chá era considerado uma das sete necessidades diárias do homem. Até atualmente essa bebida é consumida tanto em ocasiões casuais quanto formais. - Diz o homem filosofando calmamente e encarando a agente continua: - Não sei como poderia classificar adequadamente essa ocasião.

- Eu diria que é uma ocasião formal, uma vez que temos interesses comuns. Você tem alguém que eu quero e eu tenho alguém que você quer, portanto... - Diz Zina encarando o homem.

 A aparente tranquilidade de Ming Tzu não é suficiente para mascarar a raiva e aflição daquele encontro. A mulher sem mais rodeios diz: - Eu lhe entregarei Ming Tien. Mas primeiro quero que me leve até Gabrielle!

Ming Tzu franziu a testa, tenso. Olhou-a por alguns instantes sem dizer nada. Não tinha mais saída, se quisesse ter Ming Tien de volta com vida, teria que devolver Gabrielle sã e salva.

- Está bem, venha comigo. - Disse o homem se levantando.

Eles saem do restaurante. Com os sentidos em total estado de alerta, Zina percebe que um carro com dois homens os segue vagarosamente a certa distância. Ming Tzu caminhava depressa sendo seguido um passo atrás pela agente. De repente o homem parou. Era um prédio que ficava a apenas uma quadra do cybercafé. Zina devia ter passado por aquele prédio diversas vezes.

O coração da agente martelava no peito. Tanta coisa acontecera desde que viu Gabrielle pela última vez.

Subiram três andares, percorreram um pequeno corredor mal iluminado. Ming Tzu bate à porta. Uma voz de mulher fala em chinês. O homem responde na mesma língua.

A porta se abre e uma mulher de feições orientais, aparentando 30 anos se curva servilmente ao reconhecer Ming Tzu. Após algumas palavras de ordem do homem, a mulher desaparece para o interior do apartamento. Dois vultos retornam saindo da penumbra do corredor.

Nesse momento Zina compreendeu com que profundidade sentia falta daquela mulher. Com três passadas largas acabou com a distância e abraçou Gabrielle. As lágrimas escorriam pelo rosto da loira que tremia nos braços de Zina.

- Está tudo bem, vamos embora daqui! - Murmura a agente.

Talvez um minuto se passasse antes que a porta fosse arrombada. Zina viu duas imagens distintas: um homem e uma arma com silenciador. Instintivamente ela protegeu Gabrielle com o corpo, mas a figura atrás do homem com a pistola, que agora entrava na sala foi que chamou atenção. O rosto que a encarava já era conhecido de muito tempo. Yodushi, o chefe supremo da organização Dragão Verde, conhecido como “Mestre”.

- Olá Xena... Finalmente nos encontramos pessoalmente. - Disse o Mestre com sarcasmo.

A mulher sentiu as têmporas latejarem, os músculos tensionados ao extremo. Todos na sala ficaram imóveis. Ming Tzu e a dona da casa observavam surpresos a imponente figura de Yodushi.

- Mestre..., como? O que o senhor está fazendo aqui? ..., eu não entendo. - Gagueja Ming Tzu.

- Isso está além da sua pobre compreensão. - Diz Yodushi com ironia e continua. - Mas mesmo assim você acabou de me prestar o maior de todos os serviços possíveis. Trouxe-me a inimiga número 1 da nossa organização.

- Vamos acabar logo com todos eles Mestre? - Berra o homem armado.

- Calma meu jovem discípulo, a paciência é a virtude dos fortes. - Filosofa o Mestre. - Quero saborear esse momento.

- Já que vou morrer, saiba que você nunca voltará a ver Ming Tien. - Diz a agente olhando diretamente para Ming Tzu.

Com olhar desesperado Ming Tzu se volta para Yodushi e pede que o deixe recuperar seu filho antes de matar a mulher. O Mestre lança um olhar de raiva e repugnância para o homem.

- A vida dele não tem a menor importância, seu velho idiota! - Exclama Yodushi.

- Mas Mestre, ele é meu único filho. - Responde Ming Tzu chocado.

Yodushi dá uma gargalhada sádica e com a frieza de gelar o sangue ele diz: - Tanto ele, quanto você, agora que serviram ao meu propósito são totalmente descartáveis.

- Mestre, meu filho foi tirado de mim ainda criança com o único objetivo de servir a organização. Ele se arriscou pela Dragão Verde e o senhor diz que a vida dele não vale nada? - Insiste Ming Tzu indignado.

- Exatamente velho. Vocês não passam de peões num tabuleiro de xadrez. - O Mestre responde.

Ming Tzu está confuso. Uma mistura de sentimentos embaralham seus pensamentos. De repente num movimento brusco, a mulher que atendeu a porta tenta sacar a arma presa a faixa da cintura. Quase sem se virar, o homem apontou diretamente para a cabeça da mulher. Disparou duas vezes, fazendo explodir sangue e miolos na parede.

Zina ouve o grito sufocado de Gabrielle atrás de si. - Calma! - Zina sussurra.

O tempo corria, não tinha mais sentido prolongar a vida dessas pessoas e principalmente da agente.

- Chegou a hora de você enfrentar seu destino Xena. - Decretou Yodushi.

Gabrielle vê o homem armado apontar para Zina apertando o olho enquanto mirava. Mas um segundo antes se ouve dois estampidos e o homem tomba com o crânio perfurado por duas balas vindas de trás.

Agora a agente podia ver claramente o Mestre, pois não existia mais ninguém entre eles. Seus olhares se cruzaram. Ele tira o sobretudo, expondo a wakizashi de 40 cm presa a cintura, enquanto acabava de empurrar para o lado o corpo sem vida do discípulo que caíra aos seus pés.

Simultaneamente Gabrielle é empurrada violentamente para o lado. A agente aproveitou a oportunidade e atacou Yodushi. Nesse momento como saindo do choque, Ming Tzu pega a arma da mulher morta e mira em Zina, mas Autolycus que entrara no apartamento logo após os disparos joga-se sobre ele, segurando-lhe a mão que empunhava a arma. Ming Tzu apertou o gatilho, mas perdera o equilíbrio com o golpe que recebeu; o tiro atravessou o vidro da janela que dava para rua. Apesar de idoso Ming Tzu era um homem forte difícil de ser dominado. Autolycus agarra o braço do homem tentando puxá-lo para trás das costas. O homem começa a grunhir. Pelo canto do olho Autolycus vê Yodushi sacar a pequena espada, se desviar do ataque de Zina e com uma agilidade fantástica golpear a agente, cortando-lhe as costas junto à omoplata esquerda.

Quis soltar-se de Ming Tzu e deter Yodushi, mas sabia que não adiantaria, seria baleado antes que atravessasse a sala. Tinha de pegar a arma. Deu um puxão mais violento no braço do velho, numa desesperada tentativa de arrancar-lhe o revólver. Mas não funcionou. Em vez disso, Ming Tzu instintivamente fecha ainda mais o punho, acidentalmente apertando o gatilho.

Autolycus embora ensanguentado percebeu num segundo que o sangue não era seu. Ming Tzu atirara em suas próprias costas e cai pesadamente no chão, mas ainda vivo. Agora ele podia ver claramente a grande mancha de sangue nas costas de Zina. Autolycus ainda tentava se levantar quando viu Yodushi erguer bem a pequena espada, pronta para mergulhá-la no peito da mulher.

Mas a agente mesmo ferida num rapidíssimo movimento de ataque se joga sobre Yodushi. Derrubando-o no chão, mas ainda com a wakizashi na mão. Zina estava em cima do Mestre encarando-o diretamente. O semblante da mulher era uma máscara de fúria indescritível.

- Eu vou matá-la miserável! Vou rasgar seu coração! - Esbravejava Yodushi rouco, as veias do pescoço saltadas pelo esforço. A força daquela mulher o assustava.

Zina exigia um esforço supremo de cada músculo de seu corpo para manter os braços de Yodushi presos ao chão, seus próprios punhos doíam. O pescoço do homem se inchava com o esforço para empurrar a agente de cima dele. De repente ela sente uma nova pressão. O Mestre usava o joelho para empurrá-la para trás. Ela sentia suas forças fraquejarem, o ferimento doía insuportavelmente. Com mais uma joelhada, o homem lançou-a um pouco distante e levantou-se num salto. Com a wakizashi ainda na mão, deu dois passos na direção da agente que se levantava debilitada pela perda de sangue e pela dor do ferimento. Yodushi recua a mão para esfaquear a barriga da inimiga, mas Gabrielle agarrou-lhe o pulso com as duas mãos, usando toda a força que tinha para empurrá-lo.

Zina lembrou-se que já vira aquele fogo nos olhos de Gabrielle uma vez antes; era a mesma determinação selvagem que vislumbrara em alguma vida passada em que sua vida foi salva pela loira.

Pelo canto do olho Zina vê Ming Tzu com certo esforço apontar a arma para Autolycus, ela grita: AUTOLYCUS CUIDADO!

Virando-se rapidamente, ele mirou na cabeça do velho e apertou o gatilho, explodindo sangue pelo chão.

Agora a força de Yodushi começava a superar a de Gabrielle. Ele avançava a mão, a espada se aproximava perigosamente do peito de Gabrielle. A lâmina tocou-a fazendo um corte na blusa, alcançando e cortando levemente sua pele branca. A loira solta um tímido gemido. Em milésimos de segundos Zina vê o olhar desesperado de Gabriellle.

A adrenalina tomou conta de Zina. Encontrando forças no fundo de suas entranhas, com um salto, voou na cabeça de Yodushi, agarrando-o por trás com um braço em volta do pescoço, e com o punho direito desfere um violento soco no nariz do homem, fazendo o sangue escorrer. O golpe o desequilibra e derruba pesadamente a pequena distância de Gabrielle, finalmente largando a wakizashi. 

A lâmina da pequena espada cintilou no ar, tão brilhante a ameaçadora quanto o olhar de Yodushi. Zina tinha os olhos em brasa; com o sangue escorrendo pelo nariz o homem se volta com o rosto vermelho de ódio e esforço pela luta, se erguendo do chão tentando alcançar a espada. Naquele momento ela não sentiu mais dor, nem fraqueza. Com uma cambalhota ela alcançou a wakizashi e com um forte golpe segurando a arma com as duas mãos, enterra a pequena espada quase até o punho no peito de Yodushi, traspassando seu tórax. Ele solta um estrondoso grito de dor. Ela puxa a lâmina com força e com toda força que ainda lhe restava, ela atinge novamente o peito de Yodushi, atingindo seu coração.

Gabrielle e Autolycus ficam paralisados com a brutalidade da cena. O Mestre cai pesadamente com a wakizashi cravada em seu peito, na sua fisionomia transtornada se percebia a incredulidade. Zina ensanguentada cambaleia e cai de joelhos, é aparada por Gabrielle e Autolycus apenas a tempo de ouvir a voz da loira se perdendo na escuridão.

....... Uma vida quase normal.

No dia seguinte enquanto Autolycus visita a amiga no hospital, Gabrielle recebe uma ligação, iniciando uma estressante conversa com seu editor. Por mais que argumentasse, o homem exigia sua presença na edição do jornal imediatamente. Ele reclamava dos constantes atrasos nas entregas dos artigos, ameaçando processá-la pelo descumprimento do contrato. Já sem argumentos racionais, ela desiste e se despede do homem, se comprometendo a ir vê-lo em seguida.

- Droga..., só me resta por o trabalho em dia antes que o editor do jornal “coma” meu fígado. - Resmunga a loira e se dirigindo a Autolycus ela diz: - Você pode fazer companhia a nossa amiga enquanto eu vou ao jornal? Não vou demorar, prometo!

- Claro, claro, pode ir tranquila, eu fico com ela, sem problema. - Responde o homem.

- Mas faça o favor..., ela ainda precisa descansar nada de conversar sobre trabalho, hein?! - Gabrielle adverte.

A morena e Autolycus sorriem despedindo-se da loira. Alguns minutos depois que a porta do quarto é fechada a mulher pergunta: - Então amigo, como estão às coisas lá fora?

Ele dá a infeliz notícia que o carro que o transportava Ming Tien foi pego em uma emboscada onde os agentes foram mortos e Tien desapareceu. Zina pragueja esmurrando o colchão.

- Acalme-se..., sabe nessa missão tem alguns pontos que para mim ficaram obscuros. - Diz Autolycus.

- Se eu puder esclarecer... - Diz a mulher.

- Por que você suspeitou de Tien? - Pergunta Autolycus.

- Amigo não quero te ofender, mas pelo que você me contou de sua luta com ele na biblioteca, ele sendo lutador de artes marciais você não conseguiria acertá-lo nem dominá-lo tão facilmente. Foi tudo encenação. - Zina responde e continua. - Já havíamos nos encontrado no estande de tiro várias vezes e ele nunca se aproximou. Estranhei, então a partir daí pedi a Marcus que o rastreasse. Queria segui-lo bem de perto. Então ele passou a te seguir, pois sabia que estaríamos sempre juntos. Assim ele acompanharia meus passos sem levantar suspeitas.

Autolycus fica pensativo. Zina continua: - Aquele homem que invadiu meu apartamento com quem você lutou, lembra? Ele era membro da Serpente. Tien não podia correr o risco de ser delatado, por isso o matou a queima-roupa.

- Hum... Outro ponto que não entendi. Como ele poderia ter certeza que você seria designada para o caso? - Autolycus pergunta.

- É simples. Os agentes sendo mortos seguindo um mesmo padrão chamaria atenção. Lembra que te falei isso e você achou absurdo?  Com Ming Tien tendo acesso as informações da Guarda, ele esperou o momento certo, sabia que eu era a única que estava na cidade e não estava envolvida em nenhuma missão então inevitavelmente eu seria designada para o caso.  Foi tudo muito bem planejado. Ele aproveitou a situação de Yodushi querer me eliminar e como teve acesso ao meu arquivo, ele acreditou que eu seria a única com chance de combater o Mestre e sair vitoriosa.

Ele armou o rapto de Gabrielle, pois sabia que eu não descansaria enquanto não a encontrasse. Depois foi só contar com a colaboração do pai, que também foi manipulado por ele.  Para provocar meu confronto com Yodushi, avisou a ele onde eu estaria. Se alguma coisa desse errado ele não seria incriminado. Daí é só você juntar as peças do quebra-cabeça.

- Uau você é incrível! - Elogia o homem.

.................................................

Cinco meses se passaram desde que Gabrielle se encontrou diante do Mestre. Se lhe perguntassem, na ocasião, qual era a expectativa de sobrevivência para ela e sua companheira, ela certamente responderia: nenhuma.

Agora elas aproveitam e andam pela cidade. Perto de anoitecer elas ainda vagueiam pela Times Square, mais especificamente pela área de teatros da Broadway, sede de famosas peças teatrais. Elas refazem o caminho de casa a pé, com calma, passeando despreocupadas. Ambas chegam cansadas, desejando um bom banho. Com esse pensamento elas entram no pequeno hall do prédio e se dirigem para o elevador.

O sinal do elevador indica a chegada ao andar; elas se dirigem para o apartamento. Após um relaxante banho Gabrielle diz mordendo maliciosamente o lábio inferior:

- Sabe..., a “Xena” fez de tudo para me salvar. Gostaria de fazer algo para recompensá-la. 

Zina permanece alguns instantes em silêncio, apenas olhando a loira, de repente ela a abraça com força, mas não era o bastante. Queria que não houvesse espaço algum entre elas.  Por fim se separaram. Seus olhos se encontraram de uma maneira diferente. Era um olhar de assombro pela enormidade do amor que sentiam uma pela outra. Nenhuma das duas conseguia dizer nada.

Minutos se passaram até que Zina rompe o silêncio, e com um sorriso malicioso a morena dá continuidade a brincadeira acariciando os cabelos da loira ela diz:

- Por que você não pergunta a ela? - Zina assume o papel da agente Xena. - Você quer me recompensar?! Tenho umas sugestões bem ..., digamos prazerosas.

Gabrielle sorri com a brincadeira e responde: - É..., só não sei se minha companheira irá gostar.

- Não se preocupe com isso, eu me entendo com ela. - A mulher responde tirando a bateria do celular.

Gabrielle assiste a tudo e com um risinho malicioso senta-se na cama e diz: - Nossa..., quanta precaução. Desligar o celular não é suficiente?

- Se você não quiser ser localizada de maneira nenhuma, faça isso. - A morena responde jogando o aparelho desmontado sobre a poltrona e se aproxima da loira. Ela vai despindo Gabrielle com o olhar. Se ajoelhando aos pés da loira, vai delicadamente abaixando a fina alça da camisola de Gabrielle, uma de cada vez, lentamente descendo e expondo seus seios firmes e perfeitamente delineados, os mamilos levemente mais escuros que sua pele branca. Criando um clima sensual, a morena vai vagarosamente acariciando a pele já arrepiada da loira, sentindo a maciez na ponta dos dedos em cada contorno por onde suas mãos deslizam.

As carícias de ambas as partes vão se tornando mais ardentes. Gabrielle por sua vez também vai tirando a roupa de sua companheira, mas de maneira mais afoita. Enquanto elas se acomodam na cama, “Xena” observa as coxas bem torneadas, o ventre e a sombra dos pelos do sexo de Gabrielle escondidos pela calcinha.

O perfume dos cabelos de Gabrielle, o contato da pele macia e quente invadem os sentidos da morena, causando um arrepio que se transforma num desejo crescente daqueles lábios quentes e macios. Suas mãos acariciam o corpo de Gabrielle que responde as carícias com a mesma intensidade, entregando seus lábios com o mesmo ardor com que era beijada. As carícias se tornam mais descontroladas, os beijos mais apaixonados, suas línguas se encontram e examinam as bocas profundamente. As peles arrepiadas, os suspiros e gemidos são a certeza que mais uma vez o momento de entrega de seus corpos e almas se dão de maneira completa, um reencontro renovado cada vez, a cada vida, por toda eternidade.

.................................................

Zina descansa relaxada de olhos fechados, acariciando o corpo de Gabrielle, sentindo a maciez de sua pele; sentir o calor daquele pequeno corpo nu aconchegado ao seu é uma sensação maravilhosa. A loira aninhada em seus braços, também acaricia suavemente com a ponta dos dedos o corpo da sua amada, estudando cada parte dele como se fosse a primeira vez que o tocava.

O escandaloso toque de celular assusta as duas. Gabrielle se levanta e sem examinar a ligação, retira a bateria do celular e o enfia novamente na bolsa e senta na cama. Zina observa surpresa a reação da loira.

- Não é assim que se faz? - Gabrielle pergunta. Seus olhos brilham, um sorriso de felicidade brota naquele rostinho tão meigo e lindo que Zina fica encantada.

- Você aprende rápido hein? - Diz Zina.

- Eu tenho uma ótima professora! - Responde a loira sorrindo.

Zina abre um sorriso largo e perfeito mostrado apenas nos momentos de total descontração.

- E eu tenho uma aluna muito amada que é a razão da minha vida. - Diz se jogando por cima da loira, as duas caem na cama rindo e entre declarações de amor eterno se beijam apaixonadamente indicando que os celulares continuariam desligados por mais um longo tempo.

 

 


Notas Finais


Atenção: Esta fict também se encontra publicada no Nyah e a autora é Alba Diniz, portanto não se trata de plágio, eu sou a própria.


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