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História Encontro com meu Ídolo 2 - Capitulo Unico


Escrita por: mitchieholl

Notas do Autor


É necessário ler "Encontro com meu Idolo" para entender esta parte.

Músicas utilizadas como inspiração:
- In My Place - Coldplay
- The Only Exception - Paramore
- Matt Wertz - 5:19

Capítulo 1 - Capitulo Unico



"Nem sempre terminar é sinônimo de fim..."

Em meu lugar, em meu lugar
Estavam linhas que eu não podia mudar


    — Você tem certeza do que está fazendo Ari? — Perguntou Clarisse pela milésima vez, eu já estava ficando de saco cheio de tanto ela perguntar. Já estava fechando a mala, faltando apenas arrumar a mala de mão.
    — Sim Claire estou, já respondi essa sua pergunta várias vezes.
    — Mas é que esta é uma decisão um tanto quanto precipitada você não acha? Ir para França atrás de David Luiz, aquele país é imenso, não acha uma causa perdida?
    — Eu não vou saber sem tentar Claire, esta é a minha decisão, ficaria muito feliz se você me apoiasse nela.
    — Mas... er... eu apoio, só acho uma decisão um tanto que...
    — Deixe ela ir Claire, ela não quer nossa opinião, quer nosso apoio e como amigas vamos dar, ela não quer saber se ficará mil dias procurando um cara que ela nem tem tanta certeza se esta lá ou não, ela também não quer saber se os pais dela vão nos acusar de deixar sua filha solta no mundo, ela é maior de idade, sabe muito bem o que faz. — Disse Mica que até então estava quieta, em nenhum momento o tom de voz dela foi alto, ela falava até calmamente coisa que estranhei, já que ás vezes – muitas, ela era a mais explosiva.
    Eu não poderia discutir com elas, não quando tinham razão, eu estava cometendo uma loucura, tudo por um ídolo no qual eu tive uma linda - digamos que uma noite de transa. A revista que me fizera tomar a decisão de ir atrás dele estava amassada no chão do meu quarto, eu conseguia apenas ver seu rosto com o sorriso que tanto me cativava.
    — Meninas me escutem — falei, puxando elas para sentarem em minha cama. — A minha decisão já esta tomada, eu vou, eu... eu preciso ir, acho que vocês entendem; eu nunca mais falei com ele, e após essa matéria da revista eu sinto que o momento de reencontrá-lo chegou.
    — O fato é que como você mesma disse, vocês não tiveram mais contato, você não sabe nem por onde começar, você não pode chegar lá no estádio e perguntar por ele, claro que vão achar que você é só mais uma fã, mas e se ele estiver nos Estados Unidos, ou até mesmo aqui, no Brasil? 
    — Eu sei, seria uma viagem perdida. — Respondi a pergunta de Claire — Mas é que não esta dando pra aguentar, eu preciso fazer pelo menos uma tentativa, se não der certo eu volto e sigo a minha vida. 
    — Eu não concordo com essa decisão, mas já que é o que você quer. — Micaeli exclamou.
    — Você diz isso por que vocês ainda têm contato com Edinson e Lucas. — Falei em um sussurro. — Mas enfim, passarei quinze dias lá, caso não o encontre, eu volto. — Elas me olharam como se duvidassem. — É sério, confiem em mim.
    — Ariane, pense bem. Nós podemos falar pros meninos... — Mica falou novamente, com seu tom de voz suave, mas a repreendi com o olhar, elas sabiam que eu não queria dessa forma. — E se por um acaso você encontra ele? E se ele estiver mesmo namorando a menina da revista? — Ela fez uma pausa, e abraçada com Clarisse de pé continuou: — Não queremos ver você sofrendo, não queremos você machucada. — Aquilo foi o fim, afinal, uma lágrima escorreu pelo rosto de cada uma, e sem medir esforços às abracei.
    — Por favor, me entendam, eu preciso ir. — Frisei o 'preciso'.
    — Nós entendemos. — Disseram em uníssono. 

    Meu vôo não seria naquela tarde, e sim na seguinte, sendo assim, dedicamo-nos para nos despedir, fizemos brigadeiro, comemos sorvete, assistimos todos os filmes de Harry Potter, e alguns jogos que tinham o David, Claire me fez assisti-lo para eu não esquecer a fisionomia dele, o que convenhamos, é impossível. Acordei cedo no dia seguinte de tão ansiosa que estava, as meninas também acordaram cedo já que ambas trabalhavam, meu vôo sairia as 14h15m, fazia escala em Porto Alegre para assim seguir para Londres e por fim Paris, as meninas chegaram em casa as 12h57m dizendo que estávamos atrasadas – elas me levariam ao aeroporto, durante o caminho fizeram me prometer várias coisas – como: assim que chegar ligar para informar, não comer besteiras, se encontrar Lucas ou Edinson dizer que estavam com saudades, e fora outras coisas.
    Como é de se esperar, meu vôo atrasou por cerca de meia hora – o que me deixava mais ansiosa, e ainda atrasou quando chegamos a POA para fazer a escala, mas lá fora uma hora de atraso, assim que o avião levantou vôo meu coração começou a acelerar. O vôo demorou bastante, sei que passamos por algumas turbulências, mas nada muito grave, pois adormeci rapido, assim que o avião pousou em solo parisiense, saltei dele como se aquilo dependesse minha vida, e então assim que terminei de pegar minhas malas, senti uma falta de ar momentânea, minha ficha havia caído, eu fui pra Paris e não sabia nem por onde começar.

Eu estava perdido, sim
Eu estava perdido, estava perdido


    Por onde começar a procurar? Esta era a pergunta que rodeava pela minha cabeça, sentei-me em uma daquelas cadeiras do aeroporto e liguei para casa.
    — Caramba Ari, porque você demorou tanto para ligar, estávamos preocupadas, e aí, como você esta? Já chegou? Esta instala no hotel? Em qual? — Claire disparou em fazer perguntas.
    — Calma Clara. — Mica falou chamando a atenção da garota, esta estava na extensão. — Deixe a menina responder.
    — Eu estou preocupada com a minha amiga, se você não esta aí já é outra história. 
    — Mas, é claro que estou preocupada com ela, só que você não esta deixando ela responder e...
    — Meninas, o foco era pra ser em mim, né?! — Falei chamando a atenção das meninas.
    — Nos desculpe Ari, mas nos diga, chegou bem?
    — Nem senti quando passamos por turbulências, estou viva, só preciso arranjar um hotel pra ficar...
    — COMO, VOCÊ NÃO RESERVOU UM HOTEL, ARIANE VOCÊ É MALUCA OU O QUE...? 
    — Acalme-se Mica, não reservei porque nem pensei nisso antes de vir, e achei melhor ligar primeiro pra vocês... já que sei as amigas que tenho. — Finalizei em um sussurro.
    — Ainda bem que sabe. — Ela disse para que eu ouvisse.
    — Ari, da ultima vez em que estive em Paris com meus pais ficamos no Marriott Paris, ele é um ótimo hotel e não é tão caro, fica nele, assim que fizer todas as coisas nos ligue de volta, mas não se esqueça de fuso-horário. — Disse Clarisse que já estava um pouco mais controlada do que Micaeli, que ainda resmungava coisas que não dava para entender. Clarisse e eu encerramos a ligação sem a concepção de Mica, com certeza ela nos xingaria muito depois, mas não ligamos muito pra isso. Segui para o hotel que por sinal era muito bonito, e chique, por conta do cansaço do vôo, assim que entrei no quarto peguei meu pijama que estava por cima (colocado por estratégia) e segui para um banho, se duvidar passei uns quarenta minutos lá dentro, e quando saí já vestida, deitei na cama e capotei.

Cruzei linhas que não deveria ter cruzado
Eu estava perdido, ah sim


    Acordei somente no dia seguinte, lá pelas 12h15m, liguei para as meninas novamente para dizer que já estava hospedada, e que faria primeiro um reconhecimento na cidade, para assim ir atrás de meu objetivo. 
    Tomei um banho rápido, coloquei uma roupa quente, pois ao olhar pela janela do hotel percebi que fazia frio, já que algumas pessoas andavam bem agasalhadas, não iria há nenhum ponto turístico, afinal já tinha ido para França algumas vezes com meus pais e outras amigas, entrei em um pub que não estava muito lotado de nome Tantra, este pub tinha um ambiente agradável, e tocava musicas no estilo dos anos 60, um chá com leite naquele momento era o que me faria bem, observei bem o lugar, e após alguns minutos decidi voltar para o hotel – que não ficava muito longe dali.


***


    Já fazia sete dias que eu estava em Paris, falei com minhas amigas em cinco desses, e para elas menti dizendo que estava correndo atrás dele, mas a única verdade era que eu mal havia saído do quarto de hotel, da mesma forma que veio a convicção de que eu deveria estar em Paris para procurá-lo, ela foi embora, por mim eu pegava o primeiro vôo de volta para o Brasil e desistia de tudo, mas fazer isso não desapontaria apenas a mim, desapontaria minhas amigas também, e mais dia menos dia elas iriam dizer um: “eu falei pra você!”. Eu já havia mudado o aparelho do meu celular, afinal, haviam se passado um ano desde tudo o que ocorreu entre nós lá no Rio, mas mesmo no novo celular a mensagem que ele havia me mandado estava salva, e era nela que eu mantinha meus olhos fixos nos últimos quatro dias.
“In your heart and your mind,
I'll stay with you for all of time”
Até breve, Ari!”

    Depois de uns dez minutos olhando fixamente para o aparelho celular as letras da mensagem começaram a se embaralhar em minha visão, desliguei-o e olhei para a janela, pela primeira vez naqueles dias vi que estava fazendo sol, levantei-me da cama em um pulo e abri a janela para sentir um pouco do calor, o clima estava um pouco quente, decidi então tomar um banho rápido e ir ao pub que eu sempre ia, ou quem sabe encontrar outro. Banhei-me rapidamente, e após secar-me e colocar minha roupa intima, coloquei uma camiseta customizada da minha banda, uma saia vermelha com pequenas flores no tom vinho, e um tênis tipo all star – não os largaria mesmo Paris, em meu cabelo fiz uma trança solta, peguei minha bolsa e um suéter e saí.
    Apesar de ser uma quinta-feira de sol as ruas não estavam muito movimentadas, provavelmente as crianças estariam na escola e os adultos em seu trabalho, andava distraidamente, olhando as vitrines de algumas lojas já que precisaria retornar com presentes para minhas amigas, foi assim, quando eu estava andando pelas ruas distraída que esbarrei em alguém, e minha camiseta ficou presa em um botão da jaqueta jeans de um rapaz, por alguns instantes eu nem me perturbei em ver quem era o rapaz, estava mais preocupada com minha linda camiseta.
    — Se não consegui soltar, tiro minha camisa aqui mesmo. — Pensei alto, e em português.
    — Desculpe? — O rapaz falou também em português, e quando eu me liguei naquela voz meu queixo caiu. Levantei minha cabeça lentamente para olhá-lo, e minha certeza foi confirmada, nós havíamos acabado de nos reencontrar. — Ari, é você? 
    Seu queixo também caiu, e após um sinal de sim dado pela minha cabeça, ele me puxou para um abraço forte, ficamos abraçados por uns três minutos, acho que esperávamos que toda a nossa saudade acabasse ali, depois de nos separarmos, abrimos um sorriso enorme um para o outro, e aí percebemos que minha camiseta já não estava mais presa em sua jaqueta.

“Sim, quanto tempo você tem que esperar por isso?
Sim, quanto tempo você tem que pagar por isso?”


    Mantivemos contato visual por um tempo indeterminado, algumas pessoas que passavam olhavam para nós como se fossemos alienígenas, nada precisava ser dito, ou melhor, tudo precisava ser dito, mas nada poderia estragar aquele momento. Parecia que naquele momento nossos olhos estavam em uma perfeita sincronia de ballet, pois sem dizermos nada um para o outro começamos a caminhar sem rumo algum, e o que mais me impressionou naquele momento foi o modo como ele agiu, pegando em minha mão, não pude conter um pequeno sorriso que começou a se formar em meus lábios.
    Após alguns minutos andando, pude notar que ele estava me levando em um lugar que eu não tinha ido ainda naquela cidade, não era um lugar comum, e sim um campo de treinamento, olhei para ele curiosa quando ele pousou aqueles lindos olhos amendoas em mim, e ele murmurou um “já volto”, saindo e voltando em menos de cinco minutos depois, saímos dali e seguimos para uma Starbucks, pedimos um frapuccino e alguns cookies, e enquanto esperávamos, ele segurava uma de minhas mãos que eu deixei em cima da mesa.
    — Sabe, assim que voltei para a França pedi para meu agente achar você, mas foi em vão, ele dizia não quer nenhum resultado nas buscas que havia feito. — Ele falou tentando colocar um fim naquele silencio que nos rondava. — Eu senti sua falta.
    — Eu também senti a sua falta Luiz. — Confessei, e aí pensei com meus botões: digo para ele que só vim para França por causa dele, ou não?
    — Você veio aqui a trabalho? — Ele perguntou.
    — Sim, er... é, a Mica me pediu para vir. 
    — Hum... — Ele pareceu pensar um pouco. — Vai ficar aqui até quando?
    — Só mais oito dias, tenho que entregar um relatório do trabalho pra Mica.
    — Hum... — Ele pensou mais um pouco. — Gostaria de passar algum tempo desses dias que te restam aqui, comigo?
    — Seria um grande prazer, eu particularmente, adoraria.

“Sim, quanto tempo você tem que esperar por isso?
Sim, quanto tempo você tem que pagar por isso?”


    Dois dias haviam se passado, e estávamos curtindo o máximo que podíamos, é claro que não tanto quanto queríamos, afinal, ele tinha treino e não poderia ficar 24 horas do dia comigo – o que era uma pena devo assumir. Como era domingo David teria o dia de folga, já que havia se lesionado durante o treino de sexta; ele chegou ao hotel dizendo que havia preparado uma surpresa pra mim, naquela altura do campeonato eu não me preocupava com isso, mas abri um sorriso enorme e dei um beijo em sua bochecha, ainda não tínhamos conversado sobre o que aconteceu no Brasil, apesar d’eu querer muito falar sobre aquilo e sobre a baranga que supostamente ele estava namorando. 
    O dia estava um pouco nublado, e o sol estava meio fraco, por orientação dele saí de calça, optei por uma skinny, uma bata vermelha e sapatilhas estilo boneca no mesmo tom que a bata, mas com lacinhos preto, coloquei alguns colares, uma boina preta, e fui me encontrar com ele no hall de entrada, estava extremamente curiosa para saber onde ele me levaria. Ele dirigia concentrado no trânsito, batucando com os dedos no volante as musicas que passavam na radio – que no momento não me recordo quais eram, afinal, tinha minhas atenções voltadas para ele e para o caminho que fazíamos, não demorou para chegarmos ao local que ele nos levava, era fora da cidade, eu conhecia o lugar por fotos, foi aí que minha ficha caiu, ele estava me levando para a casa que ele alugava pros seus pais todas as vezes que eles iam visitá-lo.
    — Luiz, você... nós... vo-cê-não-vai-fa-zer-is-so. — Falei pausadamente.
    — Até que enfim a ficha caiu. — Ele sorriu. — Anda, vamos lá. — Disse ameaçando abrir a porta do carro.
    — Você ficou maluco? Não posso conhecer seus pais assim, é loucura. — Eu já estava tremendo até o ultimo fio de cabelo.
    — Não precisa ter medo, tenho certeza que eles vão te adorar, agora, vamos. — Finalizou dando um sorriso encorajador.
    Desci do carro quando ele abriu a porta pra mim, pegando em minha mão, ele me guiou para a entrada da casa, parando assim que um de seus cachorros se aproximou, um labrador chocolate, logo percebi que era o Fudge, logo em seguida um labrador preto aproximou-se e foi logo lambendo minha mão, essa era Ruby, super carinhosa, como imaginei. Logo apareceu uma mulher e soube que era a irmã dele Isabelle.
    — Hey Vid, que bom que você chegou, mamãe estava louca já, disse que só vamos comer quando você chegasse. — Ela deu um largo sorriso. — Oi você, tudo bem?
    — Tudo sim querida, e contigo?
    — Estou ótima, essa é a menina que você disse que apresentaria para a mamãe e pro papai?
    — Sim Belle, é ela, e seu nome é Ariane, vem, vamos entrar. — Ele deu a mão para cada uma de nós, nos guiando para a casa.
    Conheci seus pais - Regina e Ladislau -, seu cunhado e seu sobrinho Abner, no qual me trataram super bem, e não paravam de contar coisas intimas de David, fazendo-o ficar vermelho a cada situação constrangedora citada, após o termino do almoço fui ajudar à senhora Regina a lavar a louça.
    — Muito obrigada por ter me ajudado. — Ela disse.    
    — Não foi nada, ou melhor, eu sou quem devo agradecer, o almoço estava maravilhoso.
    — Sabe, eu consigo ver o brilho nos olhos do meu filho, quando ele esta ao seu lado.
    — Mas senhora, nós não temos nada, e...
    — Não precisa dizer nada. — Ela me interrompeu. — Sei o que esta acontecendo, apesar de David ter apresentado você como amiga, sei que rola alguma coisa, eu já fui jovem. — Terminou segurando minhas mãos. — Fique ciente que aprovo o relacionamento de vocês, percebi que é uma boa menina — Senti minhas temporas queimarem, e minhas pernas fraquejarem ao ouvir aquilo, se ela não estivesse segurando minhas mãos juro que tinha ido ao chão no mesmo instante, mas logo Luiz entrou com seu pai na cozinha e eu tive que me recompor.
    — Espero que tenha gostado da comida e da sobremesa Ariane. — Falou o senhor Ladislau.
    — Era disso que estava falando com a senhora Regina, a comida estava maravilhosa. Muito obrigada.
    — Então Ariane, quer dar uma volta comigo? — Assenti com a cabeça e o segui.

Eu estava assustado, estava assustado
Cansado e despreparado
Mas eu esperei por você
Se você for, se você for
Então deixe-me aqui sozinho e abatido
Então eu esperarei por você, sim


    Já fazia um tempo que estávamos caminhando pelos arredores daquela casa, um grande sorriso estampava nossos rostos quando nos sentamos embaixo da sombra de uma árvore. David jogava algumas pedrinhas no lago à frente e eu mirava sua atitude.
    — Luiz, posso fazer uma pergunta?
    — Fique a vontade. — Como percebeu que eu estava um pouco apreensiva, apertou minha mão como forma de encorajamento.
    — É sério que... — Respirei fundo antes de continuar. — ÉsérioquevocêestanamorandoaSaraMadeira? — Falei rapidamente, por um segundo pensei que ele não tivesse entendido, mas aí ele se pronunciou:
    — Sabia que isso ia chegar ao Brasil também. — Falou como num sussurro, levantou-se e abaixou-se de modo que ficasse de frente pra mim. — Eu não tenho porque esconder isso de você, nós nos beijamos naquele festival sim, mas só aconteceu lá. — Agora ele segurava em minhas mãos. — Mas só aconteceu naquele dia, nós nunca mais nos vimos.
    — Isso me deixa aliviada. — Falei em um sussurro, mas ele pareceu ouvir, afinal, um sorriso nasceu em seus lábios, e sem eu esperar ele selou nossos lábios.

Sim, quanto tempo você tem que esperar por isso?
Sim, quanto tempo você tem que pagar por isso?


    O beijo não durou muito, pois logo sentimos falta de ar, e assim precisamos quebrá-lo, o que foi contra a minha vontade é claro, se eu pudesse não romperia aquele beijo nunca, ficaria ali, apenas sentindo aqueles seus lábios macios e rosados sobre os meus. Ele perguntou-me se eu havia começado a namorar, se eu pensava nele, se ainda continuava com a banda. Apesar das minhas respostas serem monossilábicas, ele pareceu satisfeito ao ouvi-las.
    — O que você acha de nós brincarmos? — Ele sugeriu.
    — Tudo bem, mas do que vamos brincar?
    — É assim, eu escrevo alguma coisa em seu braço e você tem que descobrir o que é, se você acertar eu te darei um beijo, aí a mesma coisa você faz comigo.
    — Gostei, vamos brincar sim. — Devo confessar que só aceitei participar por causa do beijo.
    A brincadeira começou de um jeito inocente, primeiramente ele escreveu nuvem, eu errei, logo escrevi Brasil e ele acertou, paguei o beijo dele, ele escreveu lápis e acertei, ele pagou-me um beijo, assim a brincadeira foi fluindo por mais ou menos uma hora, era a vez dele que escreveu um “eu te amo”, em português mesmo, eu não esperava por aquilo, e logo senti um frio invadir minha têmpora, e por fim um calor as invadiu, tudo o que eu queria naquele momento era dizer um eu te amo em alto e bom som, mas tudo o que saiu da minha boca foi:
    — Luiz estou ficando com frio, vamos entrar?
    — Claro — Ele consultou seu relógio de pulso. —, também olha só à hora também, já são 18h05m, logo vai escurecer, ainda tenho que te deixar no hotel e depois te buscar para jantar.
    Percebi que ele havia ficado sem grassa por eu ter acabado a brincadeira daquela forma, mas eu não poderia me declarar assim de prontidão, afinal, quando foi que David Luiz havia se apaixonado por mim? Eu sim era apaixonada por ele, desde quando ele apareceu em seu primeiro jogo no Benfica, foi eu quem me apaixonei pelo zagueiro invocado da seleção, foi eu que fiquei encantada pela propaganda da Pepsi, e eu quem senti ciumes ao ler a matéria sobre ele estar namorando uma portuguesa, ri e chorei, eu sabia que eu o amava, quando bati meus olhos nele pela primeira vez, sim foi amor a primeira vista, mas eu não tinha tanta certeza assim em relação a ele, ele era um ator, poderia dizer isso pra qualquer pessoa e ficaria tudo bem, e outra, eu não poderia esquecer que dentro de seis dias eu voltaria para o Brasil e nunca mais o veria de novo, eu tinha um amor platônico e eu tinha que me conformar com isso.
    — Ari, você ouviu o que eu disse? — Ele perguntou tirando-me dos meus pensamentos.
    — Desculpe, mas o que você disse?
    — Falei que já abri a porta do carro e que você já pode entrar.
    — Ahn...? Ah, claro, desculpe, eu...
    — David... Ariane, esperem... — Sr. Ladislau nos chamou.
    — Sim papai, o que quer?
    — Sua mãe, quer que vocês levem esses bolos de chocolate que ela fez. — Disse entregando dois pacotes em minhas mãos.
    — Wou, obrigada Sr. Ladis, agradeça a Sra. Re por mim — Dei um sorriso enorme. —, e obrigada mais uma vez por serem tão hospitaleiros comigo.
    — Não precisa agradecer, tratando bem nosso filho estará nos tratando bem, portanto, volte sempre. — Nisso, a mãe de David – aproximou-se correndo para nós. 
    — Vá com cuidado meu filho, e se for sair mais tarde, não beba se for dirigir. — Fez o sinal da cruz, e deu um beijo estalado na testa dele. E sem eu esperar me deu um forte abraço. — Cuide bem do meu filho Ari, ele gosta muito de você. — Falou a ultima frase apenas para eu escutar. Concordei com um aceno de cabeça, e entramos no carro.
    O caminho de volta foi tranqüilo, e como era um pouco longo, David pediu para eu cantar para ele, em algumas musicas ele me acompanhava, e devo confessar que isso me deixou feliz.


***


Cante por favor, por favor, por favor
Volte e cante para mim
Para mim, mim
Vamos lá e cante pra valer, agora, agora
Vamos lá e cante pra valer, para mim, mim
Volte a cante


    Depois de conhecer os pais de David, e dele praticamente ter me dito “eu te amo” os dias passaram tão rapidamente que de certa forma me assustava, era meu ultimo dia em Paris, meu vôo sairia na parte da tarde, perto do anoitecer, e como um bom cavalheiro Vid pediu folga dos treinos para assim ficar o dia todo comigo, fomos ao parque, almoçamos fora, e depois de buscar minhas malas no hotel, ele me levou para um jardim incrível, lugar que eu jamais poderia acreditar que tivesse em Paris, por mais perfeita que a cidade poderia ser ele chamou o jardim de ‘O Jardim Secreto’, neste lugar havia flores de vários tipos, como rosas, margaridas, jasmim, tulipas, orquídeas, copos-de-leite, lírios, azaléias, flores-de-maio e outras que não soube identificar o nome, fizemos ali um pequeno piquenique, e posso dizer que guardarei aqueles últimos minutos com David para o resto da minha vida, foi à coisa mais especial que alguém poderia ter feito para e por mim.
    E mais uma vez as horas passaram rapidamente, e assim, ele me levou para o aeroporto, a despedida foi realmente muito dolorosa, não precisamos dizer nada, nossos olhares já estavam dizendo por si só, eu estava me controlando para não deixar uma lagrima escapar, mas confesso, estava sendo mais difícil do que eu imaginava, afinal, havia passado oito dias com o homem da minha vida, e agora estávamos nos despedindo, uma forte dor percorreu meu coração, e por um momento o ar me faltou, ele só voltou quando uma brisa trouxe o perfume dele de volta para as minhas narinas.
    — Ultima chamada para o volto 46789, com destino para São Paulo – Brasil, embarque no portão 11. — A moça do aeroporto anunciou.
    — Esta é minha deixa. — Dei um sorriso triste.
    — Promete responder meus emails, e nunca se esquecer de mim?
    — Esquecer de você seria um pecado, e é claro que prometo. — E quando ele abraçou-me fortemente, cantarolei baixinho em seu ouvido: — “You are the only exception, And I'm on my way to believing”. — Dei o ultimo selinho, peguei a mala de mão que estava no chão ao nosso lado, limpei uma lagrima que acabara de escorrer do rosto dele e segui para o portão de embarque, dei uma olhada para trás antes de continuar a seguir o caminho e ele acenou, aquela foi a ultima visão que tive dele. 
    Sentei-me na minha poltrona, puxei meu iPod do bolso, e procurei a musica que havia acabado de sussurrar no ouvido dele, e após achá-la, coloquei-a no modo repeat, deitei a poltrona e me pus a chorar, não me importaria se alguém me chamaria de estranha, ou acharia que eu fosse maluca, o sentimento bastava ser sentido por mim, eu sabia o significado de tanta dor e era isso o que importava, e quando chegasse ao Brasil diria para minhas amigas-irmãs o quão maravilhoso fora meus dias na França, e que minha ida não havia sido em vão.


Notas Finais


Acalmem-se esta segunda parte não acaba por aqui, logo postarei um 'capitulo extra', que dará a conclusão nesta parte da fic.

Espero que tenham gostado deste capitulo, alguma critica ou sugestão deixem ali embaixo, nos comentários, beijinhos. ;)


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