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História Encontros - Desabafo


Escrita por: EChrissie

Notas do Autor


Capítulo que saiu do forno pra vocês.
Espero que gostem. Boa leitura.
Beijos.

Capítulo 13 - Desabafo


NARRADORA

Várias semanas se passaram desde aquele almoço e durante todos esses dias Goten ia visitar Ellie. Ela o ajudava nos deveres da escola e depois eles ficavam no quarto dela até que Kakaroto ou Chichi iam buscar o garoto.

Raditz agora almoçava todos os dias em casa e ficava olhando feio para Ellie até ela comer tudo o que estava no prato, graças a esse “tratamento” ela ganhava peso e melhorava a olhos vistos, ao menos fisicamente.

Emocionalmente estava demorando para notar qualquer melhora, ela ficava mais relaxada com Goten e Raditz sempre mexia com seu temperamento, enquanto Gine e Bardock conversavam com ela quando estavam por perto; Kakaroto sempre tentava fazê-la sorrir – ele sentia falta das brincadeiras dos dois – enquanto Chichi insistia para saírem para gastar, Gohan tentava falar com ela, mas era como se não tivesse palavras para isso.

O que nem eles ou Ellie percebiam é que aos poucos ela estava voltando, devagar, pois seu “poço” era bem profundo, mas todos eles a estavam ajudando a subir. Mas depois de tanto sofrimento ele não seria exatamente a mesma, como Raditz ia descobrir.

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ELLIE

Goten veio mais cedo hoje, ele não ia ter aula e todos resolveram ficar na casa de Gine e Bardock o fim de semana. Ia ser interessante ter a casa cheia e barulhenta.

Goten veio direto ao meu quarto, eu sempre mantinha a porta aberta porque, apesar de Raditz dividir a mesma ala da casa que eu, a minha porta ficava no fim do corredor, dessa forma ele só iria até ali se quisesse falar comigo.

O garotinho pulava na minha cama animado.

- Ellie! Vamos treinar? Por favor! Por favor! Faz tempo que não treinamos. – ele implorava fazendo carinha de filhote. Eu amava aquela carinha. Eu sorri.

- Está bem. Vamos treinar, mas você vai ter que ter paciência comigo, pois estou fora de forma, além do mais preciso vestir algo mais apropriado para um treino. – respondi a ele e fui presenteada com um sorriso luminoso que aqueceu meu coração.

- Ebaaaa! Vou avisar a mamãe. – e saiu correndo como um pequeno furacão.

Eu ri e fui me trocar. Coloquei uma calça de moleton, um top por baixo de uma regata e percebi que as marcas das mãos de Raditz ainda não haviam desaparecido completamente. Eu suspirei e resolvi vestir um abrigo leve, não queria que Goten visse as marcas e perguntasse.

Quando me arrumei fui atrás de Goten, mas estava distraída e tropecei em Raditz (de novo!) que estava saindo do quarto dele com uma calça de moleton e uma regata; ele me agarrou pelos ombros (de novo!!), exatamente no mesmo lugar de antes (e lá ia eu ficar com marcas roxas de novo!!!). E ralhou comigo:

- Você tem que parar de ficar tropeçando em mim! Eu não sou tão pequeno que não possa me ver e desviar! A não ser que goste que eu te agarre pra não cair. – completou me dando um sorriso de canto bem malicioso.

- Não é nada disso. Deixe de se achar e... – estava falando friamente, enquanto me afastava e vi seu sorriso morrer e seu olhar desviar para... os meus ombros. Foi quando percebi que o abrigo tinha escorregado e parado nos meus cotovelos, mostrando as marcas arroxeadas já esmaecidas.

Ele se aproximou e bem devagar colocou uma das mãos sobre as marcas, elas encaixaram perfeitamente. Me olhando incrédulo ele perguntou:

- Eu fiz isso? Mas... quando? Nunca te machuquei... – ele falava desconcertado. Foi quando percebi que ele nunca quis me machucar, realmente não sabia dosar sua força, somada à minha pele sensível que sempre ficava marcada por qualquer coisa.

- Hmm. Foi você, mas sempre sem querer, você não tem muita noção da sua força, então toda vez que me amparava acabava me machucando, mas também nunca falei nada porque tenho a pele muito sensível. Tudo me marca. – estava explicando pra ele e me afastando. Foi quando ouvi sua resposta:

- Você é realmente muito fraca. Qualquer coisa te machuca. É como se fosse feita de porcelana e qualquer toque mais forte te quebra.

Alguma coisa estalou dentro de mim. Aquelas palavras entraram na minha mente como lava... queimando e destruindo. Eu estava de costas pra ele no corredor e me virei lentamente. Algo dentro de mim tinha se acendido em revolta contra aquelas palavras e ele ia me ouvir.

- Fraca? Eu sou fraca? Qualquer coisa me quebra? Você não sabe de nada! Você não faz ideia de quantas vezes me machuquei, de quantas vezes me machucaram e nunca, você está ouvindo, nunca me julguei fraca, porque toda vez que eu me quebrava por dentro, eu juntava meus cacos e colava de volta... e sempre voltava mais e mais forte. VOCÊ NÃO VAI ME CHAMAR DE FRACA!

- E como você chama essa atitude que está tendo? Eu chamo de fraqueza, mas também pode ser covardia... – ele falava com o ombro encostado na parede do corredor, os braços cruzados sobre o peito, uma de suas sobrancelhas estava arqueada e seus olhos e sorriso eram zombeteiros.

Ele ousou me chamar de covarde? A fúria crescia dentro de mim e perdi o controle férreo que sempre exerci sobre o meu ki, deixei ele sair livre. Eu já não falava friamente.

- Eu perdi meu irmão! Você ouviu? EU PERDI MEU IRMÃO!!! Eu perdi a única pessoa que se importava comigo, que sentiria minha falta se eu deixasse de existir. Que me conhecia bem o bastante pra saber que por trás da máscara que eu uso eu só queria alguém que me aceitasse como sou! – ele me olhava com raiva como se quisesse me dar uma surra.

Meu ki estava descontrolado, a pressão do ar era tão grande que formava rachaduras nas paredes, móveis estavam quebrados e ele estava parado ali me olhando sério. Ele se afastou da parede e caminhou até mim.

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RADITZ

Estava saindo do meu quarto quando a humana trombou comigo (de novo! Isso já está virando hábito). Eu a segurei pelos ombros e ralhei com ela.  

Resolvi provoca-la perguntando se fazia de propósito para que eu pusesse as mãos nela e quando ela se afastou e começou a me responder o abrigo que vestia escorregou. Ela tinha marcas arroxeadas nos ombros... marcas que lembravam muito o formato de mãos, mãos grandes; eu não podia acreditar e me lembrei de todas as vezes que a segurei, exatamente naquele lugar. Me aproximei e coloquei uma das minhas mãos ali, o encaixe foi perfeito.

 - Eu fiz isso? Mas... quando? Nunca te machuquei... – eu não podia acreditar que a tinha machucado. Nunca tive a intenção de machuca-la... Encher a paciência, irritá-la de qualquer maneira sim, mas machucar... Nunca.

Ela percebeu meu desconforto e falou:

- Hmm. Foi você, mas sempre sem querer, você não tem muita noção da sua força, então toda vez que me amparava acabava me machucando, mas também nunca falei nada porque tenho a pele muito sensível. Tudo me marca. – falava se afastando de mim e me dando as costas, como se o fato de eu tê-la machucado ao ponto de deixar hematomas não fosse nada! Não interessa se não era minha intenção, ela deveria ter me dito para que eu pudesse dosar melhor minha força. Me irritei e disparei:

- Você é realmente muito fraca. Qualquer coisa te machuca. É como se fosse feita de porcelana e qualquer toque mais forte te quebra.

Ela parou de andar no mesmo instante. Percebi a mudança em seu ki, estava irada, descontrolada...

- Fraca? Eu sou fraca? Qualquer coisa me quebra? Você não sabe de nada! Você não faz ideia de quantas vezes me machuquei, de quantas vezes me machucaram e nunca, você está ouvindo, nunca me julguei fraca, porque toda vez que eu me quebrava por dentro, eu juntava meus cacos e colava de volta... e sempre voltava mais e mais forte. VOCÊ NÃO VAI ME CHAMAR DE FRACA! – ela gritou comigo.

Ouu! Consegui uma reação diferente do olhar de indiferença... quis cavar mais um pouco pra ver no que dava.

- E como você chama essa atitude que está tendo? Eu chamo de fraqueza, mas também pode ser covardia... – joguei sal na ferida. E fiz na minha melhor pose “Falei sim. E aí, vai fazer o que?”

Foi quando ela destrambelhou. Porra! Parecia que eu tinha provocado uma sayajin, ela estava realmente IRADA. Caralho! O ki dela não parava de aumentar! Como ela tinha conseguido esconder todo aquele poder?

- Eu perdi meu irmão! Você ouviu? EU PERDI MEU IRMÃO!!! Eu perdi a única pessoa que se importava comigo, que sentiria minha falta se eu deixasse de existir. Que me conhecia bem o bastante pra saber que por trás da máscara que eu uso eu só queria alguém que me aceitasse como sou! – quando ela jogou isso em cima de mim eu quis dar uma surra nela, mesmo, pra ver se quebrando aquela cabeça dura eu enfiava alguma merda de juízo.

O pior é que enquanto ela falava toda essa merda minha família tinha chegado pra ver o que estava acontecendo – provavelmente acharam que estávamos sendo atacados – e ouviu tudo o que ela disse.

Foi quando eu fui até ela. A pressão do ki dela era enorme – PORRA! – mas eu fingi que era fácil quebrar aquela barreira (quando, na verdade, tive que usar o meu ki pra poder cortar aquela pressão) e me aproximei dela.

Ela me olhava possessa, acho que pensou que eu fosse bater nela, mas agi de outra maneira... afinal uma parte daquele veneno que corroía a alma dela já tinha  sido purgado, botando aquelas merdas pra fora... faltava terminar de juntar as partes quebradas...

Eu agi rápido e usando minha altura e força a imobilizei e a virei para que ficasse de frente para minha família, usei minha cauda para segurar suas pernas, enquanto meu braço esquerdo segurava sua cintura e minha mão direita segurava seu rosto, com firmeza, mas ao mesmo tempo com delicadeza. Aproximei o rosto de seu ouvido e sussurrei:

- Olhe pra eles. – ela quis fechar os olhos, mas eu mordi seu lóbulo e ela imediatamente abriu os olhos. Olhe pra eles. – tornei a dizer e quando ela obedeceu voltei a falar baixinho no seu ouvido.

- Acha que somente seu irmão se importava? Acha que somente ele sentiria sua falta? E minha mãe, que ama cozinhar pra você? E o velho, que adora conversar sobre política com você? Acha que Chichi não ia sentir falta da melhor amiga? Ou que Kakaroto não ia sentir falta da cúmplice de armações dele? Ou que Goten não choraria porque você não está mais perto dele? Ou que Gohan não sentiria falta de você para conversar sobre os projetos dele? Acha que não aceitamos exatamente como é? Com sua chatice, sua aparente indiferença e frieza, esse orgulho tão parecido com o de uma sayajin, seu riso, seu carinho? Pensa que se você deixasse de existir EU não sentiria falta? Com quem eu iria brigar e tirar do sério? – falava tudo isso baixinho no seu ouvido, enquanto minha cauda acariciava suas pernas e minha boca roçava em sua orelha. Senti seu cheiro mudando, ela ainda estava raivosa, mas isso estava sendo substituído por desejo, eu a estava acalmando, mas também a estava excitando.

Soltei suas pernas e a virei de frente pra mim. Ela estava ofegando, seu ki estava baixando para aquele nível ridículo que ela sempre mostrou. Porra! Vou ter que dar um jeito dela me ensinar como faz isso.

Eu olhei dentro dos olhos tormentosos e dei o golpe de misericórdia:

- Olhe pra mim e responda: realmente acredita que ninguém se importaria se deixasse de existir? Que ninguém a aceita do jeito que é?

Ela me olhava, sua “máscara” não estava mais ali, todas suas emoções estavam à mostra apenas para mim, ela estava vulnerável, mas também estava firme. Ela não ia chorar.

- Não, não acho. – e se virou para minha família, caminhando lentamente até eles.

- Desculpe pelo que disse. Foi... injusto com vocês... Fui uma cretina em pensar, mesmo que por um momento, que vocês não se importariam...

E minha mãe... minha doce e gentil mãe falou por todos:

- Ellie...Menina... Sabe como os sayajins são e sabe como eu sou... tão diferente. Por isso vou falar por todos, e quero que acredite em mim quando digo que esse é o nosso sentimento: amamos você profundamente, você faz parte dessa família, desse clã. Não foram as palavras que machucaram, foi o sentimento por trás delas. Se, em algum momento se sentiu excluída, saiba que não foi essa a intenção. Nunca. Você é parte de nós.

Ela olhava minha mãe diretamente, não escondia seus sentimentos dela, como não escondeu de mim, acenou levemente a cabeça, soltou um longo suspiro e disse:

- Obrigada. Acho que estou pronta pra voltar a viver. – disse com um pequeno sorriso e os olhos brilhantes.

Eu me aproximei com um sorriso nos lábios e me abaixei até seu ouvido:

- Já era hora... Chata! – ela virou o rosto em minha direção e me deu um olhar inesperado, cheio de desejo.

- Tem razão... Dessa vez... Raddie...


Notas Finais


E foi. Espero que tenham gostado.
Beijos.


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