História Encröachment - Changes

A chuva fraca batia na janela do quarto de forma monótona, e o clima frio misturado com o céu cinzento trazia uma aparência mórbida à cidade de Deadwood, uma pequena cidade da Dakota do Sul. Por que estou aqui? Nem eu sei. Meus pais acharam que NY estava me afetando muito, por ser uma cidade grande e movimentada, e resolveram se mudar para cá. Mas eu sei que vou decepciona-los de novo, então foda-se.
Estava ouvindo Suicide Silence com meus fones no volume máximo, o que para meus pais, era algo perturbador, até que minha mãe me chama do banco da frente.
— Querida, chegamos. Aqui é nossa nova casa — disse, tentando parecer entusiasmada, mas sei que ela estava tão alegre quanto eu.
Apenas concordei com a cabeça e desci, observando a casa a minha frente. Não era nada ruim, devo admitir. Um gramado verde na frente exalava o maravilhoso cheiro de terra molhada, misturado com o odor das folhas que caiam de uma grande árvore no canto esquerdo, a qual tinha um balanço. A casa era beje, tinha três andares, com janelas grandes e a porta de entrada de madeira escura.
Caminhei até a cerca de madeira e parei em frente ao pequeno portão. Suspiro, pensando em como tudo podia ser diferente. Eu poderia entrar na casa alegremente com meus pais, conversando e dando idéias sobre a decoração, comentando sobre estar ansiosa para as aulas, que começariam amanhã, e poderia agir como uma garota normal. Mas eu não sou assim, e desisti de tentar ser a um tempo. Não queria nem pensar em ir para o colégio no dia seguinte, e para mim, foda-se a decoração da casa. Então apenas acendi um cigarro, já esperando os olhares de reprovação de meus pais, porque eles já sabem que eu não vou parar de fumar e ponto final, e entrei na casa, deixando a grama e a chuva me molharem.
Meus pais vieram logo atrás, tentando afastar a fumaça com a mão e me olhando decepcionados. Eles não tem direito nenhum de me olharem assim. Minha mãe traía meu pai, que era um marido maravilhoso e fiel, e, mesmo sabendo disso, ele não me ouvia e fingia que nada estava acontecendo. Depois de um tempo, minha mãe parou com isso, e eles se reconciliaram, mas não consigo perdoar nenhum dos dois. Minha mãe por ser tão idiota e meu pai por ser tão fraco. Quando eu mais precisei de apoio, eles estavam ocupados demais, então agora não consigo mais ser sentimental.
Minha mãe pegou a chave e abriu a porta, mostrando um interior escuro, silencioso e frio. Entrei no primeiro cômodo, uma sala de estar grande com piso de madeira. Pude ver os contornos de um balcão e uma cozinha, mas não reparei muito. Meu pai ascendeu as luzes e abriu as cortinas, mostrando um lugar até bonito. Ja haviam comprado tudo mobiliado, mas sabia que iriam redecorar tudo.
—Drizzle, você pode escolher seu quarto. É subir as escadas e escolher um.
Apenas dei uma tragada e subi as escadas. Minhas malas? Bem, um grande foda-se para elas, meus pais podem carregar. Pode parecer crueldade, mas a frieza tem um bom motivo.
Escolhi a última porta do corredor, e encontrei um quarto grande, com cama de casal e uma pequena varanda que dava para os fundos da casa. Tinha uma porta para o banheiro no canto direito, um armário, a TV e uma estante de maquiagem e uma mesa de trabalho. Aceitável.
Sentei na beirada da cama e olhei para o chão, soltando a fumaça. Amanhã tudo começaria de novo. Todos me ofendendo por causa das músicas que escuto e roupas que visto. Grande merda.
Suspirei e me joguei de costas na cama. Esse lugar estava me deixando deprimida. Estava sentindo uma energia estranha aqui. Familiar e assustadora. Logo eles voltariam. Vultos, fantasmas que só eu vejo. Ninguém mais sabe sobre isso. Só eu. E não vou contar à alguém tão cedo.

"Sua caminhada com o seu homem invisível foi curta, quando você percebeu que não há ninguém lá."
Suicide Silence - A Dead Current