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História Encröachment - Monster


Escrita por: TheUnspoken

Notas do Autor


Hello there
Bem, o capítulo está em cima da hora, mas está aqui. Dentro do prazo :)
Acho que o cap está bem legal, mas o que importa é que eu tenho uma novidade.
Eu fiz um trailer pra fanfic, e logo logo ele já estará no youtube ou em alguma outra rede, se tudo der certo. Eu aviso vocês quando conseguir postar.
Ah, e deixem a música Hurt Like Hell, da Fleurie no jeito, porque em uma parte do capítulo (eu avisarei) fica melhor com ela.
Boa leitura

Capítulo 11 - Monster


Já estávamos andando de carro haviam alguns segundos, alguns silenciosos e torturantes segundos. Eu não conseguia ficar parada no banco, porque Andy Biersack me consumia lentamente, de dentro para fora. Ele olhava para a estrada, concentrado, virando as curvas e rumando para minha casa, um caminho que já fizera muitas vezes. Eu evitava olhá-lo, mas não era algo exatamente controlável. Eu sentia seu cheiro, um cheiro que mexia com todos os meus sentidos, e a nicotina misturada a ele me deixava mais dopada a cada segundo. Fisicamente, essa era eu, mas mentalmente, haviam gritos em minha mente. Informações que se consideravam importantes, que achavam que deveriam ser ouvidas primeiro. Conte a Chris. Não conte a Chris. Conte a Eros. Não conte a Eros. Conte a alguém! Guarde para si mesma.

            A batalha interna não me abandonaria tão cedo, mas essa não era a pior parte. A pior parte seria se Chris descobrisse. Eu havia feito perguntas muito suspeitas a ele, em relação a anjos caídos. Ele teria todos os argumentos para me culpar. A pior parte seria também se Andy descobrisse. Se ele soubesse de uma única coisa, se uma pequena luz iluminasse sua mente, eu sabia que tudo entraria em um psicótico efeito dominó.

            Andy tentaria saber mais. Colocaria pressão em mim, e eu não contaria. Começaria a enlouquecer. Tentaria falar com Taylor sobre isso. Taylor lhe contaria loucuras, que não pareceriam mais tão loucas com o pouco conhecimento.

            Resumindo: ele não pode saber de absolutamente nada. Levei a mão ao bolso, verificando a carta. Um pequeno peso saiu de minhas costas, suficiente para eu respirar por um segundo. Mas então lembrei de quantos problemas eu ainda tinha, e o peso dobrou.

            A viagem ao Brasil não saia de minha cabeça por nem mesmo um segundo. Eu ficava feliz por saber que veria tia Ofélia novamente, mas os outros parentes não me agradavam tanto. Sempre tentavam parecer mais inteligentes, dizendo que tudo o que eu fazia era coisa do Diabo. Fariam eles alguma ideia da besteira que estavam falando? Provavelmente não. Por parte da minha mãe, a família Blawatsky, só haviam três pessoas vivas: eu, Chris e ela. Estávamos visitando a família de meu pai. Mas de que isso muda? Vão me julgar de qualquer jeito, sem se importar com nada. Mas dessa vez, se disserem que Logan era um vagabundo e fez o que fez porque era mimado, eu vou quebrar a cara de cada um deles. E quem eu levaria comigo? Não tenho ninguém.

- Drizzle - Andy chamou, estranhamente manso, desviando o olhar da estrada por um pequeno segundo, apenas para olhar para as próprias mãos no volante. Eu não disse nada, apenas o olhei, num incentivo para que continuasse - Você... Realmente não vai me contar nada do que aconteceu entre você... E ela?

            Me remexi inquieta no banco. Juntei as mãos no colo, as apertando, tentando reprimir pensamentos e sentimentos desnecessários. Seu tom era triste e suplicante, de uma forma que nunca imaginei ver. Ele não olhava para mim, mas sabia que seus olhos estavam tristes, culpados e cansados. E eu não podia fazer nada. Você sabia que isso viria a acontecer. Eu repetia essa frase mentalmente, tentando lembrar do meu plano de escape para essa situação e ao mesmo tempo não gritar. Mas teorias racionais não funcionavam com Andy Biersack. Nada ia de acordo com o que eu queria. Sorte é coisa do Diabo, e eu nem mesmo tenho um lado.

- Não posso - tentei soar firme, mas sei que minha voz saiu trêmula. Eu não queria ter de passar por aquilo. Não queria ter de mantê-lo ignorante, mesmo sabendo que isso podia significar minha vida. Podia parecer insano, mas eu queria ver suas asas novamente. Gostaria de tocá-las, mesmo que fosse meu último toque. Seriam macias? Eu lembro que elas brilhavam. Não brilho, brilho. Me refiro ao brilho de algo limpo e bem cuidado. Pareciam macias. Imponentes, fortes, mas gentis.

            Andy olhou para mim, sem mover a cabeça. Como o esperado, ele tinha um olhar de súplica. Ele precisava saber. E eu não conseguia negar um olhar assim. Era difícil demais dizer não.

- Mas por que, Drizz? - Ele me chamou de Drizz. Esse é meu ponto fraco, e acho que ele já percebeu isso - Eu... Eu mal consigo dormir pensando em o que acontece ou aconteceu. Por favor, não me deixe no escuro. Taylor era minha namorada, e ainda que não seja mais a mesma coisa, eu me importo com ela. Também me importo com você, de uma forma diferente, mas me importo.

            Aquilo foi uma mistura de tapa de luva/frigideira sendo jogada na minha cara. O que Andy disse possuía tantos sentidos que me deixava tonta. Taylor era namorada dele, mas não era a mesma coisa, segundo ele. Podia não ser a mesma coisa por Taylor estar assumindo características de Psique, ou por ele não a amar mais. Ou até mesmo os dois. E Biersack disse que se importa comigo. Ele se importa comigo! Eu quis dar pulinhos de alegria, mas não era o momento, porque ainda tínhamos o resto da frase. De uma forma diferente. Novamente, de que forma diferente? Eu tinha medo de pensar. Várias possibilidades corriam por minha mente, e todas me assustavam.

            E enquanto isso, os olhos azuis iam se revezando entre mim e a estrada. Eu não podia deixa-lo no escuro. Realmente, era crueldade demais. Mas se a humanidade era iluminada por uma luz falsa, uma bondade não tão verdadeira quanto acreditam, Andy também poderia. Uma mentira. Eu não gosto de mentir, mas atualmente, tem sido necessário. Em várias situações. E essa era uma delas. Talvez isso tirasse a confiança que ele parece ter em mim, mas talvez ele entendesse que é para o bem dele. Ou talvez, eu apenas omitisse. Tudo o que podia fazer era tentar. Improvisar.

- Eu... Eu entendo a Taylor - falei, tentando falar verdades incompletas - Eu sei o que ela quer dizer com tudo o que ela vê. Ela realmente está vendo várias coisas.

- Como? - Andy imediatamente estacionou o carro ao lado da calçada, e eu sabia que havia começado uma bela merda - Como você vê? O que eu preciso fazer para ver também?

            Sabe a parte da montanha-russa em que você simplesmente desse com tudo? Me senti como se estivesse exatamente nessa parte. Ele já havia aceitado que Taylor realmente via coisas absurdas. Ele já acreditava nela. E não parecia ser de hoje. Isso me deixou feliz, e triste ao mesmo tempo. Ele se entregou ao absurdo, por ela. Isso me magoava, por mais que não devesse. Mas ainda assim, talvez ele pudesse lidar com a realidade. Talvez ele estivesse pronto. Pronto para parte da verdade. Eu odeio ter de ser realista as vezes, mas não sei como ele reagiria a notícia de sua verdadeira identidade. Não sei como as pessoas seriam afetadas por isso.

- Andy, eu só espero que não me julgue depois do que vou te contar. Só quero que saiba, que eu não tenho culpa por nada disso. Mas também quero que saiba que estou depositando uma grande confiança em você ao te contar isso, porque eu não deveria.

            Minha voz soou como uma súplica. Só agora percebi o quanto eu sentia a necessidade de compartilhar o que sentia e o que eu passava com alguém. O peso dos segredos me atingiu com tudo, e não foi uma pancada fraca. Eu precisava aliviar um pouco. Precisava de uma ilha, ao menos uma que me defendesse de uma parte da tempestade.

- Drizzle, eu não tenho direito de julgar ninguém - Biersack sorriu, triste, olhando em meus olhos, com um claro tom de agradecimento - E mesmo que tivesse, eu nunca faria isso com você. Pode confiar em mim.

            Me derreti com seu jeito carinhoso. Seu olhar estava me acalmando, e eu me sentia mais livre para contar um pouco a ele. Sentia que ele não trairia minha confiança.

- Está bem - suspirei, fechando os olhos, tentando organizar o que ele podia saber, e o que me mataria - Andy, minha família, Blawatsky, é antiga, e meus ancestrais se envolveram com satanismo e várias religiões que envolvem contato com espíritos presos aqui.

            Assim que comecei, meu tom se tornou sério. Andy me ouviu sem mudar em nada sua expressão, e sem tirar os olhos de mim. E eu, calculava cada palavra que saia de minha boca. Falava tudo lentamente, tentando garantir que não deixaria nada a mais escapar. Estava desobedecendo Chris e Eros nessa conversa, então ao menos deveria fazer isso de forma descente.

- A várias gerações, todos tentam mascarar isso. Ninguém mais fala sobre nada, e nem pratica nada. Mas ainda assim, esse não é o tipo de coisa que é facilmente apagada. A mediunidade passou de geração para geração, e conseguiu chegar a mim e a Chris.

- Então... - Andy juntava os fatos em sua mente, e eu torcia para que não tivesse falado nada errado, que não tivesse deixado nenhuma brecha para que ele descobrisse sobre si mesmo - Então você e Taylor veem as mesmas coisas?

[Hurts Like Hell - Fleurie (Sem intro) On]

Ele falou isso quase como uma afirmação, e eu senti uma certa esperança em sua voz. Me surpreendi por ele não ter dado a mínima para o histórico da família. Isso me deixou feliz, quase como se eu sentisse que ele me aceitara, que ele sabia que a culpa não era minha.

- Sim - respondi, olhando para minhas mãos, brancas, meio pálidas pelo frio. Aquilo me deixara um pouco envergonhada, por algum motivo.

- Então me diga - Andy me virou para ele com uma certa brutalidade, me segurando pelos ombros, e eu me assustei. Disse algo errado? - O que há de errado comigo? Ela me chamava de demônio, Drizzle - Biersack estava desesperado, e falava em tom alto ele estava começando a perder o controle - Eu sou um demônio? O que eu sou?

            Olhei para trás dele, tentada a olhar pelos dois planos, tentada a ver suas asas. Senti uma compulsão louca, algo insano. A necessidade de saber como eram me consumia, mas eu não podia olhar. Isso me denunciaria. Então apenas fechei os olhos e respirei fundo, o que fez Andy me apertar com mais força.

- Andy, está doendo - informei, num pedido para que ele me soltasse. Só então, ele pareceu ver a situação em que estava. Ele me soltou lentamente, abaixando o olhar, num pedido de desculpas silencioso.

            Eu não sabia bem o que responder. Ele me olhava, a cabeça abaixada, numa expectativa vazia. Meu silêncio parecia me denunciar, mas minha expressão tinha outro significado. Eu o olhava com ternura, da mesma forma que meu irmão me olhava quando eu estava triste, e ele me consolava.

- Eu sou um monstro, não é?

            Nunca o havia visto usar um tom tão triste, e isso foi inacreditavelmente doloroso. Inconscientemente, num ato impensado, levantei a mão direita e acariciei sua bochecha, da mesma forma que ele tentara fazer comigo. Ele nem se moveu, apenas apreciou o carinho. Olhar para ele me acalmava. Os traços perfeitos, o olhar intenso, mas acuado. Arrumei seus cabelos, a fim de não os deixar tampar sua visão.

- Você não é um mostro - disse, de forma firme, mas carinhosa - Você pode se tornar um, se deixar isso subir à cabeça. Todos nós podemos.

            Ele deu um leve sorriso. Eu não havia mentido ali, mas também não havia sido clara. Mas por enquanto, essa pequena confissão era o suficiente para nós dois. Seu olhar me agradecia, ao mesmo tempo que dizia que não se importava com o passado.

Eu abaixei minha mão, e foi a vez de Andy levantar a dele. Lentamente, ele acariciou minha bochecha da mesma forma que eu fizera com ele. Seu toque era tão bom, macio e leve, carinhoso. Eu sentia um pequeno choque; era algo elétrico, sempre acontecia quando ele me tocava.

            Andy se aproximou, fechando lentamente os olhos, e eu não recuei. Lentamente, de forma carinhosa, seus lábios tocaram os meus. Nos unimos, de olhos fechados, em um beijo calmo, e com sentimentos incompreendidos. Minha mão foi para sua nuca, o puxando para mais perto. O mundo ao redor desaparecia enquanto um demônio me levava ao paraíso. Sua mão foi para minha cintura, nos aproximando ainda mais e aprofundando o beijo. O ar já faltava, mas não queria parar. Passei as mãos por seus cabelos, sentindo os fios macios. Lentamente, Andy nos separou, encostando nossas testas.

            Imaginava como nós parecíamos agora. Talvez um casal normal, em uma conversa sentimental, que acabou num beijo. Mas era tão diferente disso. Andy era um demônio e eu era amaldiçoada. Isso me acompanharia até o túmulo, e a ele também. Mas isso não importava agora, porque eu o tinha, num pequeno ato, mas o tinha. E esses poucos segundos significam muito para mim.

[Hurts Like Hell - Off]

            Não sabia como reagir a isso tudo. Abri os olhos, e vi as joias azuis me encarando. Nos separamos e nos sentamos devidamente, envergonhados e sem saber como prosseguir. Olhei para minhas mãos em meu colo por alguns segundos, pensando em como isso fora bom. Me senti como se tivesse dado meu primeiro beijo novamente. Andy também olhava para as mãos, da mesma forma que eu. Me virei para olhar para ele, e ele fez o mesmo ao mesmo tempo. Então começamos a rir da cara um do outro. Por quê? Não faço a mínima ideia.

- Você está me deixando louco, Young - Andy constatou, ligando o carro. Sorri, estranhamente feliz. Não entendi o que estava acontecendo, mas estava simplesmente feliz.

- Digo o mesmo - sorri, ainda meio boba.

            O resto do caminho, que não durou muito, foi feito com brincadeiras e idiotices. Andy parecia o cara do primeiro dia de aula novamente, e eu adorava isso. Acho que eu realmente deveria perdoar ele pelo que aconteceu no sanatório. Ele estava fora de controle, e todos temos nossos momentos.

            Quando chegamos em minha casa, comemos salgadinhos como dois gordos, abusando da coca que tinha na geladeira. Um temporal louco caía do lado de fora, e o frio estava cada vez mais insuportável. Mas nós ficamos brincando e rindo como duas crianças felizes.

- Não consigo imaginar você em uma apresentação de teatro - eu ria, sentada no sofá com Andy. Passava Hora de Aventura na TV, mas nós mais conversávamos do que assistíamos.

- Eu era incrível no teatro - se gabou, cruzando as pernas no sofá. Ele me contava que com 13 anos, participou de uma peça de teatro, assim como dois comerciais de TV. Eu ri dele, mas estão ele me mostrou os vídeos, e agora Biersack é uma pequena estrela.

- Hm, não se ache tanto - retruquei, me gabando - Eu fiz várias apresentações de escola cantando nessa idade também.

- Mas eu já me apresento em palcos de verdade desde os 15 anos. Palcos de escola não contam.

- Tanto faz - cruzei as pernas também. Nesse momento, Marshall Lee estava cantando uma música louca junto com a Fionna. E agora ele vai matar a Cake. Agora a Fionna salvou a Cake. Hora de Aventura é legal.

            O silêncio se instalou entre nós por alguns segundos, meio estranhos. Nós dois queríamos falar coisas, mas não sabíamos como. Eu estava com uma estranha euforia dentro de mim. Uma vontade de correr pela casa inteira, de irritar Andy, de rir insanamente. Em outras palavras, eu estou feliz.

            Mas então, Andy se virou, meio sério, meio com vergonha para mim. Era para ser um momento sério, mas eu remexia meus dedos, tentando conter a euforia.

- Drizzle, o que você me disse no refeitório... - Andy começou, sem jeito - É verdade?

- O que eu te disse no refeitório? - Respondi de boca cheia, vendo Marshall manjar nos raps. Tô com um crush nesse cara.

- Ah... Você sabe - o olhei sem entender nada - Você não é virgem?

            Virei para a TV imediatamente. Nesse momento, eu estou um pimentão. E Marshall virou um demônio morcego gigante e esquisito.

- Sim - respondi de uma forma que soou meio como uma pergunta.

- Engraçado... Tenho a leve sensação de que você está mentindo - Andy se virou para mim, se aproximando. Lá vamos nós.

- Não se aproxime - eu me levantei correndo, pegando uma almofada e a colocando em minha frente, como uma barreira enquanto o olhava meio em pânico, e ele me encarava como se eu fosse louca - Não vou cair nessa de novo. Já entendi como você é. Você vai se aproximando de fininho, desse jeito, mas dessa vez, nem tente.

            Andy riu um pouco, olhando para baixo. Isso me fez parecer louca, mas eu sei do que estou falando. Ele então se levantou, se aproximando, enquanto eu me distanciava.

- Isso é sério? - Ele se aproximava de mim na mesma velocidade que eu me encurralava na parede.

- Seríssimo - respondi, batendo as costas na parede - Cai fora - ele não ouviu meu aviso, e colocou os braços ao meu redor, me olhando com aquele sorriso matador.

- Que pena, não sou uma pessoa séria - ele me apertou contra a parede, prendendo o travesseiro entre nós, e eu soltei um gritinho.

            Ok, agora é melhor correr rápido, Drizzle. Puxei o travesseiro rapidamente e o joguei na cara dele. Aí eu corri. Corri muito. Subi as escadas de três em três degraus, como se minha vida dependesse disso.

- Agora você tá ferrada - quando cheguei ao corredor, Andy começou a subir, mais rápido do que eu. Entrei em pânico, e corri rapidamente para meu quarto.

            Quando estava prestes a fechar a porta, Andy a empurrou. Ele entrou e a fechou, de frente para mim. Eu estava prestes a me virar e sair correndo para me trancar no banheiro, mas, fui colocada contra a parede, de costas para Andy.

- Drizzle, não é assim que você trata as visitas - Biersack sussurrou, forçando seu corpo contra o meu enquanto segurava meus braços ao lado do meu corpo. Sua respiração compassada, ao contrário da minha, resvalava em minha nuca, me arrepiando.

- Você não é visita. É só um cara que se convidou para vir aqui - tentei parecer brava, mas não é fácil tentar qualquer coisa numa situação dessas.

- Ah, não seja má - Biersack apertou minha cintura com força, e eu arfei. Andy parecia prestes a falar mais alguma coisa, mas eu senti um pelo macio passando por meu tornozelo.

            Olhamos para baixo ao mesmo tempo. Sun estava ali, ronronando, e salvando minha vida. Realmente, você é minha heroína agora, Sun.

- Olá, Sun - Andy cumprimentou, se esquecendo completamente de mim e se abaixando para pegá-la. Fui trocada tão facilmente por uma gata? Ok, sem problemas.

            Sun estava estranhamente confortável com Andy. E acho isso estranho porque ela deveria ver como ele realmente era, mas se notava, ela não dava a mínima importância. Six fazia carinho em seu pescoço, e ela ronronava. Queria ser a Sun as vezes.

- Ah... A que horas você vai se apresentar, Andy? - Perguntei, meio perdida nos olhos da Sun, que me encarava, como se dissesse: “eu preciso de um dono que faça carinho assim. Estou trocando você por ele nesse momento”.

 - Tinha me esquecido do show - comentou, virando Sun para si e encarando-a. Ela apenas colocou a pata no nariz de Andy, que conseguia ficar sério numa situação assim - Temos de estar lá as 7hrs p.m. para arrumar os instrumentos.

            Peguei o celular no meu bolso para olhar as horas, enquanto Andy colocava Sun sobre o ombro, deixando-a ainda mais confortável. Gata sortuda.

- Andy, são 17:56 - falei séria, olhando para ele -  O banheiro é a segunda porta a esquerda, no corredor - falei, já prevendo que ele iria perguntar. Andy apenas colocou Sun no chão, delicadamente, fazendo-a miar, reclamando.

- Vou pegar minha mochila no carro. É bom que esteja pronta depois que eu tomar banho.

- Hunf. Como se você mandasse em mim - bufei. Ele ergueu uma sobrancelha me olhando pelo canto do olho, sem dizer nada, apenas deu um sorriso de lado, provavelmente pela minha cara repentinamente mal-humorada, e saiu.

            Fechei a porta, me encostando nela. Biersack não colabora para meu estado de espírito. Ao menos, nem Chris, nem Eros haviam aparecido. Ao menos, algo estava dando certo. Suspirei, e fui tomar banho. Lavei bem o cabelo, e não demorei muito para terminar. Logo, estava com minhas peças íntimas, escolhendo uma roupa, já com minha maquiagem de panda. Hoje, eu queria ousar um pouco. Tinha a sensação de que muitas coisas aconteceriam essa noite. Não em um sentido malicioso - talvez só um pouco malicioso -, mas principalmente, eu tinha aquele frio na barriga, uma certa adrenalina antecipada. Eu podia prever coisas boas e ruins se aproximando.

            Apenas tentei esquecer esse pressentimento, tirando do cabide um vestido preto e colado, que ficava na metade da coxa. O vesti, um tanto receosa, colocando saltos vermelhos. Fui até o espelho, ver no que tinha dado. Estava ousado demais. A maquiagem era muito pesada, o vestido era muito curto, e o salto era muito alto. Eu não tinha corpo para isso. Melhor colocar calça jeans mesmo.

            Já estava quase tirando os saltos, quando alguém abriu a porta sem bater.

- Já está pronta... - Biersack nem terminou de falar - Uau.

            Eu abaixei a cabeça, envergonhada pelo modo como Andy me olhava de cima à baixo. Ele tinha uma expressão surpresa, como se não esperasse me ver assim algum dia.

- Você está linda - afirmou, se aproximando.

 - Você também - respondi, observando suas roupas. Andy usava uma calça preta justa e coturnos. Tinha tinta preta espalhada pelo corpo, e uma maquiagem extremamente pesada. Estava sem camisa, revelando seu tronco nu. Em outras palavras, estava lindo e sexy de uma forma que eu nunca havia visto, e que me fez esquecer completamente do quanto minha roupa era indecente. Six apenas sorriu, meio sem jeito.

- Vamos? - Deu uma olhada para a porta, meio que sinalizando. Apenas assenti, e descemos, um tanto sem jeito, os dois sem saber como lidar com o visual um do outro. Um lado ousado de cada um de nós.

            Um estranho formigamento tomava conta de mim. Uma sensação de que estávamos próximos de algo especial. E ao mesmo tempo, eu ficava cada vez mais animada. Poderia ver Six no palco, de verdade. Ele já fora incrível apenas naquele pequeno ensaio. Só de imaginá-lo num palco de verdade, eu me animava.

- Que músicas vocês vão tocar? - Indaguei enquanto estrávamos no carro. Andy deu um pequeno sorriso, como se gostasse do rumo da conversa se direcionando a ele. Esse garoto gosta de falar.

- Por enquanto, só fazemos covers, mas dentre eles, o meu preferido, de longe, é Rebel Yell, do Billy Idol. Você gosta?

- Se eu gosto? - sorri, imaginando a música com a voz grave de Andy - É claro que sim. Quem não gosta de Billy Idol? - Eu sei que muitas pessoas não gostam, mas cara, é muito foda!

- Tem razão - ele riu, enquanto já começávamos a andar - Nós vamos tocar só duas músicas. Escolha uma, o que acha? Não temos muitas ideias mesmo. Não escolhemos a outra - eu ri da afirmação. Eles vão para um show, e não sabem as músicas que vão tocar. Não tenho o que comentar.

- Claro, todas as bandas decidem que música vão tocar assim, alguns minutos antes do seu show. Bem normal - Ironizei, e Andy riu, sem desviar o olhar da estrada. Parei para pensar em uma música que eu gostasse. Bem, eu gosto de muitas músicas. Não dá para escolher assim. Então, uma que pareça boa na voz dele. Bem, temos um campo igualmente vasto de possibilidades. Em meio a tantas músicas que passavam por minha cabeça, uma caiu como um relâmpago. Uma música que me arrepia, me deixa estranhamente excitada, e desperta um lado meio psicopata meu. Eu já amo a música, e ao imaginar Andy a cantando... Ah, que melodia divina - Sweet Dreams, Marilyn Manson - falei, decidida.

- Não esperava por essa - seu sorriso se tornou estranhamente malicioso, e eu não entendi porquê - Sabe Drizzle, eu gosto dessa música por dois motivos. Para começar, eu gosto da batida, da letra... É excitante - seu tom rouco me arrepiou, e eu me encolhi no banco, reprimindo pensamentos impróprios - E além disso... Eu lembro que era exatamente essa a música que tocava quando eu e você estamos nos beijando aqui no carro - ele finalmente me olhou, por um segundo, o suficiente para me queimar. Aquela maquiagem, aquelas roupas... Tudo parecia perfeito para ele. O azul de seus olhos fora ainda mais realçado, e eu não queria desviar os olhos deles, por mais que fosse quase doloroso olhá-lo e saber que ele amava outra, e que estava apenas se divertindo um pouco comigo.

- Não sei do que está falando - disfarcei, olhando pela janela. A chuva já havia cessado, mas o ar estava úmido, e a noite chegara extremamente fria. Deveria ter pego uma blusa. Me encolhi, e dessa vez, foi pela temperatura baixa.

- Não se faça de boba, você não esqueceria uma coisa assim - ele riu, antes de olhar rapidamente para mim. Ele fechou a cara e bufou - Por que garotas sentem tanto frio? - murmurou, mais para si mesmo, parando num sinal. Era um ato quase que desnecessário, sendo que estávamos em uma cidade pequena, e o movimento de carros à noite era nulo. Ele se virou e pegou sua mochila no banco de trás. Rapidamente, ele a abriu e tirou de lá uma jaqueta de couro, jogando-a no banco novamente - toma.

            Andy estendia a jaqueta para mim, olhando para o sinal. A peguei, lentamente, meio que esperando para ver se isso era verdade. Six estava fazendo algo por mim? Algo desse tipo? Ele se preocupava mesmo comigo, mesmo que fosse um pouquinho?

            E com esse pequeno ato, minha noite se alegrou. Vesti a jaqueta, que ficou enorme, e em pouco tempo, já estava bem mais quente. Tinha o cheiro dele, o que só a deixava ainda mais confortável. Olhei para Andy, meio descaradamente. Como ele não sentia frio? Estava sem camisa, e mesmo assim, parecia bem à vontade. Era como Chris havia dito: “feitos para resistir às temperaturas extremas do céu e do inferno”. Isso realmente era real? Era estranho ver isso se aplicando a vida cotidiana. É estranho ver habilidades que poderiam ser usadas para tantas coisas, boas ou más, sendo acidentalmente aproveitadas no dia a dia.

            Mas no fim, eu deveria me acostumar com isso. São tantas as coisas loucas por aí que têm se misturado ao meu cotidiano. Espíritos presos a esse mundo, descendentes loucas de Psique, e, acima de tudo, um certo anjo caído. Isso tudo já se tornara parte da minha vida, e mesmo que não sejam coisas exatamente boas, eu não consigo imaginar um passado, presente e futuro sem tudo isso.

 

(...)

 

- E por que Juliet não veio? - Perguntei, caminhando enquanto Cristhian e Jinxx me abraçavam de lado. Já havíamos chegado ao lugar do show, uma boate afastada do centro. Não haviam muitos moradores em Deadwood, mas os que curtiam a vida noturna estavam todos aqui. Desde homens barbudos até adolescentes rebeldes, em pé, virados para o palco, vendo uma bandinha qualquer se apresnetar. Não haviam muitas garotas por ali, apenas algumas com roupas ainda mais curtas do que as minhas e maquiagem ainda mais pesada. Jinxx e CC já haviam arrumado suas coisas, então faltavam apenas os outros, e nós passeávamos no palco, por trás das cortinas vermelhas e envelhecidas. Por algum motivo que eu não ousei perguntar, eles me abraçavam a cintura, de lado, e eu apoiava no ombro dos dois. Vai entender.

- Ela disse que está cansada por causa do treino puxado - Jinxx explicou. Realmente, é um bom motivo. Ultimamente, Juliet tem emagrecido muito, e isso é provavelmente por causa do treino.

- Tudo pronto. Se posicionem, idiotas - uma garota estranha, baixinha e que estava usando óculos de sol o tempo inteiro, com o cabelo preto e liso, e roupas masculinas, exigiu. Ela estava ajudando os meninos a arrumarem suas coisas a um bom tempo, mas nem falara comigo. E eu fiquei com medo de falar com ela, porque tinha cara de que me esmurraria ali mesmo se eu tentasse alguma coisa.

- Pra que toda essa agressividade, Sandra? - Andy chegou, passando um braço pelos ombros dela, que nem se moveu, e nem mudou a expressão. Apenas tirou o braço dele lentamente e o olhou de cara feia. Ele entendeu o recado e foi para o microfone, dando de ombros. Qual a relação desses dois?

- Vocês já sabem quais músicas vão tocar? - Perguntou, passando os olhos de forma severa por todos. E, como eu esperava, eles começaram a encarar os sapatos, como se fossem extremamente interessantes - Francamente, o que seriam de vocês sem mim? - Ela, riu, tirando um pouco o clima tenso.

- O que vocês acham de Rebel Yell e Sweet Dreams, Marilyn Manson? - Andy perguntou, fitando-me pelo canto do olho.

            Os meninos murmuraram entre si, meio que pensando. Andy olhou para eles, como se achasse aquela discussão desnecessária, já que seu argumento seria aceito de qualquer jeito.

- Todos concordam?

            Os meninos responderam um “sim” em uníssono, e eu fiquei muito surpresa pela forma como Sandra conseguia botar ordem neles. Pareciam criancinhas obedientes. Preciso ter umas aulinhas com ela.

- Ok, comecem com Rebel Yell e finalizem com Sweet Dreams - Sandra disse, e todos assentiram. Eu e ela fomos para fora do palco, fincando na área do backstage. Ficamos em silêncio o tempo inteiro, encarando as cortinas fechadas. Sandra parecia não gostar de mim, e eu perguntava o que havia feito de errado. Não acho que ela tenha tido nenhuma relação romântica com Andy, tanto por ela parecer lésbica, tanto por parecerem apenas amigos. Então eu a havia ofendido de alguma forma?

            Logo, uma garota com roupas curtas anunciou a Black Veil Brides. O público rugiu em aprovação, e eu soube que essa não era a primeira vez deles ali. As cortinas se abriram, e sem delongas, a música começou. Rebel Yell estava agressiva de uma forma que eu nunca havia visto antes. Jake e Jinxx, impecáveis na guitarra, Ashley, surpreendentemente sexy, e Cristhian estava doidão na bateria. Todos sincronizados e incríveis.

            Mas quando a voz de Andy se sobrepôs, eu me arrepiei. Grave e forte. Ele cantou os primeiros acordes olhando para mim, um olhar penetrante e safado, quase como se fizesse uma referência, como se contasse um segredo sujo. Last night a little dancer came dancing through my door. Last night my little angel came pumping on the floor. She said, come on baby, I've got a license for love.

            Então ele se virou para o público, se abaixando na beirada do palco e olhando a todos, desde aqueles que dançavam na pista de dança ou apenas estavam sentados assistindo-os, até as garotas com roupas indecentes o encarando como se fossem devorá-lo ali mesmo.

            Ele andava pelo palco, fazendo todos no público balançarem ao ritmo da música. A boate estava muito animada, e eles eram, sem dúvida a melhor banda a tocar ali. A música parecia ter sido feita para Andy cantar. A voz dele se encaixava perfeitamente, e eu ousava dizer que estava infinitamente melhores do que o próprio Billy Idol.

            Logo a parte mais lenta da música chegou, e Andy novamente se abaixou na beirada do palco. I'd sell my soul for you, baby. For money to burn with you. I'd give you all and have none, baby. Ele olhava para mim, e seu tom era sexy. Me encolhi, com vergonha, e Sandra percebeu, mas não disse nada.

            Logo a música se agitava, e Andy se virou novamente para plateia. Eu estava presa neles, mal conseguia desviar o olhar. Meus meninos eram incríveis.

- O que você fez com ele? - Sandra finalmente se pronunciou, sem olhar para mim. Eu entendi que a pergunta era para mim, e também a quem ela se referia, mas preferi me fazer de boba.

- O que eu fiz com quem? - Perguntei, com um olhar inocente, mas com uma dúvida clara. Sandra me intimidava, e eu não entendia porquê.

- Não se faça de boba. Andy não empresta uma jaqueta pra uma garota desde Taylor - seu tom era impaciente, e eu fiquei com medo do que faria a seguir - Você está iludindo Biersack de alguma forma?

- Eu? Iludindo o Six? - ri, de forma um tanto triste - Acho que a única iludida sou eu.

            Ela se virou para mim, sem expressão. Me analisou por alguns segundos, e eu mantive o olhar para os meninos.

- Não acredite em tudo o que ele diz - Sandra disse, por fim - Ele é mimado, e se você o acostumar mal, Andy vai acabar com você.

            A encarei, meio assustada. Tudo e todos me diziam que Andy era o pior partido a se tomar, e eu continuava seguindo esse caminho idiota, praticamente jogando espinhos para mim mesma pisar em cima. Chega a ser doentio.

- Qual a relação de vocês? - Perguntei, meio assustada, levando a imaginação a níveis altos de mais, e Sandra riu.

- Eles são como meus irmãozinhos - apontou para a Black Veil Brides, que finalizava magnificamente Rebel Yell - Já fui baterista deles, mas decidi tomar outros rumos, então Cristhian entrou. Agora, eu ajudo eles de vez enquanto.

            A conversa parou por aí, porque Andy anunciava a próxima música. Novamente, todos rugiram em aprovação. Logo, os primeiros acordes da música foram lançados, e eu calafrio cortou minha espinha. Por que eu gostava tanto dela? Muitas das pessoas que estavam sentadas, que eram poucas, se levantaram, indo dançar. Vi vários garotos aproveitando a oportunidade de terem uma música com uma batida mais sensual para convidarem uma das garotas para dançar. 

            Mas então, a voz de Andy soou, lenta e arrastada, sexy, me abalando por completo. Eu sentia aquela sensação estranha, uma excitação errada e suja subindo por mim. Na voz de Marilyn Manson, era incrível, vindo de Andy, era provocante de uma forma absurda. Eu queria sair correndo dali e beijá-lo apenas por cantar tão bem, mas interromperam minha apreciação, com um leve cutucão em meu ombro. Ben havia chegado.

- Olá Drizzle - ele cumprimentou, me abraçando. Os outros membros da The Pretty Reckless estavam atrás dele, e eu cumprimentei todos da mesma forma. Eles cumprimentaram Sandra com um aceno de cabeça a uma distância segura - Estamos muito atrasados?

- Até que não, eu acho - dei de ombros, encarando Andy descaradamente - Eles estão na última música.

- Entendo - deu de ombros da mesma forma - Então, Young... Você poderia me fazer um pequeno favor?

            O encarei. Ele dava um sorrisinho meio levado, uma cara de quem aprontou. Na verdade, ele estava bem parecido comigo, quando eu aprontava algo. Acho que eu e Ben temos uma coisa em comum. Nós dois gostamos do errado.

- Que tipo de favor? - Questionei, um tanto desconfiada.

- Nosso vocalista meio que está com uma diarreia repentina. Ninguém sabe o que o deixou assim, foi do nada - seu sorriso era cruel, e estava claro que era ele quem havia aprontado. Os outros membros faziam caras inocentes, como se não soubessem de nada. Não pude deixar de sorrir com a clara maldade em seu olhar - E nós não podemos deixar o público na mão. Será que poderia substituí-lo por uma noite?

            Ergui uma sobrancelha, me fazendo de surpresa. Era uma ótima oportunidade. Desde pequena, eu sempre adorei os palcos, toda a concentração focada em mim era algo bom, quando eu estava indo bem. Estava cansada de cantar para as paredes do meu quarto. Queria um pouco mais de emoção. E como eu poderia recusar um convite assim? E em relação a Ben, sua maldade só o tornava mais amigo meu. Eu tenho o péssimo hábito de me divertir com a crueldade. As vezes isso me assustava. Ás vezes eu me rebaixava a níveis tão cretinos que eu me surpreendia.

- Acho que não tenho escolha, não é? - Respondi, no mesmo tom inocente - Não posso deixar vocês na mão - O sorriso de Ben aumentou, e os outros caras sorriram também.

- Ben estava certo, você é foda, Drizzle - Damon comentou, e eu sorri, em agradecimento.

            Hoje, eu finalmente mostraria do que sou capaz. Hoje, vou provar que posso sair em um tour com eles. É hora de me divertir, em meio a um mar de caos.

 

 

 

“Eu ouço o som

Ecoa abaixo

Anjos e o horizonte se conhecem

E eu estou esforçando-me para alcançar

A luz sobre a superfície

Luz sobre o outro lado

Eu sinto as páginas virando

Eu vejo a vela queimando

Diante dos meus olhos

Diante dos meus olhos selvagens

Eu sinto você me segurando

Apertado, eu não posso ver

Quando nós finalmente vamos

Respirar”

Fleurie


Notas Finais


Espero que tenham gostado ;)


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