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História Encröachment - This Is War


Escrita por: TheUnspoken

Notas do Autor


Hello pessoas!
Peço, como sempre, desculpas pela demora, mas espero que entendam meu lado também: meu computados morreu. Sim, meu computador morreu, simples. eu tinha mais da metade desse capítulo pronta nele, e aí, puf. Foi triste.
Mas agora, to de volta hehehe
logo logo vou postar o capítulo de My Immortal, não me matem!
Boa leitura, espero que gostem <3

Capítulo 23 - This Is War


Nós não tínhamos muito tempo. Já estávamos atrasados, e tudo o que possuíamos era menos de uma semana. Atrasos não podiam ser mais permitidos, e já havia passado da hora de tomarmos uma atitude.

Era uma manhã fria, o sol ainda baixo. A neve havia parado de cair durante a noite, mas andávamos sobre uma grossa camada dela. Meu corpo estava dolorido, o que me lembrava da noite que havia passado com Andy, e isso simplesmente me fazia corar como retardada o tempo inteiro. Por sorte, eles estavam ocupados demais para notarem minha vergonha.

Ok, vamos por partes. Estávamos eu, Andy e Chris, andando a um bom tempo. Eu e Biersack havíamos passado a madrugada juntos, e eu não era mais a mesma depois de tanto prazer. De qualquer maneira, nós estávamos seguindo uma trilha ditada por Chris, em silêncio. O terreno era complicado, e não podíamos gastar fôlego. Andy, segundo a velha, estava o mais próximo do que poderia chegar, em tão pouco tempo, de dominar o poder demoníaco. A bruxa continuava mandando, mais e mais, mas ele conseguia se controlar, até que bem. Havíamos localizado ela, Chris identificara o lugar. Agora, nos restava acabar com a vadia.

Havíamos passado por toda a floresta. Andy não podia nos levar pelas sombras, pois precisaríamos lutar contra alguns - muitos - demônios, e ele não podia gastar energia. Mas mesmo assim, ele nem sabia aonde era o lugar, o que tornaria tal coisa impossível, de qualquer forma. Suas asas estavam melhores, ele podia voar novamente, mas, sem dúvidas, não carregaria eu e Chris. Tive de rir mentalmente por um momento, ao imaginar Andy voando com Chris em seus braços.

No momento, estávamos próximos, segundo Chris. Tínhamos de agir discretamente. Ele nos explicara que estamos numa missão um pouco mais complicada do que ele imaginara. Somos apenas novatos, e não conseguimos esconder perfeitamente nossa presença, nossa mediunidade. Eros me ensinara o básico sobre isso, e teria sido suficiente para lidar com a bruxa, se ela não fosse uma serva direta de Lúcifer. Isso não era nada bom, pois significava que ela era forte. Mais forte do que havíamos imaginado. Por isso, também teríamos de ser.

- Se abaixem. - Chris mandou. Obedecemos imediatamente. Havíamos chegado a um ponto onde o “deserto” de neve em que estávamos acabava em uma descida íngreme. Uma descida para uma cadeia de montanhas. Mais especificamente, A cadeia de montanhas. Aquela, lotada de demônios. Inconfundível, me atrevo a afirmar.

Nos abaixamos na beira, bem próximos da descida íngreme, vendo o lugar mais claramente. Havia muito a percorrer até a cabana, que mais parecia um ponto negro, dado a distância. Os demônios percorriam todo o território, selvagens. Com pele tão branca quanto a neve, veias roxas e pulsantes espalhadas por todo o corpo musculoso. Eram humanoides, enormes, com mais de dois metros, no mínimo. Tinham olhos enormes, saltando para fora, sem pupilas, eram completamente brancos. Assustador era pouco para descrever. Possuíam dedos longos e compridos, pareciam capazes de rasgar carne com muita facilidade. Seus dentes, enormes e afiados, sujos de saliva roxa. Nojento.

- Eu não posso ser da mesma espécie que essas coisas. - Andy resmungou. Mesmo que a situação fosse além de séria, não consegui segurar o sorriso. Acho que podia me acostumar com o fato dele ser um demônio, depois de ver esses daqui.

- Sim, você é. - Chris parecia divertido também. - Mas eles são de uma raça inferior, não possuem vontade própria, só seguem ordens. Anjos caídos, ainda mais como você, são um dos tipos mais altos de demônios.

- Bom saber. Eu acho. - Andy também não desviava os olhos das montanhas. Eram montanhas estranhas, um pouco incomuns. Não eram altas como a maioria, e era como se anos de neve tivessem se acumulado entre elas, e havia espaço para que corrêssemos por ali, o que parecia um futuro inevitável.

- Chega de conversa. Levem isso como um treinamento também. Preciso que vocês aprendam a agir sozinhos, então me digam: como devemos chegar a cabana?

Silêncio. Eu e Andy paramos para refletir. Como acabaríamos com todos esses demônios? Obviamente, não era apenas uma questão de força. Não seria tão fácil assim. Precisávamos pensar, criar uma tática para avançarmos.

- O que tem a nos dizer sobre esses demônios? - Perguntei a Chris, sem tirar os olhos deles. Pelo canto do olho, o vi me olhar, levemente orgulhoso.

- Demônios de classe baixa, encontrados em qualquer lugar no que podemos chamar de “surface” do inferno. A parte mais simples. Podem resistir à temperatura baixa de lá, mas são fracos ao calor. Em termos de força bruta e velocidade, são bem poderosos, podem rasgas carne e quebrar ossos sem esforço. Mas não são inteligentes. Não vão pensar antes de atacar, não se preocupam com a morte. Simplesmente matam.

Matam sem pensar duas vezes, não são inteligentes, e fracos ao calor. Pensei.

- Fogo. Nós precisamos de fogo. Pirotequinia. - Falei, e os dois desviaram o olhar para mim. Chris, avaliativo, porém com um brilho de orgulho nos olhos. Andy, pensativo, assim como eu.

- E então? - Chris me incentivou a continuar. Mordi o lábio, tentando pensar rápido.

- A maioria pode ser atraída por uma grande quantidade de fogo, e podemos cerca-los e ataca-los nessa emboscada. Se são fracos ao calor, podemos usar mais e mais pirotequinia enquanto lutamos.

- Pode funcionar. - Chris sorriu de lado. Um sorriso levado.

- Eu cuido da pirotequinia. - Andy se pronunciou. - Vou chamar a atenção deles, fazê-los entrarem no fogo, e vou matar a maior quantidade que conseguir. - Repentinamente, sua expressão se tornou confusa. - Só conseguimos mata-los com fogo?

- Não. - O sorriso de Chris se tornou ainda mais levado. Ele ficava muito bonito sorrindo assim. Novamente, sei que o momento é inapropriado, mas quis apertar as bochechas dele. - Hoje, vocês vão usar alguns brinquedinhos novos que eu consegui com L, com muito esforço. - Ele tirou a mochila dos ombros, a colocando sobre a neve, entre nós. Dela, ele tirou duas facas, cobertas por uma bainha de couro preta. Uma delas, com detalhes prateados, e outra, vermelhos. Ele as desembainhou, girando uma em cada mão, revezando um olhar sério entre mim e Andy. As lâminas eram de uma cor normal, como qualquer faca, mas havia um brilho letal nelas, e eram extremamente afiadas. - Essas facas são extremamente perigosas. Elas são muito afiadas, e não são gastas pelo uso. Inquebráveis. Mas, são um tipo raro. Chamamos de lâminas elementares. Vocês podem depositar o elemento que querem usar nela.

- Como assim? - O olhei como se estivesse falando outra língua.

- Simples. - Chris, levemente, passou uma das lâminas pela neve. O gelo ao redor da pequena linha que ele fez derreteu, se transformando em água. Quando ele ergueu a lâmina, a água seguiu a mesma. - Qualquer um dos elementos, água, terra, fogo ou ar. E, se você tiver o dom, pode controlar eletricidade. Mas por enquanto, só precisamos de fogo. - A lâmina se incendiou. - Se conseguirem colocar o calor necessário nas lâminas, um golpe será o suficiente para matarem eles. - Ele embainhou as facas e nos entregou. A com detalhes prateados para mim, vermelhos para Biersack.

Ambos desembainhamos nossas facas. Vendo-as de perto, pareciam ainda mais ameaçadoras. Eram um pouco maiores do que meu antebraço, e como Chris havia dito, extremamente afiadas. Eros havia me dado um bom conhecimento de pirotequinia. O suficiente para saber que meu próprio fogo não podia me queimar. Sem muita preocupação, tentei enviar minha energia para a lâmina. Andy fez o mesmo, ao mesmo tempo. Posso dizer que consegui manter a lâmina da mesma forma que Chris, mas Andy superou um pouco as expectativas. Senti o calor na sua faca mesmo com a distância entre nós. Mesmo que não houvesse muita diferença, eu não senti o mesmo calor vindo da Chris quando ele o fez. Chris o encarou da mesma forma que eu, e ele olhou para nós dois, uma sobrancelha arqueada.

- Está controlando bem o poder demoníaco, Andy. - Chris comentou, parecendo um pouco surpreso. - Continue assim. - Andy sorriu de lado. Ótimo, Chris, alimente um pouco mais o ego inflado dele. - Precisamos agir. Agora. - Ele mudou rapidamente sua postura. - Andy vai começar. Quero o máximo de fogo que você conseguir, bem ali, Andrew. - Apontou para um ponto mais ou menos à nossa frente, próximo ao fim da descida íngreme. - Eu e Drizzle vamos dar a volta pela esquerda, ficando à certa distância, e ao nosso sinal, você começa. - Andy assentiu. - Quando os demônios forem em sua direção, mate o máximo que conseguir, e se houver alguma emergência, voe o mais rápido possível. Eu e Drizzle os atacaremos por trás, e com eles cercados, vai ser mais simples.

Chris se aprumou, chegando mais perto de nós, olhando no fundo dos nossos olhos.

- Essa é uma missão relativamente fácil, dado ao nível de vocês dois. Mas não deixem isso subir à cabeça. Sejam cautelosos. Não sejam feridos. E fiquem atentos, pois a bruxa e os cadáveres/marionetes podem aparecer a qualquer instante. - Assentimos. - Se tudo seguir de acordo com o plano, assim que acabarmos aqui, imediatamente entramos na cabana e procuramos Keena. Lá dentro, não devemos nos separar. Estamos entendidos?

- Sim. - Eu e Andy respondemos em uníssono. Apertei o cabo da faca em minha mão. Isso era só o começo. Como Chris havia dito, algo fácil. Respirei fundo, e começamos o plano.

Andy se manteve abaixado, e nós trocamos um último olhar enquanto me afastava com Chris, indo pela esquerda, como ele havia dito. Demos a volta pela borda de onde estávamos, em uma subida. Quando chegamos ao topo, pude ter uma visão melhor do lugar, entender aonde estávamos. A “cadeia de montanhas” era na verdade uma depressão. O que pareciam montanhas eram as únicas partes planas que sobraram no solo. Eram enormes rachaduras.

Eu e Chris nos posicionamos. Bem na beira da descida, e eu examinei melhor o lugar. Podia ver Andy na beira da descida também, mais distante. Ele observava a mim e a Chris em silêncio, aguardando o sinal, as asas à mostra, a faca empunhada. Seria fácil para nós três descermos, e isso teria de ser rápido. Chris me olhou.

- Pronta?

- Nem um pouco. - Ergui as sobrancelhas. - Mas é agora ou nunca. - Ele sorriu.

Chris e Andy fixaram os olhos um no outro. Chris simplesmente acenou com a cabeça. Era agora.

Andy se levantou rapidamente, e desceu. Foi tudo muito rápido. Num momento, ele estava na beira da descida, no outro, havia muito fogo. Quase um furacão. No mesmo instante, todos os demônios estavam indo para lá. Pude, vagamente, ver ele lutando.

- Agora nós vamos. - Chris se levantou. Todos os demônios estavam indo na direção do fogo, era o momento perfeito para os cercarmos. Eram muitos, mas conforme se aproximavam de Andy, iam simplesmente se desfazendo em neve, se tornando parte dela.

Seguindo Chris, deslizei pela descida íngreme, tomando cuidado para não escorregar na neve. Chris sacou uma faca da bainha de couro preto em seu cinto, e vi que era mais uma como a nossa. Corremos rapidamente, e eu respirei fundo. Não podia hesitar. Tinha de ser de uma vez.

Eu e Chris corremos contra os demônios. Alguns nos viram, e avançaram em nossa direção. Quando estavam perto o suficiente, concentrei a pirotecnia na lâmina, e ela estava em chamas novamente. Com uma velocidade que não sabia ter, a cravei na barriga do demônio mais próximo, que caiu como uma pilha de neve. Logo o segundo, bem atrás de mim. Vi que Chris havia matado quatro, me observando pelo canto do olho. Parecia contente.

Continuamos correndo entre os demônios, matando todos os que apareciam entre nós. O fogo de Andy não cessava, e ele eliminava cada vez mais deles, mas uma hora, ele se cansaria. Precisávamos nos apressar.

Perdi a conta de quantos demônios matei. Só conseguia ouvir seus gritos guturais rasgando o silêncio. Fora isso, mal haviam ruídos. Apenas lâmina perfurando pele, neve esmagada sobre botas e respirações ofegantes.

Uma pontada de dor cruzou minhas costas. Um deles havia me arranhado. Rapidamente, me virei e cravei a faca no pescoço branco, com veias pulsantes. Tive tempo de olhar em seus olhos, brancos e sem brilho, e sentir seu bafo frio, cheirando a sangue. E então, ele se tornou neve.

Gemi baixo, colocando as mãos nas costas, aonde havia sido arranhada. Era significativamente profundo, e a camisa por baixo da minha blusa de frio estava empapada de sangue. Mas eu sobreviveria a isso, sem dúvidas. Ignorei a dor, correndo com fúria contra os outros demônios.

Enquanto eu matava mais e mais deles, como não achava ser capaz, os ruídos se tornavam abafados. Os gritos guturais pareciam distantes, e tudo o que eu via era vermelho. Eu queria mata-los, mesmo não sabendo o motivo.

- Drizzle! - A voz de Chris me despertou. - Chega. - Olhei para ele, meio confusa. Só então compreendi. Andy e Chris me encaravam, um pouco assustados. Eu tinha a faca em mãos, ainda em chamas. Estava com respingos de um líquido preto por todo o corpo, e não havia mais um único demônio.

Respirei fundo, os olhos arregalados. Havia acabado. Acabamos com os demônios. Todos aqueles demônios, enormes e sinistros, derrotados.

- Drizzle, respire. - Chris instruiu. - Você foi muito bem. Matou muitos deles. Mas você está abusando da pirotequinia. Guarde sua faca. Se recomponha, ainda temos de encontrar a bruxa.

Respirei fundo. Certo. Embainhei a faca. Já estava conseguindo ver melhor, sem vermelho. Isso havia acontecido por causa da faca? Talvez. Olhei para Andy. Sem pensar muito, fui até ele, que imediatamente me recebeu em seus braços. Não sei por que fiz isso, apenas nervosismo do momento.

- Desculpe. - Murmurei, com vergonha desnecessária. - Foi só...

- Eu sei. - Ele riu. - Não se preocupe.

- Agora vamos. - Chris ia prosseguir, mas parou num solavanco, encarando Andy.

- O que foi? - Andy pareceu assustado. Só então olhei nos olhos dele. Seu olho direito estava ficando preto lentamente, como se fumaça brotasse dentro dele. Meu coração falhou uma batida, e eu prendi a respiração.

- Andrew, você tem que nos avisar sempre que sentir uma coisa estranha. - Chris me puxou para perto dele rapidamente. - Se controle. Precisa reverter o processo. A energia está mais forte por você estar mais perto dela agora, mas precisa lidar com isso. Não deixe isso te dominar, lembre-se das instruções da velha. - Andy respirou fundo, fechando os olhos. Quando os abriu, estavam normais novamente. - Ótimo. Está indo bem.

Sem muito papo, corremos para a cabana. Não podíamos enrolar, não podíamos demorar nem mais um segundo. Cada minuto aqui fora era um minuto a menos sem saber como Keena estava. E isso partia me coração, porque não conseguiria seguir sem ela.

Chegamos a cabana, em segurança, para minha surpresa. Se a bruxa sabia que estávamos aqui, ela preferiu não atrapalhar. Antes de entrarmos na cabana, Chris nos olhou, como se avisasse que tínhamos de ser cuidadosos. E então, com sua faca em mão, ele deu o primeiro paço, fazendo a madeira escura do piso ranger. Logo, estávamos nós três lá. O lugar era escuro, como é de se esperar. Cheirava a humidade e madeira podre.

Tudo o que ouvíamos eram nossas respirações aceleradas, tensas. Eu mantive um olho em Andy o tempo inteiro. Ele já era absurdamente bonito, mas assim, com as asas sólidas e o clima sombrio da cabana... não há palavras. Chris também era maravilhoso, e nem é preciso dizer que o lugar escuro também se encaixou perfeitamente com ele.

Balancei a cabeça. Não era hora de admirar o quanto esses dois eram lindos. Era hora de focar na missão. Mantive os olhos fixos à frente. A cabana era, sem dúvidas, maior por dentro do que por fora. Bruxaria, com toda certeza. Os corredores eram verdadeiros labirintos, e haviam dezenas e dezenas de portas. Keena poderia estar em qualquer uma delas.

- Como vamos encontrar Keena? - Andy perguntou antes de mim, num sussurro. Provavelmente, com as mesmas conclusões que as minhas.

- Temos de encontrar a bruxa primeiro. Tudo o que podemos fazer é revisar os corredores, em busca de algum som. É arriscado verificar de porta em porta. Além de que a bruxa pode saber que nós estamos aqui. - Chris sussurrou em respostas.

Não houve mais conversa depois disso. Continuamos andando, facas em mãos, pelos corredores sombrios. A madeira rangendo sob nossos pés provocavam lamentos arrepiantes, e eu sentia que estava suando frio, mesmo com o clima.

Repentinamente, um barulho. Paramos imediatamente. Um rangido atrás de nós. Todos nos viramos. Podia ver o nervosismo nos olhos de Andy, as sobrancelhas franzidas. Eu estava da mesma forma. Chris, parecia frio e inalterado. Acostumado, talvez.

Não conseguíamos ver nada. Não parecia ter nada ali, mas o corredor era escuro demais para termos certeza.

- Vocês não deveriam estar aqui. - Ouvimos uma voz fraca atrás de nós. Uma voz familiar, que fez meu coração acelerar.

- Keena! - Me virei rapidamente, mas fraquejei antes de avançar. Keena estava ali. Machucada, os olhos marejados, muito magra, e com uma faca na garganta. A bruxa estava logo atrás dela, mantendo a mesma pressionada ao seu pescoço. Pânico me invadiu. O que faríamos agora?

- Idiotas. - A bruxa desdenhou, pressionando a faca com mais força. Meus olhos não deixavam os de Keena, e o mesmo com ela. A ruiva parecia estar em sua forma normal, ou falsa, com o corpo humano. Reparei que a lâmina no pescoço de Keena era a mesma que causara minha cicatriz, que formigava incomodamente na presença da mesma.

- Solte ela. - Chris mandou, autoritário. - Somos três contra você, e sabe que não tem chance. Se se render agora, apenas te mandaremos para Nemesis. Se insistir nisso, teremos de te matar.- A bruxa riu. Uma risada histérica e louca, mas nervosa.

- Não seja idiota. Vocês não vão me vencer tão facilmente. - Notei um movimento aos pés de Keena, que tremia, os olhos marejados. Por entre o piso de madeira apodrecido, algo começou a subir. Eram cobras. Longas e finas, diferentes de todas as que eu já havia visto, em diferentes cores.

- Não faça isso. - Chris mandou, quase como uma ameaça. A bruxa parecia nervosa, mas o brilho de insanidade em seus olhos dizia que ela não voltaria atrás, mesmo que custasse sua vida. E então pensei: ela podia voltar atrás? Pelo que sabíamos, ela era uma serva direta de Lúcifer, e servia a ele, e apenas a ele. Não tinha escolha a não ser obedecer, se fosse realmente uma escrava. Era fazer ou morrer. Fazer e morrer. Ele não se preocupava com quem perderia. Eram apenas piões, no que quer que seja esse jogo sujo dele.

Keena soltou um arfar de dor. Tive de me segurar para não correr até ela imediatamente. A bruxa havia movido um pouco a faca em seu pescoço. O suficiente para fazer um corte fundo, mas não letal.

- Chris! - Gritei entredentes, sem conseguir me conter. Não podia deixar ela fazer o que quer que fosse com Keena. Ela já havia sofrido o bastante.

- Não podemos fazer nada agora. - Ele tinha os dentes cerrados. - Espere o momento. Nós vamos conseguir salvar ela.

O que veio a seguir fez todo o meu corpo se contrair. As cobras continuavam subindo, e uma delas entrou no corte no pescoço de Keena, que gritou de dor. Meu coração parou, minha vista se embaçou, e eu não conseguia respirar. Andy parecia estar do mesmo jeito, e Chris tinha os punhos cerrados.

A cobra lentamente deslizou para dentro de seu machucado. Pude vê-la descendo pelo canto de seu pescoço, e então ela não era mais visível. A pele de Keena brilhava, coberta de suor, mesmo com o frio, e eu podia garantir que aquilo estava doendo muito, tanto por seus gritos quanto por isso.

Quando vi a segunda cobra entrando não aguentei mais.

- Solta ela! - Berrei avançando em direção da bruxa. Ela notou que eu tinha a faca que Chris me dera em mãos, e simplesmente jogou o corpo de Keena sem delicadeza nenhuma para trás. O barulho que o impacto entre a cabeça de Keena e o chão fez quando ela caiu me deram um nó no estômago, e eu senti que vomitaria só de medo. As cobras continuaram avançando sobre o corpo agora desacordado de Keena, e eu precisava fazer algo.

Sem hesitação, movida pela adrenalina do momento e ignorando o que quer que Chris tenha gritado para mim, avancei contra bruxa, a lâmina em chamas. Tentei acertar um golpe, num corte horizontal na barriga, e ela estava tão atônita com minha atitude que demorou alguns segundos para desviar, com um grande passo para trás. O suficiente para eu lhe fazer um corte no mesmo lugar em que ela me machucara, não tão fundo, mas o suficiente para me dar um vislumbre do sabor da vingança. A lâmina queimou parte de sua roupa, e, infelizmente, como eu notei, evitou o sangramento com uma queimadura. Ao menos, a dor a deixaria lenta.

Num milésimo de segundo, Andy havia avançado da mesma forma que eu, e em um golpe diagonal tão rápido quanto o meu, tentou acertar o pescoço da bruxa. Ela desviou a tempo, mas perdeu uma grande mecha de cabelo, e teve uma pequena queimadura no pescoço. Chris nos olhava, extremamente surpreso, paralisado. Antes que pudéssemos atacar novamente, a bruxa nos lançou um olhar mortal por baixo da franja ruiva, agora arruinada por Andy. Biersack não era um bom cabelereiro.

- Vocês estão bem fodidos. - Seu tom era tão mortal que me fez hesitar um pouco antes de avançar novamente. Mas o que me fez parar foi o que vi atrás dela. Keena estava se levantando, trêmula.

- Keena! - Gritei novamente. Ela estava de pé, a cabeça baixa. Algo me dizia que aquela não era exatamente Keena. Ela levantou a cabeça, e seus olhos estavam sem foco. Abertos, mas sem foco, apenas fixos à frente, sem olhar nada específico.

- Essa não é mais sua amiga. - A bruxa riu, dando alguns passos para trás. Chris imediatamente nos puxou também, nos colocando ao lado dele.

- Keena está inconsciente. - Ele explicou. Só o fato de saber que ela não estava morta já tirou um grande peso da minha consciência. - As cobras estão presas as juntas e articulações dela. Algumas, no sistema nervoso. Estão controlando o corpo e os poderes dela.

Meu peito se apertou com a conclusão que tive. Keena era nossa inimiga, de certa forma. Teríamos de lutar com ela. Ao menos, imobilizá-la. E eu sabia, por nossos treinos e apenas pela presença dela, que Keena não era apenas mais velha do que eu. Era bem mais experiente, e, consequentemente, mais forte. Quanto a Andy, não tenho certeza, mas ainda assim, se as cobras são controladas pela bruxa, ela vai lutar para matar, e nós, para imobilizar. Uma luta injusta e difícil, mas inevitável.

- O que vamos fazer? - Andy perguntou por mim, provavelmente notando que eu estava em choque.

- Vocês vão ter que segurá-la. Um a mantem parada, outro cuida da bruxa, e eu retiro as cobras.

- Eu cuido da bruxa. - Falei, imediatamente. Não conseguiria ficar contra Keena, mesmo que fosse para o bem dela. Por outro lado, podia socar a cara da ruiva e apanhar um pouco por ela, sem problema nenhum.

Quase imediatamente, Keena avançou contra nós. Contra Andy. Foi um ataque... estranho, por assim dizer. Os olhos dela brilharam num verde profundo quando ela se aproximou dele, rapidamente. Ela lhe acertou um cruzado de direita. A parte estranha, é que ele podia ter desviado. Mas hesitou.

- Não olhe nos olhos dela. - Chris gritou. - Ela tem o dom da hipnose, vai incapacitar vocês de lutar. Andy imediatamente abaixou o olhar, e no próximo golpe de Keena, ele conseguiu desviar.

Desviei o olhar da luta deles. Não queria vê-la sendo machucada, então era hora de focar na minha luta. Com uma força que não sabia ter, me lembrando de cada ensinamento de Eros, eu avancei contra a bruxa, que tinha um olhar mortal, tudo ao redor dela mais sombrio. Tentei lhe acertar mais um golpe, mas ela desviou sem problema nenhum. Num movimento mais rápido, ela conseguiu me fazer um corte no braço, não tão fundo, pois eu consegui desviar. Nesse exato segundo, vi que não seria tão fácil.

Tentei outro golpe, a faca extremamente quente, mas novamente, ela desviou, e dessa vez, me acertou um chute certeiro na barriga, que tirou completamente me fôlego e me fez cair de joelhos. Ela se aproximou enquanto eu tentava recuperar o fôlego, segurando meu cabelo com força e me fazendo olhar em seus olhos.

- Você é fraca. - Ela tinha um tom de nojo, e um olhar de desprezo. - Foi inútil da sua parte tentar uma luta contra mim se não tinha capacidade de vencer. - Ela me acertou outro chute na barriga, e eu tive de segurar para não vomitar. A vontade de saber o que acontecia entre Andy, Chris e Keena me corroía, mas eu sabia que tinha que cuidar da minha parte primeiro.

- Eles não vão conseguir salvar sua amiga. - Ela continuou. Eu não prestava muita atenção. Cuidava de me recompor, ficando de pé, e olhando ao redor, era um corredor um pouco estreito, nem tanto, mas o suficiente. Comecei a me concentrar, guardando energia, acumulando para um ataque maior, como o que eu já vira uma vez. - Ao menos, não por muito tempo. Vocês estão na unha do diabo, criança.

- Você está. - A olhei nos olhos. - Eu não sou escrava de ninguém.

Exatamente nesse momento, usei toda a energia que me restava num último ataque. Uma cortina imensa de fogo foi lançada da faca para a bruxa. Ela não podia escapar. O fogo cobriu tudo do lado dela, e a última coisa que pude ouvir foi seu grito, antes dela desaparecer em meio as chamas. Senti um alívio imenso dentro de mim, mas ele logo desapareceu. A bruxa podia não ter sido derrotada, e ainda que tivesse, tínhamos um novo problema agora. O fogo se alastrava pelas paredes, teto e chão da cabana, e sem muita demora, chegaria em nós. Engolindo em seco e me xingando mentalmente, corri até onde Chris estava. Keena estava no chão, e Andy estava ao seu lado, segurando seus dois braços em cima de sua cabeça com uma mão, e tampando seus olhos com outra. Chris tinha uma mão em cada lado do rosto de Keena, que estava imóvel.

- O que está acontecendo? - Perguntei, em pânico, parando em pé ao lado deles. O olhar de Andy revezou entre mim e o incêndio que vinha rapidamente em nossa direção, derrubando o teto e as paredes.

- Precisamos acordá-la. Sem o nome da bruxa, não vamos conseguir tiraras cobras. - Ele respondeu. Pânico me dominou.

- Chris, acho melhor saímos primeiro. - Ele só pareceu notar o fogaréu nesse momento. Seus olhos se arregalaram, e então, delicadamente, ele levantou Keena em seus braços. Um filete de sangue escorria por entre o canto de seus lábios, e sua expressão serena, coberta de suor e refletindo o fogo laranja e forte parecia extremamente inapropriada para o momento, e eu tive de segurar as lágrimas pelo medo de algo lhe acontecer. Você é minha melhor amiga, não pode me abandonar aqui, porra! Berrei, mentalmente.

Respirando fundo, eu e Andy corremos atrás de Chris, em busca de uma saída. A cabana era gigantesca e absurdamente maior por dentro do que por fora, e eu tinha a leve sensação de que as portas estavam mudando de lugar o tempo inteiro. Mesmo Chris parecia perdido e atordoado por Keena, e o fato de a situação ser realmente séria era gritante em meus ouvidos. O aperto em meu peito só aumentava, e eu sentia que estava tentando engolir uma melancia inteira.

Me tirando de todos os meus pensamentos e me chocando por completo, senti uma mão enorme e quente segurando firmemente a minha. Olhei para o lado, vendo os olhos azuis me encarando, preocupados e cautelosos enquanto corríamos. Andy estava ofegante, mas ainda assim, me deu um pequeno sorriso, e mesmo que eu não acreditasse completamente nisso, tive a sensação de que tudo ficaria bem.

E, como a luz no fim no túnel, finalmente vimos a saída. Estava a alguns metros, e logo aceleramos o passo. Quando faltava pouco para chegarmos, a fumaça fazendo nossos pulmões arderem e o cheiro de madeira podre já dominando o ar, algo nos fez parar. Primeiro, foi só uma sensação. Uma sensação muito intensa, da qual tive certeza de que todos sentiram. Chris e Andy estavam estáticos, e Keena murmurou alguma coisa, ainda inconsciente. O lugar pareceu tornar-se mais escuro, e mesmo com todo o fogo incendiando a cabana, se aproximando cada vez mais, eu senti frio. Muito frio. Andy apertou minha mão com mais força, sem conseguir se mover.

Notei que logo na entrada, mais e mais fumaça se concentrava ali. Fumaça negra e inconfundivelmente, a mesma das asas de Andy, quando não estavam físicas. A fumaça passou a formar os contornos de um homem. Um homem alto, com pele pálida e cabelos negros, olhos azuis como os de Andy. Ele nos encarava, com um sorriso de lado. A fumaça ainda o rodeava, como uma aura negra e pesada. E como um instinto natural, uma voz no fundo de minha mente me disse quem ele era, mesmo que eu já tivesse certeza. Aquele era, sem dúvidas, Lúcifer.

- Veja se não são minhas crianças preferidas! - Ele nos olhava como se fossemos novos brinquedos, um sorriso carregado de ironia, a voz potente e marcante. - Vocês fizeram um grande estrago aqui, não é mesmo?

Nenhum de nós respondeu, até mesmo Chris parecia em choque. Andy tinha um olhar curioso. Não exatamente assustado, surpreso talvez, mas ainda assim, curioso. Lúcifer ergueu uma sobrancelha.

- O que foi? O gato comeu sua língua? - Vindo da fumaça, assim como ele, uma enorme pantera simplesmente se formou, rosnando baixo e ameaçadoramente para nós, recuei um passo, tremendo. - Oh, não se incomodem com a Umbra. Ela não é tão má. Nem sempre. - Ele riu, enquanto a pantera, claramente nada amistosa, o rodeava, sem tirar os olhos de nós.

- Já que vocês não estão à fim de conversar, vou direto ao assunto, pois temos negócios a tratar. - Ele disse. O fogo atrás de nós havia simplesmente parado, só então notei. Era como se o tempo realmente houvesse parado. As chamas estavam azuis, e uma camada fina de gelo cobria o chão e as paredes. - Vocês acabaram de matar um soldado muito importante para mim. - Ele ergueu as duas sobrancelhas, nos olhando como se falasse com crianças arteiras. - Apesar de ela não estar morta, ainda, não vai sobreviver. E isso não foi nada legal. - Ele se aproximou. Sua expressão repentinamente se tornou séria, e quando eu tentei recuar, meu corpo congelou, e eu não conseguia me mover. Até Chris parecia incapaz de fazer qualquer coisa.

- Eu não tenho mais o que esconder. - Continuou. - O Céu e o Inferno estão realmente em guerra agora, e nós vamos começar dominando a Terra. É nossa maior chance de ganhar, e a única forma de mostrar para eles que estamos sérios sobre isso. Eles não vão interferir até que a situação esteja crítica, e a diversão só vai realmente começar quando os sete anjos tocarem as sete trombetas. Mas até lá, até mesmo o Armageddon estará aos nossos pés. E eu estou aqui para lhes dar uma chance.

Ele se aproximou ainda mais. Minha cabeça doía, e eu senti sangue escorrendo por meu nariz. A presença dele era tão forte assim? Eu estava tonta, e todas essas referências bíblicas faziam minha cabeça girar. Estávamos em guerra? Estávamos mesmo em guerra?

- Vocês estão no meio de um massacre, e não sabem nem mesmo a qual lado pertencem. - Continuou, como se lesse meus pensamentos. - Estou lhes oferecendo uma única chance. Se juntem a mim e lutem ao meu lado agora, e poderão ter o que quiserem após a guerra. - Ele olhou no fundo dos olhos de cada um de nós, me fazendo estremecer. Não conseguia nem mesmo respirar, e meu peito doía. - Todos vocês têm muito potencial, potencial demais para ser derramado. Matar vocês seria um desperdício de sangue.

Ele se virou para Andy, ficando bem na sua frente, o olhando de igual para igual.

- Eu e você não somos nada diferentes, garotos. - Seu tom era diferente, quase empático.  - Fomos expulsos do paraíso por ideologias diferentes. Para nós, os portões do Céu foram trancados, e não havia espaço nem mesmo no inferno. E ainda assim, você sabe que não pertence a este lugar. - Os olhos de Andy se arregalaram, como se aquilo realmente tivesse mexido com ele. - Se hoje estou onde estou no Inferno, pode ter certeza de que lutei para isso. E eu sei que você merece estar ao meu lado. Eu sei de toda a injustiça que passou no Céu e aqui, e eu posso te contar mais sobre seu passado. Junte-se a mim. - Lúcifer estendeu uma mão para Andy, que a encarou, atônito.

Andy permaneceu estático, processando o que havia ouvido. Eu tremia, pelo frio e por alguma outra razão. Eu não aceitaria a proposta de Lúcifer por nada, mas não tinha tanta certeza sobre Andy. O que poderia prendê-lo aqui? A banda? Taylor? Nada disso importaria se o Inferno dominasse a Terra, e se ele estivesse do lado de Lúcifer nessa hora, teria tudo o que quisesse ter e um pouco mais.

- Não. - A voz dele me surpreendeu, baixa, mas mais forte do que eu imaginava. - Tenho o que defender aqui, e assim como você fez no inferno, vou lutar para construir meu reinado aqui. Não vou ser um ninguém, e vou defender tudo o que for importante para mim. Vou criar um lugar ao qual eu pertença.

Aquilo teve mais impacto do que eu imaginava, em todos nós. Até mesmo Lúcifer pareceu surpreso. Lentamente, ele abaixou a mão, sem tirar os olhos de Andy, talvez com um pouco de... Admiração?

Lúcifer suspirou.

- Bem, se é assim que você quer. - Ele voltou com seu tom divertido. - Devo supor que os outros estão do mesmo lado, certo? - Trêmula, eu assenti, assim como Chris. - Pois bem. Este é só o começo. Boa sorte. - Ele terminou num tom sombrio, se desfazendo em sombras.

Repentinamente, simplesmente num piscar de olhos, todo o calor voltou de uma vez só em uma onda forte, e toda a iluminação voltou para a cabana. Como se acordasse de um transe, finalmente consegui correr para a saída, junto com Andy e Chris, com Keena nos braços. Antes de cruzar a saída, meus olhos se encontraram com os de Biersack, numa sensação estranha, como se eu o visse pela primeira vez. Seus olhos estavam ainda mais azuis e brilhantes, cristalinos, como se carregassem a sinceridade, e aquilo simplesmente me derreteu.

Pulamos para fora da cabana, escorregando um pouco na neve, e como se já tivessem planejado, Andy rapidamente tirou um cobertor reserva que trouxemos de dentro de sua mochila e o estendeu na neve. Chris colocou o corpo desacordado de Keena sobre ele, e ela murmurava coisas sem sentido.

- Ela está com febre. - Chris constatou, colocando a mão na testa dela. Ele colocou uma mão em cada lado do rosto de Keena, e se aproximou dela. - Keena, você precisa acordar. Precisa nos dizer o nome da bruxa, é a única forma de fazer a dor parar. - Ele dizia, como se implorasse.

- E se ela não souber o nome da bruxa?! - Arregalei os olhos, com medo da resposta.

- Então teremos de arrancar as cobras por meio de cortes, o que não seria nada bonito. - Engoli em seco. -Keena! Keena, por favor, tente falar o nome da bruxa. Keena!

- Hm... - Ela murmurou, os olhos cerrados, a pele rosada pela febre. - Ve... - Ela balbuciou. Ela estava tentando falar. Ela estava tentando falar!

- Ve? Qual o resto Keena? Você consegue, nos fale o nome dela! - Chris implorou.

- Vesa... Vesania. - Soou como um sussurro. Um sussurro sofrido, quase um último suspiro antes dela desmaiar novamente.

- Vesania. - Chris murmurou. Ele colocou uma mão exatamente no centro do peito de Keena, e se aproximou do ouvido dela. - Dimittere, Vesania. - Sua voz não soou humana, de alguma forma, e sua mão pressionou o peito de Keena num golpe firme e rápido. Na mesma hora, as cobras, sujas de sangue, saíram pelo corte no pescoço de Keena. Foram cinco, no total, e eu achei que iria vomitar. Quando a quinta saiu, Keena simplesmente se levantou rapidamente, respirando profundamente, os olhos arregalados como se tivesse corrido uma maratona inteira. Senti meus olhos marejarem. Ela estava viva.

Chris então fez algo que eu não esperava. Com um olhar culpado, ele envolveu os braços ao redor de Keena, a abraçando com força, e os olhos dela se arregalaram ainda mais. Ele a segurou, apertado, por alguns segundos, até que ela finamente conseguiu sair do choque e corresponder ao abraço.

- Desculpe por ter deixado você ir sozinha. Eu deveria ter te acompanhado. Me desculpe. - Ela descansou a cabeça no ombro dele, o apertando mais.

- Não foi culpa sua. Foi idiota da minha parte fugir para ir atrás deles.

Eles se separaram, e Chris lhe deu um pequeno sorriso. Imediatamente, eu pulei em cima dela, sem me preocupar com o quão dolorida ela podia estar, e a abracei como se minha vida dependesse disso.

- Desculpe por demorar mais que o necessário com Andy, mas foi difícil chegar a montanha. - Murmurei, a segurando apertado, e ela logo correspondeu. Coloquei a cabeça em seu ombro, entre seu cabelo.

- Não foi culpa sua, Drizz. Não se culpe, eu quem foi idiota. - A apertei mais.

- Se você tivesse morrido... - Meu coração falhou uma batida. - Meu Deus, eu teria te matado! - Ela riu um pouco. - Não conseguiria viver sem você, Keena. - Ela me apertou mais.

- Eu também não.

Nós nos separamos, ambas com lágrimas nos olhos. Eu a ajudei a se levantar, a ajudando a se manter de pé, pois ela estava muito fraca, e logo os olhos dela cruzaram com os de Andy. Os dois pareciam hesitantes sobre o que dizer, mas, novamente me surpreendendo, Andy tomou a iniciativa.

- Olha, eu sei que eu tenho sido infantil, e que você sabe bem o motivo, mas eu realmente fiquei bem preocupado quando você sumiu, e realmente quero ficar em paz. Podemos ser amigos? - Ele abriu os braços, como se esperasse uma resposta. Depois de alguns segundos, ela sorriu, suspirando, derrotada.

- Podemos, Andy. Desculpe por pensar que você era como todos os outros. - Eles se abraçaram, e eu não pude deixar de sorrir com a fofura daquela cena.

- É bom saber que vocês finalmente vão parar de brigar. -Chris riu. - Mas temos assuntos sérios. Aquele, como vocês sem dúvidas notaram, era Lúcifer, e como ele disse, isso é uma guerra. Vesania foi morta, mas é apenas um dos muitos soldados dele, e pode ter certeza de que a linha de frente dele é bem mais forte. Por isso, vou mandar vocês para treinamento. O lugar se chama Bellona. É propriedade de L. Depois lhes falo mais sobre isso.

Passei as mãos pelo rosto, tentando me acalmar. Era muita coisa para um dia só. Mas eu precisava me manter, precisava aguentar tudo. Isso era só o começo, eu sabia. Mas eu não desistiria. Assim como Andy disse, construirei meu reinado aqui, e faria um lugar ao qual pertenço.

 

 

“Os portões do Céu foram trancados, os poços do Inferno estavam todos lotados, e temo que eu não pertença aqui. Eles podem me chamar de pecador, uma chama ambulante do fogo que queima. Desapareça, você não pertence aqui. A igreja do medo, a igreja da falha, a igreja de tolos. Então me chame de um nada, me chame de alguma coisa, me trate com crueldade.

Nós não pertencemos aqui, nós não pertencemos. Nós não pertencemos. Esse é o hino de submundo, então erga-se de volta quando eles te puxarem para baixo. Nós estamos cantando, nós não pertencemos aqui, nós não pertencemos.

Você consegue ouvir a marcha dos rejeitados? Junte-se ao desfile de defeitos. Posso ouvir um ‘não pertencemos aqui’? Então se levante das trevas, olhos dos repudiados, corações dos ousados. Me mostre o seu pior. Me mostre que você é amaldiçoado. Me diga a verdade.

Nós não pertencemos aqui, nós não pertencemos.”

Black Veil Brides


Notas Finais


Dá pro gasto?
Obrigada por ler, e desculpe por qualquer erro <3


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