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História Encröachment - A Trip Through A Disturbed Subconscious pt. II


Escrita por: TheUnspoken

Notas do Autor


Oláá de novo, pessoas lindas que estão lendo isso <3 demorei um pouco para escrever esse capítulo, sim, mas o próximo provavelmente virá mais rápido. É que simplesmente não me parecia certo continuar a história aqui, então resolvi deixar assim mesmo. Mas de qualquer forma, espero que gostem, e boa leitura ;)

Capítulo 6 - A Trip Through A Disturbed Subconscious pt. II


Só dei por mim mesma quando estava esparramada no conhecido chão quadriculado. Me levantei com dificuldade, revendo todos os detalhes da sala. Era realmente bonita. Mas algo estava diferente. Haviam portas por todos os lados. Provavelmente, partes de mim mesma.

Daria muito trabalho olhar uma por uma, já que rodeavam toda a sala. Então apenas fui naquela que me chamou mais atenção, apesar de serem todas iguais. Era todas de madeira escura, com maçanetas arredondadas de bronze.

Assim que tentei abrir a porta, ao contrário do que eu esperava, ela não estava trancada. No momento que girei a maçaneta, um estranho medo me invadiu e eu travei ali. O que me esperaria do outro lado? Tinha quase certeza de que não seria uma coisa boa. Mas ainda assim, a curiosidade falou mais alto, então apenas abri a porta.

Lá dentro, o que encontrei era bem mais pacífico do que eu esperava. Meu pai e minha mãe estavam sentados no sofá da minha antiga casa, assistindo um filme. Eu fiquei ali, olhando essa cena, sem estender o que acontecia, até que mamãe reparou em mim.

- Drizz, querida, venha aqui - minha mãe chamou, me olhando docemente, como quando eu era pequena. Achei estranho, mas apenas fui até ela, que me olhava, esperando. Papai permanecia imóvel, sem dizer uma única palavra, apenas olhando para TV – Filha, eu vou sair hoje à noite com aquele colega de serviço, apenas para trair seu pai de novo, e ele ser um fraco e não fazer nada. Mas não conta para ele, ok? - Meu coração parou. Como assim?

- Filha, depois que a mamãe sair – papai pronunciou – a gente fica assistindo filmes e finge que tá tudo e bem e não sabe de nada, ok? – Ele sorria numa falsa alegria, e aquilo doía em mim. Doeu mais ainda quando uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha, e ele nem reagiu.

         Repentinamente, tudo parou. O senário congelou, e apenas eu me movia. O ar estava pesado e ficara difícil respirar.

- Não acredito que você deixou que chegasse a esse ponto – uma voz familiar soou atrás de mim, e eu realmente não podia acreditar. Me virei e dei de cara com ele. Cabelos pretos com mechas amarelas, bagunçado. Olhos azuis, da mesma cor dos meus. Aproximadamente 17 anos. A idade que tinha quando morreu.

         Meu irmão, que deveria estar morto e enterrado, estava parado na minha frente e eu não sabia o que fazer. Vê-lo me deixava imensamente feliz. Ele foi o melhor amigo que nunca tive na escola, mesmo que fosse 10 anos mais velho que eu. Ele morreu quando tinha 7 anos, suicídio. Ele também era uma vítima da sociedade, e por mais triste que estivesse, e por mais fundo que estivesse no abismo que chamamos de depressão, ele nunca mostrava o quanto estava triste para mim. Sempre sorria, e sempre era o meu herói. Mas chega um ponto em que todos cansamos de fingir, e, numa overdose proposital, com os próprios milhares de antidepressivos indicados pelo psiquiatra, ele tirou a própria vida.

         Tudo o que eu queria era correr e abraça-lo; e perguntar se ele realmente me amou como ele dizia. Esse era meu maior labirinto. Ele só fingia me amar por uma questão de obrigação, ou eu realmente fui uma irmã para ele? Essa dúvida me consome a 10 anos, e foi uma das coisas que me levou a depressão. Mas, com meus 15 anos, decidi não lembrar mais dele. O deixaria vivo para sempre em meu coração, mas simplesmente não relembraria mais nada. Foi praticamente impossível, com os pesadelos e tudo, mas eu acabei conseguindo. Mas agora, tenho certeza que tudo foi por água a baixo.

- Achei que depois que eu fosse embora, você cuidaria do papai e da mamãe, mas olha no que você transformou a nossa família! – Gritou. Lágrimas desciam por meu rosto, e eu murmurava pedidos de desculpa, dizendo que não foi por querer, mas não adiantava. Ele continuava jogando verdades na minha cara, e aquilo doía. A única coisa que consegui fazer foi correr e abraça-lo.

- Me desculpa, Logan, não foi por querer. Eu amo eles, e amo você – Eu chorava em seu peito, mas ele não correspondia. Ele nem se movia, e as ofensas pararam, deixando tudo silencioso, apenas me choro e murmúrios audíveis.

         Senti que seu corpo estava frio, e ele não respirava, e meu coração começou a esfriar da mesma forma. Minhas batidas aceleraram e parecia ter levado um tapa na cara. Soltei Logan e dei alguns passos para trás, reparando que o cenário havia mudado, e estávamos no quarto dele. Logan não estava vivo. Parecia apenas um boneco de carne sendo mantido em pé e controlado por cordas invisíveis. Cordas. Olhei para cima.

         Não sei se posso chamar o que vi de ser. Não parecia nem morto nem vivo. Não sei dizer o que era aquilo. Havia um buraco no teto, que parecia ter sido causado por uma podridão concentrada ali. Dois olhos laranjas e demoníacos me encaravam dentro da escuridão, sem piscar. Não podia ver como era seu corpo, e muito menos se ele tinha um. Apenas dedos negros, podres e compridos invadiam o quarto, e eles pareciam controlar meu irmão. A coisa moveu um deles, e a cabeça de meu irmão se ergueu. Os olhos revirados e a boca espumando, da mesma forma que estava quando morreu. A pele pálida, e a ausência de vida clara. Eu quis, e tentei gritar, mas nada saiu.

         Minha respiração não saia, e meus pulmões ardiam, querendo ao mesmo tempo, gritar como nunca e recuperar o fôlego. Apenas dei dois passos trêmulos para trás, e no segundo, pisei em um monte de comprimidos e cai. Mas, ao invés de me chocar contra o chão. Caí num buraco escuro. Ainda não conseguia raciocinar, e a dor de ver meu irmão daquela forma novamente me consumia. Eu quis morrer por não ter evitado. Então apenas me deixei cair.

         Repentinamente, eu estava em uma cama macia. Estava nua, enrolada em lençóis, e não sabia dizer o que acontecia. Olhei ao meu redor. Estava em um quarto, no alto de um prédio, aproximadamente o vigésimo andar, ou algo assim. A luz da Lua invadia o quarto organizado com uma decoração moderna. Olhei para o meu lado direito, e reparei que duas joias azuis me encaravam. O dono delas estava nu e coberto por lençóis, como eu. Os cabelos pretos caiam bagunçados pelo rosto perfeito, e a pele de porcelana refletia o luar de forma tão maravilhosa que nem parecia ser algo real. Se é que tudo isso era real. Andy me olhava com um sorriso pequeno, apenas pensando, e só então reparei que estava da mesma forma.

         O que eu estava fazendo ali? Onde estava meu irmão?

- Andy, o que... – Fui cortada

- Shhh – Andy colocou o dedo sobre os lábios, pedindo silêncio. - Não estraga o momento.

         Meu cérebro deu um nó. Só então me lembrei que estava nua. Estava coberta pelos lençóis, sim, mas estava nua. Me encolhi, com uma vergonha repentina. Não sabia como agir, e muito menos o porquê de estarmos assim.

- Andy, o que aconteceu? – Após um minuto de silêncio, não aguentei mais a situação.

- Nós tivemos uma noite mágica, apenas isso – disse, ainda com o sorriso bobo, e eu corei, imaginando altas situações – Mas ainda não acabou – seu sorriso passou de apaixonado para malicioso de uma forma épica, e ele ficou por cima de mim, prendendo minhas mãos em cima de minha cabeça antes que eu pudesse revidar – pronta para o segundo round? – Insinuou, com uma clara falta de pudor, mordendo meu pescoço de uma forma que me arrepiou por completo. Como um gesto tão simples surtia tanto efeito quando vinha dele?

         Andy continuou com as carícias, e eu estava, definitivamente em pânico. Não queria fazer isso. Nem sabia o que estava acontecendo e nem onde eu estava, mas por mais que eu tentasse livrar meus pulsos de suas mãos, seu toque me deixava sem fôlego. Andy agora descia lentamente, fazendo questão de me lamber no caminho do pescoço até meu seio esquerdo, me chupando. A sensação era maravilhosa, e eu respira como se o ar do quarto estivesse acabando, mas aquilo não podia acontecer.

- Andy... n-não... por favor – Tentei respirar, mas ele não facilitava as coisas

- O que foi? – Mordeu meu seio, me fazendo segurar um grito – Quer que eu pare? – Perguntou, sorrindo malicioso. Querer, eu não queria, mas aquilo estava errado.

-S-sim – não sei de onde tirei a força de vontade para recusar carícias tão maravilhosas, mas apenas disse.

- Mas eu não vou parar – seu sorriso se tornou um tanto sádico, e eu tremi, pelo tom de sua voz e por medo. Ele me forçaria a fazer aquilo?

         Biersack soltou meus pulsos e colocou a mão em meu pescoço com força, me empurrando contra a cama e impedindo que eu respirasse. O pânico começou a tomar conta de mim, e a falta de ar só contribuía para que ele aumentasse. Eu me sacudia, tentado gritar me livrar de Andy, mas isso parecia diverti-lo.

- Você pode gritar a noite inteira, mas ainda temos muito o que fazer – Ele avançou contra mim e eu sabia o que viria a seguir.

 

 

 

 

 

         Com um grito desesperado, eu me sentei na cama, respirando como se tivesse corrido por quarteirões inteiros sem folga. Olhei ao meu redor. Sem luz do dia, sem Andy, sem Logan, sem monstros, no meu quarto. Havia saído, aonde quer que seja o lugar o qual tivesse entrado.

         Me levantei, tremendo, e caminhei até o banheiro do meu quarto. Me apoiei na pia e olhei meu reflexo no espelho. Os fios loiros bagunçados e a pele mais pálida do que o normal.

         O que foi aquilo? Não sabia o que tentar entender primeiro. Logan morto, me culpando por não ter sido uma boa filha, ou Andy tentando me estuprar. Por incrível que pareça, os dois me assustavam da mesma forma. Agora que revi Logan, mesmo que em sonho ou em mim mesma, sabia que não esqueceria dele tão facilmente. E como eu olharia nos olhos do Andy hoje? Não queria ir para escola. Mas, teria. Suspirei. Era melhor começar a me arrumar, e, principalmente, a preparar meu psicológico.

 

(...)

 

         Estava parada em frente ao portão da escola, com um cigarro pela metade entre os dedos. Maquiagem pesada como nunca, moletom branco do Coringa, com a frase Why so serious? estampada, calça preta imitando couro e coturnos. Com spikes. Perfeito para chutar as bolas de alguém que tentasse me estuprar. Não que eu estivesse esperando por algo assim.

         Fiquei encarando a entrada por um tempo, variando entre a escola e as nuvens cinza-escuro. O céu cairia sobre nós hoje. Suspirei e joguei o cigarro no chão asfaltado, nem me dando ao trabalho de apaga-lo, entrando no inferno.

- Que feio, jogando o cigarro na rua – uma voz, ou melhor, a voz grave, rouca e um tanto irônica soou atrás de mim, me arrepiando e me fazendo lembrar do que aconteceu. Ou não aconteceu. Isso está me confundindo. Andy jogou o cigarro que segurava praticamente no mesmo lugar que eu e se juntou a mim na caminhada. Eu queria sair correndo, mas não tinha certeza se ele correria atrás de mim.

- Olha quem fala. Já deve ter destruído a camada de ozônio mais do que eu em duas vidas. – respondi irônica, tentando não parecer preocupada. Andy apenas deu um sorrisinho de canto.

- Você tem estado muito atrevida ultimamente, Young. Acha que eu esqueci de ontem? – gelei

- Como assim? – desconversei

- O que aconteceu lá, Drizzle? – Ele se tornou sério. Isso não é bom – Olha para mim – parou em minha frente, me segurando pelos ombros e fixando os olhar em mim – Você é péssima mentirosa. Está escondendo algo de mim.

- E quem você pensa que é? – Me livrei dele, caminhando em direção a escola – Mal te conheço. Você também não se dá muito bem com desconhecidos, lembra? – Provoquei, me referindo a ontem anoite, quando ele me cortou ao mencionar a garota da foto.

- Young – seu tom estava contido – É diferente – tentou me convencer -. Eu só não quero me lembrar de coisas que deveria ter esquecido há muito, muito tempo, mas que não me deixam em paz. E conta-las para alguém não ajuda a esquecer – Estaquei ali. Eu entendi perfeitamente o que ele queria dizer. Também queria, e ao mesmo tempo não, esquecer de Logan. Queria esquecer daquela cena, no dia em que bati na porta de seu quarto depois da escola, mas não obtive resposta. Em que fiquei sentada, com as costas apoiadas na parede fria do lado de fora do quarto de meu irmão, esperando ao menos ouvir sinal de vida. Queria esquecer de meu pai arrombando a porta, preocupado, de mamãe abraçando o corpo frio e pálido do meu melhor amigo. Mas não queria esquecer de como eram boas as manhãs em que brigávamos pela última panqueca no café da manhã, as tardes em que subíamos nas árvores de um parque próximo a nossa casa, as noites em que ele me contava histórias de ninar. Ou dos dias chuvosos em que ficávamos tomando chocolate quente e assistíamos filmes de terror bobinhos, mas que faziam uma garotinha de cinco ou seis anos (que queria dizer que era forte e não tinha medo de fantasmas) se esconder em baixo dos cobertores com um irmão adolescente rindo da sua cara. Era uma linda dor quando me lembrava desses momentos, não queria esquece-los.

- Realmente, há certas coisas que todos queremos esquecer, mas não vamos conseguir. Então compartilhá-la é a solução. Duas pessoas carregam uma pedra melhor do que uma. Pense assim da próxima vez, se houver uma. – Disse, apenas, e voltei a caminhar para escola, e dessa vez, ele não respondeu, mas pude sentir seu olhar atônito me acompanhar.

         Fui para meu armário, e nos corredores da prisão/escola, me encontrei com Juliet. Fomos conversando até a sala, sobre besteiras que vinham a mente. Era incrível como nós nos dávamos bem. Não esperava encontrar uma garota que conquistasse minha confiança em tão pouco tempo.

- Eu vou fazer o teste para líder de torcida hoje, Drizzle, estou muito nervosa. – Juliet parecia querer dar pulinhos de ansiedade, mas se continha – E se eu não passar? E se eu cair no meio do teste?

- Calma, mulher – olhei preocupada para ela, que estava sentada na mesa a minha frente – Mas... as vagas para líder de torcida não estavam preenchidas?

- Uma garota resolveu sair. Não sei porque, mas saiu. E várias garotas estão disputando a vaga agora.

- Entendo. Mas não se preocupe, eu sei que você vai conseguir. E se algo der errado, nós duas quebramos a cara daquelas magrelas metidas – Olhei encorajadora para ela. No momento, quem precisava ser encorajada era eu, porque um certo magrelo mal-educado se aproximava de mim.

         Andy se sentou ao meu lado sem dizer uma palavra e ficou calado. Eu até iria voltar a conversar com Juliet, mas o professor chegou, e fui forçada a me calar.

         A aula seguia chata e entediante, como é de se esperar, e a chuva esperada começou a cair lá fora. Começou fraca, apenas um leve chuvisco, e ficava cada vez mais forte. Eu assistia o vento empurrando as árvores do lado de fora, de forma bruta e impiedosa. O frio estava aumentando, e o meu moletom do Coringa não estava mais sendo suficiente. Olhei para Andy. Ele escrevia alguma coisa na última folha de seu caderno. Só então reparei que ele também usava um moletom. Só que preto. E do Batman. Isso só aumentou minha rivalidade, mas no momento, sentia que as coisas estavam num clima estranho entre nós dois, então apenas me virei para janela.

         As árvores pareciam prestes a serem arrancadas, com raiz e tudo. O vento não cessava, e as gotas de água batiam com força contra a janela. Trovões começaram a se pronunciar do lado de fora, imponentes. Eu não voltaria para casa tão cedo.

         Senti meu celular vibrar no bolso do moletom, e discretamente, o levei até em cima da mesa, usando Juliet como um “escudo” para não ser pega pelo professor, que escrevia algo fora do meu interesse no quadro. Quando olhei para a mensagem, meu coração parou.

         Chris.

         Ele nem se deu ao trabalho de colocar o nome na mensagem, não precisava. Ele dizia que alguns imprevistos aconteceram, e teria de me buscar na escola mais tarde. Deixou claro que eu não deveria sair enquanto não chegasse, e com nenhuma outra pessoa. Sem problemas para mim. Não iria muito longe com esse temporal, de qualquer forma.

Senti uma leve cotovelada e me virei para Andy, que empurrou o caderno com os rabiscos para mim, sem desviar o olhar do mesmo.

- Hoje vou ensaiar com a minha banda e uma outra na quadra depois da aula. Vai querer ver, novata?

P.S.: Quem era?

Pensei um pouco. O que eu tinha a perder? No máximo minha inocência para um magrelo aproveitador. Malditos pensamentos eróticos.

- E por que eu ficaria?

Não é da sua conta.

Preciso parecer pelo menos um pouco difícil. Empurrei o caderno de volta.

- Porque tenho certeza de que vai adorar me ver em ação. E fala logo quem era, idiota

Nem preciso comentar que a falta de pudor estava bem clara ali. Meu subconsciente estava certo em desconfiar dele. Safado. E ele está achando que manda em mim. Coitado.

- Vou ficar, mas só por causa da chuva. Se não estivesse chovendo nem lembraria da sua existência, ok? E eu não vou falar.

         Andy sorriu de lado e guardou o caderno. Irresistível.

- Conversaremos sobre isso depois.

         Nem preciso dizer que tremi na base com essa, mas apenas devolvi o caderno, sem resposta. O restante das aulas prosseguiu normal. Durante o intervalo, estava tão cansada pela noite mal dormida que disse a Juliet que ficaria na sala, pois estava sem fome. Ela então foi se sentar com os meninos, e eu apenas coloquei meus fones, ouvindo uma playlist mais triste, que combinava perfeitamente com a tempestade. Deitei a cabeça sobre meus braços dobrados na mesa e fiquei olhando para chuva que castigava as árvores e a janela.

         Senti uma mão fazer cafuné em mim, mexendo no meu cabelo. Levantei a cabeça rapidamente e tirei os fones, um tanto assustada, mas era apenas Ashley.

- Você quer me matar do coração, Purdy? – Coloquei a mão sobre o peito, enfatizando.

- Não exagera, rainha do drama – sorriu – Só vim saber o que aconteceu.

- Não aconteceu nada. – Voltei a me deitar da mesma forma, e ele voltou a fazer cafuné. Até queria pedir para ele parar, mas estava gostoso de mais, e minha carência não permitiu.

- Conta outra. Pode confiar em mim, Drizzle. O Six aprontou alguma coisa?

- Six? – franzi o cenho, sem me mover.

- É o nome de palco do Andy. Andy Six.

- Ah, claro. – Dei de ombros – Mas, não, ele não fez nada. Não exatamente. Quer dizer, fez e não fez – por que estava contando isso?

- Como assim? – senti a confusão na voz de Ashley. Deveras.

- É que... – hesitei, sem saber se deveria confiar ou não no cara do cafuné gostoso – promete não contar para ninguém? Principalmente para o Andy?

- Prometo – estendeu o dedinho, e selamos a promessa. Muito adulto.

- Eu tive um sonho com ele – disse rápido, escondendo o rosto corado nos braços. Ashley parecia em dúvida entre engasgar até a morte e/ou rir da minha cara, e isso o fez parar com o cafuné, infelizmente.

- Que tipo de sonho? – Não respondi – Ok, já entendi. Não precisa contar detalhes. Não agora – podia sentir o sorriso malicioso – Mas falando sério, qual o problema? – o olhei, encabulada.

- Qual o problema? Ashley, você tem probleminhas mentais. – voltei a deitar, e o cafuné voltou junto.

- Você tem probleminhas mentais também – me virei para ele, encabulada, sem levantar a cabeça -. Qual é Drizzle, você tem 17 anos – dezesseis, quis corrigir -, não há nada de errado em gostar de alguém e querer essa pessoa.

- Eu não gosto do Andy – respondi automaticamente

- Eu nem citei o Andy em momento algum. Você quem associou – me olhou um tanto malicioso, e eu desviei o olhar, corando -. Não se preocupe, seu segredo está a salvo – sorriu -. Apenas tome cuidado com ele, como já falei, e não tenha vergonha do que sente. – Lindamente gay. Assim eu apaixono

- Ashley? – chamei, após alguns segundos num silêncio confortável, ao menos para mim. Ele apenas murmurou um incentivo para eu prosseguir – Obrigada por ser meu melhor amigo gay não gay – ele riu

- Realmente, isso tá muito gay – se encostou na cadeira -, mas se quiser companhia para uma noite, estarei aqui – sorriso malicioso – para sua amiga também. Até para as duas.

- Ashley! – Me virei para janela, envergonhada, e ele apenas riu mais alto – não vou nem responder. Agora vou dormir um pouco – deixei meus cabelos cobrirem meu rosto em uma cortina loira, e apenas fechei os olhos, as poucas palavras de Ash haviam me ajudado. O barulho da chuva impiedosa sumindo aos poucos. Então, apaguei.

 

(...)

 

- Drizzle, acorda – uma voz grave e um tanto irritada me chamava, acompanhada de cutucões nada delicados, e eu apenas resmungava, sem saber do que acontecia – Acorda logo, caramba!

- Hm... que foi porra? – Me irritei e levantei a cabeça, olhando para o dono da voz

- Não dormiu o suficiente? – Andy perguntou, debochado. Olhei em volta. Os alunos guardavam os materiais, e Biersack fazia o mesmo. Só eu estava parada com cara de tacho.

- Dormi durante todas as aulas? – Assentiu – e nenhum professor me pegou? – Fez que não - como? – Deu de ombros – fala alguma coisa, caralho – perdi a pouca paciência

- Só tenho a dizer que a chuva não parou – realmente, o céu ainda desabava, e mais forte do que antes -, e você vai ver os ensaios.

- Hm – apenas guardei meus materiais, e só então Juliet pareceu reparar que eu havia acordado.

- Drizzle, eu estou indo fazer o teste – disse com um sorrisinho nervoso, e eu sorri de volta – te vejo amanhã – me deu um abraço.

- Até amanhã – correspondi – e acabe com aquelas impostoras. Quebre a cara de todas elas, ok? – Ela sorriu, assentindo como uma criança feliz, e foi embora, animada, provavelmente para se preparar. Pelo que ela havia me dito, o teste seria num ginásio fechado, por conta do ensaio da banda e para fazer um certo mistério, já que só saberíamos do resultado amanhã. Depois que Juliet saiu, Andy se voltou para mim.

- Você sabe tocar alguma coisa, ou... cantar... ? – Perguntou, e eu senti que ele estava omitindo algo.

- Sei tocar bateria, e fiz aulas de canto na cidade antiga, então, sim. Por que? – Já estava desconfiada, principalmente ao ver um sorriso se formando naqueles lábios lindos e doces.

- Nada muito importante.

- Está bem... E qual é o nome da banda? – Tentei puxar assunto

- A minha banda é a Black Veil Brides – disse convencido – Ainda vai ouvir falar muito de nós. E a outra, de uns amigos nossos – prosseguiu – se chama The Pretty Reckless.

 

 

 

 

“A coisa que eu amo

Certamente me trará dor

Intoxicação

Paranoia

E um monte de fama

Três vivas para vomitar!

Drama de rainhas da puberdade

Você me deixa doente, eu torno pior por beber tarde”

Pierce The Veil


Notas Finais


Então? O que acharam? Adoro ler a opinião de vocês, ok?
Beijos do Batman magrelo, e até o próximo <3


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