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História Encruzilhada - Capitulo II


Escrita por: Mira-a

Capítulo 2 - Capitulo II


Encruzilhada

Capítulo II

 

                Egas. Macêdonia 

400 a. d.

 

                Os meses haviam se passado de forma rápida. Os servos moviam-se apressados pelos corredores de pedras, indo e vindo sem parar com seus afazeres. Na cozinha do grande palácio as mulheres preparavam das mais simples as mais estupendas iguarias; bolos de mel e gergelim, carnes, peixes e queijo frescos, afinal, era o dia do grande casamento.

                Há tempos aquele palácio não sediava um evento tão, romântico.

                Festas eram comuns: bebidas, mulheres e homens que berravam sobre a vitória no campo de batalha. Animais assados inteiros sendo levados em travessas de prata por servas seminuas; música alta; traição, discursão e fornicação. Assim os bárbaros comemoravam e se matavam naquele salão. Era com isso que aquele povo estava acostumado, disso que gostavam.

                Aquele dia tão diferente estava a deixar todos enervados. Vasos da mais fina porcelana enfeitavam o salão em uma mistura de beleza totalmente nova. Mesas eram organizadas de forma que acomodassem todos os convidados que partilhariam do jantar após a celebração do casamento.  

                Os barris de vinho que a dias não cessam de chegar nos portos eram finalmente estocados no porão. As taças que o próprio rei havia encomendado, feitas em ouro e pedras preciosas, já se encontravam dispostas sobre as mesas de madeira antiga. Os castiçais de prata já possuíam suas velas acesas. Frutas frescas dispostas nas bandejas espelhadas. O serviço parecia nunca acabar.

                Fora do castelo, a festa já acontecia; a balburdia dos menos privilegiados. Canecas de cerveja preta chocavam-se unas nas outras em cumprimentos felicito-os. Bardos tocavam pelas ruas canções sobre os deuses e seus amantes mundanos. Sobre os guerreiros bárbaros e seus feitos miraculosos.

                O que mais chamava atenção, entre tudo que acontecia, era ver os persas em meio aquilo. Alguns, menos preocupados, bebiam como se estivessem em suas casas, riam e diziam obscenidades as mulheres que cruzavam seus caminhos. Outros, os que a tolice da juventude já havia abandonado, permaneciam atentos. Estavam em território inimigo, nem mesmo o casamento de Sasuke e Sakura poderia mudar essa realidade.

                O nome de Sakura era citado a cada novo segundo entre os bêbados. Uns apostavam sobre qual seria a reação da mulher ao casamente, quantos dias ela levaria até matar o marido, era o que eles queriam saber. Na tabela, posta na parede de uma taverna, as maiores apostas estavam sobre aquele dia. Sasuke, o senhor das guerras, morreria em sua noite de núpcias. Até mesmo alguns persas estavam a apostas suas moedas nisso.

                Naruto era um dos apostadores, mas diferente de quando estava perto de seu príncipe e sempre brincava em como o amigo seria domado, ele era um dos poucos a apostar que Sakura, a temível princesa, tornar-se-ia um cordeiro nas mãos do marido.

 

               

[...]

 

 

               

— Dizem, minha senhora, que serão mais de cem dias de festa — a ama que lhe penteava os cabelos lhe segredava, como a confidente fiel que era — o vinho será servido em jarros de ouro, encrustados de pedras preciosas.

Apesar de prestar atenção no que Elis dizia, não respondeu. A moça que tanto lhe penteava os cabelos e alisava a pele, era a única em todo aquele reino que não a temia de alguma forma. Haviam se conhecido a pouco menos de um ano, a memória da garota corpulenta e de cabelos castanhos com olhos incrivelmente curiosos era fresca na memória da princesa.

                Nunca antes precisara dos cuidados de outra pessoa. Nunca havia sido tratada com tanto zelo e cordialidade, afinal, não fora criada para sentar-se sobre um trono e adornar sua cabeça com uma coroa, esses nunca haviam sido os planos de seu pai.

                Ela não era delicada, não tinha os dotes que uma mulher deve ter. Nunca ensinaram isso a ela.

                A chamavam de demônio, de miséria, de maldição. Havia roubado a vida de sua mãe ao nascer, e isso a marcou para sempre. Onde quer que fosse ela seria a assassina, a criança que os deuses decidiram amaldiçoar. 

                Elis era a única que não a via assim. Não havia a olhado de forma apavorada, seus olhos, não estavam cheios de medo. Era bom ser olhada com curiosidade, Sakura descobriu. Com o passar dos meses, ela não conversou muito com a jovem, porém, descobriu que algumas pessoas poderiam falar bastante, mesmo que quase nunca a respondessem.

— Estou tão feliz. Creio que esse casamento lhe fara muito bem. — As falas não impediam que as mãos se movessem sobre os fios róseos. Ela sempre os alisava até cansar, para depois prendê-los de alguma forma que Sakura possuía a certeza de nunca ser capaz de fazer. — Dizem que ele é bonito. Não que a beleza importe, ele é um príncipe, contudo, um príncipe bonito é ainda melhor, não acha?

                Para Sakura realmente não fazia diferença. Ela não desejava se casar, não importava se o marido seria um príncipe ou um fazendeiro, belo ou feio, ela apenas não queria um marido.

— Por favor, não vá assusta-lo como fez com os outros — resmungou, deixando os cabelos já presos de lado, se colocando frente a moça que com tanto zelo cuidava. — Senhora, não é bom que fique aqui. Seu pai, bem, a senhora entende. Veja esse casamento como a chance de uma vida nova, por favor.

— Novas correntes serão melhores que as velhas? — Sakura finalmente falou. Os olhos de um verde cristalino entristecidos. Olhos tão bonitos.

— Senhora, com sua beleza, pode conseguir correntes de ouro se quiser. Sasuke é homem, tudo que precisa é conquistá-lo.

— Não desejo isso, e nem poderia. Você bem sabe Elis, apenas finge que não. Se há beleza em mim, você é a única capaz de ver. — Dito isso, se levantou. Desatou o nó da túnica branca que cobria seu corpo, revelando sua nudez. 

                Sakura não era uma mulher grande, e sempre parecia ainda mais pequena perto das outras pessoas. Alguns poderia a confundir com uma criança, e talvez ela ainda fosse. Não passava de uma jovem mulher. Era dez anos mais nova que o segundo filho do rei, não possuindo mais que dezenove anos, mas seus olhos diziam que ela havia vivido muito além disso.

                Nua, caminhou até sua cama, com os dedos magros e cumpridos, tocou o vestido estendido sobre ela. O seu presente de casamento, dado por uma das irmãs com a qual nunca havia trocado nem duas palavras. Era o vestido que usaria naquele dia, o dia em que deveria se parecer, segundo seu pai, com uma princesa.

                Suas irmãs eram princesas, não ela. Sakura nem mesmo havia sido criado entre as paredes daquele castelo. As paredes do quarto que se tornará seu a tão poucos meses lhe pareciam frias; não conhecia suas histórias. A cama macia e os lençóis de sede lhe arranhavam o corpo todas as noites. O cabelo que deixará crescer lhe incomodava sobre os ombros e pesava mais que um elmo de batalha.

                As mãos agora finas, mas não delicadas, tocaram o vestido com cuidado. Sakura costumava rasgar e quebrar coisas com estranha facilidade, entretanto, sabia que deveria ter total zelo com aquela peça.

— Venha, venha depressa senhora. Preciso terminar de lhe aprontar, seu pai não tolerara atrasos, bem sabe disso.

                Não respondeu a Elis, apenas a obedeceu entregando o vestido nas mãos da mulher que saberia como colocar aquilo em seu corpo.

 

[...]

 

                Para o casamento, além do noivo estavam presentes vários Sátrapas, bem como o príncipe herdeiro Itachi e sua esposa. Fazendo suas guarda, apenas os homens de maior valor, pouco menos de cinquenta. Sasuke chegou a propor ao irmão que trouxessem o exército e matassem todos em um ataque surpresa, o que mostrou ser uma infeliz brincadeira. Itachi era acima de tudo honrado, e jamais faria algo assim; atacar homens, mulheres e crianças que apenas esperam paz, uma paz que eles haviam prometido. 

                Apesar de haverem chegado a três dias, nem mesmo a sombra da princesa fora vista. A desculpa oferecida pelo Rei era a de que a moça estava já iniciara seu ritual de purificação, não podendo assim comparecer as refeições ou mesmo se apresentar perante qualquer homem ou mulher.

                Sasuke não poderia se importar menos, porém, não era bem visto aos olhos de Itachi. Para ele estava claro que Taros escondia algo; talvez a mulher fosse mesmo horrenda, apesar de as outras filhas que conheceram não o serem. Quem sabe ela fosse uma decepadora de cabeça, afinal, por qual motivo um rei oferece sua mais nova filha em casamento tendo outras duas em idade mais avançada?

— Não está mesmo curioso? — Itachi perguntou ao irmão logo que o encontrou em um dos corredores do castelo — eu estou curioso. Isso está estranho, no mínimo acha estranho também não é irmão?

— O que tem de estranho no fato de eu estar me casando com uma mulher que não conheço? Todos os casamentos não são assim?!

                E de fato eram. Casamentos não passavam de contratos escolhidos por outros, nunca pelos principais envolvidos. E era ainda mais severo entre os nobres. Geralmente se concebiam entre o noivo e o pai da noiva, todavia, Sasuke não havia participado da negociação. Ele apenas fora informado.

— Eu já havia visto Alexia antes de nosso casamento. — Itachi pronunciou-se.

— Por favor, se falaram o que, duas vezes? Cruzaram olhares cinco vezes e fizeram uma refeição juntos? Isso não é conhecer. Ela deve ser como dizem, escolheu casar-se em um bosque! Que tipo de mulher escolhe isso?

— É comum para eles, você sabe disso. Não quer dizer grande coisa. Você já está indo para lá?

                Já se encontravam no salão principal, mais alguns passos e romperiam porta a fora.

— Sim.

                Foi tudo que teve como resposta do irmão.

                Sasuke deu passos solitários para fora do castelo, onde encontrou seus homens o esperando. Uma carruagem estava disposta para leva-lo ao local onde a cerimonia seria realizada, contudo, ele preferiu montar seu cavalo. Todos os seguiram em completo silêncio. A capital era sediada no sopé de uma montanha, e o casamento seria realizado em um local mais a baixo, não muito distante.

                Ao chegar no local, ele foi quase capaz de entender a escolha da noiva. O casamento seria realizado à beira de um lago de águas azuis escuras e frias. Arvores frondosas rodeavam o que parecia uma clareira, o chão livre de vegetação e firme sob os pés. Poucos bancos de madeira estavam enfileirados ao lado de um tapete de grama, e no fim dele, uma arvore de folhas vermelhas.

                Aos poucos os nobres que presenciariam a cerimonia foram fazendo-se presente. Seus guardas, bem como os outros, mantiveram-se de pé e atentos. Taros chegou junto a seus filhos e Itachi, logo atrás, em outra carruagem se encontrava Alexia e as irmãs da noiva.

                Diferente do que imaginou, não foi Taros que se posicionou a baixo do carvalho para realizar a cerimonia e sim um Sacerdote do qual não se importou em observar as vestes; não tinha interesse em saber qual deidade aquele homem cultuava, não cria em seus deuses.

                O som de música invadiu seus ouvidos, e só então fora capaz de notar a presença de tantos homens e seus instrumentos. O bardado cantava uma canção triste e com toda certeza aquela era mais uma escolhe de sua tão meticulosa noiva.  

                Percebeu Itachi se aproximar, todavia, não moveu um músculo sequer de seu corpo. Estava naquela posição pelo que lhe parecia horas e tudo o que queria era prosseguir logo com tudo, para que assim, acabassem o mais rápido possível.

— Eu a vi. — Foi o que o irmão mais velho lhe disse.

                Percebeu que Itachi falava baixo o suficiente para que apenas ele ouvisse, o que apenas poderia significar que ninguém além dele poderia saber daquele fato.

— Andou entrando escondido nos aposentos de minha noiva, irmão? — A fala era debochada.

                Antes que Itachi pudesse responder algo, Sasuke deu continuidade à sua fala.

— Devo sair correndo agora? — Aquela era uma pergunta sincera.

                Itachi sorriu ao balançar a cabeça;

— Não, não deve. Acredito que terá uma agradável surpresa.

                Dito isso se afastou, sentando-se no primeiro banco, ao lado da esposa. Essa que sorriu delicada para o cunhado. A fala de Itachi deveria ter servido para lhe acalentar os ânimos, mas não houve diferença alguma em seu estado de espirito. Feia ou bela, aquela ainda seria a filha do inimigo.

                A voz melodiosa do bardo desapareceu, o som dos instrumentos rompeu em uma nova melodia e todos olharam para a carruagem que parava. Um dos príncipes, Hidan, foi até ela. Abriu a porta pequena e estendeu a mão, para a mulher que vinha lá dentro.

                Sasuke franziu as sobrancelhas ao ver a pequena mão ser depositada sobre a do homem, e foi impossível não revelar o mínimo de surpresa na face, ao ver a mulher que saiu.

                Sakura não era como diziam; era pequena, magra e lhe parecia extremamente frágil.  Depois da ajuda oferecida pelo irmão, ela caminhou sozinha pelo tapete de grama, com seus passos pequenos e lentos. Não lhe olhava nos olhos, a princesa, encarava o chão como se temesse tropeçar e cair. Parecia assustada. Apavorada.

                Usava um vestido branco, com uma fita dourada de largura media na cintura. Seu vestido possuía alcinhas finas que sustentavam mangas caídas. Os ombros ficavam a mostra. O vale entre os seios era quase impossível de ser visto devido a pequena fenda deixada pelo pano entre eles, mas o que Sasuke podia ver além do tamanho da mulher era sua pele clara, eram seus cabelos róseos. Ela possuía cabelos róseos adornados por uma fina coroa de ouro. Em seus braços, braceletes delicados entravam em contraste com a pele claro, e em seu pescoço uma rica gargantilha com pedras verdes.

 Quando ela finalmente parou diante de si, levantou a face. Foi encarando sua íris verde que Sasuke percebeu uma coisa: Sakura não havia sido amaldiçoada pelos Deus, e sim abençoada com a mais estupenda beleza.

                Cada traço de seu rosto era perfeito, como se ela houvesse sido esculpida no mármore pelo mais talentoso escultor. Como se os deuses houvessem decidido brincar com os homens: Sakura possuía uma fama horrenda, e uma aparência incapaz de não se amar.

                Sasuke estendeu a mão, que foi aceita sem relutância pela mulher. A pele dela era delicada, não era a mão de quem segurava espadas. O perfume que seu corpo exalava sobre ele, uma mistura de óleos e flores que não conhecia, muito lhe agradou.

                O sacerdote deu início a celebração, falando de coisas que Sasuke não entendia, mas as quais seguiu à risca. Cada gesto e palavra que deveria ser dito. Ele havia sido preparado para isso, assim como Sakura, o príncipe precisou passar por alguns rituais antes da cerimônia, seu corpo lavado e sua mente preparado para o futuro. A túnica que usava havia sido escolhida pelo próprio rei, tudo dentro dos preceitos religiosos que seguiam: como se para bárbaros fosse realmente importante a religião.

                Ao fim, uma moça se aproximou deles, entregando a Sakura uma pequena caixa negra.

— Esse é meu presente de casamento a você — ela disse, olhando seriamente em seus olhos — pare que use em todos os dias de sua vida, como símbolo da nossa união. Hoje, não apenas nossos corpos se tornarão um, mas sim, nosso povo. Não seremos mais inimigos, seremos família. Que meus deuses te abençoem mesmo você não sendo um filho nativo dessa terra, que seus deuses me recebam como filha nativa da sua.

                A caixa foi aberta e uma corrente de prata com uma pedra ônix foi exposta.

 

[...]

 

                No salão do palácio podia se ver os homens e mulheres que cantavam e dançavam apreciando as canções do bardo e a boa comida. Presentes eram trazidos até a mesa com os membros da realeza, desde seda, baús com joias e objetos de valor inestimado.

                A maioria dos presentes tinha como finalidade a noiva, já que se tratavam de objetos de interesse feminino, contudo, Sasuke não havia sido esquecido. Um nobre, de uma das províncias de Taros aproximou-se com uma caixa de menor altura que as outras e mais comprida. Dois servos a carregavam enquanto o homem de cabelos ralos e sem cor caminhava atrás deles.

                Após fazer as devidas reverencias e receber a permissão de se pronunciar, o homem disse:

— Meu rei e bom amigo, contou-me que seu genro é exímio guerreiro. Não tão destemido quanto ele — muitos homens do salão sorriram com sonoridade ao ouvir a fala — eu acredito que você seja melhor meu jovem. — Fingiu segredar, arrancando apenas do rei uma risada estrondosa. — Eu até pedi ao nosso amigo bardo ali que cantasse alguma canção sobre você, mas ele é um tremendo de um frouxo. Isso não importa, sou velho e pessoas velhas costumam falar demais, vamos ao seu presente.

                Os homens que carregavam a caixa abriram-na, relevando uma espada curva como as usadas em seu país. Na lâmina reluziam gravuras bem trapalhadas e o cabo era cravado de pedras ônix como a do colar que Sasuke agora exibia por sobre a túnica clara. 

                Era uma bela espada, claramente decorativa, já que não se usaria uma arma tão extravagante em batalhas, ainda assim, um belo presente.

                Sasuke fez o devido agradecimento e o homem se retirou, dando a oportunidade para os outros tantos nobres que ansiavam por entregar seus inestimáveis presentes.

                Antes do fim da noite, Sasuke foi obrigado a pensar em algo que até aquele momento, estava totalmente esquecido; a fatídica consumação do casamento. Cansado de receber todos aqueles presentes e de dispor tantos agradecimentos, ele abandonou a mesa que compartilha com os membros da família real e foi beber com seus homens.

                Eles fizeram barulho quando o viram se aproximar, bateram os pés no chão e os punhos sobre a madeira. Tocaram em seus ombros e deram sinceras felicitações. Compartilharam da comida e contaram histórias até Naruto verbalizar algo que era do desejo de todo.

— Diga, ela não é muito pequena? — Perguntou a Sasuke, que olhava para a esposa. — Digo, não era para ela ser grande, feia, ou mesmo possuir algumas garras?

                Todos sorriram, concordando com um acenar de cabeça. Desde a celebração do casamento onde todos puderam ver a noiva, não só Naruto como cada um daqueles homens se perguntava como alguém como a princesa Sakura poderia ter tão horrenda fama? O justo seria cantarem canções sobre a beleza dela. Sua fama deveria correr pelos reinos como uma das mulheres mais bela da terra, não como uma arrancadora de cabeças.

— Veja como é bela, como é delicada. Aquela mulher pode enlouquecer cabeças, porém, jamais decepa-las.

                Depois da fala dita, mesmo embriagado pela cerveja, Naruto reconheceu ter passado dos limites. Sasuke que ainda admirava a esposa que se recusava a agracia-lo com um misero olhar, voltou seus olhos negros para Naruto.

— Ela parece ter enlouquecido a sua não é mesmo?! — Naruto era como um irmão, e Sakura apesar de ser sua bela esposa, era uma esposa indesejada, e eram esses os dois motivos de Naruto permanecer vivo depois de proferir tais palavras.

— Perdão! Mas você entendeu o que eu quis dizer, costumo me atrapalhar com as palavras, ainda mais nesse estado. Porém, veja, você a renegou tanto e bastou vê-la para ficar enfeitiçado. A minhas moedas, minhas amadas moedas que apostei em você, todas perdidas. — Lamuriou-se, tentando amenizar o clima estranho que havia se instauro, obtendo pleno sucesso.

— Não estou enfeitiçado. E já vi mulher mais belas que está.

— Sim, por isso mesmo que não para de olha-la não é mesmo?! Não se preocupe, Alexia logo iniciara o cortejo e você poderá finalmente...

— Cortejo? — Perguntou, sem entender do que o homem falava.

— Sim, sim, o cortejo. Você não prestou muita atenção ao que aquelas mulheres diziam, não é? — Naruto estava presente no momento em que fora explicado para Sasuke, logo que chegaram a Egas, parte dos rituais do casamento, e o que mais chamou atenção do loiro fora o tal cortejo: como eles desejava ver Sasuke passar por aquela situação não mínimo ridícula.

— O que exatamente seria o cortejo? — Sasuke perguntou, não tento tempo de ouvir a resposta já que Alexia surgiu ao seu lado com um alegre sorriso na face.

— Vamos, está na hora.

                Alexia não tocou o cunhado, mas esse a seguiu prontamente. Naruto e os outros do salão se levantaram, o som de flautas se fez presentes e mulheres carregando grandes vasos surgiram. Sakura também estava de pé e caminhava para seu lado, atrás dela a irmã mais velha, com o mesmo sorriso alegre de Alexia. Tochas foram entregues a elas e todos os olhares se voltaram para Sasuke que estava parado em meio a tudo aquilo.

— Você deve me segurar pelo pulso agora. — Foi Sakura quem lhe disse, estendendo-lhe o braço esquerdo que foi prontamente segurado de forma firme, — agora você deve me levar para fora, caminhares até a casa que meu pai escolheu para nossas núpcias. E todas essas pessoas no seguiram, assim como as pessoas que estão lá fora.

                Sakura não se ocupou em explicar nada além disso. Eles caminharam para fora do castelo, e assim como ela havia dito, todas aquelas pessoas o seguiriam e os outros, que comemoravam pela cidade foram abrindo o exato caminho pelo qual eles deveriam seguir, em meio a danças e a incessantes assovios de flautas.

                Os vasos carregados elas mulheres representavam a fertilidade, e as duas mulheres que lhes seguiam com tochas acessas nas mãos, representavam o papel que deveria ser de suas mães.

                Sakura prestava atenção em cada rosto que via, todas aquelas pessoas felizes, que dançavam energicamente, rodopiavam e cantavam pelo simples fato de que agora estavam livres dela. Nos dias seguintes Egas não seria mais assombrada por seu nome.

                Sasuke sentia o ódio dominar cada parte de seu corpo. Não achava que seria obrigado a consumar aquele casamento ali, já que partiria para casa no dia seguinte. Em sua mente, a ideia de partir no outro dia ocuparia a noiva com os preparativos para a viagem, contudo, ele havia sido tolo em pensar que Taros o deixaria sair de suas terras antes de ele plantar sua semente naquela menina: casamentos não consumados são fáceis de se desfazer. Sakura não significaria nada verdadeiramente para os persas se a união não fosse consumada, e o rei nunca deixaria a filhar partir sem essa segurança.

                A multidão se dispersou ao chegaram a casa que Sakura havia mencionado. Era uma residência ampla e cheia de servos, com um belo jardim e muitos quartos. Provavelmente a casa de um nobre que recebera uma boa quantia de ouro e terras para se desfazer dela.

                Depois dos portões fechados, Sakura fez um leve movimento para mostrar que deveria solta-la e assim o fez, vendo a mulher seguir junta a mesma serva que entregaram a caixa para ela no casamento. Outra serva, de aparência bem mais agradável o levou até os aposentos principais da casa, onde um banho já havia sido preparado, esperou que ele se despisse e o ajudou no banho, escovando seu corpo e levando-lhe os cabelos.

                Não o ajudou a se vestir, porém, permaneceu no quarto até que se ouviram batidas na porta. Antes que a mulher fosse abri-la, finalmente uma ideia sombria formou-se na mente do príncipe persa, e sem pensar, ele deu vós a seus pensamentos.

— Tire suas roupas — Disse firme, e alto o suficiente para quem estivesse do outro lado da porta ouvir.

— Meu senhor ... — a mulher balbuciou, incrédula. Ela queria dizer que a princesa estava do outro lado da porta, assim como dois guardas que ouviam tudo aquilo. Queria implorar para que ele tivesse misericórdia e não a obrigasse a tal ato, afinal, se a própria princesa não lhe arrancasse a cabeça no dia seguinte, Taros a faria.

— Agora. — Exigiu, sendo então atendido. — Deite-se na cama. — Tremula e escondendo como podia a nudez a mulher fez o que lhe foi ordenado. Ela era bela, apesar de maltratada. Tinha os cabelos castanhos presos e o corpo magro. Os seios eram firmes e pequenos, a cintura acentuada e os quadris atraentes.

                Quando finalmente deitada, Sasuke foi até a porta e a abriu. Sakura entrou acompanhada da serva, que esbugalhou os olhos ao ver a cena. Sakura, entretanto, nem mesmo estremeceu.

— O que faz em meus aposentos? Não me lembro de ter requisitado sua presença. — Sasuke pronunciou, em completo escarnio.

                Seu pai não havia o criado para ser um homem assim, mas a vida no campo de batalha o havia esculpido daquela forma. O ódio pelos inimigos o cegara e por isso, seu julgamento, se tornara falho.

— Perdoe-me, meu senhor. — Foi tudo que ela disse, fazendo uma leve reverência e dando-lhe as costas, sem perder por nenhum segundo a pose de superioridade.

                Sasuke não sabia bem o que esperava como reação, mas certamente era algo mais que aquilo.  Ele não estava acostumado a classe das princesas, as únicas mulheres com quem dividia a intimidade eram as de bordeis e do harém. Elas costumavam ser barulhentas e choronas.

                Princesas pareciam ser diferentes. Esmurrou as portas que foram fechadas pelos guardas com força, enfurecido por algo desconhecido. Virou-se para a mulher sobre a cama e pensou se deveria dispensa-la também, mas por fim, decidiu que não seria necessário; já havia ido até ali, iria até o final e mostraria a Taros que ele não era um peão em suas mãos.

— Tem um marido, ou noivo? — Decidiu perguntar. Não prosseguiria se a resposta fosse positiva.

                A mulher não verbalizou palavra alguma, porém, repetiu movimentos negativos com a cabeça várias vezes.

— Se conheceu a um homem? — Perguntou ao se deitar sobre ela, sustentando o peso do corpo sobre o braço esquerdo e passeando com a mão direita sobre o corpo desnudo da mulher. Percebeu a hesitação da mesma em respondê-lo, mas era experiente o suficiente para reconhecer a receptividade de uma mulher que já conhecera os todos de um homem.  

                Provavelmente a garota havia se entregado ao um namorado ou mesmo noivo, e então, sido abandonada. Era isso que acontecia a jovens fáceis. As mães deveriam ensinar isso a suas filhas.

                Então, àquela mulher que ele desconhecia até mesmo o nome, fez gritar durante toda a noite inebriada no puro prazer. Os guardas do outro lado da porta ele possuía certeza que ouviam, mas seu o que ele realmente desejava era que a esposa, que estava em algum dos quartos daquela casa os ouvisse e sofresse com tais sons.

                Ela deveria ter festejado por dias com a notícia daquele casamento, e mesmo se mostrando tão invulnerável e inabalável em sua presença, Sasuke ansiava que ela fosse uma tola apaixonada, que choraria por toda a noite por não estar nos braços do príncipe que tanto ansiou. Mas naquela noite, tudo o que Sakura fez fora dormir, como a muito não fazia. 

                Durante a madrugada, Sasuke dispensou a mulher que lhe servira tão bem, e ali, já recobrado dos sentidos percebeu como metera alguém inocente em meio a sua própria confusão.

— Garantirei que esteja viva amanhã — disse a ela, que já estava próxima a porta — prepare suas coisas, você partira conosco.

                E a tola jovem se foi abandonando o medo e criando só o que mulheres tolas criavam: esperança.

                Depois que a mulher saiu, Sasuke cobriu seu corpo com uma túnica e foi até o guarda que estava na porta, um deles era de seus homens, o outro, dos homens de Taros.

— Vá, fale com Itachi e o faça garantir que a mulher que acabou de sair para conosco amanhã.

                Sem dizer mais nada ele voltou-se para a cama, entretanto, aquela foi mais uma das noites em que não conseguiu dormir.



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