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História Encruzilhada - Capítulo V


Escrita por: Mira-a

Notas do Autor


*Capítulo dedicado a Maji*

Capítulo 5 - Capítulo V


Encruzilhada

...

Por ~ Miraa

 

Ano 400 a. C.

Estreito de Dardanelos – Mar da Marmora

 

No convés do grande barco a algazarra corria solta; dentro da escura cabine apenas a respiração tranquila de Sasuke é Sakura poderia ser ouvida. Embalados um nos braços do outro, ambos ainda se encontravam inertes e perdidos no mundo dos sonhos.

O estreito de Dardanelos era o mais longo, porém nem isso era suficiente para mais de uma noite de viajem naquela embarcação e Sasuke sabia disso. Se fosse em outra situação ele teria dormido poucas horas e estaria no convés tão antes do sol colorir o céu, mas aquela era uma manhã diferente.

Sua mente vagava perdida no mundo da imaginação, e o destino, cruel e traiçoeiro, preparava para ele mais uma armadilha.

Com um romper leve e estranho, Sakura foi a primeira a abrir os olhos. A primeira coisa que a atingiu foi a letargia que poucas vezes a tomara na vida, a confusão mental de alguém que não sabia onde estava. Ela respirou fundo tentando se situar, buscando em seu corpo sinais do que poderia a ter levado até ali, mas nada foi capaz de encontrar, além claro do aconchego que o corpo ao seu lado trazia, e esse sim, foi capaz de lhe devolver a memória dos acontecimentos passados; acontecimentos, que tingiram seu rosto em vergonha.

Como um animal desesperado, pulou para fora da cama, enquanto seu desespero apenas aumentara ao comtemplar suas parcas roupas. A raiva também começava a incendiar seu ser, afinal, mais uma vez Sasuke havia lhe tirado as vestimentas.

Sujo. Ele era apenas como todos os outros.

Mesmo que soubesse sobre estrelas e fosse bonito, ele nada mais era do que um homem, e homens não mereciam nada de si.

Impulsiva e cheia do espirito de vingança, Sakura decidiu ser hora de cumprir sua promessa. Arrancar a cabeça do general persa; pouco se importante para as ordens de seu pai.

A jovem princesa buscou em todas as direções por um objeto de corte, não lhe servia algo grande como a espada que brilhava diante a seus olhos, ela precisava de algo pequeno, de fácil manuseio, e como uma luz no fim do túnel, um punhal resplandeceu entre as armas do marido. O mesmo punhal que usara antes.  

Ela quase pode sorrir; o persa seria morto por seu próprio aço. Deveria ser cômico, mas estranhamente não foi. 

Sem dar a devida importância as estranhas emoções, ela caminhou silenciosa até a arma e da mesma forma se voltou para o leito onde o marido ressonava em um sono tão profundo e tranquilo, que seus passos cessaram.

O peito nu estava amostra, subindo e descendo conforme a respiração leve do general. Seus cabelos escuros, mais longos do que ela jugava apropriado para um homem, estavam cobrindo parte de seu belo rosto; por que ele parecia tão perfeito?

A pergunta assombrou sua mente e junto a ela surgiram outras, bem como as lembranças.

A mão que segurava o punhal foi levada ao rosto, e apenas dois de seus dedos tocaram os próprios lábios. Ele havia tocado aquela região na noite anterior e apenas a certeza disso fez o sangue de seu corpo subir para sua face em um puro ato de vergonha.

Não pelo beijo, mas sim pelo simples e ameaçador fato dela ter gostado.

E está nova realidade a fez devolver o punhal para o mesmo lugar, vestir roupas apropriadas e então subir ao convés. Precisa se manter longe daquele homem, o mais longe que conseguisse.

Mas, nem mesmo fugir daquela cabine, como uma prisioneira sedenta pela liberdade, fez com que seu coração alcançasse paz.

Assim que seus olhos verdes contemplaram a luz do sol e todos os homens agitados e concentrados em seus afazeres, Sasuke contemplou a solidão de seu quarto, todavia, ele apenas sorriu, afinal, não havia um ferimento sequer em seu corpo; finalmente sua fera estava sendo amansada.

[...]

 

Persépolis – Pérsia

Capital do Império.

 

Ao passo que todos adentravam pelos portões da capital persa com sorrisos gloriosos e saudosos, Sakura nada esbanjava além de curiosidade. Seus olhos atentos passeavam por todos os locais possíveis, indo desde as pessoas para os pilares que se erguiam imponente na tão aclamada capital.

Ela cavalgava junto ao marido, ambos sobre o mesmo animal. Sasuke não havia permitido que ela montasse sozinha, pois já era deveras estranho que a nova princesa chegasse sobre o lombo de um cavalo em vez de estar protegido junto dos futuros reis, na carruagem. Seria uma afronta ela chegar cavalgando sozinha, como um guerreiro.

Mulheres persas não empunhavam espadas.

Ele como general sempre vinha a frente em seu cavalo, então dessa vez, apenas trazia consigo algo a mais; a linda princesa que todos buscavam conhecer.

Algumas daquelas pessoas a tinham por querida mesmo antes de contemplar seu rosto, ou de serem capazes de ouvir suas falas, pois a consideravam uma salvadora: As mães que teriam seus filhos levados aos campos de batalha, as esposas que teriam seus maridos encaminhados para a guerra, as filhas, que perdiam a esperança de ver os rostos dos pais mais uma vez. Sakura salvou cada uma delas quando aceitou aquela união, e somente essas pessoas entendiam o verdadeiro sacrifício que a princesa dos bárbaros fez, ao casar-se com o inimigo.

Abrira mão de seu orgulho, de seu lar, de sua família, apenas para que todos de seu povo e do povo de seu rival, não se destruíssem no campo de batalha.

Todavia, também existia ali, aqueles que buscavam a guerra como um viajante busca água na travessia do grande deserto. Para esses, a guerra, o sangue e a eminência da morte, era o que lhes mantinham vivos. O campo de batalha para alguns chegava a ser melhor que a própria casa, e por isso, por estes Sakura era odiada mais que qualquer coisa.

Esses lhe matariam sem remorso ou medo da condenação na primeira oportunidade que tivessem, pois, aquele casamento não passava de uma humilhação perante seus olhos. Acreditavam piamente que venceriam a guerra e não importava quantos deles fossem preciso morrer para que chegassem ao final glorioso, pois eles morreriam sorrindo pela pátria.

Quando o segundo príncipe e general daquela nação saiu de seu lar para formar união com a jovem que trazia agora consigo, ele era um desses homens. Um dos que se sentiu desonrado. Fora como se seu pai houvesse esquecido de todos os seus feitos. Como se nenhuma das guerras passadas possuísse mais valor. Se sentiu uma criança, sem forças e esperança, obrigado a casar com uma mulher em vez de empunhar uma espada.

Agora, depois de tantos dias e finalmente de volta ao lar, este sentimento havia sido adormecido. Ainda estava lá, em algum lugar, lutando para ser liberto, para não ser esquecido.

 Mas, Sasuke, estava diferente.Ele observava ao redor todos de seu povo, e percebia a controvérsia de sentimentos em cada olhar. Via a morte desejada por seus guerreiros, e mesmo que a esposa fosse bem capaz de se defender sozinha, sentiu desejo de fazer isso por ela.

E mais uma vez, sua mente o recriminou.

— Aquele é meu pai, nosso rei. — Sasuke disse, abaixando um pouco de seu corpo para que a frase pudesse ser dita apenas para ela, que focou os olhos verdes rapidamente no homem que surgia a sua frente, junto a um punhado de guerreiros.

            A face inexpressiva do rei lembrava a ela do príncipe Itachi, porém, olhar nos olhos negros dele, era o mesmo que olhar os olhos do marido. Não conseguiria ver nada lá, além do que ele quisesse que fosse visto.

            Sasuke desceu de seu cavalo oferecendo uma ajuda desnecessária para que a esposa pudesse fazer o mesmo. Ambos caminharam na frente e quando finalmente chegaram próximos ao rei, seus joelhos foram curvados ao pó da terra, em honra ao senhor daquela casa.

— Nossos filhos retornaram à casa — a voz firme e altiva do rei fez com que todos os povos que até então se mantinham nos buchichos, erguessem as vozes em uma clara comemoração.

            Sakura observou intrigada enquanto se levantava junto dos outros. Eles pareciam comemorar uma vitória que ela claramente não enxergava.

            Juntos ao rei, seguiram para dentro do castelo. Os homens conversavam, Sakura apenas observava tudo, marcando em sua mente cada detalhe que julgava importante.

            Logo estava não salão de refeições, este que já se encontrava abarrotado de pessoas, que comiam e bebiam, em uma estranha alegria.

            Logo que entraram, Itachi e sua esposa os alcançaram. Todos seguiram juntos para a mesa que ficava a frente de todas as outras. Sakura não havia dito sequer uma palavra e havia se comportado deveras bem, até o momento, todavia, quando Itachi viu a mãe passar por si, indo direto para a nova integrante da família, todo o sangue lhe fugiu da face e das mãos.

            Sakura estava se comportando muito bem desde que desembarcaram, contudo, isso não queria dizer muita coisa. Ela ainda odiava a todos ali e queria lhes cortar a cabeça. Não era seguro para sua mãe ir de encontro a jovem.

            Mas antes que ele ou Sasuke pudessem fazer qualquer coisa, a rainha espalmou as duas mãos de forma delicada sobre o rosto da estrangeira, fazendo Sakura paralisar no lugar e trancar até mesmo a respiração.

— Olha só você, — a voz dela parecia ser a única coisa que os dois príncipes ouviam — tão bela — e Sakura apenas olhava a mulher como se ela fosse a criatura mais assustadora de todo o mundo, sem mover um único musculo. — Tão adorável.

            Foi impossível para Itachi não sorrir mediante a fala da mãe. Quem chamaria a esposa de seu caçula de “adorável”? Somente sua mãe mesmo.

— Mãe, você a está assustando — Sasuke decidiu intervir pela esposa, bem como pelo bem da própria mãe, pois era possível que Sakura ficasse furiosa e tentasse contra a vida de sua progenitora. — Sakura, está é minha mãe, rainha de toda a Pérsia e senhora desta casa. Mikoto.

            Ainda desconsertada e sem saber como agir depois do estranho comportamento da mãe de seu marido, Sakura apenas curvou seu corpo, reverenciando sua majestade.

— Venha querida, quero que se sente a meu lado. — A rainha chamou, já encaminhando os passos sem esperar uma resposta, — Você também Alexia, quero minhas duas filhas sentadas perto de mim.

— Mãe, gostaria que minha mulher se sente ao meu lado. — Sasuke queria manter a princesa longe de sua mãe, pelo menos até que ele tivesse total certeza de que está não lhe faria mal. Sua mãe era muito amorosa e estava tentando fazer com que Sakura se sentisse queria, contudo, a jovem não estava acostumada com aquele tipo de situação, então até que ele pudesse informar os pais sobre a situação da esposa, ela deveria ficar ao seu lado, onde era mais segura para todos, inclusive para ela.

— Oh querido. Você esteve todo o tempo com ela ao seu lado em sua viajem, agora é minha vez. — Sem esperar por mais uma resposta, Mikoto seguiu para seu lugar, assim como as duas jovens.

            O rei e a rainha não passaram todo a noite no salão, e quando se foram, Sasuke se juntou a seus homens. Sakura havia se comportado perfeitamente bem a seus olhos, apesar de ter percebido que poucas foram as palavras que ela pronunciou. Alexia parecia ter a deixado mais confortável também.

            Quando Itachi e alexia deixaram o local, Sakura se viu obrigada a seguir para o quarto que lhe haviam destinado. Uma criada nova — Saiuri, não era vista por ela desde que chegaram, e mesmo que Alexia tenha passado a maior parte do tempo de seu lado, ela sabia que havia o dedo da cunhada naquela história — fora a responsável por a guiar até lá, bem como a ajudá-la no banho, e a preparar para que pudesse esperar o marido, o qual não apareceu em nenhum momento do resto daquela noite, e nem nas noites seguintes.

 

 

[...]

5 meses depois.

 

            Os dias se passavam tediosos para Sakura que sempre buscava ficar isolada em seu quarto, ou pelos jardins do palácio. Via Sasuke apenas durante o dia, nas refeições e algumas vezes pelos corredores do castelo.

            Nem todos a tratavam bem, porém também nunca haviam chegado a maltratá-la. Eram cordiais, na pior das hipóteses.

            O que mais estava a incomodar, era o fato das criadas sempre exibirem sorrisinhos quando a viam passar, e as falas cochichadas destas, que ela era bem capaz de ouvir.

            Seu marido sempre se deitava com uma mulher diferente em vez de ir a seu quarto, não que o fato em si a incomodasse e sim o fato de estar na boca de todos, como se fosse uma coitada.

            Odiava quando sentiam pena de si, ou quando debochavam dela como se fosse fraca.

            Os passos que eram mantidos calmos, foram apressados a levando para fora dos corredores, antes que perdesse o pouco controle que lhe restava e cometesse uma chacina dentro daquelas paredes.

            Adoraria ver várias cabeças empilhadas.

            No pátio de mármore e banhada pela luz do Sol, ela pode respirar um pouco mais aliviada. Era cedo e os poucos homens que passavam por ali não perdiam tempo fazendo fofocas ou a observando.

            Caminhava a esmo tentando entender o que ainda fazia naquele lugar.  Já deveria ter cortado a garganta do rei e da rainha, matado as criadas e o general. Sim, já deveria o ter matado.

            Continuava a devagar em pensamentos, firmando em sua mente o motivo para ainda estar naquele lugar, quando seus passos a guiaram para o lugar de onde provinha o som de espadas, que apenas alcançava seus ouvidos.

 Desde a infância passava o dia todo treinando com diversos tipos de armas, por isso, seus sentidos a guiavam para o conhecido naquele lugar estranho.

            Pode observar por horas os jovens guerreiros treinando, bem como foi capaz de descobri suas forças e fraquezas naquele tempo.

— Não está planejando matar meus homens, não é? — A voz que já era esperada soou perto de seus ouvidos. Ela já conhecia o som dos passos do General, e havia prometido para si mesma que não se deixaria perder em pensamentos como dá última vez, se deixando ser pega desprevenida.

            Os persas eram os inimigos.

— Eu poderia. — Sakura virou minimamente o rosto, para observá-lo. — Deveria treinar melhor os seus homens.

            Não haviam trocado muitas palavras nos últimos meses, porém ela sabia que deveria se sentir grata, por todo o distanciamento dele. Por ele não ter exigido seus direitos para com ela, contudo, seu peito apertava e a raiva borbulhava em seu ser, pois apenas em vê-lo, ela era capaz de relembrar todas as coisas que ouvia.

            E isso a perturbava mais do que qualquer coisa na vida. Mais do que deveria.

— E você não deveria aprender a fazer coisas de mulher? — Ele falou, chegando mais próximo de seu rosto, fazendo com que ela sentisse o forte odor de vinho.

— Você está bêbado. — Ela se afastou alguns passos para que o cheiro enjoativo não a alcançasse mais. — Você é bem pior do que imaginava, general.

            Sasuke foi deixado para trás. A jovem de vestido branco, seguia para longe de seu alcance.

            Ele olhou seus homens que a pouco eram observados pela filha de Taros; eram apenas jovens que ingressavam agora na arte da guerra. Jovens promissores, deveria admitir, porém cheios de aberturas.

            Desde que voltaram para casa esteve disperso de suas obrigações. Seu pai não lhe deixava em paz por um minuto sequer, e ele sabia que não poderia fugir para sempre de seu destino.

            Todos já comentavam sobre seu casamento, nunca consumado. Era o que diziam. Ele não visitava o leito da esposa e essa pouco parecia se incomodar.

            Não dizia nada, e nem era possível ouvir seu choro na madrugada.

— A que devemos a graça de vossa presença general? — A voz de Naruto estava alta e alegre como sempre.

— Eu vim fazer o seu serviço, já que você não está fazendo isso direito.

            Naruto como comandante das tropas também ficava responsável por parte do treinamento dos novos soldados, Sasuke nunca havia se imposto naquele assunto, todavia, o jovem Naruto não se sentiu ofendido pela represaria do superior.  

            Ele mais do que qualquer um percebia pelo que o amigo e general estava passando. Eles se conheciam desde que eram apenas crianças, conheciam os segredos um do outro, bem como seus maiores medos.

            E Naruto apenas observou as ordens do amigo para os jovens, que ficaram polvorosos na presença do homem. E assim, toda a manhã passou até os garotos foram dispensados.

— Vamos treinar um pouco, faz bastante tempo desde a última vez. — Naruto propôs, já empunhando sua espada, mesmo que Sasuke não estivesse com muita disposição, ele aceitou.

            As laminas se chocavam com força, ambos se mantinham calados, apenas buscando a vitória.

            Sempre gostaram de praticar juntos, pois sempre mantiveram uma engraçada rivalidade, que se tornou com o passar dos anos em uma amizade e lealdade inquebrável.

— Você não precisa fazer isso. — A voz de Naruto demonstrava os sinais da fadiga que o exercício lhe trazia, porém, estava firme e audível ao companheiro. — Você sabe que não precisa, não é mesmo?

            Desde que chegaram das terras vermelhas, todos os homens que estavam com eles na viajem e até mesmo alguns dos que apenas ouviram as histórias contadas, entendiam pelo que o jovem general estava passando.

            Sasuke e seus guerreiros nunca foram a favor daquela união, entretanto, no período que passaram em sua volta para casa eles haviam percebido que Sakura talvez não fosse a inimiga. Ela era diferente, com toda certeza, porém, bela como uma bruxa, e o general havia caído em seus encantos.

            Contudo, ao finalmente chegarem em casa, ele havia se afastado da esposa, buscando alivia entre as pernas de qualquer mulher que estivesse disposta a ser dele por uma noite.

— Do que você está falando? — Sasuke não possuía mesmo muita ideia sobre o que o amigo estava a falar.

— Não vamos te julgar Sasuke. Ela é sua esposa. Não precisa renunciar a isto por nossa causa. — Era claro para todos que Sasuke nutria desejos pela esposa, desejo esse que ele tentava sanar com outras, claramente em vão.

— O que você está dizendo? — A luta foi deixada de lado, para que pudesse entender o que Naruto queria com toda aquela falação.

— Metade de nós a odeia, e a outra metade deixaria que ela fosse morta sem sentir qualquer remorso. Ela é filha de Taros, e isso por si só já é um disparate, sabemos disso. Entretanto, você sequer chegou a consumar seu casamento, e convenhamos, isso não seria nenhuma tortura. Não estou dizendo que você deve ama-la, ou trata-la como a uma rainha, apenas estou tentando fazer você entender que não preciso negar os seus desejos, apenas por ela não ser uma de nós. — Sasuke se mantinha sério e atento a cada palavra — Hidan chegará em breve, e você sabe, não será nada bom que ele leve notícias de um casamento não consumado para a Macedônia. Este casamento foi para evitar uma guerra, lembre-se disso.

            Todas as coisas que Naruto dizia faziam todo o sentido para Sasuke, porém ele havia jurado que não tocaria na estrangeira, que faria da vida dela um inferno, e dessas promessas ele parecia conseguir cumprir apenas com a primeira. Não amava Sasuke, esse sentimento estava longe de morar em seu coração, contudo, o desejo de tocar seu corpo se tornava maior a cada vez que seus olhos a contemplavam: que tipo de homem ele seria ao quebrar todas as suas promessas?

 

            [...]

 

Mikoto poderia ser considerada facilmente como a mais amorosa entre todos as rainhas que a Pérsia já teve.

Em vez de buscar guerras, ela sempre tentava encontrar meios pacíficos para solucionar seus problemas e os de seu reino. Jugara ter tido sucesso em sua última e complicada missão, porém, agora percebia que talvez houvesse cogitado a vitória cedo demais.

Sasuke havia casado com Sakura, a temida e comentada princesa da Macedônia, contudo, a não consumação desta união traria consequências inimagináveis.  

Teve certo receio quando impôs isto a Sasuke, pois bem como buscava a felicidade de seu reino, também buscava a de seus filhos, entretanto, acabou obrigando seus dois meninos a casarem com moças que sequer haviam chegado a conhecer.

Mas, Itachi era feliz, ela possuía certeza disso, e se Sasuke se esforçasse um pouco poderia alcançar felicidade ao lado de Sakura. A moça era bela e delicada a seus olhos. Não conseguia encontrar nela nada que desagradasse a um homem.

Não entendia, portanto, o porquê de seu amado filho, não consumar seu casamento. Ela mais do que ninguém conhecia a veracidade desse fato. Não eram apenas boatos.

Vendo o perigo que os atos de seu filho trariam, decidiu mais uma vez intervir na situação. Tentaria primeiramente como mãe, e caso não alcançasse seu objetivo dessa forma, agiria como a rainha que era, impondo sua vontade.

Por isso, havia chamado o filho em seu quarto, precisa conversar com ele mais uma vez, explicar novamente todas as coisas que envolviam aquela união.

— Mandou me chamar, mãe? — Sasuke adentrou o quarto da rainha, seu corpo ainda estava suado devido aos treinamentos de pouco tempo. — O que há de tão importante, que eu deveria vir imediatamente?

Com o pai, Sasuke sempre era mais cordial. O tratava não como progenitor, e sim como rei. Não falava a ele como filho, e sim como general. Com a mãe, as coisas eram diferentes. As cordialidades, eram deixadas para momentos de extrema seriedade. Todavia, ali eram apenas os dois, então não haveria motivos, para ele deixar de ser o garoto que sempre seria aos olhos dela.

— Uma mãe não pode mais conversar com seu filho? — Ela perguntou com um doce sorriso, enquanto pegava nas mãos de Sasuke para o guiar até a poltrona no canto esquerdo do quarto.

— Diga mãe, a senhora não me chamou aqui por estar com saudades.

— Sim, sim. Há outro motivo, entretanto, eu sinto sim saudades do meu menino. Faz tempo que não conversamos Sasuke. Você agora apenas tem tempo para seus homens, igualzinho seu pai quando jovem. — Quem chegasse de fora poderia achar que ela estava a lastimar, porém, a agradava muito ver o filho correspondendo todas (ou quase todas) as expectativas que puseram nele. — Mas eu te chamei, não para falar de seus homens — ela prosseguiu calmamente, enquanto observava todas as reações de seu caçula — devemos falar de sua esposa.

— Sakura tem feito alguma coisa que a desagradou? — A forma como a pergunta soou extremamente alarmada, fez com que Mikoto duvidasse da educação dada ao filho.

— Sinceramente Sasuke, acho um absurdo a forma como você se refere a ela. Sakura não demonstra nenhuma das qualidades que você citou a mim e a seu pai. Ela tem sido extremamente gentil para com todos, e se comportado perfeitamente bem, mesmo diante a sua conduta. E é sobre isso que devemos falar.

            O general quase não pode acreditar no que ouvia sua mão dizer. Era bem verdade que Sakura estava se comportando bem demais desde que chegaram, como se tudo fosse um plano daquela cabecinha maligna.

            Ela não fazia ameaças, não matara nem um inseto, ou sequer havia pego em uma espada. Não era tão absurdo a mãe pensar que ele era o mentiroso, porém, está era uma grande ofensa.

— Você não a conhece mãe. Não se deixe enganar pela face bonita. — Estava mais sério agora, porém jamais seria capaz de levantar a voz em ira contra sua mãe, mesmo que está houvesse acabo de lhe ferir.

— Você também não a conhece filho. Nunca chegou a tocá-la. — Deixou as gentilezas de lado, pois percebia o muro que Sasuke começava a erguer em sua volta. — Nossos aliados chegaram brevemente, não devemos dar motivos para que aja uma guerra. Este casamento aconteceu para isso afinal. Ele deve ser consumado ou de nada terá adiantado, você não é capaz de compreender isso? — Percebendo que havia se exaltado mais do que era apropriado, ela voltou a se acalmar, esperando que suas palavras surtissem o efeito esperado.

— A senhora queria um casamento, pois bem, a senhora o teve. Não me peça nada além disso, ainda mais depois de tanto duvidar de minhas capacidades. — E todas as esperanças que Mikoto possuía em resolver este assunto com Sasuke, foram levados junto as areias que eram constantemente varridas pelo vento.

 

[...]

 

            A força de vontade de Mikoto era algo inexplicável. Alguns poderiam a ter como teimosa, outros como uma guerreira que não descansa até ter seus objetivos alcançados, e era justamente por ser tão perseverante que não havia desistido de sua luta, não ainda. Aquele tabuleiro possuía muito mais que uma peça, e se ela não havia tido sucesso com uma, tentaria com outro, até finalmente ter suas metas alcançados.

            Estava de certa forma receosa, pois Sasuke era seu filho, o conhecia desde sempre e não obteve os resultados esperados para com ele, então não possuía garantia nenhuma que agora, com a jovem princesa, ela os alcançaria.

            Porém, não lhe custava nada tentar, e dessa vez, ela faria uma abordagem diferente.

            Sakura estava no jardim, sozinha como sempre parecia gostar de estar. Mikoto tinha um levo receio de se aproximar da moça, não pelas coisas que o filho havia lhe contado quando chegara e sim por não saber o que falar diante ela. Eram completas estranhas, Sakura não parecia querer abrir espaços em seu coração para ninguém de seu reino, além de Alexia, e era justamente por isso, que a outra nora caminhava junto a ela.

— Vai ficar tudo bem. Sakura tem um gênio forte, mas é uma boa pessoa. Uma boa irmã. — Alexia não acreditava que tudo ficaria tão bem, era provável que Sakura falasse a Mikoto que tudo que desejava era cortar a cabeça de Sasuke e de todos os persas, porém ela não gostava de sofrer pelo que não havia ainda acontecido, então torcia apenas para que suas palavras fossem como uma profecia verdadeira.

— Sakura querida, estávamos a sua procura. — Mikoto exclamou alegre quando se aproximaram da jovem, que apenas as olhou tentando forma um sorriso em seu rosto.

            Sakura achava aquela rainha realmente estranha. A mulher gostava de ficar lhe tocando a face, ou acarinhando seus cabelos enquanto falava e falava. Todas as vezes em que se encontravam era exatamente isso que acontecia, e ela nunca sabia como agir.

            Voltou os olhos para Alexia, que pareceu entender seu pedido de socorro, e prontamente enlaçou os próprios braços do da rainha, para impedir que as mãos destas fossem para em Sakura, que suspirou aliviada. Até mesmo Mikoto foi capaz de perceber.

            Não importava o quão sutil ela tentava ser, sempre acabava demonstrando um pouco do lado que Sasuke tanto falava conhecer.

— Sakura, nós temos um pedido muito especial para fazer a você. — Alexia começou sorrindo de forma doce, enquanto Sakura assentia com a cabeça, confirmando sobre uma coisa que não iria lhe agradar tanto. — Seu irmão estará aqui dentro de alguns meses, bem como o meu. Faremos um grande banquete, creio que saiba disso? 

— Sim, eu fui informada. Em que eu poderia ajudar? — Alexia parecia estar dando muitas voltas, e Sakura começava a desconfiar que aquilo não seria algo bom.

— Meu pai enviara muitos músicos para uma apresentação, e eu tocarei com eles. Então bem, gostaríamos de saber se você gostaria de participar comigo? — Todas as moças eram ensinadas desde novas a tocar diversos instrumentos e a dançar, e mesmo que Sakura tivesse toda aquela má fama, elas não estavam preparadas para a resposta que receberiam.

— Mas, eu não sei tocar instrumento algum, — a face alegre das duas foi desfeita em instantes, enquanto elas viam suas esperanças destruídas.

            Sasuke desde muito novo adorava ver a mãe tocando, bem como gostava de observar a cunhada, então Mikoto havia deduzido que se Sasuke não queria desposar Sakura simplesmente por sua beleza, ela daria um jeito de fazer a jovem conquista-lo, fazendo as coisas que ele gostava, mas sem dizer isso diretamente a Sakura, pois temia receber a mesma resposta que recebera do filho.

            Sakura, apesar de não dever, sentia muito apreço por Alexia, e Mikoto sempre a tratava com extremo carinho, mesmo que não fosse dada a esse tipo de coisa ela não gostaria de desapontar as únicas duas pessoas que pareciam se importar com ela naquele lugar.

— Bem, eu sei dançar, apesar de não saber se as danças que conheço seriam aproprias para o que vocês buscam. — A alegria voltou a imperar sobre os rostos das duas mulheres a sua frente, Sakura sentiu bastante alivio, pois pela primeira vez ela havia feito algo que as agradasse.

— Oh querida — Mikoto escapou do agarre de Alexia, e juntou as suas mãos as de Sakura — Deve ficar ainda mais linda dançando, e qualquer dança que venha de você agradara imensamente meus olhos.

            Sakura sorriu minimamente, não tendo tanta certeza disso.  

 

           

[...]

 

2 meses depois

 

            Sakura já havia a muito se arrependido sobre toda a história da dança, entretanto, sempre que via Aleixa tão empolgada para o dia do banquete, perdia as forças para dizer que não desejava participar de tudo aquilo.

            Agora, enquanto terminava de se vestir, dessa vez sozinha, pois havia dispensado suas criadas, pensava em como se metera em um problema tão grande, apenas por querer agradar as duas mulheres.

            Seu irmão havia chegado a pouco tempo e nem mesmo havia tido a oportunidade de vê-lo. O irmão de Alexia também já estava em Persépolis, e ela conseguia entender a felicidade que a moça exalava.

            Diferente de seu pai, todos os seus irmãos eram bons para consigo, claro, eles haviam permitido que ela fosse levada e nunca a foram visitar, mas quando criança e ainda em casa, eles sempre a contavam sobre estrelas bem como sobre suas conquistas em grandes batalhas.

            Mesmo quando voltou para casa apenas para que pudesse se casar, Hidan havia tentado intervir em seu casamento, uma tentativa falha, mas que para ela foi de grande valor.

            Tomou um leve susto quando Alexia invadiu seu quarto sem se anunciar, sorrindo e rodopiando em uma grande felicidade.

— Desculpe-me por ter entrado dessa forma, mas estou tão feliz. Acabei de ver meu irmão, fazia tanto tempo desde a última vez. E os músicos. Ah! Os músicos. Está tudo tão lindo. Você está linda. — Ela parou para observar Sakura e realmente a achou bela — Muita linda.

— Eu vou precisar de uma espada, — Sakura a interrompeu, sem agradecer pelos elogios. Ela percebeu quando Alexia arregalou os olhos diante do pedido e sorriu de verdade, achando graça da futura rainha — É para a dança Alexia, não pretendo cortar cabeças hoje.

            Ambas acabaram por sorrir.

— Bom, eu não tenho uma espada. E Itachi pode não gostar que caso mechamos nas dele. O que faremos? — Não seria nada apropriado entregar uma espada nas mãos de Sakura, seu marido havia a alertado quanto a isso, e mesmo que fosse apenas para a dança ela não poderia ir contra a ordem dele.

— Haverá várias espadas lá. Eu vou conseguir uma delas. — Sakura percebeu a hesitação de Alexia, então decidiu dar seu próprio jeito.

            Assim deixaram juntas o aposento de Sakura, indo em direção ao pátio do castelo onde várias mesas e fogueiras podiam ser vistas. Homens e mulheres por todo o local. Os músicos tocavam fazendo todos se perderem nos encantos da melodia que produziam.

            Sakura pode observar algumas dançarinas que rodavam por todos os locais capturando dos homens, a atenção.

— Finalmente você apareceu! — A voz de Hidan soou atrás das jovens que viraram seus corpos para observá-lo. — Você parece estar ainda menor criança. — Ele disse pondo a mão sobre a cabeça de Sakura que fez um pequeno bico, pela frase dita.

— Eu não sou pequena Hidan, nem criança.

— Deve ser essa capa que está diminuindo seu tamanho então Sakura. — Ele sorriu, abaixando um pouco de seu corpo para poder beijar a cabeça da irmã. — É bom vê-la novamente.

— É bom vê-lo também. — Sakura sorriu para o irmão. Alexia apenas observava a cena, encantada. Sakura tinha modos estranhos em geral, possuía com Sasuke um tipo de rivalidade que ia do assustador ao cômico em certos momentos, e agora ali, com o irmão, ela simplesmente era alguém normal.  

— Princesa Alexia disse que você faria uma apresentação junto a ela essa noite, então me diga querida irmã, o que mesmo você sabe fazer, além de usar uma espada? — Ela já havia se esquecido do pequeno detalhe, mas a pergunta do irmão a fez recordar disso, e apenas por esse motivo ela não reclamou de sua brincadeira.

— Eu já havia esquecido. Preciso de uma espada! — Disse mais para ela do que para o próprio irmão, porém o semblante alegre desse se fechou minimamente.

— O que você vai aprontar Sakura? Não me diga — o entendimento do que aconteceria a seguir atingiu seu corpo, o fazendo começar a sorrir de forma exagerada, chamando a atenção de algumas pessoas. — Sasuke seu maldito, você é um homem de coragem. — Gritou para que o general o ouvisse, fazendo este ficar confuso.

            Diante dos risos do irmão, Sakura desistiu de pega a espada de Hidan e saiu puxando Alexia pelo braço, sendo seguida pelos olhos atentos de seu marido.

— Vamos começar logo com isso — Ela disse, assim que chegaram ao local onde estava os músicos.

— Mas é a espada? — Alexia perguntou, temendo que a apresentação fosse prejudicada pela falta da mesma.

— Pegarei uma, não se preocupe quanto a isso, apenas, toque.

            Alexia assentiu, tomou seu lugar entre os instrumentos e todos os outros músicos pararam. A atenção aos poucos foi voltada para ela, que começava a dedilhar sobre a arpa. O ritmo indicado por ela, foi seguido aos poucos pelos outros instrumentos.

            Sakura retirou a capa que cobria seu corpo, revelando a roupa que usava. Tanto Alexia quanto Mikoto, que assistia tudo ao lado do marido, se perguntaram se aquela era mesmo uma boa ideia. Sasuke não parecia muito satisfeito ao ver a esposa em tão reveladores trajes.

            A barriga lisa estava em grande parte amostra, enquanto a saia rosa esvoaçava ao menor sopro do vento. O bustiê era feito de tecido rosa, igualmente a saia, e possuía bordados em fios de ouro. Um véu fazia o trabalho de escondes as marcas que ela carregava nas costas, e este, vinha presa pelas joias em seu pescoço e antebraço, chegando até o cos de sua saia adornado por medalhas, que pareceram ganhar vida própria quando os primeiros acordes soaram pelo local.

            Ela dançou os primeiros passos com os olhos focados unicamente no marido, ainda precisava da espada, e a única opção agora era pegar a dele.

            Seu quadril movimentava com o ritmo da música, e o som das medalhas trazia encanto.  Ela caminhou de forma sensual até Sasuke, que segurava uma taça de vinho. Parou a sua frente, levantando os braços movimentando os quadris de forma rápida.

— O que você está fazendo, Sakura? – A fala foi quase sussurrada, porém ela foi capaz de entender.

Virou de costas para ele dançando lentamente, e foi somente quando seu corpo curvou para trás e seus olhos se encontraram que ela lhe respondeu.

— Estou fazendo coisas de mulher, meu senhor. — A ironia era palpável em cada sílaba, e o fez lembrar da conversa que tiveram meses atrás.

O corpo foi erguido novamente, e junto disse, ela fez o pedido.

— Preciso de sua espada Sasuke. — Ele quase sorriu, pensando que era uma brincadeira. — Agora! Não estrague o espetáculo.

— Minha espada tem corte, você sabe disso. — Ele já havia visto mulheres dançarem com espadas, porém essas não possuíam corte. A sua definitivamente não era apropriada, qualquer deslize, e Sakura iria se ferir gravemente.

— Não me tome pôr tola. — Ela respondeu, roubando a lâmina de sua bainha, girando com ela no ar. — Eu sei usar uma espado, general.

Quem viu o breve momento dos dois era capaz de jurar que ali estava um casal apaixonado, Hidan foi um desses, e julgou desnecessárias as preocupações que nutria pelo bem de sua irmã.

Ela rodou por todo a local, em passos ensaiados. A espada parecia uma extensão de seu corpo e todos aplaudiram sua apresentação no final.

Alexia a parabenizou pela dança que ela julgou como magnifica, e sem esperar muito, correu de encontro ao marido que a aguardava.

Sakura estava aliviada por ter a deixado feliz e mesmo que estivesse achando agradável o clima festeiro, buscou por conforto e segurança nas paredes de seu quarto, levando a espada de Sasuke junto a si em um ato impensado.

E ele, iria buscar por ela, ainda naquela noite.



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