História End Star (Long Imagine Jungkook - BTS) - Mentiras

Os raios da manhã já penetravam nos aposentos de Jungkook, que ainda adormecia em sua cama recheada de travesseiros e lençóis da mais pura seda. Seu corpo estava desgasto, ainda mais porque não havia dormido na madrugada pois estava a pensar seriamente sobre o que faria com aquela garota. Após encontrar a resposta para este problema, ele adormeceu e estava longe de acordar cedo. O novo e, se dependesse de seu pai, único herdeiro deste reino estava a sonhar com sua adorada mãe. Havia anos desde que ela fora embora para sempre deste mundo, pois uma doença a levou embora para o paraíso. Jungkook nunca amou alguém com tamanha intensidade igual amava sua mãe. Muito diferente de seu pai, a adorada senhora Jeon era bondosa e amorosa, sempre se preocupando com seu filho e lhe dando conselhos sobre o que enfrentaria durante sua vida. Ela sempre prometia para seus dois amados que ficaria junto deles para todo o sempre, mas a pobre rainha não pode cumprir esta promessa. Dias tristes surgiram na família de Jungkook, tais dia que era melhor ser esquecidas.

Por mais que o príncipe quisesse continuar adormecendo, precisava levantar. Para falar a verdade, ele nunca se importa consigo mesmo, pois tudo o que ele sempre quis foi ser reconhecido pelo seu pai. Seu corpo poderia estar destruído, sua mente quebrada e seu coração no mais puro vazio, não importava, Jungkook queria ouvir pela primeira vez que estava fazendo certo e queria orgulhar seu pai, mas estava sendo difícil conseguir isso. Jungkook poderia morrer por ele, mas até mesmo se sacrificando ele não o reconheceria. O rei era orgulhoso de mais para tal feitio, mesmo após a morte de seu filho. 

Enquanto Jungkook abria seus olhos se incomodando com a luz quente que aquecia e iluminava o quarto, nas masmorras a pequena e doce Kim adormecia no chão. A luz que mal penetrava na onde adormecia tentava, inutilmente, aquecer aquele lugar. O corpo gélido da princesa não aquecia, mas estava acostumado com o frio que sentia todo os dias. A pobre Kim, naquele chão úmido, estava a ter um pesadelo horrível. Ela apenas observava e tentava soltar sua voz, mas nenhum som saia de sua boca. Ela podia ver seu querido pai e sua amada mãe serem brutalmente mortos, mas apenas observava. Aquele sorriso que Jeon lançou para ela naquele dia assombrava seus sonhos e pesadelos. Ela não teme o rei, mas não suportava ver aquele sorriso. Não era um sorriso de maldade, havia algo há mais nele. Ódio, luxúria, orgulho, ganancia, todos os maiores pecados se encontravam naquele mostrar de dentes. Era a única coisa que fazia o medo tomar conta da princesa. 

Subindo as escadas apressadamente, Jimin chegou a porta da masmorra e destrancou-a entrando logo em seguida. Fechou a porta atrás de si e chegou perto da Kim adormecida, tocando-lhe a face e chacoalhando seu corpo para que despertasse de seu sono. Lentamente seus olhos foram se abrindo, podendo vislumbrar o rosto do Park lançando um sorriso gentil para ele, que retribuiu da mesma forma.

— O que fazes aqui tão cedo? — Questionou a princesa se colocando sentada.

— O filho do rei quer vê-la. Fez algo de errado?  — Estava preocupado com a Kim, afinal, ele conhecia ela melhor do que ninguém. Sabia que Hiyori sempre falava mais do que sua própria língua permitia e isso era preocupante de mais para ele.

— Não fiz. O rei apenas se cansou de minha pessoa e agora está me jogando nas costas de seu filho. — Ela não se importava com isso. Qualquer pessoa que não fosse o rei seria melhor.

— Sabes que Jungkook faria de tudo para agradar ao pai. Lhe mataria se fosse preciso. — A garota não conteve uma risada.

— É por isto que ele é um bastardo. Tolo achar que o rei irá reconhece-lo por estar cuidando de apenas uma dor de cabeça. 

— Mais tolo ainda achar que podes proferir estas palavras de minha pessoa pelas minhas costas. — Os olhos do jovem príncipe e da princesa Kim se encontraram. Fora algo arrebatador, pois Jungkook não esperava que a raiva estivesse gritante nos olhos da jovem. E como poderia não estar? Ali, bem na frente dela se encontrava o primogênito daquele que tirou a vida de seus amados pais — Estava demorando para traze-la, então decidi vir busca-la eu mesmo. — Olhou para Jimin furiosamente e depois retornou à olhar para a Kim — Levante-se e desça. Quero que fale com a senhora Soo, ela lhe dirá o que deves fazer de agora em diante, depois vá até meus aposentos. — Os dois que estavam intactos no chão se olharam não entendendo a última parte — Não me faça esperar. — Saiu pela porta e a fechou, fazendo um ruído ecoar pela masmorra.

— Deves tomar cuidado com o que falas de agora em diante. — Ele a olhava suplicante, não queria vê-la se machucando.

— Eu não o temo Jimin e nunca temerei. Tenho você para me ajudar. — Ela sorriu e ele riu. Não era como se o Park fosse conseguir enfrentar o príncipe e o exército sozinho, mas ele tentaria, por ela faria qualquer coisa. 

— Deverias teme-lo minha princesa, não sabes como és Jungkook. — Ela pousou sua mão no rosto do Park e acariciou com o polegar a região.

— Vejo que não me conheces direito. — Os olhos castanhos da jovem eram de uma profundeza enorme, é fácil se perder neles, principalmente quando alguém está apaixonado pela mesma. O Park não resistiu. Tomando-a em seus braços, beijou-a sem hesitação calidamente. Kim o correspondia precisando de seu toque. 

— Prometes que tomará cuidado e controlará sua língua? — Em meio aquele ato ele perguntava. 

— Não ficarás bem se eu continuar a negar o que me pedes. Então tomareis cuidado e serei cautelosa com minhas palavras. — Nada mais foi dito, o coração do Park ficou mais aliviado ao ouvir essa palavras saírem da boca da princesa.

— Então não devo me preocupar com mais nada. — Os dois voltaram a se beijar e minutos depois naquela masmorra o som ecoante de gemidos eram escutados pelas paredes daquele local. 

Enquanto os dois jovens se perdiam no mais puro prazer e luxúria, o jovem príncipe estava sentado na mesa de reuniões, aguardando tediosamente a hora de seu término.

— O que achas sobre os agrupamentos dos moradores? — Perguntou um velho para Jungkook.

— Distribuí-los em blocos seria trabalhoso de mais. É melhor deixar como está. — Não demonstrava nenhum interesse nesta conversa.

— Consultaremos o rei e com a decisão dele vamos executar o que for necessário. A reunião está encerrada. — Jungkook foi o primeiro a sair daquela sala. Sabia que o rei sempre ia contra as decisões do príncipe, por isso não se importava com essas reuniões e dava a resposta que achava menos absurda. 

Descendo as escadas da masmorra, a garota encontrou encostada na porta uma senhora vestindo um vestido longo e velho da cor azul. Seus cabelos estavam despenteados mas presos em um coque desarrumado. Assim que a senhora a percebeu observando-a, tratou de lhe dar um tapa no braço, fazendo a menina a olhar incrédula. 

— Tens noção de quanto tempo estou aqui parada? O príncipe não lhe disse que era para ser rápida? — Ela não demonstrava raiva, apenas estava cansada por esperar todo este tempo.

— Perdoe-me por este atraso.

— Vamos logo, senhor Jungkook não gosta de atrasos. — A senhora puxou a menina pelo braço e a levou para um quarto onde mais três mulheres, mais jovens, a pegaram e retiraram suas roupas sem pudor. Jogaram-na em uma banheira e a lavaram, tomando cuidado para não machucar a Kim — Deves escolher o vestido que desejas usar. 

— Vestido? — Indagou a princesa confusa.

— Não me perguntes nada princesa, apenas recebemos ordens e as executamos. 

— Devo escolher qualquer vestido? 

— Deves. 

A garota nada disse. Olhou os inúmeros vestidos em sua frente e cuidadosamente escolheu um vestido perolado com pequenos detalhes, era o mais simples de todos. Ajudaram-na a vesti-lo, mas foi um pouco complicado fazer isso. A princesa sabia coloca-lo sozinha e não queria ajuda, mas no final acabou cedendo e finalmente conseguiram vesti-la. Assim que seu corpo estava com o vestido, a mais velha dispensou as três mais jovens e levou a Kim até uma penteadeira belíssima dourada. Ela sabia a quem pertencia este móvel. A senhora pegou uma escova em uma gaveta e começou a pentear o cabelo da mais nova, prendendo algumas mechas de seu cabelo na parte de trás. Passou apenas uma tinta avermelhada de cosmético nos lábios da mais nova e a vislumbrou.

— Estas crescida minha princesa. Se pareces muito com sua adorada mãe. — Um sorriso sincero fora dado a menina, que no mesmo instante abaixou a cabeça e sussurrou para si.

— Sinto falta deles... 

— Todos sentimos falta minha criança, mas nada pode ser feito. Agora deves ir para os aposentos de Jungkook, ele lhe aguarda. — A jovem se levantou e virou-se para a mais velha.

— O que ele quer? 

— Não sei minha princesa, mas deves ir agora. — Mesmo com receio, ela saiu daquele quarto a passos largos. Não fazia a menor ideia do lugar em que se localizava os aposentos, mas para sua salvação um soldado estava posicionado em uma das portas que dava acesso a uma sala, talvez. 

— O que queres? — Perguntou ele assim que ela se aproximou.

— Os aposentos do príncipe, onde ficas? 

— Na ala leste, você saberá qual é a porta. 

— Obrigada. — Curvou-se para o soldado e saiu em direção a ala leste. 

A cada passo que dava, as memórias que restavam na mente da Kim retornavam. Seus olhos já estavam marejados e lágrimas deslizavam pela face pura da jovem. Continuava a andar e com isso mais memórias lhe atingiram. Para ela nunca fora desconfortante ficar nas masmorras, pois lá não tinha lembranças, não ouvia ou via nada. Era algo confortável para a mesma. 

— Tomes cuidado por onde andas! — A princesa saiu de seus devaneios e olhou para uma jovem moça, poderiam ter a mesma idade, pele clara e cabelos negros. Seus olhos de esmeralda a olharam-na dos pés à cabeça — Quem és você? 

— Não acho que é de seu interesse.

— Poderias me responder ao menos, não? Bom, não irei força-la. Até mais ver jovem sem nome. — A princesa não se preocupou com suas palavras e continuou andando em busca dos aposentos do príncipe. 

Ela se surpreendeu quando viu uma porta negra com detalhes prateados. 

“Você saberá qual é a porta”

Deu três leves batidas, mas não houve retorno. Mais batidas foram dadas e nenhum som ou voz saia do outro lado. Cansada, a jovem se sentou no chão e permaneceu ali, esperando a boa vontade do príncipe de abrir a porta. Do outro lado, Jungkook escutava as batidas e sorria. Ela havia deixado ele esperando por muito tempo e o chamou de bastardo, deveria dar a ela um castigo por isso.

Esperou um bom tempo e finalmente levantou-se da cama e abriu a porta, não encontrando a menina em pé, mas sim sentada no chão adormecida. Ele não estava acreditando na audácia dela de adormecer em frente ao seus aposentos.  Deu uma chacoalhada em seu corpo e a menina, ligeira, se colocou de pé vislumbrando Jungkook e o mesmo olhava incrédulo a bela aparência da jovem. O filho do rei tinha cabelos castanhos claros, seus olhos de um castanho profundo penetravam nos dá menina, buscando algo em seu interior, talvez algum medo para que ele pudesse usar contra ela futuramente.

— Me fez esperar muito tempo. — Ele a olhou com repugnância.

— Não me culpes príncipe, demorou mais tempo pois sua criancice impediu-o de abrir a porta quando eu bati pela primeira vez. — Ela jogou as palavras como se não fosse nada — Vais me dizer o porquê tive que vir para seus aposentos e estas roupas, por que devo usá-las? 

— Entre. — Deu espaço para a jovem passar e mesmo com seu coração dizendo para não entrar, ela passou pela porta e logo pode ouvir a mesma sendo fechada atrás de si — Lhe concederei algo em troca de alguns favores. — Ele parou em sua frente e a olhou sério.

— Quais favores? 

— Terás que se comportar adequadamente neste castelo, não saindo dele sem a minha permissão ou causando dores de cabeça para o rei. — Ela riu e o olhou para que continuasse — Deverás me obedecer sem questionar. E por fim, fingiras que és minha futura esposa. — Os olhos da garota abriram mais que o suficiente para mostrar seu espanto.

— Estas louco?! — Questionou a Kim para o príncipe. 

— Estou tão louco que lhe deixarei livre se concordar com isso. Mas tudo tem seu limite.

— Então não serei livre, apenas seria seu animal de estimação. — Um sorriso perverso surgiu no rosto de Jungkook.

— Se preferes assim.

— Eu me recuso. Prefiro apodrecer naquela masmorra ao ter que viver tentando ser livre.

— Não percebes que não há escolhas? Eu não sou como meu querido pai que tolera o que falas. — A menina abaixou a cabeça e sorriu triste. 

— Diferente do que achas, seu querido pai me torturava até eu concordar com ele. Eram coisas como minha mãe ser uma mulher a toa e meu pai um fracassado que nunca fora merecedor da coroa. Mas eu nunca concordei com suas palavras e por isso paguei preços altos. Seu pai é pior do que o próprio senhor do submundo, realmente achas que ele tolerou alguma vez minhas respostas? — Jungkook ficou estático no lugar sem saber o que fazer ou falar. Era como se o ar que respirava tivesse se esvaído ao ouvir tais palavras saírem da boca da jovem. Ele sabia que seu pai era cruel e maldoso, mas não acreditaria nas palavras da Kim. Seu pai é um exemplo a ser seguido, Jungkook o admira e o conhece melhor do que ninguém, jamais acreditaria em tais absurdos.

— Mentes tanto que nem sentes o peso das próprias palavras. Quero uma resposta. 

— Concordarei contigo se me prometeres que pelo menos uma vez a cada sete dias me deixará ir até a cidade e não me atormentaras neste dia. 

— Lhe disse que concederia algo. Então está feito. A partir de hoje seu nome será ______, você veio de terras distantes do norte. A encontrei pela primeira vez nos vastos campos dos Jung, onde tive que passar boa parte do tempo e com isso nos tornamos próximos e bem, você pode mentir sobre o resto. 

— Por que devo fingir ser sua futura esposa? 

— A algum tempo atrás, disse para algumas pessoas que estava comprometido e agora essas pessoas querem ver quem está em meu coração.

— Não deverias ter contado mentiras. 

— Foi preciso. Agora, eu mesmo a levarei para seu novo quarto. — Nada mais foi dito pela jovem. 

Os dois saíram do quarto e deram poucos passos até chegar aos novos aposentos da Kim. Jungkook abriu a porta e a deu passagem para entrar. O quarto era bem iluminado, havia uma grande mesa no canto direito, tendo a cama no centro do quarto com lençóis dourados e travesseiros branquíssimos. Havia uma porta em um dos cantos que dava acesso ao banheiro, em um outro canto o closet estava cheio de vestidos e sapatos. Na penteadeira, joias estavam postas sobre ela, juntamente com alguns prendedores de cabelo prateado e cosméticos para deixa-la mais bela do que já era.

— Lhe deixarei aqui por alguns instantes. Quero que troques de roupa e coloque algo que chame a atenção de todos. Irei te apresentar para algumas pessoas. — Kim concordou levantando e abaixando a cabeça — Terás de se acostumar com muita coisa. — Puxou a princesa pela cintura e selou seus lábios avermelhados, pegando a jovem desprevenida — Essa é uma das coisas que terá de se acostumar. — Se distanciou dela e foi em direção a porta — Não me faça esperar novamente. — Saiu do quarto deixando Kim um pouco incrédula e irritada com sua atitude. 

Após alguns minutos, acalmou seus pensamentos de repugnância contra aquele príncipe e se sentou na cama. Há tempos não sentia algo macio assim. Aproveitou e deitou-se por completo, fechando os olhos e refletindo sobre sua escolha. Ela não se arrependia, mas não mudaria o fato de que odiava os Jeon com toda a sua força. Quando viu que Jungkook não chegava nem aos pés do rei, seu coração se sentiu aliviado. Ela sentia um certo medo, mas vendo que o rapaz não queria machuca-la fisicamente, agradeceu aos céus por ele ser assim.

Tentaria se acostumar com sua nova vida, mas se visse que isso não a levaria a lugar nenhum, partiria para bem longe com Jimin, seu único e verdadeiro amado. 

Poderia se machucar neste caminho novo que iria começar a trilhar, mas estava cedo de mais para dizer o que teria que enfrentar. Muito cedo...