História Enemies - Contraditório

O barulho de meus passos ecoavam pela construção, estava ofegante após a corrida. Lá fora, era possível ouvir trovoadas: A última semana em Paris tinha sido extremamente chuvosa. Isso dificultava muito as minhas batalhas, já que a neblina constante era um obstáculo para minha visão.

Me escondi atrás de um dos pilares, olhando de canto de olho em direção ao akuma que se aproximava. Contive minha respiração, tentando me tornar mais silenciosa, e, passado alguns segundos, a menina akumatizada virou na outra direção, saindo do local. Suspirei em alívio e me virei pra frente, dando de cara com a coisa que eu menos desejava ver no momento.

— Olá, bugaboo.

— Não me venha com seus trocadilhos patéticos agora, Chat.

Olhei rapidamente para os cantos procurando uma rota de fuga para escapar das mãos do gato. Assim que encontrei um caminho seguro, acertei um chute em sua barriga e corri. O garoto veio caminhando tranquilamente atrás de mim, como se não importasse pra onde eu corresse, ele conseguiria me pegar, afinal, eu era sua presa.

E ser a presa de um felino sedento não era meu objetivo.. no momento.

Cheguei em uma sala vazia, sem portas além da que eu tinha acabado de entrar. Virei em retorno do corredor, mas Chat apareceu em frente antes.

— Não adianta correr, Lady.

Estava pronta para acerta-lo, mas o akuma apareceu logo atrás, jogando-nos no chão.

— Não tenho paciência pra essa enrolação toda! — Ela disse, cruzando os braços — pegue o Miraculous dela e quando eu voltar a gente se resolve.

A garota jogou uma caixa transparente em cima de nós e, ao sair, trancou a porta. Olhei para o Chat e comecei a recuar. Ele veio se aproximando por cima de mim, até eu bater com minhas costas na parede da caixa e ele estar com a cabeça acima da minha.

— Com medo?

Protegi meus brincos com as mãos, mas ele segurou meus pulsos acima da minha cabeça.

— Quem disse que eu estou focado nisso, agora? Temos muito tempo — Ele sussurrou pra mim e me deu um sorriso malicioso.

Minha respiração falhou no momento. Sério? O que ele queria dizer com isso? A gente se odeia, não é? Como inimigos são supostos de simplesmente flertarem num momento desses?

Aproveitei o momento e nos virei, ficando por cima dele.

— De jeito nenhum que você vai fazer isso, gatinho.

— Não mesmo?

Ele levou sua mão até minha bunda, apertando-a. Num impulso, segurei seus ombros o fazendo soltar um risinho malicioso. Corei pela ação e franzi o cenho, tirando sua mão dali.

— O que pensa que está fazendo, garoto?

— Descobrindo suas fraquezas. Não sabia que era tão pervertida, my lady.

— Eu não sou, idiota.

— Vai me dizer o que? Que nunca beijou alguém?

Corei com a pergunta. Na verdade, eu já tinha, mas era um desconforto pensar sobre isso e não era algo que eu tivesse orgulho, talvez eu tenha sido muito prepotente nas minhas decisões.

— Você corou. — Ele disse — Então é verdade?

Não respondi nada. Ele não deveria se meter na minha vida e eu nem sequer entendo o seu interesse tão repentino. Nós deveríamos estar lutando e não conversando. Fui desferir um soco nele, mas ele foi mais rápido e segurou firme a minha mão.

— Quem cala consente — Chat falou, arqueando uma sobrancelha — Não acredito que a heroína de Paris nunca beijou ninguém. Isso é falta de coragem?

"Falta de coragem? Quem ele pensa que é pra dar palpite sobre mim?" Recuei minha mão antes de acertar uma joelhada em sua barriga. Fui pra trás, ainda não podendo sair de dentro do espaço em que o akuma nos deixou, mas me afastando o suficiente dele.

Depois de dar um gemido de dor, Chat retirou seu bastão do cinto e veio para cima, tentando me prender com ele. Com minhas duas mãos, permaneci empurrando o bastão para cima, até que acertasse sua testa, o fazendo dar um grito de dor. Ri em resposta; o que era um tanto estranho, afinal estávamos no meio de uma luta.

Nesse momento ele parou e me encarou com seus olhos intensos, como se estivessem observando uma coisa que não conheciam. Pisquei rapidamente, numa tentativa de desvendar o que ele estava querendo com isso.

Chat se posicionou de uma forma que pudesse ficar mais por cima, e numa tentativa de me afastar mais, acabei fazendo um movimento nas partes baixas e sentir algo firme que com certeza não era seu bastão. Tranquei a respiração e contrai meu corpo, assustada. Esse idiota estava assim por causa da proximidade?

Enquanto estava perdida em pensamentos, Chat Noir se aproximou de meu pescoço e deu um chupão, fazendo-me soltar todo o ar que eu estava guardando até então.

— Que tipo de imbecil fica excitado com a inimiga? — Perguntei, o encarando.

Nesse momento, escutamos um barulho da porta e a akumatizada entrando, jogando a caixa para longe.

— Seu inútil! — Ela gritou para Chat, que continuava em cima de mim.

Aproveitei a situação para me soltar e sair correndo, puxando da garota um lenço e o rasgando.

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— Tikki! — Exclamei olhando a marca de chupão no espelho.

A pequena apenas riu em forma de deboche.

— Vocês não podem ir contra a natureza dos miraculous, vocês se complementam.