Peter Parker
Já eram quase sete horas quando eu voltei para casa vestido como Homem-Aranha. Antes de saltar para o prédio no qual eu morava avistei Katherine atravessando a rua. Ainda não acreditava que ela realmente tinha vindo, e eu precisava de um banho. Rápido.
Entrei pela janela e corri pelo quarto enquanto tirava o uniforme e o escondia. Fui para o banheiro apressadamente tomando o banho mais rápido da minha vida, coloquei minhas roupas e corri para a porta após escutar a campainha tocar.
Tia May já estava saindo da cozinha quando passei em sua frente.
—Eu atendo – avisei e a escutei rir enquanto falava alguma coisa.
Abri a porta e lá estava ela, de calça e jaqueta jeans, uma mochila nas costas e os olhos extremamente azuis me observando.
—Oi – ela falou colocando as mãos no bolso – Estou muito adiantada?
—Não – respondi encarando o relógio na parede e depois voltando a encara-la – Talvez alguns minutos.
—É que eu peguei carona – ela explicou com um sorriso e eu sorri de volta assentindo – Por acaso você vai me convidar para entrar?
—Vou, claro que vou – falei abrindo a porta desajeitadamente – Por favor.
Ela riu baixo e entrou observando o local enquanto eu fechava a porta. Em seguida tia May apareceu na sala dando um sorriso ao encarar Katherine.
—Uma garota? – ela falou surpresa e eu quis me jogar da janela ao ver Katherine me encarar rapidamente de lado – Eu sou May, tia do Peter. É um prazer.
—Katherine.
Ela esticou a mão para cumprimentar a tia May, que a puxou para um abraço. Katherine parou surpresa por alguns instantes e sorriu educadamente quando minha tia finalmente a soltou.
Minha tia as vezes era um pouco carinhosa demais.
—É um prazer conhece-la, Peter falou muito bem de você.
—Imagina. Você é um amor – tia May falou com um grande sorriso – Sabe, você é a primeira menina que Peter traz aqui e-
—Tudo bem, tia May – falei a interrompendo para evitar que ela continuasse falando – Nós vamos esperar pelo Ned lá no meu quarto.
—Ok – ela falou enquanto eu mostrava a Katherine o caminho – Se precisarem de qualquer coisa é só gritar.
Abri a porta do meu quarto e a deixei entrar antes de mim e depois fechei a porta.
Eu devia ter arrumado meu quarto. Porque eu tenho tanta coisa jogada?
—Sua tia parece ser muito legal – ela falou se virando para mim enquanto distraidamente mordia o lábio inferior.
—É, a tia May é incrível – respondi tentando focar minha atenção na parte de cima do seu rosto.
Ela se sentou na cama ao meu lado após eu oferecer e depois de alguns segundos em silêncio me perguntou qual era o meu sorvete favorito.
—A escolha do sabor pode dizer muito sobre uma pessoa – ela explicou sorrindo e eu ri.
—É mesmo? – perguntei com as sobrancelhas arqueadas – Meu sorvete preferido é chocolate. O que isso diz sobre mim?
—Tão clichê – ela falou revirando os olhos e eu ri me apoiando para trás e cruzando os braços em seguida – Chocolate...
Ela pareceu pensar e tirou o celular do bolso digitando algo rapidamente.
—Você vai pesquisar no google? Sério? Pensei que ia ser algo tipo “vou ler a sua mão e dizer o seu futuro” – falei fingindo indignação e ela apenas deu um sorriso de lado.
—Sou uma guru moderna. Hum... Chocolate. Aqui, achei! – ela exclamou e leu em voz alta – Dramático, animado, charmoso, sedutor... – me encarou brevemente com um sorriso e eu senti meu coração acelerar – gracioso e ingênuo.
—Gracioso? – perguntei franzindo o cenho e ela riu assentindo.
—Apenas aceite quem você é, Peter.
—Tudo bem – falei dando de ombros e então pegando meu celular – Qual o seu sabor favorito, Katherine Millicent?
—Menta com chocolate – ela respondeu e eu pesquisei.
—Razoável, mas não tão bom quanto chocolate – comentei sobre sua escolha e ela riu.
—Odeio sorvete de chocolate.
—Seu sorvete é em parte chocolate – falei e a vi negar com a cabeça.
—Tem pedaços de chocolate, é diferente – disse e eu apenas sussurrei um “tanto faz” que a fez rir.
—Representando o pessoal mais refinado – li e parei para a encarar, ela fez uma pequena reverência e eu ri – Quem tem o sorvete de menta com chocolate como preferido costuma ser mais crítico, modesto e prudente.
—Ta bom, isso é ridículo – ela admitiu e nós rimos.
A porta se abriu e Ned entrou com a Estrela da Morte pela metade.
—E aí galera – ele nos cumprimentou sorrindo.
Nos sentamos no chão e começamos a juntar as peças de lego enquanto conversávamos e riamos de coisas aleatórias. Katherine olhava no manual e eu e Ned apenas montávamos, já que conhecíamos a estrutura de cor.
—Pensou se existisse uma estrela da morte de verdade? – Ned perguntou após explicar Star Wars para Katherine, e ela riu sem humor – Seria maneiro.
—Você não acha que já temos o suficiente? – ela perguntou e eu parei o que estava fazendo para encara-la – Quer dizer, temos alienígenas, deuses e pessoas mais poderosas do que jamais poderíamos imaginar nos ameaçando o tempo todo.
—Por isso temos os super-heróis – falei a encarando, ela estava com o cenho franzido como se não concordasse com o que eu estava para dizer – Os Vingadores, Homem de Ferro, Capitão América... o Homem-Aranha.
—Sério? O egocêntrico, o egoísta e, bem... o que o Homem-Aranha fez mesmo?
Tudo bem, ela tinha pegado pesado. Qual era o problema? A maioria das pessoas adoravam os super-heróis. E eu era um bom Homem-Aranha, ajudava as pessoas.
—Eles só estão tentando ajudar. Dão o máximo de si para salvar as pessoas, mas...
—Não se pode salvar todo o mundo – ela me interrompeu. Não era bem o que eu iria falar, mas também servia – Acredite, sei muito bem o que é isso.
Dor brilhou em seus olhos, eu podia ver que ela estava machucada. Ela desviou o olhar e se levantou pegando sua mochila.
—Já está na minha hora. Obrigada por me convidarem, eu não me divertia assim há tempos – ela falou nos dando um pequeno sorriso que não alcançava seus olhos – Nos vemos amanhã?
—Claro – respondi baixo ainda a observando e Ned ao meu lado fez uma beleza com as mãos.
Ela se despediu com um aceno e caminhou para fora do quarto com a cabeça baixa, me fazendo perguntar o que ela tinha passado para agir assim.
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