1. Spirit Fanfics >
  2. Enfia o noir naquele lugar >
  3. Capítulo Único - Plot Twist

História Enfia o noir naquele lugar - Capítulo Único - Plot Twist


Escrita por: Kirsche_

Notas do Autor


ALO

N TENHO MTO O QUE FALAR AGR PQ EU TIVE QUE CORRER PRA POSTAR ISO PRA LIV VIR AQUI LOGO
OI LIV
TE AMO
LISENSA

Capítulo 1 - Capítulo Único - Plot Twist


Eu detestava toda aquela chatice, sério. Toda aquela lengalenga que tomava quase duas horas do meu dia me dava nos nervos. Não que eu não goste de cinema, caralho, eu gosto muito de cinema! Mas o bom é aquele lance mais cru, mais verdadeiro, entende? O filme tem que ser sentido, não só por quem faz, mas por quem assiste, sem aquela baboseira que Hollywood tenta empurrar. Você roda, roda e roda, como um prato de microondas, que nem esse que eu tô admirando agora, pra no final soar aquele apito e te presentear com um sanduíche meia boca com o queijo mal derretido. Fala sério!

— Yoongi! Você tá perdendo o filme! — ouvi a voz grossa me chamando da sala do meu apartamento. Kim Namjoon, um ano mais novo que eu, que cursava a faculdade de Cinema na universidade aqui perto. A gente se conheceu há uns meses atrás, num festival de filmes independentes de Seul; ele era um calouro super empolgado, e eu um cineasta amador que não me interessava nem um pouco pelo ambiente acadêmico, mas surpreendentemente nos tornamos quase melhores amigos em duas semanas, foi até meio estranho o jeito que a gente combinava até na hora de divergir. Eu era o estressado e ele quase sempre ria da minha cara, me fazendo rir também. Enquanto eu tentava argumentar que o expressionismo alemão foi a melhor coisa já produzida, ele retrucava com aquela palhaçada de Film Noir. — Yoongi, quê que aconteceu? Tá assando um pão novo? Que demora! — droga, eu e minhas divagações. Há quanto tempo eu tô olhando pra esse sanduíche? O queijo já deve ter esfriado de novo. Mas que se foda.

Pego meu prato e volto pra sala, me sentando no sofá ao lado dele, que mal tira os olhos da TV. Ele sempre vem aqui em casa quando quer assistir um filme, alegando que no dormitorio da faculdade ele nunca consegue se concentrar por conta dos seus colegas de quarto, mas não que eu esteja reclamando, a companhia dele era — quase — sempre bem-vinda.

— Qual é o filme da vez mesmo? — pergunto de boca cheia pela mordida que eu dei no pão e sim, o queijo já estava duro de novo. Merda.

— Um Corpo Que Cai. — murmurou. Ah sim, o famoso filme de Hitchcock que eu estava reclamando tanto sobre há minutos atrás, fazendo analogias estranhas com meu microondas, o tal filme.

— Achei que você preferisse Psicose.

— Ué, e por quê?

— Sei lá, parece mais legal que isso aí, pelo menos tem sangue. — dei de ombros.

— Ah, claro. — debochou, me olhando de cima a baixo. — O que se esperar do cara que tá usando uma camiseta do Tarantino dando um tiro na própria cabeça? — riu, revirando os olhos daquela forma ofensivamente bonitinha.

— Respeita um dos maiores gênios da história do cinema, tá bom?

— Acho que você deveria fazer o mesmo com o Hitchcock, tenta prestar atenção na mensagem que ele passa com esse filme!

— Que mensagem? A de um romancinho chato e clichê, que vai terminar com o casal principal se beijando e aquela música orquestral irritante? — falei no mesmo tom de deboche que ele usou pra mim segundos atrás.

— Pelo amor de Deus, você por acaso já assistiu esse filme antes? Faz a mínima ideia de como ele termina?

— ... Não... Eu não preciso ver pra saber como é.

— Você sabe pelo menos que ele praticamente inventou o plot twist, né? — perguntou virando de frente pra mim no sofá e sim, eu ri da cara dele, porque agora ele falou muita bosta.

— Não quando você tem uma obra prima que é O Gabinete do Doutor Caligari, que fez isso há só quarenta anos antes, não é? — foi há trinta e oito anos antes, pra ser mais exato, já que O Corpo Que Cai é de 1958, mas eu não ia corrigir isso agora.

— Ai, lá vem você e o expressionismo alemão de novo, puta que pariu... — bufou, se virando pra pausar o filme com o controle do DVD e voltou a me olhar, dessa vez com uma pitada de raiva. — Olha, eu juro que não tinha nada contra o expressionismo alemão, mas você tá deixando isso insuportável, Yoongi! Existem coisas depois disso, sabia? Os elementos são importantes, mas eles foram aperfeiçoados com o tempo, e eu aposto que seu Quentin queridinho não ia fazer porra nenhuma se não fosse por Hitchcock.

Eu realmente queria argumentar de volta, sério. Mas eu não sabia bulhufas sobre Hitchcock pra poder afirmar que ele tava errado, então eu olhei no fundos dos olhos de Namjoon e dei mais uma bela mordida no meu sanduíche frio, ignorando o assunto.

— Olha, só... Dá uma chance, ok? — ele continuou. — Assiste o filme, e se quiser perguntar qualquer coisa, eu respondo.

— Tá bom, aperta logo o play e cala a boca. — tentei parecer entediado, mas acabei rindo, o que o fez rir junto, mostrando aquelas covinhas fofas.

Claro que Namjoon voltou o filme desde o começo, e claro que eu amaldiçoei toda a sua linhagem por isso, mas não vem ao caso agora. O filme em si começava bem estranho, um cara começou a perseguir a mulher do amigo dele porque esse achava que ela estava possuída. É, bizarro.

— Peraí, ele acha ela estranha só porque ela tem o cabelo descolorido?

— Não, Yoongi. É uma série de fatores. Ela é diferente do normal da época e mesmo assim ele se apaixona por ela, porque ela é misteriosa também, e ele quer entender o que ela tá escondendo.

—  Hm... Clichê. — dei de ombros, me aconchegando melhor no sofá não tão confortável assim. Qual é, não dá pra comprar o melhor sofá de todos quando seu salário é tão incerto quanto seu trabalho.

— Olha essa cena, sério. Presta atenção! — ele mandou, me fazendo ficar meio alerta. A mulher, Madeleine, estava sentada num museu olhando pra um quadro e o cara, Scottie, estava atrás dela, vigiando. Ele repara que do lado dela no banco tem um buquê que é idêntico ao do quadro que ela está admirando, assim como o coque no cabelo dela, que também é igual ao da mulher do quadro. Hm, interessante.

— Ela tá possuída pela mulher do quadro então?

— É o que você acha? — ele perguntou, sugestivo. — Nem tudo é o que parece.

— Isso é um spoiler ou é só pra me confundir, Nam?

— Ssh, presta atenção lá. — ele disse, colocando o dedo indicador na minha boca e sorriu de canto antes de voltar o olhar pra TV.

Ok, por algumas coisas eu não esperava naquele filme. Primeiro a tal Madeleine se mata, e aí o Scottie fica paranoico porque começa a ver a mulher em todos os lugares, não como se ela fosse um fantasma, mas como se ela realmente estivesse ali, sendo outra pessoa. E aparece uma tal Judy, que é idêntica à Madeleine, e ele fica obcecado nela também.

— Esse cara é meio doente, sério.

— Ele não consegue diferenciar a realidade da fantasia mais, ué.

— Mas porra, ele tá pedindo pra Judy fingir que é a Madeleine! E ela vai aceitar! Talvez ela seja a doente então. — comentei, mas eu realmente estava ficando intrigado, principalmente com a Judy. Se submeter às mudanças propostas pelo Scottie por amor, e ver aquele conflito interno dela sobre ter que assumir outra personalidade... Wow. Ela é um personagem bem peculiar.

— Mas você tá conseguindo perceber o que ele quis passar com isso? Você se transformar em outra coisa na tentativa de agradar alguém tá presente no filme inteiro. Quantas vezes a gente mesmo não chegou a se submeter a fazer um papel, só pra encaixar no que se espera que a gente seja? Quem realmente gosta de você pelo que você é, e não pela máscara que você criou? Quantas pessoas vão estar ali quando ela cair? Porque você sabe que uma hora ela cai.

— Caralho, como eu sei. — murmurei, abaixando meu olhar e voltando a divagar. Uns flashbacks me vieram à tona, os momentos onde eu me assumi gay pra minha família, quando todos se viraram contra mim; quando eu decidi correr atrás do que eu era afim e vi meus amigos rirem da minha cara e profetizando que eu seria um fracassado de merda sem dinheiro e sem reconhecimento. Todos viraram as costas pro meu verdadeiro eu, todos gostavam da Madeleine que eu fingia ser, e não da Judy, a pessoa real.

— Yoongi, tá tudo bem? ‘Cê tá me ouvindo? — ele perguntou, me chacoalhando e me acordando daquela lembranças. Sua mão segurava meu ombro com delicadeza, mas ainda assim era firme. Seus olhos pequenos analisavam cada pedaço do meu rosto, como se quisesse me decorar pra desenhar mais tarde, e isso me trazia um calorzinho gostoso no peito. — Yoongi?

— Ahn?

— Eu perguntei o que você achou do filme.

— Já acabou? — perguntei meio perdido.

— Gostou tanto assim? — riu meio incrédulo.

— Eu... Eu acho que sim. — ri de volta, um pouco tímido. — Eu não imaginava que ia ser uma coisa tão introspectiva, que ia me fazer refletir tanto. Além do suspense...

— Viu? O Noir é assim. É quase tão triste quanto o expressionismo, e ainda tem os plot twists “tarantinescos” que você tanto gosta.

— Falando em Tarantino...

— Lá vem...

— Não, é sério! A gente podia ver um dele agora, né?

— Ah, não... Quase toda semana você vê alguma coisa dele, vamos mudar um pouco! Que tal Sergio Leone?

— Porra, faroeste? Tá brincando com a minha cara?

— Coppola então? O Poderoso Chefão é um puta clássico.

— E não era você que tava querendo mudar? — ri.

— Lynchs?

— Mais Noir? Ah, não! Chega de me fazer ficar triste, pelo amor de Deus! — disse antes de ponderar por alguns segundos. — Já sei!

— O quê?

— Kubrick! Você ama Kubrick que eu sei! — exclamei apontando pra ele, animado.

— Eu amo é essa cara de criança que você fica quando sorri desse jeito.

— Q-quê? — perguntei, sentindo meus músculos tencionarem.

— Sabe o que eu acho que vou amar também? — perguntou sorrindo, se aproximando de mim, enquanto eu recuava aos poucos até encostar as costas no braço do sofá, sem ter pra onde fugir. Se bem que eu não acho que eu queria realmente fugir naquela hora. — Isso aqui. — respondeu à própria pergunta, já que eu devo ter ficado tempo demais calado aqui divagando, mas o que realmente me fez acordar foi sentir os lábios cheinhos dele sendo pressionados contra os meus. Eu senti uma reviravolta tão forte no estômago que achei que meu sanduíche meia boca fosse fazer o caminho de volta. Meus olhos ainda estavam arregalados pelo susto quando sua língua passou por meus lábios secos, e foi aí que os pilares da minha sanidade foram levados ao chão com sucesso e eu me entreguei completamente, fechando os olhos e correspondendo ao beijo, segurando forte em seu pescoço, não querendo que aquilo acabasse tão cedo.

Sempre fui meio besta pra entender os tais “sinais”, sabe? Ainda mais levando em conta a minha sexualidade, eu sempre fui inseguro na hora de flertar com um cara, porque na minha mente, todos eram sempre héteros e eu não queria ser indelicado de ficar dando em cima de alguém que talvez nem gostasse da fruta, e acabava por ficar na mão, se é que me entendem. Então ter Kim Namjoon, um cara que eu tive interesse desde a primeira conversa, tomando essa iniciativa foi como ver a explosão de fogos de artifício no Ano Novo, só que só pra mim, e acredite, era incrivelmente bom.

— Caralho... Eu... — balbuciei quando não senti mais o contato gostoso da sua boca na minha, ainda de olhos fechados.

— Você...? — perguntou, e eu podia claramente visualizar um sorrisinho sacana pintado naquele rosto.

— Eu nem sei o que dizer...!

— Ué, você não gosta de plot twists? Aposto que por essa você não esperava, não é?

Abri meus olhos devagar, quase com medo daquilo tudo não ser real, e vi seu rosto ainda próximo do meu, suas mãos apoiadas no braço do sofá e seu corpo quase completamente em cima de mim. É, aquilo era bem real.

— Óbvio que eu não esperava! Não que eu esteja reclamando, aliás. — pontuei, o fazendo rir daquela forma bonitinha que eu já expliquei antes. Seu rosto voltou a ficar ainda mais próximo e eu já começava a fechar meus olhos, pressentindo que mais um beijo viria, mas em vez disso ele mudou o rumo e foi dando pequenos selares em meu pescoço, me arrepiando quase que por completo.

— Eu te dou mais um beijo se...

— Se...? — perguntei meio vacilante por conta do carinho gostoso que sua língua fazia em cima do meu pomo-de-adão.

— Se agora a gente ver um filme do Billy Wilder.

— Ah, Namjoon! Enfia o Noir no cu!


Notas Finais


TCHARAAAAAAAAAAAAAAAAAM

SOU MTO TARANTINO'S WHORE SIM ME DEXA
E ASSISTAM ESSA CACETA DESSE FILME OBG DE NADA <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...