Acordo suado, e com o corpo extremamente cansado. Com os olhos semi-abertos, encaro Hwang, sentada próxima de mim. Bocejo.
—Quanto tempo durou? — pergunto.
—1h30, quase 2h. — ela responda, então sinto-me surpreso. Normalmente dura apenas alguns minutos. — Foi tudo muito interessante e precioso.
—Onde está Somi? — pergunto.
—Ela chamou um táxi e foi embora. — ela diz, e sinto-me preocupado.
Não gosto de deixa-lá sozinha, é como se ela sempre estivesse em perigo, constatemente.
—E o que aconteceu durante todo esse tempo? — pergunto ainda encarando-a.
—Como eu já havia tido, Somi chamava Ayumi e foi assassinada, logo após uma discussão entre vocês dois. Ela ainda tentou te ligar, mas você ignorou. Quando soube que estava morta, não suportou e se suicidou meses depois. Trágico. — ela diz.
—Realmente. — digo balançando a cabeça positivamente. — E em que conclusão você chega?
—Eu preciso pensar, também foi cansativo pra mim. Mas nada muito diferente do que já discutimos antes. — ela diz, levantando-se. — Agora sugiro que você vá para sua casa, tome um banho e cuide bem de Hyorin.
—Hyomin? — pergunto contraindo as sobrancelhas.
—Sim, sua filha. É apenas uma sugestão. — sorri simpática — Significa obediente e inteligente. É melhor que ela seja, não é? — ri.
—Sim. — sorrio — Mas sabe... eu ainda preciso aceitar a bebê. Logo, logo ela vai nascer e eu... ainda estou incomodado com tudo. Soube algo a mais sobre ela?
—Apenas que ela era a criança que você matou, e que na outra vida ela matou Ayumi, Somi. — ela diz — E é apenas isso mesmo, querido.
—Senhora Hwang, quando a bebê nascer e crescer, ela terá alguma lembrança de algumas das vidas?
—É raro que isso aconteça, provavelmente não tenha. E mesmo que tenha, não será uma lembrança concretizada. — diz — Mas desde que você a trate sendo um pai, tudo ficará ok.
Suspiro. Levanto.
—É, a senhora deve ter razão. — concluo. — Enfim, eu já vou indo, okay?
—Certo. — ela me acompanha até a porta.
Já na porta de saída.
—Quando então devo voltar para concluirmos tudo?
—Amanhã. — ela diz, então me surpreendo, já que normalmente há intervalos. — Precisamos fechar esse ciclo logo, e é melhor que seja já, antes que alguém sofra.
—Como assim? — pergunto com receio.
—Nada, não se preocupe com isso. — sorri calmamente. — Apenas vá, Jiminie. Somi precisa de você.
—Okay. — digo.
Já no carro, agora dirijo até o distrito que meu apartamento se localiza. Continuo preocupado com Somi, mesmo que ela já seja uma adulta, ainda a vejo como um ser que não sabe se defender. E talvez eu esteja certo.
Entrando no apartamento.
—Somi-ya!? — digo caminhando pela sala que está silenciosa e escura.
—Estou no quarto, amor. — ouço sua voz.
Então vou rapidamente até lá. Ela está deitada na cama, mas usando o notebook branco.
—Demorou, hein? — ela diz ainda mantendo atenção na tela.
—Sim. Última sessão. — digo me aproximando da cama, ela então me encara. — Sim — sorrio agora já mais próximo dela — Isso finalmente está terminando.
Ela sorri contente.
—Finalmente! — diz empolgada.
Então me aproximo ainda mais e selo nossos lábios. Seguro sua nuca, aprofundando o beijo. A sensação de tê-la é tão boa. Paramos por falta de fôlego. Olho para sua barriga, que já está muito aparente.
—Como... ela está? — pergunto.
—Bem. Acredito que bem. — diz, então começa a acariciar. Arregala os olhos e me olha rapidamente — Oh, ela chutou!
—Sério? — pergunto, então ela puxa minha mão e coloca sobre sua barriga. Sinto-me nervoso. Sinto a bebê se movimentar. Sensação estranha. Rio tímido. — Isso é estranho.
—Eu gosto de senti-la. — comenta.
—Certo... — me desaproximo, caminho até o guarda roupa — Já tomou banho?
—Sim.
—Ok, eu vou agora. — pego uma toalha e pijama, já são 9:00 PM.
Vou ao banheiro, tomo um banho rápido. Mas quente e relaxante, o teste foi realmente cansativo.
Saio, vejo agora Somi assistindo algum drama. Deito-me ao seu lado. Beijo sua bochecha.
—Eu amo você. — digo de repente. Ela ri. — Que foi?
—É fofo esses ''eu te amo'' de repente. — me olha — Eu também te amo, sabe disso.
—Ótimo. — digo — E como está?
—Com dor de cabeça. Caimbras. — diz. — Mas isso é normal na gestação.
—Já sente dores nas costas? — pergunto.
—Todos os dias. — responde — Mas ei, você ainda não jantou. Vá comer, fiz kimchi jjigae.
—Sério? — pergunto entusiasmado, é meu prato favorito. — Ainda está quente?
—Claro. — diz — Vá antes que esfrie.
—Ok. — rio fraco.
Levanto, vou até a cozinha. Ainda está servido na mesa, mas antes vou a geladeira e pego uma latinha de Bonbon de uva verde. Então sento-me e começo a me servir com a sopa de kimchi. Consumo a sopa apimentada, levemente adocicada e com um leve sabor azedo, com com carne de porco, tofu e glass noodles.
Quando termino, junto todos os pratos para colocar no lava-louças.
—Jiminie-oppa! — ouço a voz de Somi, ainda no quarto — Traz leite pra mim?
—De banana? — pergunto em tom que possa ouvir.
—Sim! Estou com desejo.
Rio fraco, é tão fofo o jeito que ela se trata da gestação.
—Ok. — digo já abrindo a geladeira. Pego a pequena garrafinha de banana uyu.
Levo até o quarto, entrego a ela. Caminho ao banheiro para escovar meus dentes, quando terminando ela também vai até lá.
—Sabe — ela suspira — Ás vezes sinto tontura, como se fosse desmaiar. E nem é cansaço.
—Logo, logo Hyomin nasce e tudo isso passa. — digo guardando a escova.
—Hyomin? Escolheu o nome? — ela diz sorrindo, achando graça.
—Senhora Hwang sugeriu. Obediente e esperta. — respondo, então dou um beijo de esquimó dela. — Mas só se você concordar.
—Mm... parece bom. Acho que gostei. — diz e leva a escova já com pasta dental, até a boca.
Saio do banheiro. Indo a cama. Em pouco tempo, Somi também se deita, assistimos dramas até adormecemos.
Dia seguinte.
19h30, prédio da Senhora Hwang.
Já sentados no sofá escuro, e servidos com biscoitos industrializados, Choco Pie.
—Finalmente. — ela diz. — Vocês devem estar ansiosos, não é? — pergunta.
—Claro. — respondemos com um sorriso. — O que tem a nos contar, senhora Hwang?
—Jimin. — ela diz firme, me encarando — Assim como Somi-ya comentou um tempo atrás, sua tristeza foi tão amarga e profunda, que impregnou sua alma. Os sentimentos em você eram tão intensos, que dessa vez, foram escondidos, e somente Somi tem a chave desse baú. Somente ela pode te abrir, e ter o melhor de você. — ela explica. — Somi, você sempre foi forte e bondosa, sempre sentindo empatia por todos. É como se você sugasse os sentimentos externos de Jimin, já que vocês são tão ligados, houve esse desequilíbrio de emoções. — concluí. — Agora, vocês terão finalmente a criança de vocês. Algo que foi interrompido no passado. — ficamos surpresos, não sabíamos disso — Sim, Hyungwon e Ayumi quase tiveram uma criança, mas houve um aborto espontâneo, e então surgiu todos os problemas. Agora, essa é a nova chance de vocês, não só isso, mas a chance de Jimin perdoar o assassino. — me encara com autoridade — Sendo sua filha, sua inocente criança, você sentirá amor por ela. E no amor, há perdão. O karma terá seu dever cumprido.
Sinto-me quase que anestesiado depois de tantas explicações, informações e conclusões. Olho para Somi, ela também está em êxtase.
—Hyomin será sua chance. — ela por fim diz.
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Quase 3 meses depois
Hyomin já está prestes a nascer. Já compramos todas as coisas dela, e reformamos seu quarto. Paredes brancas com várias decorações rosas.
Eu espero que eu possa ser um bom pai para ela. O que ela fez, já está no passado, e hoje nós três já estamos bem novamente. Tenho medo do que vou sentir quando ver seu rosto, isso é algo que pode afetar também Somi. Ela foi a principal atingida, e foi capaz de perdoar, por que eu não posso fazer o mesmo?
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17h03
Prédio Toyota
Sentado na cadeira giratória preta, usando o notebook samsung preto, sobre a mesa transparente. Só de pensar que ainda faltam 3h nesse prédio, sinto vontade de me atirar pela janela. Malditas horas extras que nem são recompensadas; Nesse país há muita corrupção, mas não é divulgado. Afinal, as três maiores redes de TV do país são controladas pelo governo, então é fácil imaginar que o povo nunca fica sabendo de atos de corrupção cometidos por políticos. A Coreia do Sul não é a do Norte, mas está longe de ser uma democracia plena. O governo impõe várias censuras e ditam como a sociedade deve agir.
Concentrado no meu trabalho, até que eu ouça meu celular tocando e vibrando. Vejo.
''Somi-ya ❤''
Ela não costuma me ligar sem motivos, então resolvo atender.
—Sabe que estou trabalhan... — me interrompe.
—Oppa... — diz como se estivesse agoniada. — Estou com dores há horas, eu liguei a mamãe e ela disse que são as contrações, mas não pode sair do trabalho, e me disse para te ligar, o papai te dispensa. A minha bolsa estorou. — diz tudo rapidamente.
—Somi, está em trabalho de parto?! — pergunto assustado.
—Sim... Fica calmo, ainda vai levar algumas horinhas até ela nascer... — diz, respira fundo. — Por favor, venha o mais rápido. Eu estou com medo e carente.
—Já estou indo, apenas vou avisar o papai. — digo já me levantando. — Aguenta, amor. Já estou ai.
—Ok, oppa... — ela diz.
Encerramos chamada. Corro até o escritório do meu pai, sem bater na porta, apenas abro. Vejo-o dormindo, com a cabeça deitada na mesa.
—É... Jinyeong. — chamo-o.
—Mm?! — ele se assusta, levantando rapidamente — Desculpe, filho. Tenho feito muitas horas extras. Algo aconteceu?
—Somi está em trabalho de parto, eu posso ir? Eu recompenso daqui uns dias. — peço.
—Vá, você sempre se empenha bastante. — ele diz se recompondo do sono, boceja — Me dê notícias da minha neta.
—Ok. — digo — Até mais, pai. — logo me retiro.
Pego o elevador e corro até meu carro. Já nas ruas, ignoro algumas leis de trânsito e semáforo. Eu estou realmente assustado, e de qualquer jeito, coreanos são péssimos motoristas, sou apenas mais um.
Chego ao prédio, subo. Ajudo Somi a caminhar, e carrego algumas coisas da bebê. Descemos; Direto ao hospital.
Assim que chegamos, um médico a situa de toda situação, e explica todos os processos. Eu apenas tento entender tudo o que ele fala, já que não sei nada de partos. Ele diz sobre algumas exames, e então nos deixa a sós no quarto.
Sentado ao lado da maca em que Somi está, eu seguro sua mão e acaricia seus longos e delicados dedos. Olho para a barriga, encarando-a.
Sim, Park Hyomin. Hoje saberemos o que será de nós, filha.
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