História Enquanto Ele não vem - Seven

E a você que está lendo isso: nunca, em hipótese alguma, se esqueça do que você representa pra Deus. Você é a criação mais linda que ele criou, tu é o sonho mais lindo que ele sonhou. Você tem a aparência dele, nunca se esqueça: você é lindo(a).

Duas semanas depois - casa da Fernanda

Eu estava em casa.

Não estou falando do meu apartamento, de paredes etc, estou falando dos braços do meu Pai.

Eu voltei de onde eu havia parado, ou melhor, eu estou mais além do que antes. Jesus está tão próximo à mim, que dias atrás ele deixou sua mão marcada no espelho do quarto do Léo. Estávamos orando todos juntos, cada um em um canto da casa, e eu estava perto do espelho do guarda roupa, no quarto, e orei pedindo pra ele ser tão real pra mim, à ponto dele deixar algo pra me provar, e então quando eu abri meus olhos lá estava a marca da sua mão.

Lucas e eu continuamos amigos, assim como com a Otávia e os demais meninos, e estou tentando ao máximo influenciá-los, mas é muito difícil até os convencerem a ir na célula.

Estávamos eu, Léo, Eduardo, Carina, Juliana, Mateus e Fernanda, na casa da Fernanda, ela nos chamou pra jantar aqui. Achei que ela iria fazer um super jantar, mas é pizza, que claro não acho ruim, mas pelo convite que ela fez...

Os meninos jogavam vídeo game, enquanto eu, Carina e Juliana assistíamos.

– Amiga, vem me ajudar a colocar as pizzas no forno? – Fernanda perguntou se dirigindo a mim.

– Claro! – exclamei me levantando do sofá, e indo em direção à cozinha.

– Quer que eu vá também? – Carina perguntou.

– Não amiga, pode ficar aí de boa! – Fernanda respondeu sorrindo e Carina deu de ombros.

Chegamos na cozinha e já colocamos elas no forno. No total eram cinco pizzas. 

– Sério que você me chamou só pra isso? – questionei debochada e Fernanda gargalhou.

– Nop! – ela exclamou com um sorriso malicioso nos lábios – O que tá rolando entre você e o Léo?

– É o que? – indaguei com o cenho franzido e depois gargalhando. Ela bufou impaciente, e depois revirou os olhos. – Nada, por quê?

– Exatamente! Esse é o ponto... – ela disse encostando a porta da cozinha para que ninguém nos escutasse – Ele me perguntou se você já tinha comentado algo dele e tal, aí falei que tu disse que achava ele um super varão, e que ele é um espelho pra ti, e te leva pra mais perto de Deus, aí ele ficou todo bobo. – gargalhei alto recebendo um olhar de reprovação dela.

– E o que que tem demais nisso? 

– Amiga, eu que ele tá querendo você em... – ela deu uma piscadela e eu gargalhei – Conheço ele há sete anos, sei quando tá gostando de alguém. 

– Posso ser sincera? – ela assentiu – Eu sinto que tem algo entre ele e a Carina... – sussurrei e ela crispou os lábios – O que foi? Acertei?

– Mais ou menos – Fernanda franziu o cenho – eles namoraram há três anos atrás, no ano que o Léo entrou pra igreja...

– Terminaram por que? 

– Porque ele se converteu. – eu fiquei boquiaberta e Fernanda balançou a cabeça positivamente. – Tipo, ele era doido por ela, real mesmo! Eles namoravam desde o oitava ano na escola, ou seja, namoraram durante quatro anos, aí no terceiro ano do ensino médio, eles se converteu na célula que fazíamos no recreio da escola, e aí ela o fez escolher entre Deus e tal, e ela, aí ele sem nem pensar duas vezes terminou.

Será que estávamos falando da mesma Carina? A Barbie humana gospel?

– Mano, tô sem palavras pra isso... – eu disse negando com a cabeça.

– E tem mais... – Fernanda disse soltando um riso abafado – Aí ela foi embora pra São Paulo, aí voltou ano passado. Se converteu lá e tal, voltou super mudada, isso explica sua cara. – ela riu e eu também – E aí tipo, Léo não quer mais nada com ela. Antes de você chegar, ela se declarou pra ele de novo, pediu pra voltar e tudo, e ele disse que não, que não sentia nada mais por ela, que mesmo tendo se convertido, ela não era pra ele, aí ficaram de boa, mas ela ainda tem esperança...

– Mas por que ele não me contou nada disso? – questionei cruzando os braços.

– Porque ia te contar quando começassem a namorar...

– Quando? – indaguei com a sobrancelha esquerda arqueada e ela tapou a boca com as mãos – Que história é essa?

– Ai amiga eu tenho fé né?! – ela deu de ombros e eu a encarei com os olhos semicerrados – Hebreus onze linda...

– Eu conheço bem essa passagem, muito obrigada! – disse rindo. 

Ficamos ali por mais algum tempo, o suficiente pra ela me contar sobre o que aconteceu na faculdade dela nessa semana, sobre o diabo estar tentando ela com um menino, segundo ela: MARAVILHOSO em negrito e caps lock, Fernanda é uma comédia.

***

Comemos as pizzas, e sobrou dois pedaços ainda.

– Ei! – Léo me chamou baixo o suficiente só para que eu pudesse ouvir, enquanto estávamos todos deitados nos colchões que colocamos na sala.

– Oi? – respondi no mesmo tom.

– Vamos dar uma volta na praia? 

– Agora? – perguntei franzindo o cenho após conferir o relógio que marcava meia noite e dois. Léo assentiu com uma careta divertida e eu dei ombros. Ele se levantou estendo a mão na minha direção e todos nos olharam.

– Gente, nós vamos indo... – ele disse sorrindo e Fernanda me encarou com um sorriso malicioso, e eu em resposta revirei os olhos.

– Então aproveita e me deixa em casa? – Carina perguntou e Léo pigarreou.

– Amiga, fica mais! Preciso conversar contigo ainda... – Fernanda disse encarando Léo que suspirou aliviado. 

– Tem certeza? – ela questionou desapontada e Fernanda assentiu sorrindo – Ok então...

– Enfim... Vamos então?

– Vamos sim... Tchau gente! – acenei e fui em cada um dar um beijo, assim como Léo fez também. Calçamos nossos sapatos e saímos da casa.

***

Léo estacionou o carro no estacionamento de frente pra praia, e assim que abri a porta, senti o frio que fazia lá fora. Peguei meu moletom que estava no banco de trás do carro e o vesti, mesmo já estando com duas blusas de manga cumprida por baixo.

– Tá pra nascer alguém que sente mais frio que você em?! – gargalhei e logo seus braços rodearam meus ombros e começamos a caminhar abraçados em direção à areia, mas pra chegar até lá, tínhamos que rodear por uma calçada.

– Léo, olha... – apontei para um corpo deitado no canto da calçada.

– Meu Deus! – ele exclamou – Vamos lá. – assenti e fomos em direção ao corpo. Chegando lá vimos que era um homem, morador de rua. Ele estava sem camisa, descalço, e usava apenas uma bermuda. – Senhor? – Léo disse cutucando o homem que rapidamente se sentou assustado. – Calma, calma...

– Vocês vão fazer o que comigo? – o homem questionou totalmente assustado e eu me agachei ao seu lado.

– Nada moço, queremos saber se o senhor está com fome... – respondi.

– O moça, estou sim...

– Compra algo pra ele ali naquele quiosque! – Léo disse abrindo a carteira, que estava em seu bolso, me entregando uma nota de cinquenta reais. Assenti e fui comprar.

O lugar estava relativamente cheio, perguntei a atendente o que saia mais rápido, e ela disse que tinha espetinho pronto, então comprei dois completos, que acompanhava arroz, feijão e farofa.

Voltei ao lugar onde Léo estava com o senhor, e ele estava orando por ele. Parei e fiquei observando.

– Jesus... O que podemos fazer por ele já estamos fazendo. Estamos o alimentando com o alimento físico, e vamos o agasalhar com o máximo que temos agora, mas o espiritual, que você possa suprir... Que você o alimente espiritualmente, o agasalhe com seus braços de amor, e que ele saia da rua, pelo milagre que tu pode fazer... – orei baixinho. Abri meus olhos e vi que eles já tinham terminado de orar, então me aproximei.

– O meu Deus, obrigada moça! – ele exclamou sorridente e em seguida lágrimas começaram a rolar e eu não resisti e chorei também. – Vocês são dois anjos, meu Deus!

– Imagina! – exclamei gargalhando junto com Léo – Não me agradeça, agradeça a Deus! É ele quem nos colocou aqui, e ele fez isso porque te ama! – disse entregando os pratos de comida à ele que não hesitou e os agarrou sedento. 

– Aqui... – Léo disse tirando seu tênis e colocando nos pés do homem – É pra você viu?! Cuida bem deles, é emprestado... – ele complementou brincalhão e o homem riu.

– Bom... Meu moletom talvez possa ficar pequeno, mas é o máximo que posso fazer agora. – eu disse tirando o moletom e colocando sobre seus ombros o cobrindo.

– O meu Deus, abençoa esses meninos, eu não posso, mas abençoa eles Senhor... – o homem disse enquanto comia e nós sorrimos. 

– Nós temos que ir, mas amanhã voltaremos aqui, se ainda estiver por aqui, nos encontraremos, certo? – o homem assentiu – Então tchau, fica com Deus!

– Tchau, tchau! – exclamei acenando.

– Vão com Deus, que ele abençoe vocês viu?! – concordamos e respondemos em uníssono um "amém" e saímos dali indo em direção à praia, antes parando no quiosque para lavar as mãos.

Era lua cheia, então a noite definitivamente estava linda. 

Léo entrelaçou sua mãos à minha e começamos a caminhar sobre a areia úmida, por conta do sereno.

– Nunca me imaginei fazendo o que fiz agora sabe? Essas coisas sempre me comoveram, mas nunca havia tomado atitude pra ajudá-los de alguma forma, mas quando entendi que o único propósito nosso aqui na terra é espalhar o reino dele, e isso inclui ajudar os necessitados, meu coração começou a arder por isso também... – eu disse olhando para o mar.

– Eu também... Só passei a fazer isso quando entendi a mesma coisa que você disse... – Léo falou soltando minha mão para segurar minha cintura, enquanto eu abraçava ele lateralmente. – Que dia vou ouvir suas composições? – questionou parando de andar e me virando de frente para ele e de costas para o mar.

– Qualquer dia... – dei de ombros e ele revirou os olhos – O que foi?

– Canta um pedacinho pra mim? – perguntou sorrindo e eu neguei – Por favor Ali...

– Nop!

– Por favor, por favor, por favor, por favor...

– Tá, tá menino chato! – gargalhei e ele sorriu satisfeito – Essa eu compus esses dias atrás, e nem tentei a melodia, mas vou cantar do jeito que eu imagino... – ele concordou ainda me encarando sorridente – Eu sei, erro muito, sim eu sei... A cada passo que dou, parece que estou voltando seis... Há tanto tempo caminhei firme, sem cair, sem nem cogitar a ideia de sair, e aí por simples capricho, confiei mais em mim e esqueci que todo cuidado é pouco nessa estrada... Pronto, tá bom! – terminei de cantar e encarei seus olhos que me encaravam como se eu fosse uma descoberta.

– Eu estou sem palavras! – Léo disse pausadamente me fazendo rir – É sério! Essa letra é linda cara, sua voz é linda... Você é linda... – No momento em que ele disse isso, algo muito estranho aconteceu. Mas um estranho bom. Não sei se foi uma visão, porque não sei como isso funciona, mas tive uma imagem muito louca: eu estava caminhando por uma estrada muito linda, e de alguma forma eu sabia que estava dentro do coração de Deus, aquela estrada era dentro do coração dele, e aí Léo vem caminhando de uma estrada que dava para a minha, era como se aquela que eu estava fosse a estrada principal, e haviam outras que davam até a minha, e de uma delas veio o Léo: – Vamos juntos? – ele disse estendendo sua mão em direção à mim e eu a peguei e as entrelacei uma na outra. Sorri para ele e disse: – Claro, vamos juntos sim. – e então começamos a caminhar de mãos dadas para o alvo que a estrada dava. Pisquei várias vezes e encarei o rosto do Léo, que tinha a mesma expressão que eu. 

– O que aconteceu? – questionei o encarando e ele sorriu.

– Eu tive uma visão... – respondeu sorrindo e acariciando meu rosto.

– Eu acho que eu também... – eu disse franzindo a testa e ele arqueou a sobrancelha.

– O que você viu? 

– Diz você primeiro... – eu respondi e ele revirou os olhos.

– Não posso falar agora, não por enquanto...

– Então eu também não falo. – dei de ombros e ele murmurou um "tá bom então" e voltamos a caminhar sobre a areia.

***

Léo me deixou em casa quando já eram duas e meia da manhã. Ainda bem que amanhã era domingo.

Tomei meu banho e quando peguei o celular, havia uma notificação de mensagem do Léo:

Léo, o boy unção: Boa noite minha vasa hahah
                                                Dorme com Deus, e saiba que passar meu tempo ao seu lado, é uma das melhores coisas da vida, só perde pro tempo que fico com Jesus hahah

Aline Panizzi: hahah boa noite boy unção mais gato que o mundo respeita!

                          E saiba que você é a coisa mais especial que tem acontecido na minha vida (só perde pro meu boy supremo né, Jesus), dorme bem Léozinho.

Bloqueei o telefone e me deitei na cama sorrindo, até sentir meu amor maior começando a falar comigo:

– Fala meu amor, fala que eu te escuto! – gargalhei e senti Jesus ali comigo, gargalhando também. E logo ministrou em meu coração: "eu preciso dizer algo depois do que eu te mostrei?" – Ai meu Deus, não... – respondi gargalhando e tampando o rosto. E ele continuou ministrando: "eu tenho muitas coisas pra fazer como cúpido ainda, então peço que você continue assim, de boa e na sua, e deixa com o melhor cúpido aqui o resto! Ah... Viu como o pai é?" – Deus é Deus né meu querido?! Agora entendi que ele se importa até com nossa situação amorosa, e mesmo a gente às vezes estragar isso, ele ainda sonha com um romance real pra gente... Obrigada por estar me proporcionado tudo isso, eu não mereço mesmo, mas vocês insistem em me amar né não?! – e então o espírito santo falou ao meu coração: "Buscai primeiro o reino de Deus, e o mais se acrescentará. Mateus 6:33".

E ali eu entendi que quando você busca o reino dele, o resto ele vai acrescentar.

E a você que está lendo isso: busque antes de qualquer coisa o reino de Deus. Se preencha com o amor dele, até porque ninguém vai morrer de amores por você, o único que fez isso foi Jesus, então mergulhe nele em primeiro lugar, porque só assim as coisas vão acontecer.