História Enquanto você dormia - Tanaka Seiji

No capítulo anterior:

 

– Me dá um beijo, Ichigo? – sussurra.

 

O coração do jovem quase saiu pela boca ao ouvi-la novamente lhe pedir um beijo como ela fazia antigamente. Mas... Aquele olhar não transparecia a felicidade que ele sempre via em seus olhos quando ela lhe fazia esse pedido. Talvez Rukia tivesse mesmo razão, eles teriam que se conformar em viver apenas como amigos.

 

Ichigo dá um beijo na testa dela e solta seus braços.

 

- Você sabe que nunca faria nada de não fosse bom para você também. Seus lábios dizem uma coisa mas seus olhos não confirmam. – Se afasta um pouco dela, abaixa a cabeça e logo em seguida volta a fitá-la. - Não pensa que vai se livrar de mim tão facilmente... Rukia. – ele coloca a mão no bolso e sai andando para longe da bela morena que ficou sem palavras diante da atitude inusitada de Ichigo. 

 

Tanaka Seiji

 

 

Rukia sentia uma enorme vontade de chorar enquanto olhava Ichigo se afastar cada vez mais para longe de si, entretanto não deixaria uma única lágrima molhar seu rosto, já estava cansada de chorar, precisava ser forte para conseguir se manter sã sempre que Ichigo tentasse convencê-la a voltar para ele, ao que parece o jovem não havia desistido.

 

Uma parte de si quis muito beijá-lo. Sentir os lábios do jovem nos seus era uma das coisas que ela mais gostava na vida. Não tinha como negar que amava Ichigo. Porém Rukia sentia como se o que houve entre ela e Ichigo tenha ficado no passado e ainda tinha Inoue, nunca conseguiria ser feliz sabendo que ela estava sofrendo. Apesar de tudo a ruiva era sua amiga.

 

- Ichigoo... – balbucia tristonha.

 

•••

 

Rukia é despertada com o barulho ensurdecedor da campainha que não parava de tocar. Sentou-se na cama ainda meio atordoada devido o sono, mas teve que ir até a porta ver quem estava fazendo tamanho barulho tão cedo em sua casa.

 

- Seiji? – esfregou os olhos ainda sonolenta.

 

- Isso são horas de estar dormindo, Kuchiki? – ele sai entrando sem nem esperar por convite. Rukia o acompanha com olhar não muito feliz.

 

- Não sei que horas são, mas isso também não faz diferença, não tenho nada de bom para fazer mesmo. – estava visível seu mau-humor.

 

- Acho que você  tá com tempo ocioso e precisa arrumar algo para fazer. – ele vai até a cozinha e coloca água no fogo, Rukia o acompanha.

 

- O que está fazendo? – fala ao vê-lo mexer na geladeira a pegar alguns ingredientes.

 

- Preparando o café da manhã para você. – responde como se fosse a coisa mais natural do mundo.

 

- Você é um folgado. – ela se senta em um banco que ficava do lado de fora do balcão.

 

- Você pode até me conhecer a apenas algumas semanas, mas eu te conheço há dois anos sabia? Não precisa ficar acanhada comigo. – sorri para ela.

 

Acanhada não era bem a palavra que definia o estado de espirito de Rukia, ela estava irritada por ter sido acordada, noite passada quase não dormiu pensando em Ichigo e no último encontro deles e pela inconveniência do médico, tudo bem que ele vinha visitá-la quase todos os dias, mas não se lembrava deles terem tanta intimidade assim. Porém preferiu se calar, pois estava com fome e o que o jovem preparava parecia ser gostoso.

 

- Quem se importa. – ainda o olhava enraivecida. Ele não dizia nada apenas sorria. Para Seiji Rukia fica ainda mais linda quando estava emburrada.

 

Algum tempos depois...

 

- Você realmente cozinha muito bem. – fala ao terminar de se deliciar com o que Seiji preparou.

 

- Eu moro sozinho a um bom tempo por isso sei me virar bem.

 

- Não tem família? – fica curiosa, o jovem nunca tinha falado dele.

 

- Sim. Mas vivem em outra cidade. Eu vou visitá-los sempre em minhas férias. – ele gostava tanto de passar suas horas de folga com Rukia, ela lhe fazia muito bem. – Seu irmão também vive em outra cidade né?

 

- Podemos dizer que sim. - não era bem esse o caso, mas como explicaria que Byakuya vivia em um mundo espiritual. – Não foi trabalhar hoje? – resolveu mudar de assunto para ele não fazer mais perguntas.

 

- Vou pegar mais tarde e resolvi ver se precisava de algo. – ele estava sempre de bom humor.

 

- Por que faz isso?

 

- O quê?

 

- Suas obrigações comigo eram apenas enquanto fui sua paciente, mas mesmo depois de eu já não precisar mais de cuidados médicos você ainda vem me ver, não entendo por quê. –Rukia gostava de ter a companhia de Seiji. Ele era divertindo e sempre a fazia sorrir, mas não conseguia compreender o porquê do médico insistir em ser seu amigo.

 

- Não existe um porquê, Kuchiki. Eu gosto de você. – Ele toca na mão dela que estava sobre a mesa. – Gosto bem além do que deveria. – fala sério.

 

Rukia puxa a mão. – Espero que esse “gostar” seja como amigo. – fala desviando os olhos do dele.

 

- E se não fosse? – ele sabia que estava se apaixonando pela morena, porém também tinha ciência do envolvimento dela com Ichigo e imaginava que a mesma não tinha superado seus sentimentos pelo outro médico.

 

- Seria uma pena porque gosto da sua companhia, mas não tenho como corresponder. Isso me obrigaria a me afastar de você. – já tinha que conviver com muitas coisas em seu coração, de Seiji ela só queria mesmo amizade até porque nunca conseguiria abrir seu coração para outra pessoa, Ichigo se instalou nele e parecia que seria pela vida toda.

 

O medico se levanta e começa a tirar a louça. – Relaxa! Tudo a seu devido tempo. – Rukia vê o sorriso no rosto dele se formar novamente.

 

Seiji era um cara bem apessoado. Ele tinha cabelo castanho escuros com alguns fios arrepiados e outros que caiam sobre seu rosto e olhos azuis. Sempre usava roupas no estilo social descontraído: calças jeans, blusa social com os dois primeiro botões abertos e um paletó por cima. Ele tinha 28 anos e há três exercia a medicina.

 

Sua personalidade era bem tranquila e gostava muito de levar a vida sempre com um sorriso no rosto e fazer as pessoas ao seu lado sorrirem também. Podemos classificar Tanaka Seiji  como um homem extrovertido e carismático que na maioria das vezes consegue o que quer por ser perseverante. Sem dúvida alguma ele é um homem bonito que qualquer mulher se orgulharia de ter ao seu lado.

 

Rukia deixou o amigo limpando a cozinha e lavando a louça toda sozinho enquanto ela tomava um banho, o médico havia dito que ainda tinha algum tempo livre e eles poderiam sair para caminhar um pouco, isso deixou a morena bem animada, ela não queria ficar em casa sozinha mesmo.

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- Eu estive pensado. Acho que seria legal você arrumar alguma atividade para ajudar a passar o tempo. Tenho certeza que não precisa de um emprego, dar para ver que sua situação financeira é estável, mas pode ajudar sendo voluntária. – fala enquanto eles caminhavam pelas ruas de Karakura.

 

- Voluntária? Como assim? – aquele assunto a interessou e muito, seria legal fazer algo de útil.

 

- No hospital tem uma ala infantil onde temos muitas crianças internadas, fiquei sabendo que estavam precisando de alguém para ficar na sala de recreação com elas, não vai precisar se dispor o dia todo, são apenas algumas horas e é um trabalho voluntário.  Agora ela está fechada porque não tem ninguém que se interessou já que as maiorias das estagiárias querem remuneração.

 

Rukia ficou pensativa. Se aceitasse a sugestão do amigo ficaria próxima de Ichigo e isso era exatamente o oposto do que gostaria. Ficar o mais distante possível do jovem estava em seus planos para resistir a ele, mas por outro lado ter algo para fazer com seu tempo ocioso lhe pareceu tão atraente.

 

- Kuchiki está me ouvindo? – Seiji para na frente dela e balança as mãos ao ver que a morena tinha parado de caminhar e parecia estar no mundo da lua.

 

- Eu aceito. – não adiantaria ficar fugindo de Ichigo, ele não ia se conformar em ficar longe dela mesmo.

 

- Sério? – fala animado – Hoje mesmo vou falar com a responsável pelo setor. Você vai amar as crianças, Kuchiki, elas são incríveis. Tenho certeza que vai te fazer muito bem.

 

- Não sou muito boa com crianças, mas acho que já consegui enfrentar desafios bem maiores em minha vida – ela falava de hollows e vilões super malvados que queriam dominar o mundo. Ele pensava que ela se referia ao coma.

 

Seiji e Rukia passaram momentos bem agradáveis juntos antes de ele ir para seu trabalho. Apesar de o médico irritar a morena ás vezes com sua forma descontraída demais, ela estava gostando cada vez mais das visitas do amigo.

 

Ao final do dia Seiji ligou para Rukia comunicando que tinha conseguido uma entrevista com a diretora do departamento infantil pela manhã, mas ele estava bem otimista em ela ficar com a vaga.

 

A nobre se dividiu em ficar feliz por finalmente ter algo de importante para fazer com seus dias e preocupada porque possivelmente encontraria Ichigo no hospital. Não sabia até quando conseguiria resistir a ele.

 

•••

 

No dia seguinte...

 

Ichigo acabara de acordar e estava sentado na cama olhando fixamente para a parede. Ficava triste sempre que se lembrava que aquele quarto fora decorado por ele há alguns anos atrás pensando em agradar Rukia, desde a escolha dar cor a estampa ridícula de coelhinhos que tinha em algumas roupas de cama e agora ter que acordar nele todos os dias sozinho não era nada fácil. Aquele apartamento seria o lar onde viveria com o amor de sua vida.

 

Lembrou-se da noite passada e da visita nada agradável que teve de Inoue. A ruivinha ficou fazendo drama, chorou e implorou para que ele voltasse para casa. Quase todas as noites era a mesma coisa, quando ela não aparecia em seu trabalho, ia ao apartamento lhe azucrinar a vida.

 

Até sentia pena da garota, não tinha dúvidas que ela realmente o amava, mas agora entendia muito bem que foi um erro ter ido morar com ela, tinha que ter seguido o conselho de seu pai e dar a ruiva e ao bebê todo respaldo, mas nunca viverem como casal já que não tinha sentimentos amorosos pela garota.

 

Porém Ichigo estava decidido a não voltar mais para Inoue, uma hora ela aceitaria esse fato. Seu objetivo consistia em reconquistar Rukia e retomar sua história com a bela de onde pararam antes do coma.

 

Sorriu ao pensar em Rukia. Ela era tão linda e amava seu jeito mandona. Sentia tanta falta de beijar seus lábios novamente e ouví-la dizer “Ichigo me dá um beijo?” era a coisa mais gostosa de se ouvir.

 

- Você vai voltar a ser minha Rukia. Tenho certeza disso. – murmura.

 

Deu um longo suspiro e foi rumo ao banheiro precisava de um bom banho para espairecer as idéias, assim que saísse do trabalho iria procurar por Rukia, ela não conseguiria se livrar dele tão fácil.

 

•••

 

Naquela manhã Rukia havia acordado bem cedo, colocou um lindo vestido longo até os joelhos, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo para lhe dar um ar mais sério, porém não adiantou muito, ainda se parecia com uma adolescente. Mas não tinha importância, estava confiante que conseguiria a vaga de voluntária.

 

Chegando ao hospital Seiji não pôde estar com ela devido algumas consultas que tinha naquele momento, mas ele a explicou onde deveria ir.

 

A reunião com a diretora não podia ter sido melhor ela contratou a morena e Kuchiki Rukia era a mais nova voluntária da área de recreação infantil. Já poderia ir trabalhar no dia seguinte. 

 

Ao sair da sala da diretora o médico e amigo esperava pela morena no corredor. Rukia ficou surpresa por vê-lo ali, mas de certa forma se alegrou, pois teria com quem compartilhar sua alegria.

 

- Ao julgar por sua carinha de felicidade devo pensar que conseguiu a vaga né? – diz ele.

 

Rukia se recompõe. Não gostava muito de ficar demostrando suas emoções. – Sim. Eu começo amanhã. – fala meio indiferente, mas por dentro estava explodindo de alegria.

 

- Que noticia maravilhosa, Kuchiki. – o médico puxa Rukia para junto de si a abraça. Foi tudo tão rápido que a nobre nem teve reação ao gesto do amigo.

 

- Posso saber o que tá acontecendo aqui? – Ichigo que estava passando pelo corredor acabou vendo aquela cena que o deixou sem chão. Sua Rukia nos braços de outro homem, aquilo só podia ser um pesadelo.

 

 

Continua...