História Enquanto você dormia - Primeiro dia de trabalho

 

No capítulo anterior:

 

- Inoue eu...

 

A ruiva a interrompe. – Kuchiki-san, fala com Kurosaki-kun para voltar pra casa. Tenho certeza que se fizer isso vai ouví-la. Ele ainda não voltou para casa porque tem esperanças de reatar com você, mas se disser para ele voltar comigo Kurosaki-kun vai entender que não quer mais nada com ele, por favor, Kuchiki-san, por favor... – lágrimas molhavam o rosto da garota e ela estava visivelmente abalada.

 

Nunca foi a intenção de Inoue falar sobre Ichigo e fazer aquele pedido para Rukia quando ela decidiu visitá-la. Mas o desespero da jovem era tanto que ela nem pensou a respeito e acabou falando o que veio em sua cabeça. Estava sofrendo sem ter Ichigo ao seu lado. 

 

O coração da nobre ficou tão apertado no peito. Já não bastavam todos os problemas que ela tinha de superar em sua vida e agora mais essa. Será que Inoue não compreendia que a machucava e muito quando falava sobre Ichigo com ela e para complicar ainda mais as coisas queria que a morena pedisse para o rapaz voltar para casa? Rukia estava sem reação diante do desespero da amiga.

 

Primeiro dia de trabalho

 

- Não acha que ta pedindo muito de mim? – Rukia até queria ajudar a amiga, mas realmente ela estava pedindo demais de si, Ichigo era o homem que amava.

 

A menina limpa as lágrimas de seu rosto. – Tem razão. Não Deveria pedir isso para você. Sinto muito, Kuchiki-san, mas é que... Eu tô desesperada. Não sei como reconstruir minha vida sem Ichigo. – tentava secar as lágrimas que molhavam seu rosto, mas era em vão.

 

- Eu sinto não poder ajudar. Até em falar com você sobre esse assunto me incomoda. É uma situação constrangedora. – estava de  cabeça baixa.

 

- Eu entendo – Ela se recompõe. - Bom, vou indo. Já passei tempo demais longe da minha lojinha. – se levanta sorrindo como se nada tivesse acontecido. - Kuchiki-san, posso voltar a visitá-la mais vezes?

 

- Claro que sim. – Rukia sorri para ela.

 

A ruivinha a abraça. – Que bom! Tinha medo de dizer que não.

 

Rukia fica sem graça pelo gesto de afeto da menina, mas se sentia aliviada por ela ainda ser sua amiga apesar de tudo.

 

Elas se despedem e Inoue segue para seu trabalho. A nobre chegou a respirar aliviada ao fechar a porta de sua casa. Que saia justa a garota tinha lhe colocado.

 

A visita de Inoue deixou Rukia abalada. Agora ela repensava se tinha sido mesmo uma boa idéia deixar Ichigo se aproximar dela mesmo como amigo.

 

•••

No dia seguinte...

- Eu sou muito agradecida pelo dois estarem aqui, mas sinceramente? Sinto-me uma criança em seu primeiro dia de aula que esta sendo escoltada pelo pai e a mãe. – resmunga a morena, pois não gostou nem um pouco de Ichigo e Seiji estarem a esperando na ala infantil do hospital para seu primeiro dia como voluntária.

 

- Não queria te deixar sozinha em um momento importante para você. – fala o médico.

 

- O quê? Ela não precisa de você aqui, eu como companhia já sou suficiente. – esbraveja o ruivo.

 

- Quem tem que decidir isso é a Kuchiki e não você. – fala no mesmo tom de voz.

 

- Se começarem com a briga eu dispenso a companhia dos dois. – havia alguns minutos que chegara ao local e os dois idiotas já tinham acabado com sua paciência.

 

- Kuchuki-san, vou mostrá-la a sala que vai ficar. – fala uma enfermeira que apareceu.

 

A morena acompanha a mulher e Ichigo e Seiji vão atrás, cada um de um lado da bela. Rukia se sentia ridícula.

 

- É nesta sala. Aqui estão os horários que as crianças ficarão com você. Se precisar de alguma coisa liga para minha sala. – diz a enfermeira lhe entregando uma planilha.

 

Quando Rukia abre a porta seus olhos na mesma hora brilham. Aquele lugar era o paraíso, estava repleto de bichinhos de pelúcia, muitos brinquedos, as paredes tinham desenhos lindos e cores bem alegres. A morena nem sabia para onde olhar.

 

- Olha Ichigo, esse coelhinho se parece tanto com o Chappy. – agarra uma pelúcia que era bem maior que ela.

 

- Rukia, esses brinquedos são para as crianças – fala ao vê-la pegando vários bichinhos de pelúcias e os abraçando de uma só fez, parecia até que nem se importava com a presença deles ali, e não se importava mesmo.

 

- São tão lindos que nem consigo me decidir qual segurar. – Ela estava sentada no colo do coelhão e com outras pelúcias sobre seu corpo.

 

- Bom, preciso ir qualquer coisa é só ligar. – a enfermeira estava assustada com a reação infantil de Rukia, imaginava se ela teria sido mesmo uma boa escolha para tomar conta das crianças.

 

- Kuchiki-san, quantos anos você tem mesmo? – Seiji ficou abismado. Rukia mudou completamente sua personalidade mandona quando viu os brinquedos.

 

- Acredite que não vai querer saber. – Fala Ichigo com um sorriso no rosto.

 

- Acho que vou querer ficar aqui o dia todo. – ela não conseguia tirar o sorriso do rosto.

 

Ichigo e Seiji se olhavam meio que assustados. Estavam preocupados se Rukia deixaria as crianças brincarem com os brinquedos, em especial as pelúcias.

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Rukia olhava agoniada o relógio que faltavam alguns minutos para marcar dez da manhã. As crianças chegariam para a recreação as dez. Sentia medo de não ser uma boa recreadora, ela nunca tinha lhe dado com crianças antes. Precisava que as coisas saíssem bem, ser voluntária era muito importante para a bela.

 

Já tinha algum tempo que Ichigo e Seiji haviam ido embora, ela os expulsou, aqueles dois estava a deixando louca com suas brigas. Como poderiam ser tão irritantes e brigões?

 

A porta se abriu e cerca de dez crianças na faixa de 4 a 8 anos entraram. Elas não tinham tanta energia como Rukia imaginou, pelo contrário, estavam abatidas e pareciam cansadas, na certa deveria ser porque eram doentes.

 

A enfermeira que as trouxe as deixou e foi embora. Rukia sentiu-se um pouco intimidada, não sabia o que fazer. Algumas crianças foram direto para os brinquedos e outras ficavam olhando a morena meio curiosos.

 

- Olá, meu nome é Kuchiki Rukia, mas podem me chamar de Rukia. Eu vou ficar aqui com vocês quase todos os dias. – fala meio acanhada.

 

- Você sabe brincar de casinha? – pergunta uma menininha.

 

- Não, mas se me ensinar eu brinco com você. – se abaixa ficando na altura da pequena. A menina sorri.

 

- Eu gosto de carrinhos, posso te ensinar a brincar também? – fala um dos meninos.

 

- Eu tenho umas brincadeiras bem legais também, vai gostar! – outro exclama.

 

E assim as crianças e Rukia começaram a interagir de forma mais descontraída. Ela ficaria por duas horas com as pequenas pela manhã e tarde. Cada minuto que passava ali enchia seu coração de alegria. Aqueles pequenos tinham todos os motivos do mundo para estarem tristes, mas eles sorriam e brincava como se seus problemas nem existissem e isso foi um exemplo de vida para a bela morena.

 

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Rukia estava tão entretida com seus pequenos que nem notou a porta se abrir e um certo alguém lhe observar. Já era tardezinha e a morena cuidava de sua segunda remeça de crianças. Pela manhã era um grupo e a tarde outro.

 

Ichigo se divertia com o que via. Rukia estava sentada no tapete com muitas crianças ao seu redor, incluindo uma bem pequena que dormia entre suas pernas. Ela lia um livro para eles e algumas vezes fazia vozes diferentes e divertidas imitando os personagem, os pequenas estavam vidrados nela.

 

O ruivo ainda ficou a observado por algum tempo até que finalmente teve sua presença denunciada por um dos pequenos que olhou para ele e Rukia o percebeu. Ela não disse nada, apenas sorriu para o jovem que retribuiu também sorrindo. Era tão bom vê-la feliz.

 

Ele se sentou ao seu lado e Rukia continuou contando a história. Quando ela falava o ruivo só pensava que a morena seria uma boa mãe. Será que eles já teriam filhos se tivessem se casado há sete anos? Como seriam suas vidas? Não tinha respostas para suas próprias indagações, porém uma única certeza pairava em seu coração, a de que eles teriam sido muito felizes.

 

Ao fim do expediente...

 

- Você não tem mais o quê fazer da vida, Ichigo? – fala enquanto recolhia os brinquedos que estavam espalhados pelo chão.

 

- Meu plantão já terminou há algum tempo. – ele a ajudava.

 

- E porque ainda está aqui? – Apesar de ter aceitado a amizade do jovem não o queria muito próximo dela.

 

- Fiquei para te esperar e acompanhá-la até sua casa ou quem sabe podemos sair para comer alguma coisa. – ele não desistiria tão fácil assim de sua amada.

 

- E-Eu não posso, Ichigo. Já tinha combinada de sair com Seiji. – ficou sem graça por ter que contar isso para o rapaz e triste por ver que o rosto dele que antes aparentava felicidade se fechou.

 

- Prefere sair com ele do que comigo? – não acreditou no que ouviu. Como assim Rukia iria sair com o cretino do Seiji? Para onde eles iriam?

 

- Não é isso, Ichigo. Como disse, já tínhamos combinado.

 

- Então desmarca com ele e sai comigo. – ele dá uns passos para frente ficando mais próximo de Rukia.

 

- Ichigo... Você me prometeu que nossa relação seria só de amizade. – tentou se afastar dele, mas as costas se encontraram com a parede a deixando encurralada.

 

- E é! Não tô pedindo nada demais. Não gosto nem um pouco de sua proximidade com esse cara idiota. – fala de uma forma tão infantil que Rukia teve vontade de sorrir. O ruivo já era um homem, mas ainda tinha as mesmas características do jovem que ela conheceu anos atrás.

 

- Então pára de ficar implicando com Seiji. Ele é uma pessoa legal e não vou parar de falar com ele só porque você é um birrento e mimado. – fala encarando ele.

 

- O quê? – Fica indignado. – Como pode falar uma coisa desta? Eu só estava tentando te proteger desse cara, você é muito inocente e não sabe nada da vida. – grita com raiva, porém seu corpo se achega para mais junto do dela. Sua vontade era de beijá-la. Ah, como desejava seus lábios.

 

- Não preciso ser protegida, seu idiota. – Dá um chute no estomago dele que cai sentado no colo do coelhão. E lá se foi a oportunidade de Ichigo em beijá-la.  – E não me trate como se eu fosse uma garotinha. – cruza os braços e fecha a cara.

 

- Sabia que já tô bem grandinho para ficar me batendo? – se levanta e fala irritado.

 

- Sério? Nem percebi. - O provoca.

 

- Rukia...

 

- Ichigo, preciso ir, amanhã nos vemos. – ela o interrompe ao perceber que o jovem votaria a insistir com o mesmo assunto. Pega sua bolsa e sai deixando o ruivo parado feito uma estátua sem reação.

 

Ichigo até pensou em ir atrás da bela, mas não ia adiantar, Rukia estava decidida a mantê-lo distante dela mesmo o tendo aceitado como amigo. Ele precisava arrumar uma forma de atrapalhar os planos pervertidos de Seiji, que o jovem jurava existir, sem que provocasse a ira de Rukia, já tinha conseguido muito com a morena e não queria regredir.

 

•••

 

- Não fui até a sala de recreação porque viu o doutor Kurosaki indo para lá, imaginei que ia te ver. Quero evitar bater de frente com ele, acho que Kurosaki ainda te ama. – fala o jovem médico.

 

Rukia e Seiji estavam sentados em uma pracinha, a morena comia um sorvete e ele apenas a observava. Achava tão lindo como a personalidade de Rukia ia de uma mulher autoritária e segura de si para uma menina divertida e ingênua.

 

- Podemos mudar de assunto? – o sorriso que estava no rosto dela se apagou na mesma hora. O que Rukia mais desejava era esquecer Ichigo pelo menos nos momentos em que estava com alguém, porque quando chegasse ao vazio de sua casa com toda certeza o rapaz invadiria seus pensamentos não dando espaço para mais nada em sua mente.

 

- Tem razão. Sinto muito – Fala meio sem jeito, só dou mancada. – Então vamos voltar à fita. Me conta como foi seu primeiro dia no trabalho? E as crianças se comportaram?  - Bingo! Na mesma hora a morena abriu um lindo sorriso no rosto.

 

- Foi ótimo! Fazia tanto tempo que não me divertia tanto. As crianças são maravilhosas. No inicio eu fiquei com receio, nunca tinha lidado com elas, mas me encantaram. Estou ansiosa para chegar logo amanhã. – dispara. Seiji estava surpreso, nunca tinha visto Rukia tão falante e animada.

 

O doutor Tanaka ficava cada vez mais encantado ao ouvi-la contar com todos os detalhes como foi seu dia. Rukia não era apenas linda, a morena tinha tantas qualidades que o jovem jamais havia encontrado em outra mulher e sua personalidade forte e a capacidade que ela tinha de superar tantos problemas e ainda assim seguir em frente o fazia admirá-la ainda mais. Ele queria aquela mulher em sua vida.

 

De longe uma pessoa observava os amigos interagindo de forma tão descontraída que pareciam já se conhecer a muito tempo. Ele não gostou nada do que viu.

 

Continua...