História Enquanto você dormia - O espião

No capítulo anterior:

- Foi ótimo! Fazia tanto tempo que não me divertia tanto. As crianças são maravilhosas. No inicio eu fiquei com receio, nunca tinha lidado com elas, mas me encantaram. Estou ansiosa para chegar logo amanhã. – dispara. Seiji estava surpreso, nunca tinha visto Rukia tão falante e animada.

O doutor Tanaka ficava cada vez mais encantado ao ouvi-la contar com todos os detalhes como foi seu dia. Rukia não era apenas linda, a morena tinha tantas qualidades que o jovem jamais havia encontrado em outra mulher e sua personalidade forte e a capacidade que ela tinha de superar tantos problemas e ainda assim seguir em frente o fazia admirá-la ainda mais. Ele queria aquela mulher em sua vida.

De longe uma pessoa observava os amigos interagindo de forma tão descontraída que pareciam já se conhecer a muito tempo. Ele não gostou nada do que viu.

O espião

A noite já tinha chegado e o casal de amigos ainda continuavam a conversar sentados no banco da praça. O jovem Kurosaki olhava de longe agoniado. Que tanto papo era esse que Rukia tinha com Seiji? Já estavam a mais de uma hora no mesmo lugar e ao julgar pelos sorrisos a morena estava gostando da companhia dele. Sem falar que o jovem médico ficava cada vez mais perto dela, quem não os conhecesse diria que eram um casal de namorados.

Sim, acertou quem deduziu que o espião fosse Ichigo. O jovem medico resolveu seguir Rukia assim que ela saiu do hospital acompanhada de Seiji, não a deixaria sozinha com ele, tinha certeza que o amigo, de profissão, claro,  estava cheio de más intenções. Mas o que deveria ser só uma caminhada, mais parecia um encontro. Será que era mesmo um encontro e Rukia não quis contar para Ichigo? Só de pensar nessa hipótese seu sangue fervia de raiva.

- Maldito! – fala entre os dentes.

Finalmente eles se levantam e começam a caminhar. Estavam bem distraídos e ainda conversavam animadamente. O jovem Kurosaki não podia os ouvir porque estava a uma distância considerável para não ser descoberto, porém ele os via muito bem e não era agradável presenciar outro homem ao lado de “sua” mulher.

Ao julgar pelo trajeto que faziam eles estavam indo para casa de Rukia, será que ela deixaria o médico entrar? A raiva misturada com ciúmes e frustração crescia cada vez mais em Ichigo, ele não sabia explicar como ainda não tinha atrapalhado o passeio do “casalzinho” e quebrado a cara de Seiji.

Em um determinado momento o moreno de olhos azuis pegou na mão de Rukia, ela na mesma hora puxou. Eles pararam de caminhar.

- O que está fazendo, Seiji? – fala visivelmente irritada.

- Só ia pegar na sua mão, nada demais, Kuchiki. – sabia que era preciso ter paciência com Rukia, apesar de na sua ficha dizer que ela tinha vinte cinco anos, a morena ficou em coma por sete, então sua mente era de uma menina de dezoito. Entretanto o jovem se sentia cada vez mais atraído pela bela, estava se apaixonando por ela e queria aumentar a intimidade entre eles.

- Não sei o que tem em mente, mas já lhe falei que só posso te dar amizade. – Ter que agir como humana não estava sendo nada fácil, a vontade de Rukia era bater em Seiji por ele ser tão abusado, mas por outro lado ela não podia negar que ele era bonito, sedutor e extremamente atraente, não seria uma tarefa fácil ter que resistir a ele.

- Eu entendo, podemos ir com calma, vou esperar o seu tempo, só lhe peço que pelo menos reconsidere ter algo a mais comigo além de amizade, Kuchiki. – Ele encurta ainda mais a distância entre eles e leva a mão no rosto dela fazendo um carinho. – Eu gosto muito de você e queria que fosse minha namorada. – Ela abriu a boca para falar algo, mas o jovem colocou um dedo sobre seus lábios a impedindo. – Não fala nada, sé me dê uma oportunidade, é tudo que peço, vou ser paciente. Se não conseguir me corresponder aí aceitarei sua amizade. – o dedo dele deslizava nos lábios da nobre sentindo sua maciez. Rukia ficou tão atordoada com as palavras do moreno que nem piscava os olhos.

Ichigo olhava a cena estarrecido. O que estava acontecendo ali? Como aquele cretino ousava tocar em Rukia? E porque diabos ela estava deixando? Todos os membros de seu corpo ficaram rígidos de nervoso e uma raiva avassaladora tomou conto do rapaz. Não acreditava no que via aquilo só poderia ser uma piada de muito mau gosto.

- Você é tão bonita, Kuchiki. – Ainda tocava nos lábios dela. Rukia o fitava com os olhos arregalados. Já tinha estado em uma situação parecida, mas foi com Ichigo, o homem que amava. Porém aquele momento era diferente, não correspondia a Seiji e nem tinha tanta intimidade com ele, mas não podia negar que se sentia atraída por aqueles lindos olhos azuis e a voz rouca e sexy dele não ajudavam em nada a morena resistir. Não tinha reação para fazer nada, apenas deixou ser conduzida por ele.

Os lábios do jovem médico se aproximavam cada vez mais dos de Rukia ao perceber que não havia resistência de sua parte. Seiji nem conseguia acreditar que ela se deixaria ser beijada. Faltavam apenas poucos milímetros, ele até conseguia sentir o hálito da bela morena tocar em seus lábios até que:

- Tira essas mãos imundas da minha mulher! – Ichigo puxou a blusa do médico o afastando de forma brusca de Rukia. Quem disse que ele tem sangue de barata? Nunca permitiria que o cretino de Seiji nem outro abusado encostassem em sua Rukia. Sim, ela era sua e ninguém a tiraria dele.

- Ichigo? – estava confusa sem entender bem o que tinha acontecido.

- Você está ficando maluco, Kurosaki. – se exalta o moreno.

- O único maluco aqui é você se acha que vai ficar com Rukia. Ela é minha noiva. – fala no mesmo tom. Eles estavam de frente um para o outro se encarando.

- Noiva? Ela deixou de ser sua noiva quando você casou com outra mulher. – Seiji havia pegado no ponto fraco do jovem Kurosaki. Já tinha pessoas parando para olhar a confusão.

- Não se mete em assuntos que não lhe diz respeito. – a vontade de Ichigo era partir para a violência e era exatamente o que ele ia fazer se Rukia não tivesse intervindo.

- Parem com isso! – Ela grita. – Não sou propriedade de nenhum dos dois para ficarem me disputando. – estava muito irritada.

- Desculpe, Kuchiki. Esse cara me tira do sério. – Seiji tenta se acalmar.

- Eu tô nem aí para o que pensa, não deveria deixar esse cara se aproveitar de você. – Ichigo grita com ela.

Rukia dá um chute no estômago dele. – Isso não é da sua conta, Idiota. – como esse cretino tinha coragem de ainda se achar na razão?

- Sua louca, pára de ficar me batendo, a vítima aqui sou eu que tive de presenciar aquela cena absurda de você quase beijando outro. – berra.

- Eu beijo quem eu quiser e te bato sempre que se comportar como um idiota. - Falava no mesmo tom.

Seiji olhava assustado os dois brigarem, não conseguia imaginá-los como um casal. Sem falar que Rukia ficava assustadora quando estava brava, nunca ia provocar sua ira.

- Kuchiki, adoraria te acompanhar até em casa, mas não quero arrumar mais confusão. Nos vemos amanhã. – o moreno dá um meio sorriso para ela e segue seu caminho.

- Viu o que fez, Ichigo? – fala zangada.

- Ele já foi tarde. – cruza os braços e vira o rosto para o lado.

- Vou pra casa e espero não te ver na minha frente tão cedo. – grita raivosa e caminha para longe dele. O rapaz ignora o que Rukia disse e vai atrás dela. – O que está fazendo? – pára ao notar sua presença – Não foi o suficiente me seguir do hospital?

- Não estava te seguindo foi apenas uma coincidência nos encontrarmos. – fala constrangido por sua atitude imatura, mas por outro lado se não tivesse vindo atrás dela nem conseguia imaginar o que aquele abusado do Seiji teria feito com sua amada.

- Coincidência? Sei. – Fala irônica. – Não parece nem um pouco que está sete anos mais velho, age como um garotinho mimado. Quantos anos têm mesmo?

- Eu tenho vinte cinco para seu governo e não sou nada disso. – fica emburrado.

- Parece que tem dez e olha que estou sendo bem legal em minha avaliação. – se vira e continua a caminhar.

Ichigo não gostou nadinha do que ouviu, mas ainda assim continuou a segui-la. Não sabia por que fazia isso, talvez para garantir que Seiji não estivesse a espreita só esperando ele deixar Rukia sozinha para aparecer e voltar a seduzir sua amada.

Rukia olhou para seu lado e o rapaz estava lá, ele não desistiria em lhe acompanhar até sua residência, por esse motivo resolveu ignorá-lo, quem sabe quando ela chegasse ao seu destino o jovem a deixaria em paz. Mas as coisas não saíram bem como planejou.

- Pronto Ichigo, já me trouxe até a porta de casa, agora pode ir embora. – ele nem tinha se importado quando Rukia falou que não precisaria entrar no prédio, a seguiu até o andar onde se localizava o apartamento da bela.

- Não vai me convidar para conhecer sua casa? – se encosta à parede enquanto a jovem abria a porta.

- Não. – foi firme.

- Por quê? – como assim não ia poder entrar na casa dela?

- Poderia listar muitos motivos, mas estou cansada demais para isso. Vai embora que a hora já ta bem avançada. – ela fica do lado de dentro da casa e já ia fechar a porta.

O ruivo a segura. – Me deixa entrar? Só um pouco. Prometo que vou me comportar. – mentiu.

Rukia dá um longo suspiro. Quem Ichigo queria enganar com aquela cara de inocente? – Entra logo, mas já vou avisando que não pode demorar porque quero dormir cedo. – tinha vontade de esganar Ichigo por tê-la feito baixar a guarda.  Não conseguia resistir a ele. O ruivo sorriu vitorioso por ter vencido esse round.

- É um apartamento muito bonito e luxuoso, a cara de Byakuya fazer isso. – fala se sentando no imenso sofá já na sala.

- Apesar de o lugar ser muito bonito me sinto sozinha aqui. – Rukia nem percebeu que estava desabafando com o jovem, apenas as palavras saíram de forma natural.

Ele se levanta e vai até a bela que estava de pé. – Pode morar comigo. – fala sério olhando para ela.

- Claro que não, seu idiota. – tentou sair de perto dele, mas o jovem não deixou segurando em seu braço.

- Podemos nos casar, viver juntos, recomeçar de onde paramos. –fala baixo.

- Não vamos voltar com isso outra vez, Ichigo. – consegue se soltar dele, porém o rapaz a segura novamente encostando o pequeno corpo de Rukia contra a parede.

- Porque é tão teimosa? Sabe que amo você, nunca vou me conformar em não tê-la comigo. – cola seu corpo ao dela, seus rostos estavam próximos.

- Nosso momento ficou no passado, Ichigo. – falava com dificuldade, não era fácil se manter sã tendo o homem que ama tão próximo de si.

- Você me disse outro dia que a vida não é feita de momentos e sim de escolhas e eu sempre vou escolher você. – ia beijá-la, mas Rukia virou o rosto para o lado.

- Nunca conseguiria ser feliz com você depois e tudo e ainda tem... – Ela suspira desanimada. – Como vou ser feliz sabendo que estou fazendo outra pessoa sofrer...

Ele a interrompeu. Segura em seu rosto a fazendo fitá-lo. – Rukia... deixa eu te beijar? – mudou o foco da conversa porque não queria deixá-la triste e nem ficar triste. Sentia muito por Inoue, mas Rukia era a mulher de sua vida e não pretendia deixá-la escapar de suas mãos novamente.

- Não! – isso era o certo, mas seu corpo implorava por ser novamente beijada por ele.

- Sei que quer me beijar, consigo ver isso em seus olhos, sentir como seu corpo se achega ao meu mesmo quando diz que não quer. Você é uma mentirosa. – sorri ao constatar o quanto ela o queria.

A bela fecha os olhos os apertando bem, aqueles traiçoeiros que a estavam delatando. – Não sei do que está falando.

Ichigo encostou seu nariz ao dela e fez um carinho. – Te amo tanto, Rukia. – Beijou sua testa. – Nem imagina como sinto sua falta. – As mãos dele saiam do rosto dela subindo para os cabelos e voltavam a acariciar sua face. – Me deixa te beijar? Por favor, não me negue isso... Rukia. – Sussurra.

Ela abre os olhos e o violeta se encontra com os castanhos que a olhavam tão apaixonados. Seu coração acelerou na mesma hora. Como era possível amar tanto aquela pessoa que deveria ter o mais longe possível de si?

Ichigo... – balbuciou.

Continua...