História Enquanto você dormia - Decidida a virar a página

No capítulo anterior:

Seiji abriu um largo sorriso. – É o que mais desejo, Kuchiki. Se me permitir vou fazê-la esquecer o Doutor Kurosaki.

- Eu permito! – talvez estivesse cometendo um erro, mas precisava de ajuda para conseguir se manter longe de Ichigo.

Rukia ficou tensa quando notou que o amigo aproximava seu rosto do dela, sabia muito bem o que ele pretendia, fechou os olhos e logo sentiu os lábios quentes de Seiji lhe beijarem.  Foi apenas um roçar, mas ele permanecia com os lábios colados aos dela, tinha finalmente provado o quão bom era beijar sua Bela Adormecida e faria com que aquele contato durasse o máximo possível.

Ichigo chegou a tempo de ver sua amada nos braços de outro homem. Assim que conseguiu se livrar de Inoue ele correu na direção onde viu Rukia, queria se explicar, sabia que a morena tinha ficado triste, mas a última coisa que imaginou ver fora ela beijando Seiji.

O médico ainda tinha seus lábios colados aos da bela morena quando Ichigo saiu dali com o coração partido, agora ele tinha certeza que havia perdido Rukia de vez.

Decidida a virar a página

Ichigo abriu a porta de seu apartamento, jogou suas coisas em algum canto do hall de entrada e foi se despindo deixando as roupas pelo caminho até chegar a seu banheiro, ligou o chuveiro e deixou a água fria cair sobre sua cabeça quem sabe assim conseguiria esfriá-la e esquecer a imagem de Rukia sendo beijada por Seiji.

O que foi aquilo? Será que era algum tipo de vingança por ela ter visto ele com Inoue? Não! Isso não condizia com a personalidade de Rukia. Talvez a morena se deixasse seduzir por Seiji em um ato desesperado de encerrar de vez a relação complicada que tinha com ele. Aquilo sim fazia sentido.

Mas o ruivo não conseguia aceitar, ele a amava e estava tão feliz por tê-la em seus braços na manhã daquele dia. A morena parecia mais conformada em relação a eles e tinha quase certeza que conseguiria vencer suas defesas. Inoue mais uma vez estragou suas chances de ser feliz com Rukia.

Não que culpasse a jovem, ele fora irresponsável quando aceitou ir morar com ela só por ela esperar um filho seu, sabia dos sentimentos da garota e ele tinha ciência de que nunca a corresponderia e depois de tê-la “abandonado” a menina nem parecia estar mais em seu juízo perfeito. Naquele instante Ichigo se perguntava se realmente conseguiria ser feliz com Rukia sabendo todo o mal que fez para Inoue. A resposta era não. Rukia tinha mesmo razão quando dizia que eles nunca seriam felizes em cima da infelicidade da jovem ruiva.

Talvez devesse ficar ao lado de sua ex-companheira e cuidar dela. Lembrou-se das palavras que a ruivinha disse quando ainda o agarrava no corredor do hospital “Não aguento mais ficar sem você, Kurosaki-kun. Sem você ao meu lado não vejo mais porque continuar vivendo”. Se acontecesse algo com Inoue por sua culpa Ichigo jamais se perdoaria.

Sabia que se realmente considerasse a ideia de voltar a morar com a ruivinha ele perderia quaisquer chances que ainda tinha com Rukia por menor que fossem. Teria que pesar muito bem sobre isso para não fazer outra besteira.

•••

- Seiji? – diz Rukia ao abrir a porta de sua casa.

- Eu disse que vinha. Espero que não se importe com o horário. Hoje foi impossível sair mais cedo do hospital. – estava com um sorriso no rosto.

- Não tem importância. – ela tentou sorrir, mas não foi muito feliz. Depois do beijo que o médico lhe deu, Rukia foi para sua casa pensando se era mesmo correto usar Seiji para esquecer Ichigo. Mas por outro lado ele sabia as intenções dela e aceitou ainda assim.

- Onde está Renji? – indaga já sentado no sofá.

- Foi para Soul... – Pensou bem no que ia dizer, acho que o amigo não entenderia muito bem o que era Soul Society. – Voltou para sua cidade ontem porque tinha algumas coisas para fazer, mas ao final de semana ele volta, temos uma festa para ir. – sentou-se ao seu lado.

- Festa? Ninguém me convidou.

- Acredito que nem vão convidá-lo, é noivado da irmã de Ichigo. – fala se divertindo ao lembrar que os dois não se davam bem.

- Acho que não vão mesmo me convidar. – ele sorria sem jeito. – E você vai?

Essa era uma pergunta que a morena vinha se fazendo desde que recebeu o convite. Com toda certeza Ichigo estaria lá. – Ainda não me decidi. A família de Ichigo é muito importante para mim, mas por outro lado... – ela dá uma pausa, como falar para Seiji, a pessoa que tinha quase um namoro que não iria para a festa porque queria evitar seu ex-noivo?

- Entendo bem, não precisa se explicar. – o médico sabia que ainda tinha um longo caminho para percorrer até que Rukia esquecesse Ichigo e ele estava disposto há esperar o tempo que fosse necessário.

- Quer algo para comer ou beber? – estava contente pelo amigo a entender muito bem, mas resolveu mudar de assunto, não queria se lembrar do ruivo senão a imagem de Inoue em seus braços voltaria a atormentá-la.

- Eu quero sim. – Ele enlaça a cintura da morena e a puxa para junto de si. – Você! – Sela seus lábios aos dela. De inicio Rukia ficou com os olhos arregalados assustada, pois não esperava aquele ato tão impulsivo do médico, mas depois fechou os olhos e aproveitou o beijo.

Não era ruim ser beijada por Seiji, pelo contrário, sua boca tinha um gosto muito bom e pela forma que conduzia o beijo dava para perceber que ele sabia muito bem o que estava fazendo. Mas... ele não era Ichigo, não fazia seu coração acelerar no peito e ela não sentia aquele friozinho na barriga quando tinha os lábios do ruivo junto ao seu.

Ele deixou a boca dela e passou a beijar seu pescoço. Rukia fechou os olhos e a única coisa que vinha em sua mente era a imagem de Ichigo. Ela levou a mão nos cabelos macios de Seiji e fez um carinho, ele voltou para seus lábios e naquele instante Rukia percebeu que não era Ichigo, o gosto não era o mesmo.

O empurrou bruscamente. Não pensou, apenas fez.

- O que foi? – não ficou muito satisfeito, por um instante achou que ela estivesse gostando.

- Acho que estamos indo rápido demais. – estava com o rosto mais vermelho que tomate.

- Kuchiki, você é virgem? – pergunta na lata. Apesar de a jovem ter vinte cinco anos, não seria surpresa para ele se a mesma nunca tivesse feito sexo já que entrou em coma com dezoito anos.

- Que pergunta é essa, seu idiota? – ela dá um soco nele.

- Ai, você tem uma força hein. – Acariciava o local onde foi espancado. – Eu preciso saber, porque não queria ficar só em beijos. – Rukia se impressionava como Seiji era tão desprovido de qualquer vergonha naquela cara linda dele. O jovem falava o que vinha a mente com uma naturalidade que a deixava sem saber o que dizer.

- Nem pense que vou deixá-lo se aproveitar de mim. – grita irritada.

- Nem precisa me responder, pela sua reação já sei que é virgem. Relaxa eu já disse que terei paciência. – sorri para ela. Como a morena ficava linda quando estava brava.

- Não me parece nem um pouco paciente. – vira o rosto para o lado, Seiji aproveita a distração dela e beija sua bochecha.

- Tô muito feliz que tenha me dado a oportunidade de te mostrar o quanto gosto de você. Prometo que não vai se arrepender. – ele segura na mão dela e beija.

- Não te prometo nada, mas vou tentar. – sentia-se encabulada por estar em uma situação daquelas com outro homem, nunca se imaginou com outra pessoa que não fosse Ichigo. Mas ela agora era humana e tinha que viver como tal e Seiji era uma boa pessoa e se tivesse que casar com alguém não se incomodaria se fosse com ele.

Ele volta a beijá-la, desta vez com mais calma sentindo o gosto dos lábios de Rukia. Era tão bom tê-la em seus braços, nunca tinha se sentido desta forma com outra pessoa.

- Eu vou indo, meu amor. Tive um dia cheio. Tô louco para tomar um banho e cair na cama. O que acha de um jantarzinho em minha casa amanhã? – fala ao interromper o beijo.

“Meu amor”? Como assim? A morena sentia que nunca ia se acostumar a ter Seiji lhe chamando de amor. Mas não pode negar que gostou.

- Se você prometer se comportar eu vou.

- Eu prometo. – tinha os dedos cruzados atrás das costas.

- Então eu vou. – não seria nada fácil lidar com a masculinidade aflorada daquele lindo e sedutor moreno.

Rukia o leva até a porta e antes do médico sair ele a beija novamente e logo em seguida segue por seu caminho. Ela tomou um bom banho e se preparou para dormir.

Já em sua cama não conseguia parar de pensar naquele dia maluco. Pela manhã esteve nos braços de Ichigo e por alguns instantes foi a mulher mais feliz do mundo. Como se sentia realizada com ele.Mas depois seu conto de fadas se despedaçou feito castelo de areia ao ver o jovem com Inoue. A amiga parecia sofrer muito e Rukia não sabia dizer o que mais a abalou, ver ela junto de Ichigo ou presenciar seu sofrimento.

E quem imaginaria que terminaria esse dia estranho com Seiji em sua casa a beijando e falando sobre virgindade? Sorriu ao se lembrar das palavras do amigo, ele era impossível mesmo, mas Rukia gostava dele, não era amor, mas ela achava que seria sim o suficiente para esquecer Ichigo. Era nisso que a bela depositava todas as suas fixas.

Outra coisa que a estava incomodando demais era que o ruivo viu que ela estava olhando ele com Inoue no corredor do hospital e ainda assim não veio a sua procura. Isso a enchia de frustração, não negaria, talvez ele tenha ficado com a ruivinha, vai saber. Isso não tinha mais importância para Rukia, Ichigo agora em sua vida seria uma página virada.

•••

Alguns dias depois...

Tarde de sábado e dia do noivado de Yuzu. Rukia ainda olhava o convite em sua mão se perguntando se era mesmo uma boa idéia ir a essa festa. Nos últimos dias ela não encontrou com Ichigo e nem soube notícias dele. Isso de certa forma era bom, mas por outro lado a deixava triste, ele tinha mesmo desistido dela e não sabia se estava preparada para revê-lo no noivado.

Seiji iria acompanhá-la já que Yuzu mandou convite para Rukia e um acompanhante. A menina não gostou muito da idéia, ele e Ichigo não conseguiam ocupar o mesmo espaço sem que brigassem.

Ela e o jovem médico estavam indo muito bem. Seiji era carinhoso e realmente estava sendo paciente como prometera, apesar de algumas vezes tentar avançar o sinal, mas a morena sempre  batia e o moreno se recompunha. 

- Já se decidiu se vai ou não, Rukia? –pergunta Renji. O tenente tinha acabado de chegar da Soul Society onde passou uma semana.

- Ainda não me decidi. – ela olhava o convite em sua mão. – Yuzu é uma pessoa muito importante para mim. – murmura.

- Se é assim então deveria ir. Sei que tá evitando encontrar Ichigo, mas já parou para pensar que vocês trabalham no mesmo lugar? Mesmo sem querer vai encontrá-lo, se não for na festa vai ser no hospital. – o amigo tinha toda razão, mas ainda assim Rukia se sentia indecisa ao que deveria fazer. – Bom, vou indo. Nos vemos na festa.

- Acabou de chegar, para onde vai, Renji? Nem tá arrumado para a festa.

- Eu vou comprar uma roupa legal para eu ir e depois ver minha gatinha, faz dias que não a vejo. – tinha um sorriso bobo no rosto.

- Quando vai me dizer quem é essa gatinha hein? – fica irritada. O amigo já nem tinha mais tempo para ela desde que começou um rolo com essa pessoa misteriosa.

- Verdade. Ainda não te falei quem é ela. – Coça a cabeça pensativo. -Mas depois conversamos, estou com presa.

- Ei, Renji... – tarde demais, o tenente já tinha saído às pressas do apartamento de Rukia. – Parece um bobão apaixonado. – resmunga. Ela volta a fitar o convite em suas mãos. – Ichigooo... sinto tanto sua falta. – nem em seus piores pesadelos Rukia imaginou que a vida de humana seria tão complicada.

Continua...