História Enquanto você dormia - O que é o verdadeiro amor

No capítulo anterior:

Ele volta a fitar o chão. – Tem razão.  Eu preciso ir, nos vemos por aí, Rukia. – coloca a mão nos bolsos e sai andando sem nem olhar para trás. Mas uma vez teve que deixar Rukia, mas uma vez teve que abrir mão do amor que sentia por ela. Cada vez mais Ichigo se convencia de que nunca seria feliz ao lado da mulher amada.

Ishida estava ao longe, mas ainda assim conseguia ver como os amigos estavam sofrendo lutando contra seus próprios sentimentos para ficarem afastados um do outro quando o natural seria retomar sua relação de onde pararam antes de Rukia ficar de coma. Mas por culpa do jogo sujo de Inoue, ambos sofriam porque ela também não estava feliz tendo ao seu lado um homem que amava outra pessoa. Quando a ruivinha perceberia que só estava se machucando e fazendo a pessoa que dizia amar sofrer?

- Inoue-san, quando vai abrir seus olhos para a realidade? – balbucia para si mesmo triste por toda aquela situação.

O que é o verdadeiro amor

Ichigo chega em sua casa depois de um longo dia de trabalho e agradece por Inoue não ter chegado. Seus pensamentos ainda estavam em Rukia e mesmo com todos os prós e contras se encontrava feliz por tê-la visto depois de dois longos meses.

Sentou-se no sofá, colocou o braço no rosto e pensou em sua vida e tudo que estava acontecendo. Aquela relação com Inoue chegava a ser ridícula. Ele dormia todos os dias no sofá e eles mal se falavam. A jovem estava visivelmente triste e ele nem precisava dizer. Mesmo que sua intenção tenha sido a melhor possível em voltar para ela, não havia mais jeito. A ruiva teria de se conformar em seguir sua vida sem o ruivo senão ambos continuariam se magoando.

Levanta-se do sofá e segue para o quarto. Pega uma mochila e coloca as poucas peças de roupas que tinha ali e alguns pertences. Voltaria para sua casa e não estava tomando essa decisão por Rukia, sabia que a morena nunca ia querer ter nada com ele, entretanto ainda assim iria embora, aquela relação doentia terminaria ali.

Ao chegar à sala Ichigo se depara com Inoue que acabara de chegar. A primeira coisa que ela olha é a mochila na mão do rapaz.

- Onde vai? – sabia a resposta. Todos os dias que a ruiva levantava de sua cama se perguntava se seria aquele dia em que Ichigo a deixaria novamente.

- Embora. Não posso mais continuar com isso. – Abaixa a cabeça. – Sinto muito.

- Estava saindo assim feito um fugitivo? Não pretendia nem me comunicar? – fala magoada.

- Claro que não. Ia te esperar, mas isso não mudaria em nada minha decisão. Estou convencido que continuar aqui é um erro.

- Tá me deixando para voltar com a Kuchiki-san né. – as lágrimas já molhavam seu rosto e isso deixou Ichigo muito irritado, Inoue sempre usava de chantagens para lhe manter perto de si.

- Rukia não tem nada com minha decisão...

Ela se joga nos braços dele o abraçando. – Não pode me deixar outra vez, Kurosaki-kun. Eu vou morrer se ficar longe de você. – chorava.

Ichigo segura nos braços da menina a afastando de si. – Se eu continuar aqui vai ter um dia que nem amizade por você vai existir. Eu quero muito te ajudar, Inoue, mas não tô conseguindo mais continuar desta forma, vivendo com uma pessoa que mal dirijo a palavra.

Ele tentou caminhar, mas a ruiva segurou em seu braço. – Não vou deixar que vá embora, Kurosaki-kun. – gritava e chorava muito.

- Não faz isso, Inoue. Por favor... – a ruivinha o soltou quando olhou em seus olhos e viu que não tinha mais aquele brilho que ela sempre amou. Sua expressão era triste e seu olhar estava apagado. A menina sentiu uma dor tão grande no coração, pois tinha a certeza que ela era a principal responsável pala tristeza do homem que ela insistia em dizer que amava. Aquele momento foi a primeira vez que a bela se questionou se era mesmo amor que sentia pelo jovem médico. Ichigo ficou olhando para a amiga por alguns segundos, arrasado por ter que deixá-la naquele estado.

- Eu sinto muito. – foi o que ele disse antes de sair pela porta daquele apartamento onde fora tão infeliz.

Inoue ficou parada na sala olhando para algum canto, mas sua mente estava longe dali. Ela pensou no dia em que fez amor com Ichigo, o mesmo em que engravidou. As coisas não aconteceram exatamente como ela contou para o jovem. Depois disso a menina praticamente o chantageou a viver com ela e continuou após perder a criança, a única coisa que mantinha Ichigo preso a ela era pena.

Agora perguntas vinham em sua cabeça: Será que fez mesmo o certo em mentir para ele? Induzi-lo a ficar com ela na base de chantagens. Ichigo estava infeliz, porém quem perdeu mais com isso fora ela própria. Talvez nunca mais teria a boa relação que um dia teve com o jovem.

Ela caiu de joelhos no chão e gritou: Ichigooo... – coloca as mãos no rosto e chora, o choro mais sofrido de sua vida por finalmente perceber que fez a pessoa que mais amava na vida infeliz.

•••

- Kurosaki? A que devo sua visita? – fala o Quincy surpreso por ver Ichigo em seu apartamento o jovem nunca tinha ido a sua casa. – Aconteceu alguma coisa no hospital? Sabia que hoje não era um bom dia para tirar folga. – se lamenta.

- O assunto que me trouxe aqui não é nada relacionado ao hospital. – agora o Quincy notou que o amigo estava com a expressão bem cabisbaixa.

- Inoue? – balbuciou. Seu coração logo acelerou ao imaginar que algo tinha acontecido com a jovem que ele ainda amava e muito.

- Sim.

- Entra. – acompanha Ichigo até a sala de estar. Estava tão nervoso que seu coração parecia que ia saltar pela boca. – O que aconteceu? – indaga quando eles já estavam acomodados no sofá.

Ichigo dá um longo suspiro. Sentia-se envergonhado por confessar ao amigo que se separou da ruiva mais uma vez. Aquilo já estava virando palhaçada. 

– Eu estou voltando para minha casa. Fiz o que pude para ajudar Inoue, mas cheguei à conclusão de que não sou a pessoa certa para isso. Por mais que queira fazer algo por ela não consigo porque o que ela espera de mim eu não posso lhe dar e se continuar em sua casa só vou criar falsas esperanças, nunca conseguirei amá-la. – abaixa a cabeça. Não era fácil estar ali falando sobre algo tão intimo com o amigo, mas precisava desabafar e colocar para fora toda aquela tristeza se não ficaria maluco.

- Disso eu sempre soube, mas era suspeito em falar alguma coisa. – Ele dá uma pausa e olha para o amigo que ainda permanecia de cabeça baixa. Pouquíssimas vezes o viu tão mal assim. – O que realmente quer de mim?

Ichigo o fita. – Talvez seja egoísmo de minha parte te pedir isso, mas... tem como ficar perto dela? Ajudá-la? Eu tenho medo que Inoue faça uma besteira. Não pense que tô tirando o corpo fora, eu me preocupo muito com seu bem estar, só que... seria impossível ajudá-la estando vivendo com ela e minha presença só vai vaze-la sofrer ainda mais.

- Eu entendo bem o que está falando, Kurosaki, e acho que tem toda razão. Eu vou fazer o que posso para ajudar Inoue-san. – conhecia bem a índole do amigo e era nítido o quanto ele estava sofrendo.

- Arigatou, Ishida. – Ele se levanta. – Agora preciso ir. – Ichigo queria chegar no aconchegante de sua casa o mais rápido possível. Tinha muita vontade de chorar e não o faria na frente de ninguém. Estava com o coração arrasado por tudo que aconteceu e se sentia culpado por mais uma vez abandonar Inoue.

O amigo o acompanha até a porta. Quando Ichigo sai o Quincy veste seu casaco e sai também. Ele tinha algo muito importante a fazer.

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Ishida já batia na porta de sua ex-namorada a algum tempo e ninguém o respondia, seu nível de estresse estava nas alturas, pois sabia que ela estava em casa então resolveu entrar sem ser convidado, para sua sorte a porta se encontrava destrancada. 

- Inoue-san? – chamou quando ainda estava no hall de entrada, mas não ouve resposta. Ao chegar à sala ele encontra a ruiva deitada no chão toda encolhida e chorando muito.  Corre até ela, se ajoelha ao seu lado e trás boa parte de seu corpo para o colo.

- Ishida-kun? – olha para ele e o rapaz pôde ver como o rosto da linda jovem estava banhado em lágrimas.

- Não precisa falar nada. Pode chorar o quanto quiser que vou estar aqui ao seu lado.

Ela afundou seu rosto no peito do rapaz e chorou por muito tempo, o Quincy não soube precisar, até que Inoue adormeceu. Ele a pegou no colo e a carregou até sua cama. Ishida passou toda a noite ao lado da amiga. Queria estar ali quando ela acordasse.

Ao amanhecer...

A bela ruiva abriu os olhos confusa, não se lembrava de como tinha ido parar na cama. Sentou-se e lembrou da noite passada. Ichigo tinha ido embora. Infelizmente não foi um sonho, se é que se podia chamar de sonho.

Ela se levanta e escuta um barulho vindo da cozinha. – Kurosaki-kun... – na mesma hora seu rosto se iluminou e sorriu. Correu para o cômodo e quando chegou lá foi surpreendida por outra pessoa. – Ishida-kun?

- Já acordou? Eu preparei seu café da manhã. – ele colocava na mesa o que tinha feito.

Inoue ficou olhando para ele, agora tinha se lembrado de que o amigo ficou ao seu lado na noite passada. – Arigatou, Ishida-kun.

Eles fizeram a refeição em silêncio. A jovem queria perguntar por que ele ainda estava ali, mas a indagação era idiota, Inoue sabia que o Quincy queria ajudá-la e não sairia de seu lado até ter certeza que estava tudo bem.

- Ishida-kun, deixa que lavo a louça. – fala animada. Queria mostrar que já estava melhor para o rapaz não se preocupar tanto.  O Quincy, claro que percebeu a intenção da amiga, mas nada disse.

Enquanto ela lavava a louça ele secava e guardava. O clima não era muito agradável, Inoue se sentia incomodada com a presença do ex em sua casa, mesmo o jovem tendo a melhor das intenções, ela queria ficar sozinha com sua dor e não ter que disfarçar uma tranquilidade e paz que não tinha.

- Ontem Kurosaki foi até minha casa e me contou que estava se separando de você novamente...

Ela o interrompe. – Ishida-kun, tem o dia livre? Se tiver podemos ir até minha lojinha. Vou lhe mostrar uns doces novos, tenho certeza que vai adorar. – falava com um falso sorriso no rosto, mas a verdade é que não queria falar sobre Ichigo. – E depois quem sabe almoçamos juntos e ...

Ela para de falar quando o amigo segura em seus ombros a virando de frente para ele.

- O que está fazendo com sua vida, Inoue-san? Qual o próximo passo agora? Ir até a casa de Ichigo e inventar um suicídio para ele voltar pra você? – Fala firme com ela. A jovem abaixa a cabeça. – Essa confusão que você criou já se estende por mais de um ano. Você fez de tudo pra prender ele a você e a única coisa que conseguiu foi fazê-lo infeliz e ficar infeliz também. Que tipo de amor doentio é esse que faz a pessoa amada sofrer? Acha mesmo que pode chamar o que sente por ele de amor?– Ela o fitou com os olhos arregalados quando escutou suas palavras. – Se você realmente amasse o Kurosaki iria desejar sua felicidade assim como eu desejo a sua não me importando se está comigo ou não. Para mim o que realmente vale é te ver feliz. Isso é amor e não a obsessão que tem pelo Kurosaki a ponto de mantê-lo ao seu lado com chantagens.

- Ishida-kun... – ela balbucia e começa a chorar.

- Eu realmente acredito que um dia seu amor por ele foi verdadeiro.  Me recordo de quando ele anunciou que ia se casar com Kuchiki-san você me contou que apesar de estar com o coração partido encontrava-se feliz por ver a alegria do Kurosaki estampada em seu  rosto. Me disse que adorava como os olhos dele brilhavam quando estava perto da Kuchiki e isso para você já era o bastante. Eu me orgulhei tanto de você e da pessoa maravilhosa que você era. Aquilo sim era amor. Um amor puro que só quer ver a pessoa amada feliz de forma incondicional. – ele ainda segurava em seus ombros.

- Eu sou uma pessoa ruim né, Ishida-kun? – murmura.

- Claro que não. – Levanta o queixo dela para fitá-la. A menina estava com o rosto banhado em lágrimas. – Você ainda é aquela garota que eu amei desde o primeiro dia que a vi, sei que é. Só está perdida em seus próprios sentimentos.

- Me ajuda, Ishida-kun. Por favor... me ajuda... - Ela o abraça afundando o rosto na camisa dele e chora um choro tão sofrido que faz o coração do jovem ficar apertado no peito ao ver a mulher que ama sofrendo tanto. 

- Não se preocupe que vou cuidar de você, Inoue-san. Sempre estarei ao seu lado.

O Quincy não a abandonaria e faria de tudo para aliviar aquela dor, pois a amava, sempre amou e sua maior alegria era vê-la sorrindo e feliz.

Continua...