MELLO’S POV
Raiva é uma das coisas que sinto quando me lembro de tudo
Admito, era bom
Pelos motivos errados, mas era bom
Eu fazia tudo o que fazia, mas sem saber porque fazia
Deixei ele entrar em mim, na minha vida daquela forma
Sinto nojo também
Mas ao mesmo tempo não sentia
Eu sei, sou complicado de entender
Sei lá
Era bom, mas não era totalmente bom porque era ele
Vocês sabem de quem eu estou falando
Sim, ele
O motivo de toda essa confusão
Confusão nada! Eu sei o que sinto, ou melhor, o que eu sentia:
Tesão
Era só isso
Só isso...
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Biologia
Eu até gostava dessa aula
Mas naquele dia foi quase impossível prestar atenção nela com todos aqueles pensamentos
Ninguém parecia interessado
Deveria ser pelo frio absurdo que fazia lá fora
O aquecedor não esquentava o suficiente
Droga, parece que hoje não teremos o futebol..
Eu estava lá
Ele também
Ele não parecia interessado na aula
Estava peregrinando...
Não nos falávamos desde a nossa “aula”
Ainda era estranho sei lá
Me ver como professor
Afinal de contas não o ensinei nada mesmo
Não nos beijamos
Ainda bem...
Parece que tudo está acabado
Afinal, por que não pode acabar assim?
Eu num canto ele em outro, como era e como jamais deveria ter deixado de ser
Mas, ainda não vai ser o fim
Suspeito de algumas coisas
Mas só suspeito
Vou ser franco: Acho que o albininho ali quer me pegar de jeito, se é que me entende
Ele deixou um bilhete no meu caderno dizendo que “queria conversar”
Cacete! Que coisa de menininha!
Nunca esperaria isso dele
Deve estar MUITO apaixonado por mim
Ah, iludido
Mas sério: quem é burro o suficiente para se apaixonar por uma pessoa que te odeia?!
Vamos ver se isso é verdade, então para isso
Vou dar aquilo que ele tanto quer de mim
Ah, o sinal acaba de tocar, todos saem apressadamente
Que pressa, não sei por que. Ninguém vai poder brincar lá fora mesmo
Ele estava lá, não tinha saído
Permaneceu na mesma posição que estava a aula inteira
Como percebi que o gênio ali não ia fazer nada eu fiz né
Eu fui em direção a ele
Eu falei com ele:
- Bom – comecei falando - O que você quer? – disse, curto e direto enquanto me sentava na cadeira a sua frente virando o corpo para iniciarmos o que parecia ser uma conversa
- Fui reprovado? – disse ele, olhando-me nos olhos. A partir desse momento tive total certeza
- Não... – apenas respondi, queria brincar um pouco mais com o resto de sanidade que ele possuía... Minhas suspeitas só estão aumentando, Near
- Por que não quis continuar? – parece que ele não queria mais brincar. Pelo visto o caso era mais sério do que pensei
Acho que depois de tudo ele merecia pelo menos uma resposta sincera:
- Eu não achava que deveria... – falava, abaixando a cabeça – Desculpa, sei que errei. Prometi e não cumpri – Terminei, em tom mais sério só para dramatizar um pouco
Daí ele propôs:
- Vamos continuar, então. Eu só quero que você me ensine, só isso. Depois podemos seguir nossas vidas. Você me odiando e eu te ignorando, como era.
Fiquei sem saber o que responder
Não queria continuar com as aulas, mesmo
Vocês sabem...
Isso tudo só me fez confirma ainda mais
Então era verdade...
Bom Near, vou te dar aquilo que você tanto quer
Eu ia me aproximando e ele não se afastava
Juro que não sei dizer se ele era lerdo o suficiente para entender o que acontecia
Ou sabia o que ia acontecer e como “desejava tanto isso” não se afastou
Me aproximava e com certo de receio eu o beijou
Sim
Foi bem calmo mesmo
Dava para sentir sua inexperiência nisso
Não tentei aprofundar, nem queria ter beijado mesmo
Ficamos nisso
Até que para um primeiro beijo ele estava indo bem
Depois de alguns segundos mais nos separamos e eu falei:
- Como eu disse, beijar é prática, apenas isso
Até que gostei
Porque não brincar um pouco mais?
Depois de dizer aprofundei ainda mais o beijo e fiz mais para enlouquecê-lo
Mergulhei minha mão nos seus cabelos
Ele deve ter gostado, já que envolveu o meu pescoço e deu entrada para a minha língua
Acho que ele estava gostando até demais
O tempo não parecia passar mais
Chega isso já está indo longe demais
O oxigênio saia de meus pulmões então parei para que nós dois pudéssemos respirar
Quando paramos nosso beijo de cinema ele nem hesitou em perguntar:
- Eu passei?
Não podia acabar assim
Ainda não o destruí o bastante
Mesmo não querendo
Precisava continuar
- Ainda não – Assim que disse fui embora, não queria mais ficar ali
Acho que ele entendeu que ainda não acabou
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Hora do almoço, eu estava sentado com os meus amigos de sempre no refeitório
Por acaso virei o resto para encarar o resto das pessoas ali
E o vi
Ele estava praticamente sentado do outro lado do mundo
Bom, não ia deixar passar essa oportunidade
Ficava encarando-o, sempre
Era divertido, muito divertido
Eu sempre o olhava, meio que curioso para saber a reação dele a cada olhada minha
E eu não parava, contiuava
- Ei Mello – a voz do Matt me despertou desse ridículo momento que eu estava passando
- O que foi?
- Nós vamos pra sala de jogos, tá afim de ir também? Vai ser divertido! – falava o Matt com certa empolgação e o resto do grupo me incentivando a dizer sim
- Tá, claro – falei, e todos nós nos levantamos. Claro que não parei por aí: meus olhos o seguiram até eu estar completamente fora do refeitório
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- Ah, ganhei! – comemorava Matt que tinha ganhado a partida de videogame, de novo – Ganhei de novo! Uh, sou o melhor! – ele ria e jogava na cara do nosso amigo que tinha aceitado jogar com ele. Pobre coitado
- Matt, deixa ele – falei, defendendo o coitado.
- Ah, Mello... Qual foi? – ele dizia debochado, colocando outro jogo no console para jogar, agora sozinho – Afinal, uma vitória é uma vitória não? – ele riu, olhando na minha cara
Parece que ele está aprendendo comigo...
- Quer jogar? – ele levantou o controle ao alto, me convidando
- Não, valeu. Não sou trouxa – disse soltando uma gargalhada assim como ele
- Pô, qualé! – reclamava o perderdor da partida anterior – Não sabia que ele era bom!
Essa última frase fez com que geral na sala risse dessa situação
Por um momento pude simplesmente curtir uma tarde com os meus amigos
Mas por uma praga do destino
Para tirar minha paz
Eu resolvi olhar para o relógio
Eram 12:00h, em ponto
Era a hora do almoço acabar
- Galera...- eu falei, conseguindo a atenção de todos – Eu já vou pro meu quarto – eu me pronunciava, levantando-me do sofá confortável aonde estava
- Ué, por que? – perguntava a nossa amiga – Ainda tá cedo!
- Eu sei, mas eu quero dormir um pouco para estudar mais tarde. Sabe, semana que vem tem prova – falei, antes de sair da sala e deixá-los sozinhos
- Ah, esse Mello. Sempre estudando... – dizia Matt, sem ao menos tirar seus olhos do jogo
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Eu sabia que ele iria passar por aqui
Por esse corredor
Tanto faz se ele fosse para o quarto dele, que era mais a frente ou para a biblioteca, que era onde eu estava em pé na porta
Ele iria passar por aqui
Fiquei o esperando
E logo ele apareceu
Assim que ele me viu não demorei a chamá-lo
Fiz menção com a cabeça para ele entrar e logo em seguida entrei
Ele passou pela porta normalmente e a fechou
Acho que não era só eu quem queria conversar
Então mandei na lata:
- Você gosta de mim, não? – falei, desviando meu olhar para uma janela qualquer
- Você... é um bom observador – ironizou. Eu não tava com paciência para isso hoje e não ia deixar ele brincar comigo
- Para de fazer esses seus joguinhos, tá? – irritei-me - Desde o início era por isso. Eu realmente não reparei, fui cego, mas agora vejo até o que você não queria que eu visse – gritei aquilo tudo na cara dele. Era muita coisa para desabafar então eu não estava nem aí se alguém poderia nos escutar ou alguma coisa assim
- Eu gosto de jogos, Mello, mas dessa vez não sou eu que estou brincando – ele falava, se aproximando de mim mais e mais
Ele estava certo
Era eu quem estava brincando
E eu não ia parar
- Eu não acreditei de primeira, mas depois que eu te beijei na sala não tenho mais nenhuma dúvida: você me ama! – eu disse praticamente rindo da cara dele. Ele não se deixou intimidar
Ele estava brincando comigo de novo
Querendo virar o jogo
Mas eu não ia deixar
Ia mostrar para ele quem manda aqui
- Bom – ele começou - Agora que já sabe por que voc-
Não o deixei completar a frase
Eu o beijei
Somando todas essa era a terceira vez
Eu precisava arrancar mais de sua sanidade
Agarrei-o pela cintura e o beijou vorazmente
Prensei-o na porta
Passava minhas mãos pelo seu corpo, sem qualquer vergonha
Ele deve ter gostado, já que enfiou suas mãos em meus cabelos
Ah, como era fácil
Ele começou a me tocar também
Admito, nunca senti tanto nojo de mim mesmo quanto naquele momento
Então quis provar a ele quem mandava
Parei de o tocar e fiquei com os braços retos
Passou um tempo e continuávamos a nos beijar
Melhor, eu ficava parado sem fazer nada e ele me beijava e me tocava
Assim que reparou isso ele me afastou
Ele fez isso de uma maneira tão rápida que me assustou e o olhei surpreso
Para logo depois me ajeitar
Não consegui mais segurar
Eu ri, mas ri muito
Tinha conseguido o que queria
De novo
E ele, o trouxa, deixou
De novo
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Quem soubesse dessa história poderia falar:
“Ah, você gosta dele sim! E só fazia isso para não admitir!”
“Você o ama e só fez o que fez por medo de ficar abaixo dele”
Não, eu não o amo
Não, eu não gosto dele
Nunca gostei
Tudo o que fiz foi por vingança
Para brincar um pouco com ele em seu próprio jogo
E claro, me saciar
Ele não era o garoto que não tinha sentimentos?
Não era o garoto calculista e frio que não se importava com os sentimentos das pessoas?
Só está plantando o que colheu
E mereceu tudo o que aconteceu
Eu fiz de você meu boneco, meu brinquedo
E você caiu nessa
Mas...
Não era para eu ter ser sido afetado também nisso tudo
Droga, Near
CONTINUA...
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