História Ensinando sobre amor - Renascimento e essas coisas

Bianca estava animada com o boliche que estava por vir. Era a primeira vez que realmente era bem-vinda em um local sem jogarem suco ou água em suas camiseta e cabeça. A animação era tanta que não fazia ideia do que explicava para os alunos, só explicava:

-E foi assim que Van Gogh cortou a sua orelha por causa de seu colega de quarto.

-Anh, professora?- Isabela levantou a mão com os olhos tão surpresos como os outros, por não ser a matéria da prova

-Sim Isabela?

-O nosso assunto é sobre a arte da literatura  renascentista ,moderna, não sobre como Van Gogh cortou a orelha por causa do colega de quarto- Bianca, como num estalo, logo acordou e viu que confundiu o assunto do nono com o do primeiro

-Desculpe classe, minha mente tem estado na lua ultimamente- todos começaram a rir- Mas ei, a nossa prova é daqui a uma semana, e contando com meia hora dessa e cinquenta de amanhã, nós temos tempo de sobra- o estalo novamente veio na mente de Bianca, e teve uma brilhante ideia de como fazer seus alunos aprenderem sobre a matéria- Eu sei que vocês estão cansados e quase morrendo por causa da quantidade de matérias pra estudar com o pouco tempo, então vou fazer assim. Vamos ao teatro da escola amanhã, e vou fazer uma peça, sabe pra descontrair um pouco- podiam-se ouvir os gritos de animação dos alunos, uns por quê iam sair da sala, outros por que não iam morrer de tédio.

-Nós vamos participar, professora?- perguntou Renata.

-Como vocês vão fazer a peça sem nem ao menos saber a matéria?-respondeu irônica Bianca, e logo todos se calaram.

-Só você vai fazer a peça?-perguntou Sandra.

-Não, vou fazer com outro professor.

                                                       *

 Quando Alex saiu do terceiro C, se chocou contra Paulo, que estava quase correndo pelos corredores:

-Ai!-exclamou Paulo e Alex juntos, deixando cair todos seus papéis e suas pastas

-Desculpa Alex, acabei de sair do segundo D, e eu tenho aula do outro lado do colégio-Paulo começou a recolher seus papéis de revisão e Alex o mesmo.

-Que isso, eu também sou um desastrado. Tudo certo para sexta?

-Sim-piscou de canto para Alex- se Arthur e Renato não derem as boas-vindas primeiro.

-Como assim?

-Ah, você sabe, quando Hanna, aquela professora bonitinha de química, entrou eles fizeram a maior farra. Ficaram tontos de tanta bebedeira.

-Mas aconteceu algo além disso?

-Não! Eles só foram ao bar, mas Hanna saiu mais cedo, só que os dois ficaram por muito mais tempo, por muuuuitooo tempo, se é que você me entende- piscou novamente e olhou para seu pulso- São dez e vinte. Dez e vinte!-correu de volta para sua sala.

Isso deixou Alex bastante pensativo. Os dois realmente podiam fazer algo com a dócil da Bianca? Ou melhor, será que ela seria ingênua o suficiente a cair num truque de baixo escalão como de Arthur e Renato? E se ela fosse, seria esperta a sair mais cedo, como Hanna fez? E por quê ele estaria preocupado com a situação de Bianca? Quando se tocou, já tinham se passado mais de dez minutos, e foi caminhando para a biblioteca, pensar como os outros pensam em épocas distantes.

                                                                *

Ao toque do último horário, todos os alunos saíram eufóricos como sempre e os professores esperaram o fluxo passar. Bianca, ainda um tanto feliz por causa do boliche, estava atordoada com a peça que teria de fazer amanhã para todos os primeiro ano! Só precisava do professor certo para encenar durante três horários seguidos, ou era Hamlet ou Romeo e Julieta. Mas quem?

Enquanto isso, Alex estava saindo da biblioteca, lendo um dos livros de Galileu Galilei sobre as marés. Física era uma das matérias preferidas do jovem professor, era um aluno prodígio quando estava no ensino médio, sempre com as notas mais altas, o reconhecimento dos professores e até mesmo do diretor. Mas a questão das bebidas não saia de sua cabeça. Como Renato e Arthur quase fizeram aquilo com uma pessoa que nem ao menos conheciam? Tá, a Hanna não era nenhuma santa, mas mesmo assim é totalmente desrespeitoso. Ficou um tempo calado, e se lembrou que eles não são os adolescentes que ficam conversando em quanto explica assuntos novos. Que não são os bully que ficam puxando a cueca e falando “bixa” ou “viado” para os outros garotos. Não, eles são adultos, formados e até mesmo com carreiras.

Seu celular vibrou e viu uma mensagem

“E aí Alex. Desculpa cara, meio que confundi as coisas, não é semana que vêm, e sim quarta que vem, no caso hoje. Mano, tem como a gente ir pra aí hoje?”

“ Claro Rafa, avisa lá pro resto”

“Ótimo, daqui a uma hora estamos chegando”

Uma hora?! Como uma pessoa consegue chegar em casa, tomar banho e almoçar em menos de uma hora? Não dá! Nisso, Alex foi correndo para sua bicicleta e sem querer se esbarrou ( Fanática: esse Alex é leso mesmo, nossa) novamente com alguém:

-De novo, desculpa-disse Alex recolhendo novamente papéis que tinham caído no chão dele e da pessoa.

-Sem problemas, também sou desatenta- disse Bianca esfregando a cabeça enquanto recolhia os papéis-Mas de novo?

-Bianca! E você! De novo porque já esbarrei hoje acho que uma três vezes contando com essa- os dois riram e, sem prestar atenção, pegaram no mesmo papel e seus dedos se tocaram. Os dois sentiram um choque instantaneamente, e os olhos esverdeados de Bianca se encontraram com os azulados de Alex, no qual notou um certo brilho em sua pupila. Bianca, de início corou com a aproximação dos dedos, e quando olhou profundamente nos olhos de Alex, ficou tão rubra quanto seu cabelo.

-Bom e-eu tenho d-de ir.. minha irmão, quer dizer m-minha irmã deve está me esperando-disse Bianca botando os papéis dentro de sua bolsa- Tchau Alex-foi correndo para fora da escola, deixando um Alex um tanto envergonhado e corado para trás.

-Tchau Bianca- Aquela sensação só existiu uma vez com Alex, e como desejava que fosse a última, para nunca mais ter de sofrer. Não, aquilo não era paixão. Mal conhecia a garota, e a garota mal o conhecia. Eles seriam só bons amigos, como Drake e Josh, só que um deles sendo mulher, e não seriam irmãos postiços, só amigos. Viu em seu celular, e só faltavam cinquenta minutos para o pessoal da banda chegar! Foi correndo para o estacionamento, e pedalou o mais rápido que sua canela conseguia até chegar em sua casa.