História Entre a Vida e a Morte - Tiro

   O sol sinalizava o início de mais um dia,e com ele Elie acordou.Ela não havia acordado cedo porque tinha algo importante naquela dia,aliás nunca tinha,e sim porque era um costume seu desde menina.
   Os dias para Elie eram escuros e envoltos em tristeza.Mas logo isso acabaria,ela sorrira ao se lembrar disso.
   Ela já havia tido medo da morte,mas há muito isso passara.Ela não pensava que a morte pudesse ser pior que a vida miserável que ela levava.Além do mais alegrava-a saber que sua morte causaria a alegria de uma família e da pessoa que ela iria salvar.
   Ela não sabia quem era,e nem nunca saberia.Era muito comum ouvir tiros pela cidade a fora,tiros esses que matavam pessoas e destruíam famílias.Só bastaria ela entrar na frente de um tiro,e seria uma família a menos destruída.
    Ela pode parecer altruísta,mas não,ela faria aquilo por ela e não pela pessoa que eventualmente salvaria.Ela queria ter uma morte gloriosa,coisa que sua vida nunca havia sido.Ela queria ao menos na morte ser importante para alguém.E ela sabia que ninguém esquecia a pessoa que havia salvado sua própria vida.
    Ela comeu um pão velho e bebeu café preto em um copo de requeijão.Seu desjejum era sempre assim,pobre e pouco saboro.Mas naquele dia tudo desceu tão bem como se fosse uma deliciosa torta de chocolate.A pespectiva de se libertar daquela vida a impedia de se importar com o gosto das coisas.Lavou o rosto e saiu do prédio abandonado,que fora sua casa desde que saíra do orfanto.
    Ela não sabia bem para onde ir,poderia considerar ficar parada ali até ver um movimento suspeito,porém essa ideia se tornava inconcebível ao analisar a tranquilidade do bairro onde morava.Ali raramente havia assaltos ou assassinatos,ao contrário da maioria dos bairros daquela cidade.
   Optou por caminhar até o centro,lá com certeza encontraria alguém que precisaria ser salvo.Mas para sua surpresa,ali mesmo no seu bairro encontrou uma situação suspeita.
   Havia um jovem — Supôs,pois ele estava de costas,o que a impedia de ver como ele era — de cabelo castanho cercado por dois seguranças,um na frente e outro atrás.Como ela estava praticamente do lado do segurança de trás,embora ele não a tivesse visto,pôde ver ele retirar a arma do bolso e apontar para as costas do jovem.
   Então ela vira a oportunidade perfeita.Ela não pensara duas vezes,correu para se meter na frente da bala que acertaria em cheio as costas do jovem.Sentiu um ardor na região da barriga e soube que havia interceptado a bala.Fechou os olhos e deixou-se morrer em paz,ela havia conseguido concluir o seu propósito,a sua morte salvara uma vida.