História Entre a Vida e a Morte - Mentiras

       Justin's P.O.V.
   — Oquê?Como assim?Isso é uma completa loucura — ela ri incrédula por eu ter proposto algo do tipo.Mas fazia todo sentido,eu não queria arriscar ficar muito tempo sem vê-la e ela acabar se matando.Eu precisava dela por perto para conseguir ajudá-la de fato,e esse era o melhor jeito para isso.
   — Não acho,é algo perfeitamente adequado.Eu tenho uma casa enorme,repleta de quartos,e você apenas um teto,como você mesma disse.Por que eu não posso compartilhar o que tenho com você?Não vejo nenhum problema — digo,tentando simplificar as coisas.
   — Olhando por esse lado... — ela diz assimilando melhor a proposta. — Mas Justin, você sabe que as coisas não são tão simples assim — ela diz receosa.
   — São sim,Elie.Tudo depende do modo como você vê as coisas.Não tente complicar as coisas,venha morar comigo e tudo ficará mais fácil.
   — Não sei... — ela diz indecisa.Acho que terei que ser mais persuasivo,apelarei para o seu lado sentimental.
   — Por favor Elie.Eu odeio morar naquela casa sozinho,me sinto tão solitário.É como se todos tivessem me abandonado...você também vai? — digo com uma cara triste,às vezes é preciso fazer um drama básico.Era essencial que ela aceitasse a minha proposta,para isso eu diria qualquer coisa.
   — Não é isso Justin,é que... — ela para de falar ao ver minha expressão de cachorro abandonado. — Ah,okay,eu vou morar com você — ela se rende.Sorrio com isso.As pessoas nunca aguentam por muito tempo a minha insistência,por isso sempre consigo o que quero.Sou muito persuasivo,acho que conseguiria até convencer cientistas que a teoria criacionista é melhor que a evolucionista.
   — Vai lá pegar suas coisas então — peço.
   — Já? — pergunta surpresa.
   — Claro,quanto mais rápido melhor.Vai precisar de ajuda? — pergunto solícito.
   — Não,são poucas coisas — nega a minha ajuda.E em seguida entra no prédio.
   Para a minha surpresa,rapidamente ela volta com uma sacola em mãos.O que me dá um certo choque de realidade.Se eu fosse me mudar de casa acho que nem três caminhões seriam suficientes,e para ela basta uma simples sacola.Nossos mundos são tão diferentes,não que isso atrapalhasse a nossa convivência,pelo contrário,isso me faz muito bem.Me faz perceber o quanto eu tenho sorte e o quanto a minha vida é incrível,me faz pensar melhor antes de reclamar de algo bobo,tipo manchetes me denegrindo e muitas vezes dizendo inverdades sobre mim,não que eu seja perfeito,longe disso,mas eles exageram muito.Tudo que eu faço de ruim se torna uma grande catástrofe,e muitas coisas que eu faço de bom passam despercebidas.
   Escuto sua risada,e não entendo o porquê.
   — Que foi? — pergunto confuso,e acabo rindo também,sua risada era muito contagiante.
   — Você estava com uma cara hilária de espanto — explica.
   — Imagino — rio fraco.Mas também a culpa não era minha,qualquer um ficaria surpreso. — Vamos?Aposto que você vai adorar a sua nova casa — digo feliz a abraçando de lado,e a conduzindo para o meu carro.  
   Entramos no carro,liguei o rádio e dei partida.
   — Nossa,que legal essa música! Eles cantam surper bem — ela diz animada enquanto cantava a música que estava tocando no rádio,no caso Drag me down,da One Direction.Reparei que ela também cantava bem,aliás,mais que bem.
   — Só sendo muito foda para ganhar deles em alguma premiação — É,eu havia ganhando algumas vezes. Ela riu,provavelmente por perceber isso.
   — Você conhece eles?É amigo deles?
   — Conheço.Não diria que somos amigos,mas não somos inimigos.Eles são até legais.Por quê?Você queria conhecer eles? — pergunto desinteressado,afinal não é como se eu tivesse ciúmes dela.
   — Ah sei lá,se um dia tivesse oportunidade,por que não?Eles cantam muito.
   — Ah,eles nem são tão bons assim — desdenho.Não sei por que ela estava endeusando eles tanto assim,eu sou bem melhor,não sou?
   — Ah,que bonitinho!Ele tá com ciúmes — ela diz com uma voz fofa.Aquilo era rídiculo.Eu com ciúmes?Parecia até piada.Eu não tinha esse tipo de insegurança,sabia que era o melhor e que não tinha motivos para isso.Se ela quer gostar mais dessa bandinha,que goste.
   — Lógico que não — nego.Justin Bieber e inseguro jamais estarão na mesma frase. — Não ligo se você acha as músicas deles melhores que as minhas.
   — Eu não acho — ela revira os olhos. — Apenas gosto das deles também,mas claro que prefiro as suas — ela diz como se fosse óbvio.E inevitavamente fico feliz com isso.— Viu! — sorri vitoriosa.
   — O quê? — me finjo de desentendido.
   — Você provou que estava com ciúmes. — Não,claro que não...Será?
   — Apenas não gosto quando as pessoas questionam o óbvio,é claro que eu sou melhor que eles.
   — Aham,claro.Sua lógica é impecável — ironiza.
   — É,eu sei — digo convencido.  
      — Ah,claro.E eu sou uma cantora famosa   — debocha do meu convencimento.
    — Bem que eu desconfiei disso quando ouvi você cantando — brinquei.
   — Não se faça de engraçadinho — diz séria,mas acaba rindo.
   — Mas,falando sério,você tem uma voz muito bonita — a elogio verdadeiramente,não era só para fazê-la se sentir bem,eu realmente achava isso.
   — Obrigada — diz envergonhada.Eu achava tão bonitinho isso.Ela era bem diferente de mim,que sou acostumado a ouvir elogios a todo momento.
   — Você já pensou em ser cantora? — pergunto curioso.Eu podia lhe ajudar nisso.Se esse realmente fosse o seu sonho eu estaria feito.Para mim era algo fácil de realizar.
   — Sim — responde simples,sem dar mais detalhes.O que me frustrou um pouco,era uma resposta vaga de mais.Porque nem tudo que passa na nossa cabeça queremos de verdade,temos vários pensamentos a cada instante.Aquilo poderia ter sido um desejo passageiro ou não,com aquela resposta era díficil dizer.Estava prestes a lhe pedir mais detalhes quando avisto a minha casa — que agora seria nossa — ,então decido deixar esse assunto para depois.
   — Então,gostou? — perguntei ansioso.
   — Como eu não gostaria?! — ela diz admirada com a beleza do lugar.Parecia nunca ter visto algo nem remotamente parecido.Devo confessar que sabia que a minha casa era impressionante,mas não nesse nível.Era hilária a cara de admiração que ela fazia,era como se estivesse vendo um E.T. na sua frente.
   — É,eu sei.Eu tenho um gosto maravilhoso para casas — me gabo.
   — Com dinheiro fica fácil escolher uma casa boa — debocha.
   — Dinheiro que eu consegui com o meu trabalho,que não tem nada de fácil.Você acha que é fácil ficar longe de quem eu amo?Ficar com medo de errar porque seu erro se torna a pior coisa do mundo?Não poder ir aos lugares sem haver um tumulto? — não aguentei e disse isso a ela.Não estava mais aguentando ela achar que a minha vida era fácil,perfeita,sei que não tinha problemas grandes como os dela,mas isso não significava que a minha vida era um mar de rosas.Nada veio fácil para mim,foi com muito trabalho que cheguei aonde estou.
   — Eu sei — ela parece se surpreender com a minha "explosão" — ,eu disse que as coisas com dinheiro se tornam fáceis,não disse que é fácil conseguí-lo — ela revira os olhos. — Mas a sua profissão tem muito mais lados bons que ruins.É até um pouco injusto reclamar dela,muitas pessoas dariam tudo para estar no seu lugar.Quantas pessoas passam a vida toda atrás de um sonho e não conseguem realizá-lo? Você deveria se sentir abençoado por estar vivendo isso.Sua carreira é uma benção,não um fardo. — Eu sabia que ela tinha razão,eu amava a minha vida,fazer shows,sentir o amor dos fãs,tudo me fazia muito feliz.Não é que eu não gostasse da minha vida,ela tinha momentos ruins como qualquer outra.Mas o que mais gostei na sua fala é que ela parecia falar de si mesmo,ela parecia querer ter uma vida igual a minha,ser cantora parecia um sonho para ela.Mas não sei se foi a minha obsessão por descobrir seu sonho que me fez ver isso ou se essa era realmente a verdade.
   — Eu sei — concordo com ela. — Jameis tratei disso como um fardo,é realmente um sonho realizado,e sou muito grato por isso.Vem,vamos conhecer a casa — pego em sua mão a conduzindo para dentro,tentando acabar com aquele clima estranho que se instalara.
   Vou lhe mostrando cada cômodo da casa,e ela parece gostar de tudo.O que mais a impressiona é meu quarto,ela fica fascinada por cada detalhe,é o lugar da casa que foi mais planejado por mim,tudo ali tinha minha cara.Deve ser por isso que ela gostou dele.Ri comigo desse pensamento convencido.
   Ela ficaria em um dos quartos de hóspedes,até porque eu tomei hoje a decisão de chamá-la para morar aqui,então era óbvio que não tinha um quarto com sua cara,mas claro que ela trataria de deixá-lo do seu jeito.Eu autorizaria todas as alterações que ela quisesse fazer,pintura de paredes,troca de móveis,sei lá,qualquer coisa.Eu queria que ela se sentisse bem ali.Embora eu apostasse que ela não teria coragem de me pedir nada,eu faria de tudo para ela sentir que não teria problema nenhum nisso,lhe daria toda liberdade.Esperava que ela se sentisse de verdade em casa.
   — Este é o meu quarto? — ela pergunta espantada.Será que ela não havia gostado?
   — Sim — respondo meio triste por ele não tê-la agradado.Mas ao olhar para seus olhos percebi que estava enganado,ela estava era admirada com o quarto.
   — Uau! — ela diz se jogando na cama. — Nossa,isso é tão macio — diz feliz,antes provavelmente ela dormia no chão,o que devia ser horrível.
   — O banheiro é ali e o closet é lá — digo apontando,respectivamente,para uma porta a sua direita e outra a esquerda.
   — Closet para quê? — ela ri brincalhona ao olhar para sua sacola.
   — Eu vou comprar roupas,sapatos e o que mais você quiser — declaro o que pensei ser óbvio.Claro que com limites né,vai que ela queria uma ferrari.
   — Oquê?Nem pensar — nega,incrédula.Eu pensei que ao aceitar morar comigo ela já estivesse prevendo isso também,mas aquilo parecia uma grande surpresa para ela,e nada agradável por sinal.
   — Por quê? — pergunto sem entender. — Eu só quero ajudá-la,esse dinheiro não fará nenhuma diferença para mim — deixo isso bem claro,com a intenção que ela mude de ideia.
   — Mas para mim fará — a fito com um expressão confusa.Esse não é um argumento ao meu favor?
   Ela então se explica melhor.
   — Justin,você acha que eu me sentiria bem com isso,com você bancando a minha vida?Seria como um atestado de inúltil.Para que viver se não sirvo para nada,apenas para ser um fardo nas suas costas?
   Nem passou pela minha cabeça que ela estivesse se sentindo assim,achei que estivesse fazendo algo bom por ela,mas pelo visto só a estava fazendo se sentir pior.Pensa Justin,como você pode reverter esta situação?Hm...Já sei!
   — E se eu te ajudasse a arrumar um emprego? — perguntei animado.
   Mas sua resposta veio em um tom bem desanimado.
   — Nem adianta.Eu já rodei a cidade toda e não achei emprego em lugar nenhum.Ninguém quer contratar gente sem experiência.
   — Hello! — estalei os dedos na frente de seu rosto. — Eu sou Justin Bieber,se eu pedir qualquer um te contrata. — Isso parece a animar,acho que ela se esqueceu que eu sou um dos maiores cantores da atualidade,o que é bom,não quero amigos baba ovo.Eu gostava quando eles me tratavam como alguém normal,mostravam que não eram meus amigos por interesse,embora com Elie não existisse essa possibilidade.
   — Você realmente acha isso? — ela diz feliz.
   — Claro.Você toparia ser vendedora em uma loja?Tenho uma amiga que é dona de uma rede de lojas,e acho que ela toparia na hora me ajudar.Gisele é muito boa — percebo a sua expressão ficar estranha por alguns segundos,mas depois fica feliz.Meu Deus,acabei de perceber uma coisa,será que ela achou que minha fala tivesse sido em duplo sentido?
Nossa,Gisele tem uns 50 anos,apesar de eu ter dito que ela é minha amiga,na verdade é de minha mãe,mas ela gosta muito de mim,então não tem problema.
   — Claro que sim — diz empolgada.
   — Vamos comemorar? — pergunto animado,apontando para a cama.
   — C-ccomo? — ela gagueja.Não aguento e caio na gargalhada. Céus,hoje a a mente dela está muito poluída.
   — Pulando na cama — explico.
   — Ah,sim — diz envergonhada.
   Subo na cama e ela também.Nos damos as mãos e começamos a pular,aquilo era muito divertido,nossa!Parecia uma cama elástica,estávamos tão empolgados que pulávamos super alto,até que..Pah!Ouvimos um pequeno estrondo,a cama tinha quebrado,e com isso fomos parar os dois no chão.Seu corpo caiu por cima do meu,ela estava virada para mim,seu rosto estava tão perto,sua boca tão próxima,convidativa,que não resisti.Ataquei seus lábios,desde cedo eu queria aquele beijo,e até antes disso.Ela pareceu se surpreender,quis relutar,mas acabou se entregando ao beijo.Sua boca era tão macia,seu beijo tão bom,mas a maldita falta de ar se fez presente e tivemos que nos separar.
   Ela se levantou rapidamente.Parecia arrependida,acho que ela estava indo pegar suas coisas,para guardar ou para ir embora?Provavelmente a segunda opção.Justin você foi muito burro,ela vai achar que você só a trouxe para casa para se aproveitar dela.Você precisa consertar isso.
   — Desculpa — segurei em seu braço,mas ela se desvencilhou. — Isso não vai mais acontecer,juro que não sei o que deu em mim naquela hora,é que é só chegar perto de uma boca que eu já saio por aí beijando — rio nervoso — ,mas juro que só te vejo como amiga,isso foi apenas um impulso — Será que fui convincente o suficiente?Espero que sim.Mesmo que seja difícil fazer mentiras parecerem verdades.
   — Que bom — ela murmurou. — Apenas vou guardar as minhas coisas. — Será que essa era a sua intenção desde o início ou ela mudou de ideia depois do que eu falei?Se bobear inventei todas aquelas mentiras atoa.Mas é como dizem,melhor prevenir do que remediar.Eu me controlaria ao máximo agora,mesmo que estivesse quase explodindo de vontade de beijá-la eu não faria,seu bem-estar era muito mais importante que realizar meus desejos.E com ela longe de mim tudo ficaria mais difícil,não podia deixar nenhum desejo bobo estragar meu propósito.Eu a queria viva,isso era o mais importante,o resto era resto.